Professores de escolas públicas do país apresentaram projetos no Seminário do Escrevendo o Futuro
Inicio do conteudoLuiz Henrique Gurgel
Dentre os eventos mais importantes do seminário “Práticas de Escrita: da cultura local à sala de aula”, promovido pelo Programa Escrevendo o Futuro em São Paulo nos dias 22 e 23 de junho, esteve a apresentação de 24 projetos desenvolvidos por professores de língua portuguesa em escolas públicas de todo o pais e selecionados por formadores do programa.
Estes professores participaram do curso a distância “Caminhos da Escrita”, criado pelo Escrevendo o Futuro em 2014 e que já formou quase 100 turmas. No curso – que foi selecionado pelo Ministério da Educação para fazer parte do Guia de Tecnologias Educacionais - cada participante deve desenvolver um projeto de práticas de letramento a ser realizado em sala de aula.
Para chegar aos 24 projetos, as formadoras Zoraide Faustinoni e Maria Paula Parisi Lauria enviaram mais de 600 convites e questionários a professores certificados pelo curso. O objetivo era saber se os projetos que formularam poderiam ser colocados em prática. Elas tiveram 130 respostas e ao final da primeira seleção permaneceram 40 pré-projetos. “Mantivemos contato com esses professores, dando devolutivas a fim de que os projetos entrassem em condições de serem implementados. Era necessário que fossem desenvolvidos neste primeiro semestre, de preferência com finalização próxima à data do seminário. Além disso, era preciso considerar, para o tema, a realidade local, ser um projeto que visasse ao letramento, por meio da leitura e da produção de textos, explorando a multimodalidade e a multiculturalidade”, explica Maria Paula.
Na última fase de seleção permaneceram 24 projetos para o seminário. “Os professores nos enviavam as diferentes versões e nós, avaliadoras, fazíamos as devolutivas no sentido de ‘arredondar’ o projeto para que fosse colocado em prática”, ela lembra. Para a formadora, que também coordena os mediadores do curso “Caminhos da Escrita”, esses projetos dão a oportunidade de conhecer novas experiências e propostas de trabalho desenvolvidas atualmente pelo país. “De maneira geral, o que me chamou a atenção foi a grande diversidade de realidades locais contempladas e também o fato de muitos professores já estarem contando com recursos multimodais no desenvolvimento e na concretização”, concluiu.
Professores participantes receberam visitas dos formadores em suas escolas
Antes de virem para São Paulo participar do seminário, os professores que tiveram projetos selecionados receberam a visita de formadores do Escrevendo o Futuro nas escolas em que os executam. Além de conhecer pessoalmente o professor, os estudantes e a comunidade escolar, cada formador teve reuniões de trabalho com os professores para os últimos acertos antes da apresentação no seminário.
A formadora Heloísa Amaral foi conhecer duas ações desenvolvidas por professores que vivem realidades bem distintas. Ela esteve em Marataízes, cidade litorânea do Espírito Santo, onde a professora Marlucia da Silva Souza Brandão criou um projeto com artigos de opinião em que trabalha com o “funk”, o controvertido gênero musical que atrai cada vez mais jovens e adolescentes. Em seguida, Heloísa foi até Dourados, no Mato Grosso do Sul, para ver de perto o trabalho da professora Vera Lucia Pereira Borges Silva na escola que fica numa pequena comunidade rural do município. Ali, Vera Lucia escolheu trabalhar com trava-línguas, recuperando com seus alunos quais eram os mais conhecidos das famílias do lugar. O trabalho conseguiu envolver toda a comunidade do entorno da escola.
Para Heloísa, as duas experiências que pode conhecer demonstraram, mais uma vez, que em escolas onde há articulação e interlocução entre professores, coordenação pedagógica e direção, as chances de êxito no trabalho são sempre maiores. “Na Escola Fazenda Miya, em Dourados, Tânia, a coordenadora pedagógica de lá, participou de toda a construção do projeto com os alunos e sua aplicação”, afirmou. Ela também disse que pode comprovar na prática, nesses locais, “como as escolas são atingidas pela qualidade das propostas de formação para o ensino de língua portuguesa, seja pelo concurso que ocorre nos anos pares, seja pela participação nos cursos de formação dos anos ímpares. Nas duas escolas que visitei, me chamou atenção o reconhecimento da ação do Escrevendo o Futuro como sendo mais que um concurso de textos”, concluiu.
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