Olímpia conversa sobre a análise de textos no EM, e destaca as etapas do trabalho com a escrita.
Olá, queridos leitores!
Nesta semana, vamos conversar sobre a análise de textos no Ensino Médio, com especial destaque aos passos para o trabalho com a produção escrita.
Para tanto, convido vocês para a leitura da mensagem do professor Gildasio dos Reis, que explicita uma forma de intervenção, na sua sala de aula de 1º ano:
Tenho dificuldade em analisar detalhadamente um texto com os alunos do 1º ano do Ensino Médio. Gostaria de saber se o caminho que faço está correto: levantar as dificuldades; trabalhar com textos curtos, simples e de raiz (com um vocabulário de acordo com o nível social da turma); envolver mais a oralidade; e, de acordo com a necessidade, os conhecimentos linguísticos. Vencidas essas dificuldades, acho que posso aprofundar mais em análise textual, tanto na escrita quanto na oral e até mesmo com a leitura de alguns autores brasileiros.
Entenderam, como eu, que a preocupação do professor, em relação ao trabalho com as dificuldades dos alunos, acaba por convocar uma tentativa de reflexão a partir de textos “curtos, simples e de raiz”?
Penso ser esse um dilema que, seguramente, não está presente só nessa sala de aula, não é mesmo? Afinal, coloca-se em jogo, por um lado, partir de textos conhecidos – curtos e simples - para favorecer o estudo, em função dos saberes prévios dos alunos, e por outro, investir nos gêneros previstos para o 1º ano do EM.
Vamos pensar juntos em como podemos caminhar, na direção de um efetivo e amplo aprendizado?
Já que o assunto é “achar um caminho”, apresentarei uma sugestão de três passos, pensados a partir da proposta do professor Gildasio, combinado?
PASSO 1: levantamento das dificuldades
Entendo, assim como nosso colega Gildasio, que o primeiro passo no trabalho com a análise dos textos seja o levantamento das dificuldades. Ao fazermos esse exercício, conseguimos enxergar, com maior clareza, quais aspectos do gênero em estudo demandam nossa intervenção e quais já foram internalizados pelos alunos.
Mas é preciso fazer uma ressalva: quando falamos, no contexto da Olimpíada, sobre a ativação de conhecimentos prévios para estudo de um gênero, estamos colocando em cena a possibilidade de, em função de uma roda de conversa sobre situação de produção e produção escrita diagnóstica, entendermos o que os alunos já conhecem sobre o gênero, assim como o que não sabem, a fim de definirmos os próximos passos, no trabalho com as oficinas da sequência didática.
Aqui, o levantamento das dificuldades acontece, segundo os dizeres do colega, com o objetivo de voltar o olhar para outros gêneros menos complexos. Em outras palavras, o fato de muitas dificuldades surgirem acaba por definir que outros textos, mais simples, sejam contemplados.
Entendo que esse encaminhamento seja possível, especialmente se atrelado a um trabalho de planejamento do professor com textos que poderão alimentar a reflexão dos alunos sobre o gênero em foco. Falarei melhor dessa questão no segundo passo. Vamos em frente?
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PASSO 2: foco em textos conhecidos, envolvendo a oralidade
Vamos tomar como exemplo a crônica, “gênero olímpico” previsto para o 1º ano do EM. Imaginem que o professor Gildasio tenha em mãos as versões iniciais das crônicas produzidas por seus alunos e, ao realizar o levantamento das dificuldades, percebeu que a turma pouco sabia sobre o gênero e precisará de um percurso de fôlego para escrever crônicas que possam ser reconhecidas por todos os leitores como exemplares fiéis do gênero. O que fazer?
Uma saída possível - sem cortar caminho ou desistir! - é seguir em frente, pensando em gêneros que possam auxiliar os alunos na produção de crônicas. Assim, ao invés de levarmos para a sala de aula textos que podem pouco contribuir para o aprendizado dos que precisamos ensinar no 1º ano do EM, poderemos fazer um “investimento reflexivo”, adotando como critério o que potencializa nosso trabalho com crônicas. Assim, entendo serem escolhas “bem-vindas”: observação de cenas cotidianas, com posterior discussão sobre impressões, o que mais chamou a atenção da turma, o que sentiram, por que escolheram determinada cena para “olhar mais”; descrição escrita de cenários, com pessoas, animais, objetos e suas cores, sons, cheiros; apreciação de fotos e quadros antigos, acompanhada pela reflexão sobre o que revelam para cada estudante, qual época parecem pertencer, quais valores e culturas podem evidenciar, quais relações guardam (ou não) com o momento atual; fotos do cotidiano, tiradas pelos estudantes, para posterior análise coletiva; estudo de notícias (em diferentes suportes e mídias), a fim de estabelecer relações com “potenciais crônicas”. Dica: não deixem de consultar o Caderno Virtual “A ocasião faz o escritor”.
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PASSO 3: vencendo dificuldades, pelo investimento em leitura e produção
Para finalizarmos nosso percurso, entendo ser fundamental ressaltar que o trabalho anunciado no item anterior assegura um lugar de destaque para as práticas de linguagem (oralidade, produção escrita, leitura e análise linguística), sem termos de abrir mão delas ou simplificá-las, em favor de textos pouco aderentes à proposta, para que os alunos se tornem capazes de escrever bem.
Na realidade, acredito que seja exatamente esse caminhar pelos textos diversificados e criteriosamente escolhidos, tal como apontado no caso da crônica, é que promoverá a produção escrita ajustada às características do gênero. Assim, ao realizarmos essa cuidadosa análise, eles poderão, ao longo do caminho, encontrar crônicas variadas, com vistas a promover a relação entre o que está em estudo e como tal questão se evidencia nos escritos dos autores. Aqui, é claro, vale investir em uma “seleção de ponta” de cronistas, com seus variados tons, estilos e temáticas, certo? No intuito de dar uma mãozinha, seguem algumas dicas: Especial de Crônica; site Vida Breve e o blog Cronicanto, dos alunos semifinalistas do gênero crônica 2012.
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Espero que esse caminho possa promover muitos encontros com o conhecimento!
Agora, a voz é de vocês: em que pensaram, enquanto seguiam os passos? Vamos ampliar esse caminho? Usem e abusem dos comentários!
Bj, obrigada e até já,
Olímpia