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sua aula / projetos de escrita

Booktube: potencializando a leitura literária e as práticas letradas digitais

Aline Gasparini Zacharias Carolino e Lucimere Barbosa Santos

27 de setembro de 2023

Público-alvo

Ensino Fundamental Anos Finais

Duração

8 a 12 aulas

Alinhamento à BNCC

4 competências
10 habilidades

Público-alvo

Ensino Fundamental Anos Finais

Duração

8 a 12 aulas

Alinhamento à BNCC

4 competências
10 habilidades

Objetivos gerais


  1. Estimular práticas de leitura e escrita multimodais, no ambiente digital.
  2. Aproximar práticas letradas escolares e práticas letradas típicas dos ambientes digitais.
  3. Impulsionar a formação do leitor literário, relacionando literatura e tecnologias.
BNCC

Competências Específicas de Língua Portuguesa:

  • Competência específica nº3 
    Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.

  • Competência específica nº5 
    Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual.

  • Competência específica nº9 
    Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.

  • Competência específica nº10 
    Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais.


Práticas de linguagem / Objetos do conhecimento:

  • Leitura


Objetos de conhecimento:

  1. Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção;
  2. Apreciação e réplica;
  3. Adesão às práticas de leitura;
  4. Estratégias de leitura.

Habilidades (clique ou passe o cursor do mouse sobre os códigos das habilidades para ler suas descrições):

EF69LP44 Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção. EF69LP45 Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes a gêneros como quarta-capa, programa (de teatro, dança, exposição etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog cultural etc., para selecionar obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, CD's, DVD's etc.), diferenciando as sequências descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do livro ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer escolhas, quando for o caso. EF69LP46 Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs. EF69LP49 Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor. EF89LP33 Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, contos contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas, crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

 

  • Produção de textos


Objetos de conhecimento:

  1. Relação do texto com o contexto de produção e experimentação de papéis sociais;
  2. Textualização;
  3. Revisão/edição de texto informativo e opinativo.

Habilidades (clique ou passe o cursor do mouse sobre o código da habilidades para ler sua descrições):

EF69LP06Produzir e publicar notícias, fotodenúncias, fotorreportagens, reportagens, reportagens multimidiáticas, infográficos, podcasts noticiosos, entrevistas, cartas de leitor, comentários, artigos de opinião de interesse local ou global, textos de apresentação e apreciação de produção cultural – resenhas e outros próprios das formas de expressão das culturas juvenis, tais como vlogs e podcasts culturais, gameplay, detonado etc.– e cartazes, anúncios, propagandas, spots, jingles de campanhas sociais, dentre outros em várias mídias, vivenciando de forma significativa o papel de repórter, de comentador, de analista, de crítico, de editor ou articulista, de booktuber, de vlogger (vlogueiro) etc., como forma de compreender as condições de produção que envolvem a circulação desses textos e poder participar e vislumbrar possibilidades de participação nas práticas de linguagem do campo jornalístico e do campo midiático de forma ética e responsável, levando-se em consideração o contexto da Web 2.0, que amplia a possibilidade de circulação desses textos e “funde” os papéis de leitor e autor, de consumidor e produtor. EF69LP07Produzir textos em diferentes gêneros, considerando sua adequação ao contexto produção e circulação – os enunciadores envolvidos, os objetivos, o gênero, o suporte, a circulação -, ao modo (escrito ou oral; imagem estática ou em movimento etc.), à variedade linguística e/ou semiótica apropriada a esse contexto, à construção da textualidade relacionada às propriedades textuais e do gênero), utilizando estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign e avaliação de textos, para, com a ajuda do professor e a colaboração dos colegas, corrigir e aprimorar as produções realizadas, fazendo cortes, acréscimos, reformulações, correções de concordância, ortografia, pontuação em textos e editando imagens, arquivos sonoros, fazendo cortes, acréscimos, ajustes, acrescentando/alterando efeitos, ordenamentos etc. EF69LP08Revisar/editar o texto produzido – notícia, reportagem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –, tendo em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, características do gênero, aspectos relativos à textualidade, a relação entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado das ferramentas de edição (de texto, foto, áudio e vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta.

 

  • Oralidade


Objetos do conhecimento:

  1. Produção de textos jornalísticos orais;
  2. Planejamento e produção de textos jornalísticos orais.

Habilidades (clique ou passe o cursor do mouse sobre o código da habilidades para ler sua descrições):

EF69LP10Produzir notícias para rádios, TV ou vídeos, podcasts noticiosos e de opinião, entrevistas, comentários, vlogs, jornais radiofônicos e televisivos, dentre outros possíveis, relativos a fato e temas de interesse pessoal, local ou global e textos orais de apreciação e opinião – podcasts e vlogs noticiosos, culturais e de opinião, orientando-se por roteiro ou texto, considerando o contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros. EF69LP12Desenvolver estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign (esses três últimos quando não for situação ao vivo) e avaliação de textos orais, áudio e/ou vídeo, considerando sua adequação aos contextos em que foram produzidos, à forma composicional e estilo de gêneros, a clareza, progressão temática e variedade linguística empregada, os elementos relacionados à fala, tais como modulação de voz, entonação, ritmo, altura e intensidade, respiração etc., os elementos cinésicos, tais como postura corporal, movimentos e gestualidade significativa, expressão facial, contato de olho com plateia etc.

 

Introdução


Este projeto foi elaborado pelas professoras Aline Gasparini Zacharias Carolino e Lucimere Barbosa Santos para o curso “Caminhos da escrita”1, no primeiro semestre de 2022. A proposta foi pensada para uma escola municipal, central, na cidade de Rio Claro (SP), que recebe estudantes dos diferentes bairros adjacentes, o que confere à comunidade escolar um caráter heterogêneo. Porém, uma característica comum às(aos) estudantes foi fundamental para a definição da proposta: o acesso a celulares e à internet, para diferentes finalidades e, dentro delas, às redes sociais. Tal característica despertou as professoras para a utilização pedagógica do dispositivo digital, ampliando as práticas letradas que já faziam parte do cotidiano de alunas e alunos.

De acordo com Aline e Lucimere, a utilização do celular e da internet é parte do cotidiano dessas(es) estudantes. Desde muito cedo elas(es) têm acesso a diversas redes sociais, muitas vezes de forma ilimitada. Para as professoras, nisso reside a importância de um trabalho que não exclua a cultura digital das instituições escolares, mas que valorize o potencial da tecnologia na sala de aula e nos processos de ensino e de aprendizagem, contribuindo para a construção de currículos sensíveis à cultura juvenil e midiática.

Assim, considerando as práticas de linguagem previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental Anos Finais (BRASIL, 2018) – Leitura, Produção de textos, Oralidade e Análise linguística/semiótica –, o projeto de escrita traz o texto literário e as recomendações de leitura como objeto de estudo, no contexto das práticas letradas digitais, mais especialmente, as vídeo-resenhas apresentadas no booktube2.

A produção de vídeo-resenhas envolve as práticas de linguagem citadas acima, favorecendo o desenvolvimento de habilidades relacionadas à compreensão de textos, à produção de textos individuais e coletivos, à compreensão e ao uso da linguagem verbal, à utilização da língua oral em situações formais e informais, à criticidade frente à obra lida, aos recursos ortográficos e linguísticos inerentes à rede de gêneros3 envolvida nas atividades propostas e ao uso das redes sociais de forma responsável e consciente.

Por fim, a produção de vídeo-resenhas mobiliza a multissemiose característica da maioria dos textos que circulam digitalmente e com os quais as(os) estudantes lidam diariamente, além de contribuir para a formação leitora de literatura.

Da leitura literária à vídeo-resenha: o percurso do projeto


Nos Anos Finais do Ensino Fundamental não é raro que a leitura literária em sala de aula seja restrita aos excertos disponibilizados por livros e materiais didáticos. Também é comum encontrar abordagens literárias que visam apenas uma verificação da leitura de estudantes, resultando muito mais no distanciamento da leitura literária do que na formação de leitoras(es) de literatura. No intuito de fomentar a formação leitora e de abordar a literatura por meio das linguagens que as(os) estudantes desse segmento usam em suas práticas letradas sociais, as professoras relacionaram literatura e booktube, partindo da leitura literária, passando pela indicação literária, pela resenha escrita até chegar à produção de vídeo-resenhas. Assim, acreditamos que o percurso traçado neste projeto de escrita possa ser mais confortável e atraente para estudantes pouco familiarizadas(os) aos gêneros que se destinam a comentar/recomendar obras literárias.

Conhecendo as práticas de linguagens estudantis


A primeira atividade consiste em uma roda de conversa que inclui uma sondagem sobre os usos que as alunas e os alunos fazem da internet e do celular, a importância que a internet tem na vida de cada uma(um), o tempo dispendido com navegação, as redes sociais de que participam, que papel elas têm em suas vidas e se leem ou publicam textos nelas. Essa conversa inicial visa mapear, mais especificamente, o que as(os) estudantes fazem no tempo de navegação na web ou no tempo de uso do celular.

Um segundo momento na roda de conversa tem como objetivo abordar o booktube, com o intuito de conhecer o que as(os) estudantes sabem sobre ele, se já usaram e que usos foram feitos.

Como estratégia de adesão das turmas ao projeto, a atividade seguinte prevê a navegação na internet – em dispositivos das(os) alunas(os) ou disponibilizados pela escola – para a exploração de canais de YouTube, sites/catálogos virtuais de editoras e blogsliterários para leitura de sinopses, resenhas, indicações literárias, vídeo-resenhas etc4. A atividade tem por objetivo dar visibilidade aos conteúdos literários que podemos encontrar e com os quais podemos interagir na internet e às funções que cada um deles desempenha, na interação com usuárias(os), assim como a função de cada gênero textual no qual se materializam os conteúdos analisados.

Nessa atividade, é importante ressaltar os aspectos em que sinopses e resenhas se aproximam e se distanciam. Em se tratando de obras literárias, elas se aproximam quanto ao fato de apresentarem informações sobre a obra. A sinopse oferece informações gerais sobre a obra, podendo ou não apresentar apreciações explícitas5. Seu objetivo maior é o de apresentar a obra. No entanto, figurando na capa, contracapa ou em catálogos de editoras, o objetivo passa a ser também a venda do livro, sugerindo que, nesse contexto, alguma apreciação positiva certamente estará presente.

A resenha, assim como a sinopse, tem o objetivo de orientar a leitora e o leitor na escolha de uma obra literária, porém, além de descrever, analisa a obra, destacando os aspectos (positivos ou negativos) mais importantes. Ela tem o objetivo de avaliar o produto resenhado. Portanto, resenhar vai além de fazer uma boa sinopse.

Recomendando uma obra literária


Esta atividade prevê que a(o) professora(or) disponibilize as obras literárias do Programa Nacional do Livro Didático – PNLD – do ano escolar correspondente para a leitura e posterior elaboração de recomendação literária das(os) estudantes para colegas6. A indicação literária é algo menos formal que a resenha, podendo constituir-se em uma conversa apreciativa, na qual as(os) leitoras(es) trocam impressões sobre os livros lidos, justificando suas opiniões por meio da retomada de trechos que exemplificam as impressões. É importante estimular em sala de aula a expansão de simples apreciações, tais como “o livro é legal” ou “esse livro é muito bom”, questionando as(os) estudantes sobre o que está por trás de “legal” e “bom” e discutindo a importância de se apresentar características do livro que justifiquem a leitura. Tavares (2018) afirma que resenhar ou indicar um livro requer a construção de um novo texto, seja oral ou escrito, o que demanda um distanciamento da obra para que se comunique uma percepção singular.

Assim, o exercício de recomendar uma leitura é a primeira etapa para que as alunas e os alunos reflitam sobre os elementos necessários a esse tipo de indicação. Também é importante que a(o) professora(or) reflita com a turma sobre o que leva alguém a indicar uma obra literária a outras pessoas, que características – do ponto de vista de quem indica – tem uma obra para que possa ser recomendada a alguém, em que situações recomendamos uma obra literária e por quais meios podemos fazer isso.

 

Dá pra fazer de outro jeito

A rede social de vídeos TikTok figura timidamente em propostas pedagógicas. Hoje em dia, ela vem sendo gradativamente incluída nas propostas de sala de aula, porém, muito mais como suporte para as produções dos estudantes do que como fonte de consulta.

Trazemos aqui uma subcomunidade do aplicativo TikTok, específica para recomendações literárias, o BookTok. Esse é o nome do fenômeno que reúne inúmeras indicações de livros, em vídeos, produzidas pelas(os) booktokers – usuárias(os) da plataforma que apresentam descrições breves e criativas e, às vezes, alguma rápida análise sobre os livros apresentados. Os livros recomendados variam em gêneros e há recomendação para diferentes idades e para leitoras(es) em diferentes estágios de contato com a literatura. Porém, a maior parte das recomendações destinam-se ao público jovem.

Os vídeos são bem curtos, geralmente com a(o) booktoker apresentando mais de um livro, podendo ter o som ambiente ou um fundo musical. Por se tratar de uma plataforma interativa, é muito interessante ler os comentários das(os) seguidores de cada perfil e suas opiniões sobre as recomendações.

Depois do booktok, algumas livrarias têm colocado estantes específicas dos livros divulgados por várias(os) booktokers conhecidas(os) e seguidos por milhares de leitoras(es)/internautas.

Aqui, indicamos alguns perfis:

  • garotadoslivros
@garotadoslivroos
  • cicireadss
@cicireadss
  • doraweingand
@doraweigand

Resenhando


Esta etapa do projeto de escrita objetiva a familiarização com o gênero resenha. Para isso, a tarefa consiste na visita ao skoob7 e consulta a duas ou três resenhas para o levantamento de características comuns a elas, e a socialização do levantamento realizado. A partir desse levantamento, as(os) estudantes irão analisar duas resenhas escolhidas, pela(o) professora(or) para identificação dos aspectos elencados anteriormente ou de parte deles. Para essa tarefa, a ideia é a projeção das resenhas e a distribuição de cópias, para que as(os) alunas(os) façam anotações. É importante que a(o) professora(or) destaque aspectos relativos ao gênero resenha e às questões de textualidade que possam comprometer ou melhorar a qualidade do texto, assim como aspectos ortográficos.

Neste projeto de escrita, as autoras propõem um estudo direcionado da estrutura textual da resenha, atentando-se para: cabeçalho (referente à obra resenhada), informações breves sobre a(o) autora(or), principais ideias da obra, comentários, opiniões e recomendações (PACHECO, 2019). Entretanto, a estrutura da resenha não é rígida e pode se apresentar de outras formas. Por isso, é importante repertoriar as(os) estudantes com diferentes exemplares de resenhas e analisar as diferentes possibilidades de apresentar a obra e de se posicionar diante dela, no caso de resenha crítica.

Dando sequência à ação de resenhar, a turma realizará a leitura de um mesmo livro escolhido do acervo do PNLD e, em grupos, as(os) alunas(os) escreverão uma resenha sobre a obra em questão, tomando por base as características do gênero elencadas na atividade anterior.

Para a primeira produção, é importante que o grupo planeje a resenha considerando, primeiramente, os objetivos desse gênero. Neste caso, a resenha tem a função de apresentar uma obra e de convencer a(o) leitora(or) a ler o livro resenhado. Outros aspectos também devem ser observados no planejamento do texto: o público-leitor, o suporte em que a resenha será publicada, a linguagem (ou linguagens) que será utilizada e o que se tem a dizer sobre o livro, assim como a maneira como será dito. A(O) professora(or), por sua vez, poderá avaliar quais aspectos deverão ser trabalhados de forma mais extensiva e quais aspectos do gênero e da língua estão mais consolidados na turma. As devolutivas em cada texto deverão respaldar as autoras e os autores para a revisão e a reescrita do texto8, com questionamentos que as(os) levem a refletir sobre as possibilidades de melhoria.

Em seguida, os grupos compartilham as versões revisadas das resenhas e elegem uma delas para publicação no suporte planejado, tomando como referência a qualidade do texto, a proximidade com o que se espera do gênero e a completude das informações. Eleita a resenha, a turma fará, colaborativamente, uma nova revisão e novos ajustes para o aprimoramento do texto, tendo a(o) professora(or) como mediadora(or) do processo de escrita. A nova revisão deve levar em conta os conhecimentos construídos pelos grupos, no processo de produção das resenhas e nas devolutivas recebidas.

Produzindo uma vídeo-resenha


A versão final da resenha será base para o roteiro da vídeo-resenha. Porém, para elaboração do roteiro, é importante que a turma tenha assistido a algumas vídeo-resenhas, e que discutam sobre o provável caminho percorrido até se atingir o produto. Algumas vídeo-resenhas podem ser acessadas em canais de booktubers,eexistem diversos deles para públicos distintos e de diferentes idades. Essa busca por referências pode ser realizada na internet, durante os momentos de aula ou como atividade de pesquisa, orientada pela(o) professora(or) quanto aos perfis mais adequados para a idade e para os objetivos da atividade9.

Sugerimos que as professoras e os professores explorem os comentários deixados pelas(os) internautas às(aos) booktubers, analisando o impacto das vídeo-resenhas (e dos recursos linguísticos, midiáticos e de expressão utilizados nelas) na promoção da leitura literária e/ou no convencimento do público em ler o livro apresentado.

Na produção de uma vídeo-resenha, o roteiro é indispensável. Ele é a descrição detalhada do que aparecerá no vídeo. Sua importância está em favorecer que a(o) resenhista não se perca, não extrapole o tempo estipulado ou permitido pelo aplicativo digital utilizado e não fuja da temática. Sua elaboração requer um planejamento que explicite como será o vídeo, sua duração, recursos visuais que serão utilizados, levando sempre em conta o público esse conteúdo irá dialogar.

Com as definições do planejamento, o roteiro deve detalhar o tempo de cada cena, o que será dito e o que aparecerá na tela. Isso pode ser feito por meio de uma tabela, que favorece a visualização dos itens e sua simultaneidade. Exemplo:

MinutosÁudioVídeo/recursos visuais
0’ – 1’ (Saudação inicial) Olá, leitoras e leitores, hoje eu vou apresentar o livro XX, que é de autoria de... publicado pela editora YY, no ano de 2020.

Resenhista falando, sem mostrar o livro.

Resenhista mostra o livro, enquanto fala, sem cobrir o rosto.

1’ – 1:30’’ De acordo com entrevista dada pelo autor, esse livro foi escrito em 2019, embora houvesse um projeto para ele desde 2012....

Resenhista ocupa a tela por 10”.

Entre imagem estática do autor do vídeo e permanece até o próximo tópico.

1’:31” – [...] Etc. Etc.

O detalhamento no roteiro é fundamental para que o vídeo seja fiel ao planejado. A resenha escrita na atividade anterior pode ser uma base importante para o roteiro da vídeo-resenha, fazendo-se os ajustes necessários ao novo contexto de circulação e ao novo gênero (linguagens, nível de detalhamento na descrição, formas de interação com o público etc.).

Também é importante prever uma divisão de papéis, definindo quem apresentará a obra, no vídeo, quem vai operar o dispositivo tecnológico para gravação, quem vai editar etc., garantindo que todas(os) colaborem nas diferentes etapas da produção.

Hoje em dia, são muito comuns as gravações de vídeos pela câmera do celular e as(os) estudantes, certamente, já dominam a técnica com tranquilidade10. Porém, existem também inúmeros aplicativos que já favorecem a edição de vídeos ou o uso de telas, fundos musicais e efeitos visuais11.

Por fim, a publicação da vídeo-resenha deve ser realizada em um canal da escola ou rede social, desde que acordado previamente com a turma e com autorização dos responsáveis, se as(os) estudantes forem menores de 18 anos.

Sugerimos que todas as vídeo-resenhas produzidas sejam divulgadas para a comunidade escolar quando publicadas, convidando colegas de outras turmas, familiares, professoras e professores a curtir, compartilhar e comentar, valorizando, assim, a produção dessas(es) estudantes.

Uma última palavra


Sabemos que a formação da(o) leitora(or) de literatura envolve ações pedagógicas diversificadas e sistemáticas na rotina escolar. Recomendar obras literárias, seja oralmente, seja por escrito ou por textos multissemióticos e de circulação na web mobiliza e desenvolve conhecimentos que ampliam o potencial interpretativo das(os) estudantes. Não se trata de formar críticos literários, mas de promover ações que possibilitem às alunas e aos alunos conhecerem novas obras literárias, percebendo elementos que lhe escaparam numa leitura individual e relacionando uma obra a outras, com o intuito de aprofundar a compreensão sobre um livro ou perceber os aspectos estilísticos que demarcam ou enriquecem um texto literário.


  1. “Caminhos da escrita” foi um curso on-line realizado pelo Programa Escrevendo o Futuro que propunha às(aos) participantes a escrita e realização, em grupos ou individualmente, de um projeto pedagógico como atividade formativa final.
  2. Comunidade do YouTube focada em livros literários, cujas(os) usuárias(os) criam seus próprios canais para apresentar vídeo-resenhas de livros de suas preferências. As pessoas que apresentam as vídeo-resenhas são chamadas booktubers, e não são necessariamente especialistas em literatura.
  3. Por rede de gêneros entendemos o gênero principal – resenha / vídeo-resenha – e o conjunto de gêneros que apoia a produção de uma vídeo-resenha: resumo, quadro sinóptico, roteiro etc.
  4. Algumas sugestões para explorar junto à turma: BookTube, Skoob, Cabeceira, Goodreads.
  5. Mostre às(aos) estudantes que as indicações, em uma sinopse, podem aparecer em palavras ou com algum ícone, como estrelas, aplausos, curtidas etc.
  6. Recomendamos que o(a) professor(a) escolha as melhores estratégias de mediação de leitura dos livros escolhidos, de acordo com as características da turma e com os objetivos da SD, para que a leitura não se torne apenas uma etapa da produção textual.
  7. Rede social colaborativa para leitoras(es).
  8. A este projeto pode ser acrescida mais uma atividade de escrita de resenhas, se, após a revisão, ainda for necessário abordar o gênero. Nesse caso, sugerimos a escolha de novos livros ou o convite às(aos) estudantes a escolherem livros livremente. A(o) professora(or) pode avaliar manter a produção em grupo ou solicitar a nova produção em dupla ou individualmente.
  9. Antes da busca por booktubers, vale a pena a leitura da publicação do Canaltech, com indicação e trechos de entrevistas com 5 jovens mulheres booktubers. Disponível em https://canaltech.com.br/internet/5-youtubers-brasileiros-essenciais-para-os-devoradores-de-livros/ Acesso em 19/09/2023.
  10. Para reduzir os aspectos a serem editados no vídeo, recomenda-se observar a luz e o silêncio do local de gravação, assim como um fundo visual não poluído ou que não roube a atenção da(o) espectadora(or).
  11. Veja alguns aplicativos gratuitos de gravação e edição de vídeo: https://www.movavi.com/pt/learning-portal/gravadores-de-video.html Acesso em 19/09/2023.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

PACHECO, M. C. "Diferenças entre resenha crítica e resumo": Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/diferencas-entre-resenha-critica-resumo.htm. Acesso em: 23 mai. 2019.

TAVARES, C. Escrever sobre os livros: produção de indicações e resenhas literárias. In.: Coleção Educacional Planeta Leitura. Guia de orientações didáticas para o professor – Ensino Fundamental – anos iniciais – 5º ano. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2018, pp. 65-71.

Sobre a editora do projeto de escrita

Sobre a editora do projeto de escrita

Jordana Lima de Moura Thadei é mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mediadora do curso "Caminhos da escrita".

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