Uma ampliação de Pontos de Vista
Boa tarde!
Gostaria de saber se há um consenso no tocante aos tipos textuais, pois como são em número limitado, já li que alguns autores classificam o tipo dissertativo como um deles, já outros não o citam como tipo. Citam somente os tipos: narrativo, injuntivo, descritivo, argumentativo e expositivo.
Há atividades criativas e dinâmicas para trabalhar os tipos?
Aguardo retorno.
Atenciosamente,
Miriam
Cara Olímpia,
Costaria de uma sugestão bem criativa, de aula expositiva, para ensinar tipos e gêneros textuais, para alunos de 1ª e 2ª séries do Ensino Médio.
Marineusa
Cara Olímpia,
Que prazer em tê-la ao nosso lado, ajudando-nos nas nossas dúvidas e colaborando para melhorar nossa prática pedagógica. Meu nome é Marcos e leciono para o Ensino Fundamental, nas séries iniciais, numa escola em Brasília. A minha grande dúvida é em relação ao gênero dissertativo. Atualmente leciono para alunos do 3º ano, e os alunos foram alfabetizados recentemente e gostaria de começar a trabalhar esse gênero juntamente com a descrição, que no caso deles, já tem alguma vivência. Gostaria de receber suas preciosas sugestões.
Desde já, agradeço.
Marcos
Caros professores Miriam, Marineusa e Marcos,
Lendo as perguntas de vocês, percebi que elas apresentam um ponto comum: o trabalho com tipos de texto. Assim, mesmo considerando a diversidade de etapas de escolaridade em que vocês atuam, resolvi reuni-las para conversar sobre esse tema de forma mais ampla, pensando especialmente em tipos de texto e gêneros do discurso no trabalho docente.
Entendo ser esse nosso ponto de partida, ou seja, a relação entre tipos e gêneros. Para tornar nossa conversa menos teórica, recorro a um exemplo: vamos pensar em contos tradicionais (tão próximos dos alunos do Marcos, não é mesmo?) e tomá-los como foco de análise.
Lendo os primeiros parágrafos, facilmente reconhecemos modos diferentes de compor a história, certo? Logo no início, o enunciado marca a relação com o contar de uma história vinculada ao universo da ficção, como em ”era uma vez, em um lugar bem distante, uma família que morava em um castelo” (marca do texto narrativo), ao passo que quando uma personagem, uma princesa, por exemplo, é apresentada, ganham destaque todos os detalhes, como a cor de sua pele, lábios e cabelos (foco do texto descritivo). O que isso parece anunciar? A convivência de trechos de diferentes tipos de texto (nesse pequeno exemplo, narrativo e descritivo) em um mesmo gênero (conto tradicional).
E qual a importância dessa ideia para nosso trabalho? Entendo que nossos alunos precisam se apropriar dessa relação de forma a conseguirem identificar esses distintos tipos de texto, assim como o tipo de texto predominante em um gênero. É claro que para os alunos dos anos iniciais essa é uma conversa muito densa, que merecerá maior ênfase e ”fôlego de análise“ ao longo dos anos posteriores.
De todo modo, entendo que o gênero deva ser sempre a unidade de trabalho do professor, independente do ano escolar. Afinal, nosso objetivo é pensar em uma progressão, de modo que os alunos possam vivenciar essa reflexão, com diferentes graus de complexidade, ao longo dos anos de sua formação.
Outro ponto levantado pela Miriam é o consenso em relação à variedade de tipos de texto. É verdade que essa questão é vista de diferentes formas e que há, portanto, modos diferentes de nomear os tipos de texto. Entendo que o mais importante seja a seleção de gêneros que possa permitir um olhar amplo para a tipologia textual (definida pelo desenho curricular), com vistas a ampliar o repertório de conhecimentos dos alunos.
Então, para os alunos do EF e do EM, a aposta será na investigação do que eles já sabem para avançar, de modo articulado e significativo, no trabalho com gêneros que envolvem tipos diferentes de textos.
Para terminar (e talvez decepcionar especialmente as professoras Miriam e Marineusa), penso que as propostas criativas são as que permitem desafios possíveis e de interesse dos alunos, ajustados às realidades e perfis da turma e, nesse sentido, vocês seguramente têm muito mais a dizer. Então, caros, deixo apenas uma dica, a fim de provocar reflexões: se estamos diante de nativos digitais, vamos abrir espaço para que eles possam pesquisar e socializar seus achados, contando com a mediação e encaminhamento do professor. Desse modo, pequenos vídeos, animações, textos de sites, canções, filmes com diferentes versões de uma mesma história e textos impressos podem conviver e promover olhares e ações criativas e consistentes por parte dos alunos e professores.
Obrigada pelo envio das perguntas, sucesso, um abraço e até já,
Olímpia
Uma ampliação de Pontos de Vista
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