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sua prática / reflexão teórica

Pela literatura, conhecer jovens indígenas do Brasil

Marina Almeida

10 de abril de 2024

Para que o Brasil possa se enxergar cada vez mais na escola, a literatura apresentada em sala de aula deve considerar a riqueza e a diversidade da nossa população, incluindo a produção de autoras(es) indígenas no currículo. A lei 11.645/2008 já determina o ensino de história e cultura indígenas nas Educação Básica, questão também incorporada nas diretrizes para língua portuguesa da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mas é preciso cuidado e respeito ao abordar as narrativas dessas outras culturas, evitando tratá-las com exotismo e distância.

O desafio não é pequeno, principalmente se considerarmos que muitas(os) docentes não estudaram o tema em sua formação inicial. Por isso, pensamos que comparar o cotidiano das(os) suas(seus) estudantes ao das crianças e jovens das obras indígenas pode ser uma forma de começar a conhecer mais sobre esses povos. O movimento de traçar paralelos entre as vivências desses dois grupos tão diversos pode revelar grandes diferenças e também muitas similaridades, aproximando mundos aparentemente tão distantes.

Para isso, podemos começar com uma leitura atenta a esses temas nas obras de autoria indígena escolhidas para trabalhar com a turma. Há crianças nessa história? O que as narrativas nos revelam sobre seu cotidiano? Elas vão à escola? Ajudam os pais no trabalho? Como brincam? Ao nos atentarmos a essas questões começamos a nos aproximar das vivências dessas crianças indígenas. Da mesma forma, ao encontrarmos personagens jovens, podemos observar quais vivências são retratadas na história e os conflitos por que passam. A partir das informações apresentadas pelos livros, podemos nos perguntar quais as semelhanças e as diferenças entre o que é retratado nas histórias e as vivências de nossas alunas e alunos. E por que isso acontece.

Vejamos alguns exemplos de como a observação dessa temática pode nos levar a descobrir novas formas de ser jovem e a refletir sobre nossa própria sociedade.

No conto “Meus olhos bonitos” (clique aqui para ler o conto), publicado no livro Murũgawa, de Yaguarê Yamã, conhecemos a história de Çereçá-purãga, uma bela jovem maraguá. Muitos rapazes de sua aldeia se interessam por ela, mas precisam esperar que passe por um importante ritual:

“Todos os jovens maraguá ansiavam por namorá-la depois que ela saísse da Piãruka, a casa de reclusão onde seria preparada para a vida de mulher adulta. (...) Depois de passar pelo ritual de sua primeira menstruação, Çereçá-purãga saiu da casa de reclusão e foi proclamada “mulher virgem”. (Yamã, 2007, p. 48).

Por meio da leitura do conto, entendemos que a Piãruka é um rito tradicional por que as meninas dessa comunidade passam após sua primeira menstruação e que é considerada uma preparação para a vida adulta. Na narrativa, ainda acompanhamos o primeiro amor dessa jovem ao sair da reclusão – ela vai se apaixonar por um guerreiro inimigo de seu povo e sofrer as consequências desse amor.

Em diversas culturas indígenas, encontraremos os chamados ritos de iniciação, ou de passagem, que marcam a entrada na vida adulta – e muitas vezes são caracterizados por um período de reclusão. Vale ainda ressaltar que no Brasil, com suas mais de 300 etnias indígenas, a variedade de ritos é muito grande. Além disso, nem todas as comunidades indígenas têm algum rito de passagem e pode haver variações de acordo com o gênero das(os) jovens.

Ritos de iniciação

Para as meninas, os rituais costumam acontecer após sua primeira menstruação, como vimos na história de Cereçá-purãga. Já os dos meninos, podem variar de acordo com questões econômicas e culturais e de seu desenvolvimento individual. E como são esses rituais? Como falamos, há muitas variações, mas o rito maraguá e sateré-mawé consiste em isolar as meninas num local onde não tenham acesso aos meninos e a outras pessoas da aldeia que não sejam de sua família. Ali, elas não podem trabalhar ou fazer qualquer esforço. Esse momento é compreendido como uma proteção às garotas num período de maior vulnerabilidade às ameaças naturais ou espirituais. E há também uma série de cuidados a serem seguidos (Cintrão, 2012, p. 45-46; Pinheiro, 2015, p. 73).

A reclusão das meninas também acontece na cultura do povo Ticuna, que compara esse momento ao da lagarta no casulo antes de se transformar em borboleta – um período de crescimento em proteção. Ao final, a comunidade realiza a festa da moça nova, para receber a jovem mulher de volta ao convívio de todos. Veja algumas imagens da festa Ticuna no vídeo abaixo, produzido pela Agência FAPESP:

Ritual Ticuna de iniciação feminina mostra vitalidade de cultura indígena

Reportagem: José Tadeu Arantes | Edição: Daniel Antônio (5 min 38 seg, Brasil)

Em seu livro Eu sou macuxi e outras histórias, Julie (Truduá) Dorrico também fala sobre o ritual por que passam as meninas. Ele foi aprendido, segundo ela, com os seres não humanos das águas numa viagem feita por um homem macuxi a esse mundo:

“Lá ele aprendeu o ritual da menina moça, o tempo da plantação da mandioca, como encontrar os poços de piranha, as estações que favoreciam o cultivo da abóbora, do dão, da ingá, das bananas, da caça, da pesca e coleta e todas as coisas que os encantados da água cuidavam” (Dorrico, 2019, p. 51)

No trecho acima, retirado do texto “Contos de minha avó”, vemos como o ritual é associado a um aprendizado sobrenatural, que vem do mundo encantado, o que reforça sua importância. Além disso, veja como, o rito da menina moça é integrado às fases da natureza: a compreensão do tempo envolve tanto o conhecimento sobre o mundo natural, necessário para a plantação, caça e pesca, quanto sobre a passagem do tempo para os humanos, com o respeito aos diferentes momentos de vida e aos ritos de iniciação. A conclusão do texto é que a compreensão de todos esses tempos faz parte do modo de vida macuxi.

Entre os povos do Xingu, como os Kamayurá e os Yawalapiti, a reclusão acontece tanto para as meninas como para os meninos. Fechados num canto da casa, onde só têm contato com alguns parentes, esses jovens recebem aprendizados importantes sobre as técnicas de trabalho e de luta, importantes para a vida adulta em sua comunidade. As meninas também não cortam o cabelo até saírem dali. E o período de reclusão entre esses povos é bastante longo, podendo levar vários meses, ou mesmo anos.

O livro Terrapreta, de Rita Carelli, narra um encontro entre uma jovem branca e uma indígena em reclusão no Xingu. A obra, escrita por uma autora não indígena que viveu em aldeias indígenas durante parte de sua infância, retrata o contato e a amizade de duas jovens que vivem em mundos tão diversos. No livro, as duas meninas conversam por uma fenda na casa de sapé:

“Aquela menina-quase-mulher, quase da sua idade, com cabelos que lhe cobriam o rosto de maneira tão estranha, como a uma entidade, apartada da luz e do convívio social, era o seu espelho invertido.” (Carelli, 2021, p. 31)

Como diz o texto, a menina é quase mulher porque, ao sair da reclusão, ela será considerada adulta por aquela comunidade. Ao passar pelo rito de iniciação, essas(esses) jovens são considerados plenamente capazes de viver em suas sociedades, trabalhar, casar, ter filhos e assumir todas as funções e responsabilidade da vida adulta. Mais à frente, vamos discutir como nossa sociedade não indígena interpreta essa fase da vida de outra maneira. Mas, antes, vamos conhecer ainda alguns ritos de passagem que não incluem a reclusão, mas tarefas desafiadoras.

É o caso do ritual da Tucandeira – uma espécie de formiga –, realizado entre os povos Sateré-Mawé. Para serem considerados adultos, os jovens devem vestir uma luva com algumas dessas formigas e dançar (veja o vídeo). Passar por esse ritual indica que o menino está pronto para ser um guerreiro e um homem completo em sua comunidade. Para esse povo, a picada da formiga é entendida como uma “vacina”, capaz de prevenir enfermidades. Assim, da mesma forma como nos vacinamos ou tomamos um remédio ruim para nos protegermos contra uma doença grave, eles enfrentam essas picadas para fortalecer seus corpos. Por isso, apesar da dor, os meninos costumam se orgulhar de sua coragem ao participar do ritual, além de ganharem o respeito de seus colegas e da comunidade.

As cerimônias com as Tucandeiras também fortalecem a identidade cultural do povo, reforçando suas tradições. Veja no vídeo produzido pelo InfoAmazonia algumas cenas desse rito de iniciação:

Ritual da Tucandeira: grupo indígena fortalecido

Produção: Thaís Borges | Colaboração: Matheus Manfredinni, Mauricio Torres e Sue Branford (4 min 7 seg, Brasil)

Ao abordar a cultura guarani, o escritor Kaká Werá Jecupé ainda explica como esse povo entende seus ritos e como eles estão ligados à liberdade dada às crianças indígenas. Em A terra de mil povos, ele diz:

“Os ritos de passagem criança-jovem-adulto têm por finalidade atentar para o domínio dos reflexos, dos sentidos, dos desejos e das paixões. (...) Por isso não se castigam os filhos, sua liberdade individual é estimulada e o ciclo do tempo e das estações internas do ser contam para aos poucos mostrar-se a responsabilidade da liberdade” (Jecupé, 2020, p. 95-96).

Ou seja, nessa cultura os ritos ajudam os jovens a compreender seus sentimentos e a desenvolver sua liberdade e responsabilidade. E essa liberdade já está presente na forma como as crianças são tratadas desde pequenas. Esse pode ser outro ponto que chama a atenção nas leituras desses autores e vale a pena comentar com as(os) alunas(os): talvez eles percebam a diferença entre a criação mais “presa” das crianças na cidade e a liberdade das crianças nas aldeias indígenas.

No canal do projeto Território do Brincar, no YouTube, podemos assistir a algumas brincadeiras das crianças indígenas Panará, da aldeia Nasêpotiti (PA), e das crianças Yudjá/Juruna, no Xingu (MS), para entender melhor essa liberdade da criança indígena de que nos fala Jecupé:

Corrida de Tora – Aldeia Nasêpotiti, PA

Direção: Renata Meirelles, David Reeks e Fernanda Heinz Figueiredo | Edição: André Jafet e David Reeks (1 min 52 seg, Brasil)

Assista também ao vídeo Extra Waapa - Brincadeira (2 min 53 seg, Brasil), disponível no YouTube, com direção de Renata Meirelles, David Reeks e Fernanda Heinz Figueiredo e edição de André Jafet e David Reeks.

Ritos da nossa sociedade

Esses rituais podem parecer muito diferentes do cotidiano de nossas(os) estudantes não-indígenas, mas buscar aproximá-los da nossa realidade pode ser uma forma de abordar o tema sem cair no olhar exótico que acontece em muitas abordagens sobre culturas diferentes da nossa. Além disso, traçar paralelos com esses ritos não apenas ajuda a entender melhor o que foi estudado, como pode proporcionar importantes reflexões sobre o nosso modo de vida. Ao olhar para o outro, afinal, podemos ver melhor a nós mesmos, reparar em costumes e usos que até então passavam despercebidos, pois nos acostumamos a eles.

Vale, portanto, pensar com as(os) estudantes se temos ritos de passagem em nossa sociedade, como eles são, e se mudaram ao longo do tempo. O contexto escolar, aliás, tem seus próprios ritos de passagem e pode ser um bom exemplo para começar essa discussão. Temos festas de formatura e colação de grau, que marcam o fim de um ciclo de estudos e mostram que aquelas(es) estudantes estão aptas(os) a seguir para uma nova fase de sua vida, seja o trabalho ou uma nova etapa de ensino. Além disso, o fim de um ciclo escolar envolve o aprendizado de uma série de temas, a aprovação em provas difíceis, o contato com o mundo fora de seu ambiente familiar...Veja quantos paralelos podemos traçar entre nossas festas e os rituais indígenas!

Quando são aprovados no vestibular, muitos jovens raspam o cabelo, ou tem suas roupas e rostos pintados. Esse também é um rito de iniciação ao Ensino Superior – um ritual que pode parecer muito esquisito a quem não estiver acostumado com ele, aliás. Reforço esse ponto, para mostrar que nós também temos ritos “estranhos” aos olhos de quem não participa de nossa cultura. Além disso, muitas faculdades também costumam aplicar trotes nos estudantes e já há alguns anos discute-se a necessidade de acabar com os trotes violentos ou vexatórios, afinal, as tradições podem – e muitas vezes devem – mudar.

Podemos ainda pensar em outros ritos de nossa sociedade que variam conforme a região e a cultura local. Algumas famílias podem comemorar a primeira menstruação da menina, enquanto outras não falam sobre o assunto. Em alguns grupos, o primeiro beijo e o primeiro namorado podem ser considerados uma marca da passagem da criança para a adolescência – daí esse ser o tema de muitos filmes e livros juvenis –, enquanto para outros, esse é um assunto apenas para quando as(os) jovens estiverem pensando em se casar. As religiões também são cheias de ritos que marcam a passagem do fiel de uma fase a outra, como o batizado e a primeira comunhão. Como é na sua região? Na sua escola? E na sua família?

Também é interessante mostrar como esses rituais vão mudando ao longo do tempo. Você já ouviu falar que, antigamente, os meninos só usavam calças curtas? A primeira calça comprida era considerada um marco, que indicava que agora aquele menino não era mais uma criança. Esse pode ser um ótimo tema para os alunos conversarem com seus familiares: o que mudou quanto à vida das crianças e jovens de antigamente e os de hoje? E quanto aos marcos importantes da transição entre essas fases da vida?

Como vimos, em muitas culturas indígenas não há, tradicionalmente, uma etapa intermediária entre a vida adulta e a da criança, o que chamamos de adolescência. Após passar pelo rito de passagem, o jovem está pronto para viver como um adulto em sua comunidade. De forma parecida, nas sociedades não indígenas nem sempre existiu a figura do adolescente. Em muitas famílias, nossas avós ou bisavós podiam casar aos 12 ou 13 anos de idade. Além disso, como as pessoas tinham menos acesso aos estudos, começavam a trabalhar mais cedo, tendo acesso a todos os espaços da vida adulta. Mesmo hoje, podemos observar como nas famílias mais pobres, a necessidade de ajudar os familiares com o trabalho pode encurtar a infância e a adolescência dos(as) jovens, obrigando-os a agirem como adultos mais cedo do que o que consideramos ideal.

Na nossa sociedade, essas mudanças acompanharam nosso desenvolvimento econômico e cultural. Da mesma forma, entre as(os) indígenas, podem existir mudanças que vão se adequar às necessidades e transformações dessas comunidades. Com a chegada das escolas indígenas e o incentivo aos estudos, por exemplo, vemos em muitos grupos o casamento ser adiado para que as(os) jovens possam estudar mais e apoiar sua aldeia com seus conhecimentos. Reforço esse ponto, porque é importante que não pensemos nesses povos como grupos parados no passado. Ao mesmo tempo, as mudanças e adaptações por que passam essas comunidades ao entrarem em contato com o modo de vida não indígena não são sinônimo de degradação de suas culturas. A antropologia hoje entende que o que define a cultura é, mais que um costume ou valor, a lógica por trás dessas tradições, o que dá sentido às experiências de um povo. Assim, uma cultura está sempre em mudança e formação (Cohn, 2010, localização 170).

No livro O sinal do pajé, de Daniel Munduruku, por exemplo, acompanhamos esse embate entre a tradição e contato com o mundo branco, que pode levar os jovens a questionar seus ritos. Na história, conhecemos o jovem Curumim:

“Curumim era pequeno, mas quase um homem. Preparava-se para mudar de casa. Ia ficar um tempo na casa dos homens para aprender a arte da caça, da pesca, da guerra. (...) Alguns dos seus amigos estavam até se negando a participar do ritual da maioridade. Eles diziam que isso era coisa do passado e que os velhos da aldeia tinham ficado para trás” (Munduruku, 2011).

O fato de acontecerem mudanças nos rituais tradicionais não significa, no entanto, que esses ritos não continuam importantes ou que os indígenas de agora tenham menos valor por terem alterado alguns elementos antes tradicionais, ou mesmo deixado de fazer alguns deles. Como falamos, a mudança faz parte da cultura.

Na história de Munduruku, para decidir o que fazer, o jovem Curumim vai conversar com diversas pessoas de sua comunidade, observar o que acontece ao seu redor entre esses dois mundos e entender qual o papel da tradição em sua vida.

Por fim, para a leitura dessas obras, vale a pena também observar os termos utilizados para se referir às crianças e jovens. As palavras escolhidas por seus autores podem revelar muito sobre o olhar de uma cultura para aquele tema. Nos textos citados ao longo deste artigo, encontramos expressões como“primeira menstruação”, “mulher virgem”, “pequeno, mas quase um homem” e “menina-quase-mulher” – formas de representar essa fase intermediária entre a criança e a pessoa adulta. Repare que não encontramos o termo adolescente, já que essas sociedades não costumam entender essa fase da vida da mesma forma que o mundo ocidentalizado.

Encontro de gerações

Ao olhar para as fases da vida nos livros indígenas, outra questão que pode chamar nossa atenção é o valor dado à velhice. As velhas e os velhos aparecem como guardiões da tradição e da cultura, contam histórias e seus conselhos são muito respeitados. Além disso, convivem muito com as crianças e jovens da aldeia. Não vivem apartados desses grupos, como vemos acontecer nas grandes cidades. Segundo o escritor Ailton Krenak, nas culturas indígenas é desejável ser velho:

“As pessoas antigas têm a habilitação de quem passou por várias etapas da experiência de viver. São os contadores de histórias, os que ensinam as medicinas, a arte, os fundamentos de tudo que é relevante para ter uma boa vida” (Krenak, 2022, p. 116-117).

O escritor Daniel Munduruku também fala muito bem sobre essa questão, ressaltando o elo entre a liberdade das crianças e a sabedoria das(os) mais velhas(os). Assista no perfil do Instituto Alana:

@instituto.alana O sonho da criança indígena é se tornar avô 🥰 🙌🏾 Que possamos garantir um território protegido e demarcado para os povos originários, para que toda criança indígena tenha a oportunidade de viver sua infância, crescer e se desenvolver de forma plena, até chegar à velhisse. Não existe vida indígena sem terra indígena. 🛖💕 #CriançaIndígena #PovosIndígenas #DemarcaçãoJá ♬ som original - Instituto Alana

O sonho da criança indigena é se tornar avô, fala de Daniel Munduruku. Instituto Alana. Fonte: Tik tok @institutoalana

Agora, vale pensar: como isso se dá na nossa sociedade? Será que a valorização excessiva da juventude pelo mundo ocidental não acaba desvalorizando o saber das(os) mais velhas(os)? Como suas(seus) estudantes se relacionam com seus avós e parentes com mais idade? Eles ouvem suas histórias como acontece nos livros indígenas? Esse pode ser outro bom exercício que parte da leitura desses autores: sugerir a cada aluno que conheça mais sobre sua tradição e história familiar.

Para saber mais:

1. Sobre a juventude não indígena:

GREGORIN FILHO, José Nicolau. Literatura Juvenil: Adolescência, Cultura e Formação de Leitores. São Paulo: Melhoramentos, 2012.

2. Sobre as relações entre jovens indígenas e não indígenas por meio da literatura:

GREGORIN FILHO, José Nicolau; NASCIMENTO, Marina A. S. do. O jovem indígena encontra o não indígena – concepções sobre o jovem na literatura juvenil de autoria indígena. In: JOSIOWICZ, Alejandra Judith; ZAPIOLA, Maria Carolina (Orgs.). Literatura infantil na América Latina: a infância e a diversidade de imaginários (sociais, raciais e de gênero). Rio de Janeiro: Dialogarts, 2022. Disponível em: https://www.dialogarts.uerj.br/wp-content/uploads/2022/09/LitInfantAmerLat-1.pdf.

3. Documentário ‘Os Nambiquara e o Ritual da Menina-Moça’ (28 min 14 seg, Brasil):

Este documentário foi contemplado pelo 1º Prêmio de Cinema 'LÍDIO SOHN ' da Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer - SEJUCEL. A produção conta com a coordenação do fotógrafo Washington Kuipers e dos(as) produtores(as) culturais Marcio Guilhermon e Andréia Machado. Clique aqui para assistir.

4. Conto "Meus olhos bonitos", de Yaguarê Yamã:

Leia aqui o conto publicado no livro Murũgawa, de Yaguarê Yamã, disponível no Portal Escrevendo o Futuro.

 


Referências:

CARELLI, Rita. Terrapreta. São Paulo: Editora 34, 2021.

CINTRÃO, Núbia Lira. A singularidade da farinhada em território indígena: um estudo na sociedade Maraguá em Nova Olinda do Norte-AM, no período da seca e cheia dos rios. 2012, Manaus, 111 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura da Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas.

COHN, Clarice. Antropologia da Criança. 2ª ed. Rio de Janeiro, Editora Jorge Zahar, 2010. Edição digital.

DORRICO, Julie. Eu sou macuxi e outras histórias. Nova Lima: Editora Caos & Letras, 2019.

JECUPÉ, Kaká Werá. A terra de mil povos: história indígena brasileira contada por um índio. São Paulo: Peirópolis, 2020.

KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

MUNDURUKU, Daniel. O sinal do pajé. São Paulo: Peirópolis, 2011.

PINHEIRO, Itemar de Medeiros. O brincar da criança indígena Sateré-Mawé: elo entre a socialização e a formação cultural. 2015, Manaus, 109 f. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação) – Universidade Federal do Amazonas.

YAMÃ, Yaguarê. Murũgawa – Mitos, Contos e Fábulas do povo Maraguá. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

 

Sobre a autora

Marina Almeida S. do Nascimento é formada em jornalismo e Letras (bacharelado e licenciatura), ambos pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisa autoria indígena no mestrado na área de Estudos Comparados de Literatura de Língua Portuguesa, também pela USP. Entre as letras e o jornalismo, conheceu diversas aldeias pelo Brasil. Escreve sobre educação, literatura, povos indígenas, culturas tradicionais e meio ambiente. Foi uma das vencedoras do 31º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo da OAB-RS.

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