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Leitura no EFII: em foco, os multiletramentos

Portal Escrevendo o futuro

01 de agosto de 2023

Leitura no EFII: em foco, os multiletramentos

Leitura no EFII: em foco, os multiletramentos

Olá, Olímpia!

Meu nome é Rozângela Brant, sou professora de Língua Portuguesa e leciono para alunos do 7º e 9º anos do EF e 2º ano do EM, em uma escola de zona rural, no município de Datas (MG). Os alunos têm entre 12 e 17 anos.

Quando se trata de leitura, enfrento enormes desafios, pois vários desses alunos não gostam de ler. A situação é mais grave no 7º ano porque há três alunos que não foram completamente alfabetizados e não demonstram interesse em aprender. Tenho trazido livros variados para a escola, mas não funciona. Temos aula de recuperação, faço leituras de passagens de livros, mas nada tem surtido efeito. Pegam o livro e fazem de conta que leram.

Na tentativa de me atualizar, me inscrevi no curso on-line “Leitura vai, escrita vem”, oferecido pelo Portal Escrevendo o Futuro. Se você tiver sugestões que possam me nortear, ficarei muito agradecida.

Olá, Olímpia!

Sou Rosemeire, comecei a trabalhar em sala de aula em 1999, ou seja, já leciono há 15 anos na escola pública em Hortolândia e moro em Sumaré, estado de São Paulo. Atualmente, estou com turmas do 7º, 8º e 9º anos.

 

Meu trabalho com a leitura nessas turmas é árduo, pois muitos alunos deixam claro que não gostam de ler, já promovi várias iniciativas para que tomassem gosto pela leitura, mas mesmo assim, muitos continuam resistentes. Tenho também um aluno especial, não sei como lidar diante dessas situações. Se puder me dar uma luz, agradeço. Volto mais tarde para conversarmos e tirar mais dúvidas.

Um abraço,

Caras professoras Rozângela e Rosemeire,

Lendo os textos de vocês, tive a forte sensação de releitura, pois estava diante de uma mesma questão, com contornos bastante similares, ainda que vivenciada em diferentes lugares... Fiquei imaginando que, para além de Minas e São Paulo, vários outros estados poderiam compor essa prosa!

Bem, mas vamos tentar encontrar “um norte”, como sugere a professora Rozângela, ou “dar uma luz”, conforme solicita a professora Rosemeire. Para tanto, precisamos destacar alguns aspectos atrelados à necessidade de compormos um trabalho efetivo com essa prática de linguagem.

Temos de considerar o fato de que os alunos de vocês duas estão no EFII (e até EM, no caso da Rozângela) e que já foram constituindo, ao longo dos anos, uma história de conhecimentos sobre a leitura. Exatamente por entendermos a importância do lugar atribuído ao ler na vida desses estudantes, precisamos partir de uma investigação cuidadosa sobre o que e como acessam informações no cotidiano. É fundamental partirmos da hipótese de que a relação de cada aluno, de cada “nativo digital” com a leitura possa ser menos marcada pelo contato com o impresso e muito mais ancorada em modos de ler próprios da era digital.

Isso significa que repetidos investimentos dos professores em levar à sala de aula apenas livros, revistas ou outros suportes impressos para o trabalho com gêneros do discurso podem redundar em uma “relação frouxa” dos estudantes com os textos. Vejam bem: não estou dizendo que temos de abandonar esses materiais, mas quero enfatizar a necessidade urgente de convocarmos outras mídias para a ação pedagógica. Dito de outro modo, precisamos apostar em um trabalho mais amplo de apresentação do gênero, do ponto de vista da situação de produção, considerando diferentes formas de se veicular os textos, com vistas a contemplar a questão dos multiletramentos. 

Além disso, entendo que um outro aspecto essencial esteja voltado à recorrente fala dos alunos, apresentada nos textos de vocês: “eles não gostam de ler”. Afinal, o que eles não gostam de ler? Como entendem o ato da leitura? Será que estão presos ao ler palavras e textos? Será que têm clareza de que a leitura convoca diferentes linguagens? E, ainda, será que a leitura na vida cotidiana precisa estar sempre atrelada ao “gostar”?

Sei que todas essas questões demandam uma discussão maior que os limites dessa seção, considerando a configuração da minha resposta, mas, ainda assim, penso que algumas perguntas precisam ser problematizadas, primeiro, pelos professores e, na sequência, pelos alunos, de forma a favorecer um olhar mais amplo e consistente envolvido nas práticas de leitura.

Assim, se vamos trabalhar com gêneros do discurso nessas turmas, tomando-os como unidades de ensino, precisamos pesquisar diversos meios de circulação de cada gênero, assim como ao menos uma possibilidade de contraste entre gêneros, de modo a podermos ensinar que a leitura envolve uma experiência de aproximação, análise e apreciação crítica. Um exemplo: ao elegermos o artigo de opinião, é aconselhável que se realize uma pesquisa prévia, visando a uma seleção de exemplares desse gênero, pensando em diferentes revistas e jornais, impressos e virtuais, assim como blogs, sites e programas de TV e rádio variados, que também contenham textos do gênero, aliando-os a notícias (para gerar a reflexão centrada na ideia de que artigos de opinião “alimentam-se” de fatos de relevância social, retratados inicialmente em notícias), charges (tomando como foco a crítica social) ou vídeos com documentários e debates (para evidenciar o movimento argumentativo, desde a exploração do assunto até a tomada de posição e apresentação de argumentos, diante de uma questão polêmica), entre outras possibilidades.

Ainda nesse raciocínio (ou em consequência dele), os alunos terão a oportunidade de vivenciar variadas situações, em função da apresentação do gênero em foco, que favorecerão diferentes experiências de aproximação do “gênero em ação”, ou seja, como ele se apresenta socialmente. Isso exigirá engajamento, mas não necessariamente estará atrelado ao “gostar”, já que certamente teremos alunos que tendem a se aproximar do gênero pelos blogs, enquanto outros tenderão a recorrer a programas de TV, outros a jornais virtuais, outros... Em síntese, essa é uma tarefa com um objetivo claro, e nossos alunos precisam entender que “o gostar” é também resultado da condição de vivenciar, com qualidade e consistência, situações de leitura em que um gênero seja estudado, compreendendo que há diferentes objetivos para ler, desde escolher um livro que efetivamente gostamos, pensando no objetivo de entreter, até ler para aprender sobre a situação de produção do gênero artigo de opinião, com o objetivo de produzir um texto.

Agora, vale muito a pena conhecer iniciativas de professores que têm tomado o ensino de gêneros e o trabalho com os multiletramentos como norte para a intervenção docente. Para tanto, seguem diferentes dicas:

  1. Relato de Prática “Os caminhos e descaminhos da leitura literária em uma escola de Ensino Fundamental” (Revista Na Ponta do Lápis, nº 26);
  2. Especial sobre os projetos apresentados no Seminário Escrevendo o Futuro, 2015 (Revista Na Ponta do Lápis, nº 26);
  3. Projeto “Curta-poesias”, apresentado no Seminário Escrevendo o Futuro, 2015 (Revista Na Ponta do Lápis, nº 26);
  4. Vídeo “A formação do leitor” – entrevista com a professora Eliana Yunes, da PUC-RJ e Leonardo de Souza Melo, coordenador do Projeto Cais;
  5. Vídeo “Programa Escola Viva - Ensino de literatura na escola”;
  6. Texto “Desafios dos (multi)letramentos nas nuvens”, de Roxane Rojo (Revista Na Ponta do Lápis, nº 22);
  7. Prezi “Novos multiletramentos na escol@”, de Roxane Rojo;
  8. Palestra do professor Joaquim Dolz, no Seminário Escrevendo o Futuro 2015, “Os cinco ‘novos’ desafios para o ensino da língua portuguesa”.

Desejo muito sucesso a vocês e agradeço pelo envio das perguntas.

Um abraço e até já,

Olímpia

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