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"O máximo com o mínimo" – Microcontos como estratégia didática de leitura e escrita

Alessandra de Oliveira Barbosa

19 de outubro de 2022

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Público-alvo

Estudantes do Ensino Fundamental – 8º e 9º anos

Duração

6 aulas

Alinhamento à BNCC

3 Competências
4 Habilidades

Público-alvo

Estudantes do Ensino Fundamental – 8º e 9º anos

Duração

6 aulas

Alinhamento à BNCC

3 Competências
4 Habilidades

Introdução


Este material apresenta um itinerário didático sobre um gênero relativamente novo: o microconto. A proposta busca inspirar práticas de leitura e escrita a partir de sugestões de atividades a serem desenvolvidas em alguns encontros, e que podem – e devem – ser adaptadas de acordo com o contexto escolar em que você, professora ou professor, se encontra. Mas antes, é importante tecermos algumas considerações a respeito desse gênero.

O microconto, possivelmente, popularizou-se juntamente com os meios digitais. O dinamismo que a comunicação por esses meios impuseram, favoreceu o surgimento de narrativas curtas, menores que um conto.

Considerando que toda obra literária precisa de leitoras e leitores para preenchê-la de sentido, com os microcontos essa premissa não é diferente. Por isso, trabalhar com microcontos em sala de aula permite que estudantes, enquanto leitoras(es), possam colocar-se criticamente diante do texto ficcional e das amplas possibilidades de interpretação deste.

O escritor Marcelino Freire é organizador de uma importante coletânea de microcontos intitulada Os cem menores contos brasileiros do século (2018). Esse autor defende a ideia de que os microcontos, além de um reflexo da modernidade, permitem a qualquer pessoa a produção de uma obra ficcional, e que quanto menor a quantidade de caracteres, maior o desafio.

Para saber mais assista ao vídeo LÍNGUA PORTUGUESA – Minicontos: o máximo no mínimo:

Mas quais são os elementos estruturais que compõem esse gênero? Um microconto deve obter em sua estrutura uma tríade que consiste em: brevidade, narratividade e intertextualidade.

Quando falamos em brevidade, vemos o reflexo da modernidade em nosso cotidiano, a falta de tempo e espaço em nossas vidas, e a nossa aproximação cada vez mais intensa com o meio digital. Para este gênero, a brevidade, caracterizada aqui por uma quantidade mínima de caracteres, precisa trazer uma história que possibilite a abertura de sentidos.

A narratividade é o enredo da história, o sequenciamento de ações na micronarrativa que faz com que a(o) leitora(or) perceba que há uma história sendo contada.

Já a intertextualidade diz respeito à mobilização de conhecimento do mundo da(o) leitora(or). Em outras palavras, ela(e) utiliza sua intertextualidade para preencher de sentido a narratividade presente nos microcontos. Por isso, ambos recursos andam juntos na interpretação do microconto.

Portanto a tríade brevidade, narratividade e intertextualidade são elementos fundamentais no microconto. Elementos esses que tornam o gênero conciso, mas não menos literário que o conto. Ao ler e/ou produzir microcontos precisamos considerar esses elementos estruturantes que constituem o microconto enquanto gênero literário.

Recursos materiais necessários

Clique aqui para ter acesso a uma coletânea de microcontos

1

CONFISSÃO

“Fui me confessar ao mar.
O que ele disse? Nada…”

Lygia Fagundes Telles

 

2

O DINOSSAURO

Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.

Augusto Monterroso

 

3

O PESADELO DE HOUAISS

Quando acordou, o dicionário ainda estava lá.

Joca Reiners Terron

 

4

Vendem-se sapatos de bebês, nunca usados.

Ernest Hemingway

 

5

Vá!

Quem me abandona floresce.

Andréa Del Fuego

 

6

Terminou de comer o bolo, o pastel, o brigadeiro e a coxinha. Pra sair, vestido preto,

afinal, branco engorda que é um horror.

Carolina de Andrade e Silva

 

7

TÉDIO

Após o apocalipse, a morte olha para Deus e diz:

– E agora, o que eu faço?

– Aposentadoria nunca é fácil.

Júlio César de Almeida Dutra

 

8

CRIAÇÃO

No sétimo dia, Deus descansou. Quando acordou, já era tarde.

Tatiana Blum

 

9

VIGÍLIA

Pronto nos olhos, o pranto só espera a notícia.

João Anzanello Carrascoza

 

10

MONÓLOGO COM A SOMBRA

Não adianta me seguir. Estou tão perdido quanto você.

Rogério Augusto

 

11

Se eu soubesse o que procuro com esse controle remoto…

Fernando Bonassi

 

12

FUMAÇA

Olhou a casa, o ipê florido. Tudo para ela. Suspendeu a mala e foi.

Ronaldo Correia de Brito

 

13

DUELOS

“E agora, eu e você”, disse, sacando o punhal, na sala de espelhos.

Flávio Carneiro

 

14

CHICO

— Se atrasa, preocupa.

Quando chega, incomoda.

— Menstruação?

— Meu marido.

Nelson de Oliveira

 

15

A VIAGEM

Fora do ventre, retraiu por um segundo a face, que envelhecia.

Marcílio França Castro

BNCC

Competências Específicas de Língua Portuguesa:

  • Competência específica nº1
    Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.

  • Competência específica nº5 
    Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.

  • Competência específica nº6 
    Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.


Práticas de linguagem / Objetos do conhecimento:

  • Leitura


Objetos de conhecimento:

  1. Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos.
  2. Estratégias de leitura.
  3. Apreciação e réplica.

Habilidades (clique ou passe o cursor do mouse sobre os códigos das habilidades para ler suas descrições):

EF69LP47 Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo. EF89LP33 Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, contos contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas, crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

 

  • Produção de textos


Objetos de conhecimento:

  1. Consideração das condições de produção.
  2. Estratégias de produção: planejamento, textualização e revisão/edição.
  3. Construção da textualidade.

Habilidades (clique ou passe o cursor do mouse sobre o código da habilidades para ler sua descrições):

EF69LP51Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc. – e considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário. EF89LP35Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos, narrativas de aventura e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os constituintes estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa.

 

Objetivo geral


  • Propiciar leitura, interpretação e escrita de microcontos.

Roteiro de atividades

1ª Etapa: Contos versus Microcontos (1 aula)

Objetivos:

  • Levantar conhecimentos prévios sobre o gênero conto.
  • Ler e interpretar diversos microcontos em sala de aula.
  • Traçar as semelhanças e diferenças entre os gêneros conto e microconto.

 

Atividades:

  1. Inicie uma conversa com a turma levantando conhecimentos prévios a respeito do que consideram como contos, se já leram alguns, qual o contato das(os) estudantes com esse gênero. Depois da discussão sobre a experiência da classe com contos, diversos microcontos deverão ser colados na lousa e, em grupos, as(os) alunas(os) poderão escolher até três microcontos com o objetivo de discutir qual seria a interpretação possível de cada produção escolhida. No início dessa proposta, há uma coletânea de microcontos que pode ser utilizada na atividade.
  2. Então, integrantes dos grupos, em um segundo momento, trocam experiências sobre suas percepções a respeito das histórias, realizando a leitura do microconto escolhido primeiramente entre si e depois para a turma, compartilhando suas interpretações com as(os) colegas.
  3. Após a discussão entre os grupos sobre as interpretações dos microcontos escolhidos, é importante questioná-las(os) sobre qual seria a semelhança entre os contos que já leram em comparação com essas micronarrativas. Mesmo que a turma não chegue a uma resposta de que ambos contam uma história, você, enquanto orientadora(or) da atividade, poderá comentar essa semelhança ao final da discussão.
2ª Etapa: Introdução ao gênero microcontos (1 aula)

Objetivos:

  • Compreender a estrutura do gênero microconto e os suportes de veiculação que ele utiliza.
  • Perceber elementos de uma narrativa (enredo, espaço, personagens e tempo) e como eles se comportam nas micronarrativas.

 

Atividades:

  1. Exiba o vídeo Miniconto: o máximo do mínimo, de Marcelino Freire, para que haja visualização e aproximação desse novo gênero e dos possíveis suportes de veiculação que ele utiliza.

 Para pontuar os elementos que compõem a micronarrativa, a sugestão é utilizar os contos: “86” de Dalton Trevisan e “Maioridade” de Rodrigo Ciríaco:

 

86

À saída da fábrica de bijuteria, a operária entregando a marmita suspeita:

- Ela faz barulho? Reviste. Pode Revistar. Veja quanta joia tem aí dentro.

- Só ossinho de galinha do meu almoço.

(TREVISAN, Dalton. 11 ais. São Paulo. LPM.2000. p.92.)

 

MAIORIDADE

- Peste! Já chega! Vou convocar seus pais agora.

- Então chama, pode chamar, prussôra. Desde que nasci, num sei nada sobre eles...

(CIRÍACO, Rodrigo. Te pego lá fora. 2ª ed. São Paulo. Editora DSOP. 2014.)

 

Nessa etapa é importante que você auxilie sua turma na observação dos elementos da narrativa como: enredo (narratividade), espaço, personagens e tempo. Mesmo nos microcontos, é possível identificar esses elementos e analisar como são abordados nas micronarrativas.

Para compreender melhor a estrutura desse gênero, é importante chamar a atenção para a “narratividade” do microconto, de maneira que as(os) alunas(os) percebam que há uma história sendo contada. Pois, posteriormente, na produção escrita, as(os) estudantes deverão se atentar a esse elemento, evitando incorrer na produção de versos poéticos ou aforismos na intenção de produzir um microconto.

3ª Etapa: Produção de microcontos – Parte I (1 aula)

Objetivos:

  • Leitura e interpretação de conto(s) selecionado(s).
  • Transformar contos em microcontos, observando os elementos presentes em sua estrutura que foram discutidos na aula anterior.
  • Revisar e reescrever microcontos.
  • Publicar os microcontos produzidos em um padlet ou organizar uma coletânea virtual com os textos das(os) estudantes.

 

Atividades:

  1. Após a discussão dos microcontos, uma proposta didática possível é solicitar que os alunos transformem um conto em microconto. Uma sugestão é selecionar um dos contos publicados no livro Os da minha rua, de Ondjaki, disponível aqui. No Portal Escrevendo o Futuro você também encontra o conto “Força flutuante”, de Geni Guimarães, e também os contos “Sábado de aleluia” e “Dia de graça”, da autora Lilia Guerra.

    Para iniciar a atividade, você, professora ou professor, realizará a leitura do conto em voz alta e, depois da leitura, poderá retornar aos itens presentes na estrutura do microconto com a intenção de que a turma, a partir desse conto, o recriem em formato de microconto. Uma alternativa para facilitar o acesso das(os) estudantes ao conto é distribuir cópias do texto como material de consulta para as produções escritas.

    Devemos considerar que a produção de texto precisa de um leitor, pois os textos ocupam esferas sociais e servem a elas como meios comunicativos. Para tal ação, alunas e alunos produzirão microcontos para você, professora(or), e também para compartilhá-los em uma rede social, que pode ser uma página da turma no Twitter ou Facebook, ou na rede que mais utilizarem.
  2. Após as produções escritas do microconto, a sugestão é que a turma faça uma revisão inicialmente trocando seus textos entre as(os) colegas. Depois de recebida as correções desta primeira versão, a segunda revisão poderá ser realizada com o seu auxílio, para que os microcontos sejam publicados na página destinada para esse fim. É possível também criar um livro virtual ou um padlet com a coletânea de microcontos produzidos por sua turma.

Sugestão:

O bilhete orientador pode ser um bom aliado para auxiliar a reescrita e aprimoramento dos textos de estudantes. Leia mais sobre essa prática aqui.

4ª Etapa: A estrutura do gênero microconto (1 aula)

Objetivos:

  • Elaborar um quadro comparando a estrutura de diversos microcontos.
  • Compreender a estrutura dos microcontos e observar sua narratividade.

 

Atividades:

  1. A próxima proposta de análise dos microcontos traz um quadro comparativo para que (as)os alunas(os) compreendam as estruturas principais dos microcontos. Para essa atividade, sugerimos utilizar a coletânea de microcontos apresentada no início da proposta. Nesse momento, você, cara(o) docente, poderá revisitar com sua turma os elementos estudados nos microcontos no segundo encontro e criar um quadro comparativo como o que segue abaixo:

Título do microconto

Narratividade: há uma história sendo contada?

Ela é breve? Possui poucos caracteres? (Sim ou Não)

Como as pontuações auxiliam na expressividade do microconto?

Qual o espaço da narrativa? (Onde a história acontece)

Quais as personagens?

Há referências de tempo?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Com esse exercício objetiva-se que a(o) aluna(o) compreenda que o microconto, apesar de curto, deve fundamentalmente contar uma história.

5ª Etapa: Produção de microcontos – Parte II (1 aula)

Objetivos:

  • Produzir microcontos autorais.
  • Ler e avaliar os microcontos produzidos coletivamente.
  • Reescrever os textos a partir da avaliação de colegas.

 

Atividades:

  1. Essa etapa tem como proposta uma segunda produção textual que se fundamenta em solicitar à sua turma que faça microcontos autorais, de temática livre e considerem os três itens principais do gênero: brevidade, narratividade e intertextualidade.

    Nesse momento, as(os) alunas(os) deverão escrever suas produções em papéis iguais disponibilizados por você. Munidos com esses papéis, os alunos deverão criar suas micronarrativas e entregá-las para que na aula seguinte, essas produções possam ser discutidas. Então preencherão uma tabela com os mesmos quesitos daquela utilizada no quarto encontro, avaliando se suas produções contemplam os elementos estruturais de uma micronarrativa.
  2. Em um segundo momento, você, docente, sorteará os microcontos, lendo-os para a turma e agora solicitando às alunas e aos alunos que preencham a tabela, avaliando o conto sorteado e discutindo sobre os elementos fundamentais na narrativa presente nas produções de colegas. Após o preenchimento, a turma pode ler e comparar suas respostas. Para a avaliação entre os pares, os contos não precisam ser necessariamente identificados.

    O foco nessa atividade é a estrutura do gênero, mas abordagens linguísticas como pontuação, ortografia e indicadores de fala podem ser apontados por você e até mesmo pelas(os) estudantes. Essas questões estão inerentes ao texto, pois elas também fazem parte dos efeitos de sentido presentes no microconto. Juntamente com a turma é possível propor reflexões a respeito das pontuações e de que maneira elas enfatizam ou modificam o sentido que a(o) estudante quer dar ao texto à medida em que as leituras e as produções escritas são realizadas.
  3. Após as análises, as(os) alunas(os) poderão recolher os microcontos produzidos e as tabelas com as avaliações dos(as) colegas que podem ser deixadas em uma mesa separada. Assim, cada estudante poderá analisar quais foram as intervenções e, com base nessas sugestões, reescrever seu microconto corrigindo-o ou aceitando as sugestões.
6ª Etapa: Compartilhando micronarrativas (1 aula)

Objetivos:

  • Leitura e interpretação coletiva dos textos finais.
  • Publicar microcontos produzidos.

 

 

Atividades:

  1. Nessa etapa as atividades têm como foco a fruição estética. Depois de realizadas as correções das avaliações dos pares feitas no último encontro, e a reescrita do microconto, as(os) alunas(os) deverão passar a limpo suas produções em papéis iguais. Então, as produções serão sorteadas, e você poderá questionar sua turma sobre quais as interpretações possíveis para os microcontos escolhidos aleatoriamente. As visões das(os) demais alunas(os) podem ser discutidas e compartilhadas e, ao final, a(o) aluna(o)-autora(or) poderá comentar qual sua intenção ou interpretação presente em sua produção. Essa ação pode acontecer em torno de mais encontros a depender da motivação e interação entre estudantes.

    Devemos ressaltar que não existe apenas uma resposta certa quando o quesito interpretação está em voga. As produções, nesse momento, ficam abertas para o aproveitamento das(os) leitoras(es). Evidentemente, não cabe qualquer resposta de interpretação, mas aquelas guiadas e pautadas pelas informações contidas nos textos.
  2. Após as discussões, é importante que você, cara(o) docente, revise os microcontos para então serem publicados coletivamente na página já criada na rede social ou no mural virtual.
Avaliação

Para a avaliação, a proposta segue um perfil formativo. Deve partir de você, professora ou professor, a análise de como se deu a participação das turmas nos processos de leitura, interpretação, produção e discussão das percepções. Questionando as(os) estudantes através de discussões coletivas sobre qual foi a experiência para alunas e alunos ao se colocarem enquanto leitoras(es) diante do texto literário, explicitando suas percepções individuais e as confrontando com a opinião das(os) demais colegas. Você também poderá observar em que medida, durante as atividades, cada estudante se colocou diante dos microcontos e de que maneira utilizou as “pistas” que os microcontos oferecem para compreendê-los. E com base nesses quesitos realizar sua avaliação.

Outra possibilidade é realizar questões de autoavaliação sobre a percepção das alunas e alunos no processo: através de questionários, propor que o grupo escreva o que aprendeu, como se sentiu ao realizar as etapas das atividades, o que foi mais marcante na leitura e/ou na produção de microcontos. Essa também pode ser uma alternativa para analisar o aproveitamento das(os) estudantes nas atividades propostas.

Lembre-se de que nesse itinerário o objetivo é que a(o) estudante se coloque como leitora(or), trazendo suas percepções e conhecimentos de mundo para completar o sentido do microconto. Além disso, essa proposta tem como intenção a diminuição da resistência que possa haver quando há atividades de escrita e leitura de textos literários. Por isso, a avaliação está voltada para o aproveitamento da(o) estudante como uma(um) leitora(or) que analisa e se insere como sujeito no texto, trazendo à tona suas experiências de mundo e todo o sentimento que o texto literário, nesse caso, o microconto, possa suscitar.

A(o) aluna(o)-autora(or), compartilhando suas produções, pode desenvolver também o gosto pela escrita, pois se enxerga como escritora(or) e tem seus textos lidos por colegas e frequentadores do ambiente virtual. As produções escritas não se encerram na devolução do microconto para avaliação e obtenção de uma nota, mas se encaminham para a rede social, permitindo que mais pessoas possam desfrutar das criações literárias de sua turma.

Sobre a autora

Sobre a autora

Alessandra de Oliveira Barbosa é graduada em Letras pela Universidade Anhembi Morumbi (2012), possui pós-graduação em Letras e Literatura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2015) e mestrado pelo programa PROFLETRAS da FFLCH-USP (2020). Professora de Língua Portuguesa na rede municipal de ensino em São Paulo há 10 anos, e na rede particular por 3 anos. Trabalhou também com assessoria educacional prestando serviços para a Universidade Anhembi Morumbi e Senac. Realiza trabalho de revisão de textos e trabalhos acadêmicos.


Referências

ÁLVARES, Cristina. Quatro dimensões do microconto como mutação do conto: brevidade, narratividade, intertextualidade, transficcionalidade. GUAVIRA LETRAS, n. 15, ago.-dez. 2012. Disponível em: http://marcacini.com.br/seer/index.php/guavira/article/viewFile/284/256 Acesso em: 08 nov. 2019

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal. Trad.: Maria Ermantina Galvão G. Pereira. Martins Fontes, São Paulo, 1997.

CIRÍACO, Rodrigo. Te pego lá fora. 2ª ed. São Paulo. Editora DSOP. 2014.

CORTÁZAR, Julio. Alguns aspectos do conto. In: Valise de cronópio. Tradução de Davi Arriguci Jr. e João A. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2006.

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. Ed. Contexto. São Paulo. 2006.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Ed. Paz e Terra. São Paulo. 1996

GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do Conto – 11ª edição – São Paulo: Ática, 2006, 95p. – (Princípios, 2).

LAGMANOVICH, David. Iberoamericana. Vol. 09, Num.36. 2009. Disponível em: https://journals.iai.spk-berlin.de/index.php/iberoamericana/issue/view/34. Acesso em: 30 out. 2019.

MINICONTO: O MÁXIMO COM O MÍNIMO. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. São Paulo. (Educação de Jovens e Adultos (EJA): Mundo do Trabalho modalidade semipresencial. Vol. 3 São Paulo: SEE, 2014. Disponível em: http://www.ejamundodotrabalho.sp.gov.br/ConteudoCEEJA.aspx?MateriaID=67&tipo=Videos. Acesso em: 06 jul. de 2018.

ROJO, Violeta. La minificcíon ya no es lo que era: una aproximacíon a la literatura brevíssima. Cuadernos de literatura vol. Xx n.º39 • enero-junio 2016. p.374-386. ISSN 0122-8102.Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5271712. Acesso em: 02 out. 2019.

ROUXEL, A.; LANGLADE, G.; REZENDE, N. L. (Org.). Leitura subjetiva e ensino de literatura. São Paulo: Alameda, 2013.

ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e ensino de literatura: o advento do sujeito leitor. Trad. Samira Murad. Revista Criação & Crítica, n. 9, p.13-24, nov. 2012. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/criacaoecritica. Acesso em: 25 jan. 2019.

TREVISAN, Dalton.111 Ais. Editora L&PM Pocket, 2000.

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