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sua aula / planos de aula

Sinopse no estilo “Netflix”: será que essa lenda daria um filme?

Luciana Soares

13 de março de 2024

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Público-alvo

7º ano do Ensino Fundamental, adaptável para as demais séries finais do E.F.

Duração

15 a 19 aulas

Alinhamento à BNCC

3 Competências
6 Habilidades

Público-alvo

7º ano do Ensino Fundamental, adaptável para as demais séries finais do E.F.

Duração

15 a 19 aulas

Alinhamento à BNCC

3 Competências
6 Habilidades

Introdução


Em um mundo pós-pandêmico, as(os) adolescentes estão definitivamente mergulhadas(os) no mundo ficcional das séries, doramas, animes e as mais diversas produções audiovisuais promovidas por streamings que se multiplicam a cada ano. São muitos os textos e as multissemioses envolvidas nessa indústria audiovisual que atrai a atenção de nossas alunas e alunos a ponto de os absorver por longas horas. Assim, por que não explorar essas possibilidades em sala de aula? 

Esta proposta de sequência didática se aventura pelas sinopses no estilo “Netflix”, que são pequenos textos introdutórios aos filmes e séries disponíveis na plataforma. Além da escrita, outros elementos importantes compõem um design próprio para essas sinopses, resultando em um texto multissemiótico que tem o intuito de atrair a atenção do público ao mesmo tempo em que fornece informações básicas sobre o filme ou a série. Será que nossas alunas e alunos já prestaram atenção nessas sinopses? Já escolheram um filme porque alguma delas lhes agradou? Que estratégias essas breves apresentações digitais dos filmes e séries utilizam para serem atrativas ao público que querem atingir?

Pois bem, a proposta didática a seguir vai percorrer essas e outras perguntas, aproveitando os conhecimentos prévios das(os) estudantes e trazendo para a sala de aula os gostos pessoais das(os) adolescentes, validando o que já sabem. Ao mesmo tempo, explorar essas possibilidades oportuniza o exercício de um olhar mais crítico sobre os textos e as multissemioses envolvidas nas plataformas de streaming

A proposta de criação das sinopses desta sequência tem como tema os seres encantados que protagonizam alguns contos indígenas e lendas populares lidos em sala de aula. A produção final dessa sequência didática é uma sinopse de um filme ou série fictícios, criados pelas e pelos estudantes, em que os seres das histórias lidas ganham protagonismo. Entretanto, a escolha temática fica a seu critério, professora e professor, pois é possível trabalhar o gênero sinopse com outros temas, de acordo com seus projetos de leitura, interesses e falas significativas de sua turma.

Recursos materiais necessários


  • Multimídia (projetor, sala de informática, televisão, etc.).
  • Textos e vídeos para a formação de acervo de leituras.

BNCC (clique na seta)

Competências Específicas de Língua Portuguesa:

  • Competência específica nº3 
    Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.

  • Competência específica nº9
    Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.

  • Competência específica nº10
    Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais.


Práticas de linguagem / Objetos do conhecimento:

  • Leitura


Objetos de conhecimento:

  1. Estratégias de leitura;
  2. Apreciação e réplica.

Habilidades (clique ou passe o cursor do mouse sobre os códigos das habilidades para ler suas descrições):

EF67LP28   Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infanto-juvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.  EF69LP45   Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes a gêneros como quarta-capa, programa (de teatro, dança, exposição etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog cultural etc., para selecionar obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, CD´s, DVD´s etc.), diferenciando as sequências descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do livro ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer escolhas, quando for o caso.  EF67LP06  Identificar os efeitos de sentido provocados pela seleção lexical, topicalização de elementos e seleção e hierarquização de informações, uso de 3ª pessoa etc.  EF67LP08   Identificar os efeitos de sentido devidos à escolha de imagens estáticas, sequenciação ou sobreposição de imagens, definição de figura/fundo, ângulo, profundidade e foco, cores/tonalidades, relação com o escrito (relações de reiteração, complementação ou oposição) etc. em notícias, reportagens, fotorreportagens, foto-denúncias, memes, gifs, anúncios publicitários e propagandas publicados em jornais, revistas, sites na internet etc. 

 

  • Produção de texto


Objeto de conhecimento:

  1. Produção e edição de textos publicitários.

Habilidade (clique ou passe o cursor do mouse sobre o código das habilidade para ler sua descrição):

EF67LP13  Produzir, revisar e editar textos publicitários, levando em conta o contexto de produção dado, explorando recursos multissemióticos, relacionando elementos verbais e visuais, utilizando adequadamente estratégias discursivas de persuasão e/ou convencimento e criando título ou slogan que façam o leitor motivar-se a interagir com o texto produzido e se sinta atraído pelo serviço, ideia ou produto em questão. 

 

  • Oralidade


Objeto do conhecimento:

  1. Conversação espontânea.

Habilidade (clique ou passe o cursor do mouse sobre o código da habilidade para ler sua descrição):

EF67LP23   Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e em discussões ou atividades coletivas, na sala de aula e na escola e formular perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.  

 

Objetivos gerais


  1. Ler histórias de seres encantados e lendas com o objetivo de escolher os protagonistas das sinopses dos filmes e séries que serão criadas pelas(os) estudantes.
  2. Ler sinopses no estilo Netflix para analisar seus elementos composicionais e compreender para quem e para que são escritas, criando, assim, um olhar mais crítico e atento à produção de sentidos gerada pela indústria do audiovisual.
  3. Incentivar o protagonismo das alunas e alunos, partindo do que já conhecem sobre o mundo dos streamings para a leitura e análise, escrita, reescritas, edição de texto multissemiótico, exposição e avaliação/autoavaliação.

Roteiro de atividades (clique nas setas abaixo)

Roteiro de atividades (clique nas setas abaixo)

1ª Etapa: Construindo o acervo de leituras e obras audiovisuais sobre seres encantados e lendas brasileiras (5 a 6 aulas)

Objetivos:

  • Levantar os conhecimentos prévios da turma de estudantes sobre seres encantados e lendas brasileiras.

  • Ler histórias de autoria indígena e lendas que tragam seres encantados como protagonistas.

  • Oportunizar que as(os) estudantes conheçam seres encantados de origem indígena de uma forma respeitosa, de preferência, através da voz de autores indígenas;

  • Formar acervo para que as(os) estudantes possam, posteriormente, escolher um desses seres encantados ou lendas para a produção da sinopse.

 

Atividades:

1. Sugerimos que você comece fazendo um “quiz” com a turma para ver o que conhecem sobre os seres encantados e lendas brasileiras. Você pode criar o quiz no power point, ou até mesmo imprimir as perguntas com letras grandes e mostrar à turma em cartazes. Aqui vão alguns exemplos de perguntas, mas você pode adaptar de acordo com as histórias que sejam mais conhecidas em sua região:

  • Qual é o ser que protege a mata e tem os pés virados para trás? (Curupira)
  • Qual é o ser que vive nos rios, mas se transforma em homem para dançar com as moças nas festas juninas? (Boto rosa)
  • Quem é que vai de casa em casa pedindo fumo e café? (Matinta Perê)
  • Quem é o ser que tem uma perna só e que gosta de fazer brincadeiras? (Saci Pererê)
  • O que acontece com o último filho, se nasce homem, de uma família com 7 filhas mulheres? (Vira Lobisomem)

2. Depois do quiz, pode ser feita uma roda de conversa sobre o que as alunas e alunos conhecem dessas histórias, onde leram ou ouviram, de quais mais gostam e quais gostariam de conhecer. Faça perguntas que provoquem o debate, como por exemplo: algum familiar de vocês já contou alguma história dessas? Alguém que vocês conhecem já contou que viu um lobisomem, ou outro ser como esse?

Neste momento, é sempre bom anotar as falas significativas das(os) estudantes, pois são fontes valiosas de dados para o planejamento de suas aulas. Aproveite o momento da roda para falar sobre a importância da transmissão oral dessas histórias, que vem de muitas gerações, e que a oralidade é muito importante tanto nas culturas de matriz africana quanto nas culturas indígenas; é uma das formas mais antigas de compartilhar conhecimento. Inclusive, conversar em roda é também parte dessas culturas.

 

4. Após a conversa, ofereça à turma um bom acervo de leitura que traga os seres encantados de forma respeitosa. Você pode fazer a leitura compartilhada de algumas histórias, de forma que todas(os) acompanhem. Aqui vão algumas sugestões:

Sugestões de livros:

  • Contos indígenas brasileiros - Daniel Munduruku
  • Causos de Visagens para crianças maluvidas (história em quadrinhos) - Thaís Silva e Jorge Nilberto
  • Algumas Assombrações do Recife Velho (história em quadrinhos) - Roberto Beltrão e André Balaio
  • 13 Lendas Brasileiras (cordéis) - Mário Bag
  • Curupira: o guardião da floresta (conto) -  Marlene Crespo
  • Abecedário de personagens do folclore brasileiro (dicionário ilustrado) - Januária Cristina Alves e Cézar Berje

 

Sugestões de obras audiovisuais:

  • Série brasileira “Cidade Invisível”, disponível na Netflix: a série foi bastante criticada em sua primeira temporada, pelo fato de ter como base muitas histórias de origem indígena, mas não trazer o protagonismo indígena. De toda forma, há um debate muito interessante sobre a cultura da pesca artesanal e o avanço dos grandes empreendimentos imobiliários sobre as matas e florestas. Como forma de reparação, a segunda temporada da série traz um protagonismo indígena muito forte, tematizando a questão do garimpo ilegal e da importância da preservação destes  povos e da Amazônia. A série, que mistura suspense, drama e aventura, é protagonizada pelos seres encantados das culturas populares brasileiras, que são retratados como heróis na trama.

    Mas atenção professoras(es), fiquem atentas(os) se a classificação etária desta série corresponde à média de idade de sua turma antes de recomendá-la para suas(seus) estudantes!

 

Sugestão de perfil nas redes sociais:

O instagram @quadrinistasindigenas é, segundo a descrição em um dos destaques do perfil, “uma iniciativa de criadores indígenas de diversas regiões do Pindorama que visam demarcar os territórios das narrativas gráficas. O coletivo foi fundado pela artista visual Tai Silva, pela escritora Mayra Sigwalt, pelo professor e roteirista Marcelo Borary e pela ilustradora Raquel Teixeira.”

O perfil traz indicações de leitura e trechos  das obras produzidas pelos artistas do coletivo. Diversas dessas produções têm como protagonistas personagens do folclore brasileiro retratados como o que realmente são: seres encantados fundamentais para a cosmovisão dos diversos povos indígenas.

 

Sugestão de artigo:

Em seu artigo “Folclore brasileiro versus Literatura Indígena: entenda a diferença”, Trudruá Dorrico analisa a invisibilização da autoria indígena pelos folcloristas e traz diversas indicações de leitura para conhecermos os seres encantados pela voz de autores e autoras originários.

 

Sugestões de contos disponíveis no Portal Escrevendo o Futuro:

 

2ª Etapa: Chuva de ideias: será que essa história dá um filme? (2 a 3 aulas)

Objetivos:

  • Revisitar o acervo para pensar sobre como transformar as histórias lidas em obras audiovisuais.

  • Oportunizar um primeiro momento de compartilhamento de escritas entre as(os) estudantes, para exercitarem a interlocução.

  • Aprofundar a leitura dos contos indígenas e lendas brasileiras a partir de uma atividade de escrita criativa que dialoga com as obras, retextualizando-as.

Atividades:

1. Agora é o momento de revisitar o acervo com o objetivo de propor um outro olhar sobre ele. Como sugestão, você pode fazer uma aula no pátio; se a escola tiver algum recanto arborizado, este pode ser um excelente local. As(os) alunas(os) devem levar caderno e caneta e sentar em círculo. Estenda um pano no centro do círculo e coloque ali os livros e textos trabalhados na etapa anterior.

2. Abra a conversa perguntando para que respondam em voz alta, no grande grupo: qual desses personagens e seres da floresta você mais gostou? Por quê? Tente garantir que todas e todos falem.

3. Após esse momento, anuncie que agora irão fazer uma atividade escrita que depois será compartilhada em voz alta no grande grupo. Peça para que respondam, cada uma/um em seu caderno, a seguinte questão:

se você pudesse fazer um filme ou uma série sobre algum desses seres, qual deles escolheria? Como seria esse filme ou essa série: protagonistas e antagonistas, conflito principal, título, cenários, gênero (drama, romance, terror, suspense…)?

Explique que esta escrita pode ser bem solta, pois é uma chuva de ideias, um esboço para soltar a imaginação. Incentive as(os) estudantes a trocar ideias entre si, ler uns para os outros, buscar interlocução para além do olhar da professora.

4. Depois que terminarem essa escrita, devem retomar o círculo e ler, em voz alta, o que escreveram. Comente a leitura de cada uma e cada um, focando nas ideias das(os) estudantes e fazendo perguntas direcionadas mais ao conteúdo do que à forma. Faça relações do que a turma escreveu com o acervo lido/visto/ouvido. Incentive a comentarem  os textos uns dos outros, fortalecendo, assim, uma comunidade de prática leitora e escritora dentro de sua turma. Peça que guardem esses escritos, pois serão utilizados nas próximas etapas deste trabalho.

3ª Etapa: Compartilhando sinopses e entendendo o contexto de produção (4 a 5 aulas)

Objetivos:

  • Ler diversas sinopses no estilo Netflix para analisar seus elementos composicionais e estilo.

  • Analisar as sinopses para compreender para quem e para que são escritas.

  • Compreender a sinopse como um gênero que dialoga com a propaganda e com os textos informativos.

  • Construir critérios de avaliação do que é uma boa sinopse.

Atividades:

1. Nesta aula, será importante estar em um espaço com projetor multimídia. Inicie a aula perguntando sobre como suas alunas e seus alunos costumam escolher filmes e séries para assistir. Procure saber se têm hábito de assistir sozinhas(os), com a família ou com amigos. Descubra quantas(os) têm acesso a streamings e estão familiarizadas(os) com este ambiente e quantas(os) não têm acesso, para saber de onde partir com sua turma.

2. Projete algumas sinopses estilo Netflix. Peça para a turma dê sugestões de filmes e séries de que gostam para você projetar. Faça a leitura compartilhada de algumas dessas sinopses, e pergunte que informações ficamos sabendo através desta “capa” e para que elas servem.

Observe com sua turma que a apresentação do filme ou série traz diversas informações importantes para as(os) espectadoras(es) levarem em conta no momento de escolher ver, ou não, aquela obra: a idade indicativa e qual conteúdo é inadequado (por exemplo: drogas lícitas/ilícitas, violência etc), gênero, quantas temporadas tem, dentre outras. No caso da Netflix, ao clicar em “mais informações”, o início do primeiro episódio ou do filme começa a passar, como plano de fundo, enquanto a(o) espectadora(or) tem acesso à sinopse.

Após passar um pequeno trecho em vídeo, aparece uma imagem congelada que fica no plano de fundo, escurecida, para que os textos fiquem em destaque em primeiro plano. Essa imagem é fixa, e é a que aparece quando o título está em meio ao catálogo, com outros títulos. A escolha dessa imagem não é aleatória: ela busca o interesse da(o) espectadora(or), colocando em destaque um personagem popular, ou uma passagem significativa. Todas essas questões você pode conversar com a turma, para que percebam que nada é aleatório ou ingênuo nos textos multissemióticos do mundo da cultura pop digital: tudo é planejado e carregado de intencionalidade.

Fonte: https://www.netflix.com/search?q=pachamama&jbv=81029736

Fonte: https://www.netflix.com/search?q=avatar&jbv=70142405

Dica: Você pode perguntar se já viram um DVD e levar alguns, para mostrar como era o acesso a filmes e séries há cerca de 10, 15 anos atrás.  Pode contar sobre as videolocadoras, e até mesmo levar fitas de vídeo cassete, caso as tenha. Esses objetos antigos costumam despertar curiosidade e engajamento das(os) estudantes. Busque mostrar as informações de capa, que hoje são digitais. Caso ainda tenha capas de DVD e de fitas cassete, as(os) estudantes poderão perceber que as sinopses são bem mais longas e detalhadas do que as que aparecem na entrada dos filmes e séries da Netflix e podem refletir sobre isso: no quanto a era digital reduz alguns textos e coloca outros elementos junto com ele, como vídeos, sons, imagens, símbolos etc.

3. Depois dessas reflexões iniciais, solicite que se organizem em duplas ou trios. Proponha que as(os) estudantes pesquisem sinopses de filmes e séries de que gostem muito e escolham uma para depois compartilhar com a turma toda, oralmente. Peça para que leiam com atenção todas as informações que estão nessa “capa” virtual e escolham sobre o que irão falar para toda a classe.

4. Chegado o momento da apresentação, organize a turma para uma escuta atenta e ativa. Durante as apresentações, provoque para que as(os) estudantes pensem nas razões para escrever a sinopse, quem escreve e para quem. É importante que percebam que essa capa virtual é uma estratégia de marketing e, ao mesmo tempo, uma apresentação da obra. Ela é uma das formas de tornar a obra mais atrativa para o público que quer atingir, então, nem todos os elementos que a compõem buscam somente fornecer informações; alguns, como a imagem, buscam “fisgar” a audiência. Você pode aproveitar o fato de que as(os) estudantes já conhecem as obras que estão apresentando e pedir para que reflitam: esta é uma boa sinopse para este filme/série? A imagem de fundo foi bem escolhida? Por quê?

5. Após a apresentação de todas as duplas e trios, você pode provocar para que pensem no que as sinopses têm em comum. Talvez surjam respostas como: um título e uma imagem em destaque; uma ou mais frases de impacto e/ou um pequeno texto contando um pouco da história; o ano da produção; elenco; gêneros etc. É importante chamar a atenção para o fato de que sinopse não é um resumo: provoque-as(os) a pensar nas diferenças. Peça que imaginem: se houvesse um resumo no início de cada filme ou série, certamente teriam muitos spoilers e isso poderia provocar o desinteresse das pessoas. A sinopse quer cativar, atrair o interesse, então, não pode contar toda a história.

6. Agora, é a hora de juntar as pontas: proponha às(aos) estudantes que criem uma sinopse para o filme/série que imaginaram na etapa anterior, na chuva de ideias, sobre um dos seres encantados ou personagens das lendas que leram no início desta sequência didática. É importante que essas sinopses tenham um público leitor e um objetivo: elas podem ser apresentadas (impressas ou de forma virtual) em algum evento da escola, ou um evento da turma pode ser criado para mostrá-las a outras turmas. As pessoas que irão ver a exposição deverão escolher 5 filmes e séries de que tenham gostado muito para criar um “top 5” das melhores séries e filmes da turma (pode ser “top 10”, “top 20”, fica ao seu critério). A pergunta para o público pode ser “Qual desses filmes/séries você assistiria?” Podem também publicá-las nas redes sociais da escola e pedir para que pais, mães e comunidade escolar comentem a postagem e escolham as sinopses de que mais gostaram. Quem sabe, a partir desse trabalho, a turma pode se sentir inspirada a criar curtas-metragens para dar vida às sinopses mais votadas?

7. Depois da proposta de produção final feita e de ver sua turma engajada na ideia, é hora de pensar sobre os critérios para uma boa sinopse com base no que foi estudado. Coletivamente, a partir do que foi construído nas etapas anteriores, crie com sua turma alguns critérios para definir o que é uma boa sinopse, quais elementos não podem faltar e como deve ser o texto para que ele cumpra seus objetivos, ou seja: atrair o público e passar as informações básicas.

4ª Etapa: Produção escrita das sinopses e apresentação à comunidade escolar (4 a 5 aulas)

Objetivos:

  • Escrever e compartilhar as primeiras e últimas versões da sinopse, buscando estimular a participação de interlocutores no processo.

  • Proporcionar a participação ativa das(os) estudantes no processo de escrita, reescrita e edição de texto multissemiótico.

  • Construir coletivamente a forma como irão mostrar suas produções à comunidade escolar.

Atividades:

1. Peça que as(os) estudantes retomem a chuva de ideias que fizeram no caderno para, com base nela, escrever a primeira versão da sinopse estilo Netflix. Você pode pedir que façam no caderno ou que já realizem a atividade diretamente no editor de textos e imagens que costumam utilizar. Indicamos, como sugestão, o uso do Canva Educacional, uma ferramenta gratuita para criar diversos designs de forma bastante intuitiva e com muitos recursos disponíveis.

Logo abaixo, estão algumas produções de estudantes do sétimo ano de uma escola pública de Porto Alegre (RS), publicadas no Instagram @abonjaescreve.  Para fazer o design abaixo, os estudantes utilizaram  o modelo gratuito do Canva chamado “Post do Instagram em carrossel filmes cinema ousado”, por ser bastante próximo do design de apresentação das sinopses da Netflix. A primeira sinopse (Muiraquitã) foi uma produção da professora, para levar como exemplo das possibilidades de uso do modelo. A segunda sinopse (Zaori) foi feita pelo estudante Luan Felix Marques e a terceira (A Mula) foi produzida pela estudante Bruna Lopes de Lima.

2. Após todas e todos terem terminado suas primeiras versões, peça para que a turma se organize novamente em círculo. Agora, é o momento de compartilhar as primeiras versões em voz alta e mostrar seus projetos, para que as(os) colegas e a(o) professora(or) possam opinar com base nos critérios do que seria considerado uma boa sinopse, já combinados na etapa anterior pela turma.

3. Após essa roda, é o momento de finalizar o trabalho. Devem, então, melhorar sua primeira versão e, ainda, encontrar uma boa imagem para compor o design que irá ser impresso e/ou exposto de forma digital. Neste momento, podem trabalhar em duplas, para se apoiarem.

4. Após finalizarem suas sinopses no estilo Netflix, é hora de pensar na exposição. Convide a turma para tomar decisões junto com você sobre este momento. Podem, por exemplo, criar nomes criativos para uma plataforma fictícia de streaming que leve o nome da escola ou da turma, como por exemplo “Sétimoflix” ou “71 TV”. Podem, até mesmo, criar um logotipo para esta plataforma. A exposição pode ser bastante simples e artesanal: um pedaço grande de papelão pode se transformar em uma grande tela de televisão com o menu composto por todas as sinopses produzidas (coladas lado a lado na tela). Também pode ser uma exposição digital, caso preferirem, ou uma mescla de possibilidades.

5. No momento da exposição, é importante pedir que as(os) visitantes escolham e comentem quais filmes e séries mais lhes chamaram atenção. Sugestão: distribuir post its e montar um painel com os comentários das(os) visitantes. Também fica como sugestão criar um Instagram para postar as produções da turma e divulgar na comunidade escolar. Esse material escrito pelas(os) visitantes pode ser muito rico para uma boa análise em aula, posteriormente, para que o grupo faça uma autoavaliação do trabalho que foi feito.

6. É possível que as turmas envolvidas demonstrem interesse em continuar este trabalho propondo dar vida às sinopses, produzindo audiovisuais a partir delas. Uma opção é propor a produção de um teaser de 1 minuto, ou, em caso de maior fôlego, produzir um roteiro e um curta-metragem. É interessante, para envolver as(os) estudantes, fazer uma rodada de opiniões para que o grupo decida  coletivamente os próximos passos.


Referências

LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.

ROJO, Rosane e MOURA, Eduardo. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. 

WENGER, E. Comunidades de Práctica: Aprendizaje, Significado e Identidad. Barcelona: Paidós Ibérica, 2001.

Sobre a autora:

Sobre a autora:

Luciana Soares é mestre e licenciada em Letras (UFRGS), com pesquisa sobre a escrita na escola pública. É professora de redes públicas de ensino em Porto Alegre há 22 anos. Contato: profelu.soares@gmail.com

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