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sua prática / relatos de prática

Apertem os cintos, vamos decolar!

Sidneia Cezar Pascoal Ukracheski Diniz

08 de agosto de 2023

Escola Estadual Professor Aparício Biglia Filho

Bom Sucesso de Itararé/SP

 

Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender, Paulo Freire.

Tripulante de primeira viagem, fui incentivada pela minha coordenadora a embarcar em uma aventura pelo mundo das oficinas da 5ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Lecionando a pouco mais de um ano, estava sedenta por experimentar cada vez mais novas práticas de ensino em sala de aula. Ao analisar o Caderno do Professor e a Coletânea de Textos, fiquei fascinada com a riqueza do material que tinha em minhas mãos.

Apaixonada por literatura, assim que ingressei na escola iniciei o projeto “Hora da Leitura”. Toda semana saímos da sala de aula, sentamos embaixo de algumas árvores e entre um livro e outro que cada um escolhe, nos deliciamos com a leitura individual. O silêncio paira no ar, e alguns alunos me pedem para levar o livro para casa. Então, resolvi embarcar nessa viagem proposta pela Olimpíada, pois ela daria continuidade ao projeto, os alunos iriam colocar em prática todo aprendizado com a leitura e desenvolveriam a autonomia através da escrita; bastaria planejar as aulas e seguir as oficinas.

Fiquei muito feliz com a decisão dos alunos de embarcarem comigo nessa viagem. Decolamos então para o mundo das crônicas. A primeira leitura foi do texto "A última crônica", de Fernando Sabino. Não senti muita empolgação com a leitura, os alunos não demonstraram nenhuma reação. Essa era a minha preferida da Coletânea, me emocionei muito quando a li. Na aula seguinte, trouxe para a sala de aula um vídeo adaptado da crônica lida na aula anterior, de Jorge Monclair. Deu resultado. Gostaram muito!

Fizemos novamente a leitura, comparamos com o vídeo e eles expuseram as diferenças e semelhanças entre os dois. Repeti esse procedimento com a leitura da crônica “Memórias da Rua do Ouvidor”, de Joaquim Manuel de Macedo. Após a leitura percebi que os alunos ficaram curiosos para saber como era e como está atualmente essa rua, então assistimos a um documentário de Carlos Henrique Carneiro, sobre a história do nome da rua e de autores que se inspiraram a escrever sobre ela. Além disso, ele mostra imagens antigas e atuais do lugar.

Outra estratégia usada para aprimorar a compreensão e a leitura foi a encenação, sugestão dos próprios alunos. Na apresentação da crônica "Cobrança" de Moacyr Scliar, os alunos fizeram um cartaz de cobrança à devedora do texto. Um aluno segurou o cartaz enquanto os dois personagens (o marido e a esposa) contracenavam, com muito entusiasmo e talento. Foi gratificante ver a empolgação deles.

Lemos várias crônicas, como: “Um caso de burro”, “Peladas” e “O amor acaba”. A cada leitura viajávamos para outros mundos, para diversos olhares de autores sobre o cotidiano. Continuamos com as nossas aulas de leitura, só que agora voltadas para o gênero crônica. Ao fazer uma sondagem para averiguar o que sabiam sobre o gênero, diagnostiquei que não sabiam distinguir crônica e conto. Começamos a analisar as características da crônica para que eles observassem quais eram as diferenças.

A cada leitura viajávamos para outros mundos, para diversos olhares de autores sobre o cotidiano

Antes de iniciarmos as primeiras produções, relembramos e aprofundamos o estudo das figuras de linguagens, aproveitando para identificar e compreendê-las dentro do texto. A sala se agitou quando pedi que expusessem os assuntos que circulavam pela cidade, todos queriam falar ao mesmo tempo, foi difícil organizar para que cada um esperasse sua vez de falar. Anotamos no quadro todos os comentários e produzimos uma lista com várias sugestões para a primeira escrita.

Como em quase todos os voos têm turbulências, nesse não foi diferente. Ao anunciar que era hora de iniciarmos a primeira escrita de uma crônica, o pânico se espalhou. Vozes por todos os lados: "Não sei o que escrever", " Não sei como começar", "Não consigo escrever", "É muito difícil para mim", “Não consigo". E agora? Não posso pular de paraquedas e deixar minha tripulação sem rumo. Encorajei-me com a fala de Lino de Macedo: "Todo mundo é capaz de aprender". Acalmei-os, disse que era apenas a primeira escrita e que, por isso, seria aprimorada até o final das etapas. Orientei-os a escolherem um dos assuntos que circulavam pela cidade, da lista que haviam feito em aulas anteriores e começassem a escrever sem medo de errar. Funcionou! E assim começaram a desenvolver as primeiras produções.

Orientei-os a escolherem um dos assuntos que circulavam pela cidade, da lista que haviam feito em aulas anteriores e começassem a escrever sem medo de errar. Funcionou! E assim começaram a desenvolver as primeiras produções

Que felicidade! Tinha em minhas mãos muitos textos para prosseguir com as oficinas. Analisei e pude perceber que na maioria faltava o conflito e o fato banal para que se caracterizasse como uma crônica. Normal! Afinal essa era a primeira produção. Mas um texto me chamou a atenção, pois descrevia a rua onde morava com uma riqueza de detalhes que me emocionou. Faltava nesse texto apenas alguns ingredientes para transformá-lo em uma crônica.

Apertem os cintos! Outra turbulência: a reescrita! Essa foi maior que a primeira, pois já tínhamos o texto, faltava apenas aprimorar para que chegasse ao produto final. Desta vez alguns desistiram no meio do caminho. Porém, depois de muita insistência, elogios sobre os textos já escritos, motivação, leitura de textos finalistas, a maioria decidiu avançar. Perceberam que não era algo impossível. Analisamos qual era o fato banal, o conflito, o desfecho, o tom de vários textos finalistas. O texto que mais gostaram foi "A sociedade secreta das galinhas", do aluno Alisson Henrique Bernardes da Silva, finalista da 4ª edição 2014.

Apertem os cintos! Outra turbulência: a reescrita! Essa foi maior que a primeira, pois já tínhamos o texto, faltava apenas aprimorar para que chegasse ao produto final

Hora da aterrissagem! Reescritas e aprimoramento de textos prontos! Momento de compartilhar! Nossa aula de leitura, agora é assim: "Leitura de crônicas". E quem são os autores? Os próprios alunos! E para tudo o que acontece... logo ouço: " Professora isso dá uma crônica!".

Quando pensei que essa seria a primeira e última viagem do ano, fui surpreendida com um telefonema da equipe da Olimpíada de Língua Portuguesa, parabenizando pela classificação do meu aluno Victor Manoel, aquele que me emocionou com a riqueza de detalhes em que descreveu a rua onde mora. Não me contive, fui correndo a casa dele abraçá-lo, juntamos nossas emoções. Com todo esse acontecimento, os alunos estão motivados a participarem de novas edições da Olimpíada. Comigo não é diferente, aprendi muito com as oficinas. Que venham novas edições, estamos dispostos a voar por novos gêneros e novas aventuras. O voo imaginário está prestes a se tornar real. Tripulantes de primeiro voo, professor e aluno, ansiosos para decolar em Curitiba e aterrissar em Porto alegre, rumo a novas descobertas, novas oficinas, novos desafios e novas emoções.

A leitura engrandece a alma, Voltaire.

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