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Formações de professores: driblando desafios para promover a aprendizagem

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Na quarta reportagem da série sobre as formações deste ano, acompanhe as ações
desenvolvidas em Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal

Organizadas em diferentes modelos, as formações regionais de professores do Programa Escrevendo o Futuro acontecem remotamente este ano. Na quarta reportagem desta série, acompanhamos quatro estados que conseguiram ampliar suas vagas, ainda que enfrentem dificuldades com a conexão à internet e adaptação ao formato remoto. Também chamam a atenção a diversidade de ações desenvolvidas e as soluções encontradas para promover a aprendizagem.

Goiás: roteiros individuais de estudo

Em Goiás, o cenário de curto prazo foi escolhido por conta das eleições municipais deste ano, que poderiam dificultar a organização de uma formação mais longa. Com a chegada da pandemia, a decisão pelo formato se manteve e o projeto foi reformulado para se adequar ao trabalho remoto. O docente Wilton Divino da Silva Junior, da Universidade Federal de Goiás (UFG), conta que nunca tinha feito vídeos ou lives e que precisou aprender a trabalhar com essas tecnologias. “Procurei meus alunos para me ajudarem com as dúvidas, mas o aprendizado foi muito rápido. Usei um aplicativo de gamers, por exemplo, para conseguir gravar a tela do computador em que eu acessava o portal e, ao mesmo tempo, minha imagem conversando com os professores.”

Na opinião do docente, a formação remota foi mais produtiva que as presenciais ocorridas em outros anos. Ele conta que desenvolveu uma metodologia de roteiros individuais de estudo e que o retorno tem sido bom. “No portal do programa há muito material sobre sequência didática, gêneros, questões práticas, por isso na formação apresento os materiais disponíveis e busco produzir uma reflexão mais do que ensinar. Quero que entendam a Olimpíada não só como um concurso, mas como um programa que possibilita ações de diálogo e reflexão sobre o ensino da língua”, diz Wilton. “Pergunto, por exemplo, quem são eles como leitores antes de ensinarem seus alunos a ler ou como é o trabalho com gêneros na escola, como é o processo de aprendizagem...” 

O docente produziu uma live e três vídeoaulas de cerca de 40 minutos sobre formação de leitores, gêneros textuais e experiências de aprendizagens com os roteiros individuais de estudo. “Conto sobre o método que desenvolvi na própria formação com eles e com meus alunos na universidade, mas que é possível de ser adotado nas escolas também”, explica o docente. Wilton ainda ressalta que, apesar de ser mais trabalhoso, esse modelo de trabalho permitiu que ele tivesse um contato mais próximo com os alunos, mesmo de forma remota.

Em Goiás, o número de vagas para os professores na formação a distância foi ampliado e, como as aulas ficam disponíveis no canal do Centro de Estudos, Pesquisa e Formação dos Profissionais de Educação (Cepfor), outros profissionais também podem acessar o curso. “Na live tivemos mais de mil pessoas acompanhando ao vivo e hoje já chegamos a mais de duas mil visualizações. Tivemos até professores de outras áreas, como história e artes”, conta Wilton. Para ele, o fato de poder falar diretamente com os professores é outra vantagem deste formato, já que nas outras edições da formação muitos dos participantes eram representantes das secretarias que atuavam como multiplicadores da formação.

 

Maranhão: driblando as dificuldades de conexão com a internet

Já no Maranhão, as dificuldades com acesso à internet em muitos municípios dificultaram o trabalho. Eliane de Jesus Cunha Almeida, representante da Undime, conta que mais de 200 professores se inscreveram para a formação, mas que apenas cerca de 80 deles conseguiram assistir às aulas em tempo real, realizadas via Google Meet. “O conteúdo é gravado e enviado para os professores que não puderam acompanhar a aula, mas ainda não sabemos se todos estão conseguindo assisti-las”, explica. 

No estado foi adotado o cenário de curta duração e foram realizadas três webconferências. No próximo ano, a formação deve continuar: os participantes desta edição irão atuar como multiplicadores desse trabalho. Eliane conta que a seleção desses articuladores levou em conta sua atuação em sala de aula como professores de língua portuguesa. “Geralmente os secretários de Educação indicam quem será o participante que atuará como formador do restante da rede, mas colocamos a necessidade de que ele já atuasse como professor da área.”

Marília de Carvalho Cerveira, docente da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), explica que as aulas abordaram: as bases teóricas que fundamentam as atividades propostas, o uso da sequência didática, os conteúdos das oficinas e a apresentação dos recursos do portal do Programa. Este também foi o momento de explicar sobre o funcionamento da Olimpíada, já que a maioria dos professores participará do processo pela primeira vez no próximo ano. “Fizemos um trabalho de sensibilização para estimular e incentivar a participação e o engajamento dos formadores no processo de multiplicação das informações para os professores de cada município”, destaca Marília. 

As aulas das redes estadual e municipais do Maranhão continuam acontecendo de forma remota, o que tem causado inquietação nos professores. “Percebi que há certa ansiedade em saber como a Olimpíada poderá acontecer se as aulas continuarem remotamente. Eles acham que há muitas atividades propostas que exigem contato presencial, passeios e interação entre os colegas, atividades que não são viáveis nesse modelo. Talvez seja importante que a coordenação nacional promova discussões sobre a adaptação da edição 2021 para o modelo remoto. São desafios que temos que enfrentar e superar”, ressalta a docente. 

Mato Grosso do Sul: vagas para todos os municípios do estado

No Mato Grosso do Sul, este modelo de formação totalmente on-line permitiu a ampliação das vagas e a possibilidade de alcançar todos os municípios do estado. Emilio Davi Sampaio, docente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), conta que nas formações presenciais o número de vagas era limitado a cerca de 40 professores. “Na forma remota, pudemos abrir vagas para contemplar um número maior de participantes e tivemos mais de 180 inscritos. O estado tem apenas 79 municípios, então combinamos de abrir vagas para contemplar todos eles, sem exceção. Quem quisesse fazer a formação teria a oportunidade de se inscrever”, diz. 

De modo geral, o docente considera que a nova experiência foi produtiva. Para ele, a desvantagem desse modelo fica por conta da falta de interação social: “falta o olho no olho para sentir e conhecer melhor o outro, a performance e as relações humanas que também remetem a situações no campo da didática, construções muito importantes para uma educação humanizadora”. 

No estado, que adotou o cenário de curta duração ainda antes da pandemia, a pauta do curso já estava preparada para a aula presencial e foi necessário adaptá-la ao modelo remoto. “Após a videoaula e a indicação de vídeos e leituras, disponibilizadas no portal do Programa, fizemos um encontro síncrono com os professores inscritos, que aconteceu no dia 23 de outubro. Nesse encontro, fizemos uma explanação do conteúdo programático por cerca de 50 minutos e abrimos a sala para questionamentos”, explica Emilio. 

A avaliação sobre a formação ainda não foi concluída, mas o docente conta que no encontro síncrono, cerca de 100 professores participaram da formação ao vivo, e o número de concluintes pode ser ainda maior.

Distrito Federal: projeto de extensão para complementar a formação

No início do ano, o Distrito Federal escolheu realizar sua formação no cenário de médio prazo. Contudo, com a chegada da pandemia e as inúmeras dúvidas sobre o andamento das aulas, a Rede de Ancoragem do estado se reuniu com a equipe do programa e concluiu que seria melhor alterar a formação para o cenário de curta duração. “Em meados do segundo semestre ainda havia muitas dúvidas e dificuldades dos professores no acesso à tecnologia, à internet em suas residências, muita insegurança com relação ao retorno ao trabalho, por isso achamos melhor fazer uma formação mais curta este ano e que avançasse para 2021”, explica Maria Susley Pereira, representante do Consed. 

O curso teve foco em apresentar o portal e as possibilidades de formação oferecidas pelo programa e, no próximo ano, a ideia é apresentar a metodologia de sequência didática adotada pelo programa. “Esse cenário é o pontapé inicial, em 2021 desenvolveremos um curso de extensão com o docente Anderson Luís Nunes da Mata, representante da Universidade de Brasília.” 

Maria conta que a necessidade de realizar as ações de forma totalmente remota trouxe apreensão sobre a participação dos professores e a realização do trabalho. Mas, para a surpresa de todos, o modelo trouxe algumas vantagens, como a possibilidade de alcançar um público maior e das áreas mais distantes. Para garantir a participação, as ações da equipe também foram importantes: “fizemos uma boa divulgação pelas redes sociais, enviamos diversas peças sobre o curso para os grupos das unidades escolares e das coordenações regionais de ensino. E, de fato, tivemos um número significativo de inscrições”, aponta. 

 

Cerca de 370 professores se inscreveram via formulário para participar e quase 200 deles assinaram a lista de presença na live de abertura da formação. Maria explica que outros podem ter acompanhado o vídeo posteriormente e que o número final de participantes será conhecido após a entrega das atividades finais previstas na formação. Além dos professores de língua portuguesa, seu público-alvo, o curso também estava aberto a gestores, coordenadores locais e intermediários das coordenadorias regionais de ensino. 

O curso contou com um webinário de abertura apresentando o portal e suas diversas possibilidades, além de duas vídeoaulas e uma atividade final a ser realizada pelos participantes. “Tivemos inclusive a participação de muitos professores de outros estados no webinário, com a tecnologia, a informação se espalha mais rapidamente”, diz Maria. 

Para ela, a desvantagem do formato remoto é a perda da receptividade imediata ao que está sendo apresentado. “No presencial conseguimos interagir de uma forma mais efetiva com o grupo, vemos as pessoas se manifestando, percebemos no seu olhar, na sua corporeidade como elas estão recebendo o que está sendo dito. Não se consegue ter essa mesma percepção no on-line, apesar de todas as mensagens no chat”, avalia. Maria ainda cita a questão do tempo: “precisamos ser mais objetivos no ensino remoto, o que pode ter um lado positivo também. Todos nós estamos aprendendo muito com tudo isso”.

A partir dos retornos recebidos, Maria analisa que os professores estão inseguros sobre como trabalhar a competência escritora dos alunos no meio virtual. “É uma questão que está presente também no ensino presencial, mas aparece com mais força agora: como prender a atenção, motivar o estudante e, principalmente, acompanhar as aprendizagens a distância?”.

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