‘Solo para vialejo’, de Cida Pedrosa, é escolhido livro do ano; obra é viagem sonora pelo sertão pernambucano‘

A grande vencedora da 62ª edição do Prêmio Jabuti foi a poeta pernambucana Cida Pedrosa. Sua obra, Solo para vialejo (Cepe Editora), foi consagrada livro do ano, além de ganhar na categoria poesia. O poema traça uma viagem do litoral ao sertão, com lembranças sonoras de sua infância em meio às colheitas de algodão. 

"Eu sai do Sertão para o mar, pois sou sertaneja. Esse é um livro da volta, uma migração ao contrário. E lá encontro minhas ancestralidades, encontro minha avó índia e meu pai, um descendente de português”, disse a autora na cerimônia on-line de premiação. “É um livro em busca da música, em busca de mim, das minhas origens sertanejas, onde me entrego inteira ao Sertão.”  

Na categoria Romance Literário, o vencedor foi Torto Arado (Editora Todavia), de Itamar Vieira Junior. A obra acompanha o crescimento de duas irmãs numa fazenda no interior do Brasil, refletindo sobre questões como racismo, ancestralidade negra e resistência quilombola.

Também foram premiados o livro de contos Urubus (Editora Confraria do Vento), de Carla Bessa, e a coletânea de crônicas Uma furtiva lágrima (Editora Record), da ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Nélida Piñon. 

Pequeno manual antirracista (Editora Companhia das Letras), de Djamila Ribeiro, foi premiado na categoria Ciências Humanas. Djamila também é autora do artigo Feminismo negro – para um novo marco civilizatório, disponível no portal Escrevendo o Futuro. Outro destaque de não ficção é o livro Escravidão: do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares: Volume 1 (Globo Livros), de Laurentino Gomes, premiado na categoria Biografia, Documentário e Reportagem.

Infantil e Juvenil

A temática racial também aparece nos livros voltados para os novos leitores. Palmares de Zumbi (Editora Nemo), de Leonardo Chalub, vencedor na categoria juvenil, reconta a história do quilombo mais famoso do país. O livro, ilustrado por xilogravuras de Luis Matuto, acompanha o líder negro, a realidade e a complexidade do quilombo, tendo a capoeira como eixo condutor da trama.

Da minha janela (Companhia das Letrinhas), de Otávio Júnior, foi o premiado entre as obras infantis. Narrado a partir do ponto de vista de um morador de uma favela do Rio de Janeiro, o livro é um convite para um olhar atento aos traços, gestos, sons, histórias, pessoas e bichos que podemos ver de uma janela, seja ela qual for. A obra conta ainda com ilustrações cheias de cor e movimento. O escritor, que participou das semifinais da Olimpíada em 2016, falou sobre seu projeto de democratização da leitura (assista).

A premiação ainda homenageou a escritora brasileira Adélia Prado como Personalidade Literária do ano. A cerimônia também contou com manifestações em defesa das livrarias, muito afetadas pela crise, e contra o projeto de taxação de livros.

Veja a lista completa dos vencedores abaixo: