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biblioteca / indicações: ler, ver e ouvir

Dicas culturais para escutar, assistir, ler e ver nas férias

Escrevendo o Futuro

03 de julho de 2024

As férias chegaram! Quem quiser aproveitar o período para enriquecer o repertório cultural enquanto se diverte, a equipe do Programa Escrevendo o Futuro preparou uma seleção especial. São livros, podcasts, websérie, documentário, conteúdos artísticos com uso pedagógico e também materiais didáticos sobre obras literárias. As dicas podem ser apreciadas de diversas formas! Divirta-se!

 

PARA ESCUTAR

451 MHZ, da Revista Quatro Cinco Um

Ótima pedida para aqueles momentos em que a atenção não é muito exigida – durante os deslocamentos ou enquanto espera um compromisso ou durante os exercícios físicos –, os podcasts podem ser um grande aliado para adquirir conhecimento e, ao mesmo tempo, se entreter. Nossa primeira dica é o 451 MHZ, programa sobre livros e literatura da Revista Quatro Cinco Um, apresentado pelo editor da publicação, o jornalista Paulo Werneck. Para começar, que tal ouvir a entrevista “A voz e o silêncio de Clarice Lispector”, onde é possível apreciar a voz da autora de um jeito especial? O episódio (nº 102) apresenta uma entrevista histórica realizada em 1976 pelos escritores Marina Colasanti, Affonso Romano de Sant’Anna e João Salgueiro, para o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Nessa conversa descontraída é possível conhecer o humor e inteligência afiados da escritora. Coloque o seus fones de ouvido, acesse o link e curta o episódio: https://open.spotify.com/episode/6aKTtHY183mxfnHI0Uav8k.

 

Sambas contados

Neste podcast idealizado, dirigido e apresentado pelo rapper, cantor e compositor Emicida, o protagonista é a história do samba. Emicida abre a rica biblioteca do samba e, ao contar incríveis e curiosas histórias sobre o mais popular dos ritmos brasileiros, traz um grande acervo de palavras, termos e referências da Língua Portuguesa. Através dos causos contados no podcast, que estreou em março de 2024, Emicida contribui para ampliar o olhar da contemporaneidade que o ritmo possui. Afinal, segundo afirma a sinopse do programa, “o samba é um movimento modernista”. Sambas contados está disponível no link: https://open.spotify.com/show/7fCwdO6DjLTpJjXY5SKHps.

 

PARA ASSISTIR

“Eleições”

(Brasil. 2018. Documentário. Cor. 100 min. Direção: Alice Riff)

Em ano de Eleições Municipais no Brasil, pode ser oportuno assistir ao documentário “Eleições”, da diretora Alice Riff. Nesse longa-metragem, estudantes do ensino médio se organizam para a corrida eleitoral que irá eleger o comando do grêmio da escola. Quatro grupos de estudantes, com opiniões e visões de mundo diferentes, criam propostas, debatem estratégias de campanha e lutam por melhorias na escola. Os conflitos e tensões entre as chapas revelam suas diferenças políticas, e a contundência da realidade cotidiana convive com a resistência do sonho, da amizade e do direito de criar caminhos para o mundo em que se acredita. Clique e assista! https://cultspplay.com.br/video/eleicoes/

 

“Soltando as palavras ao céu”

Na websérie "Soltando palavras ao céu", composta de 12 episódios, o educador e liderança indígena David Popygua explora aspectos da cultura Guarani Mbyá, assim como as suas vivências na Terra Indígena Jaraguá, situada na periferia de São Paulo. A produção é uma realização do Museu da Pessoa, um museu virtual e colaborativo de histórias de vida, e tem direção de Marco Del Fiol. Confira no canal do Museu da Pessoa no YouTube: https://www.youtube.com/playlist?list=PLNmMebIWRxUZPa2GpZbqalZcau3JVEhml.

 

PARA LER

“Trilogia do amor”, da escritora bell hooks: lançamento de Salvação e Comunhão

Salvação: pessoas negras e o amor, de bell hooks. Editora Elefante, 2024.

Comunhão: a busca das mulheres pelo amor, de bell hooks. Editora Elefante, 2024.

Depois do primeiro livro Tudo sobre o amor: novas perspectivas, a escritora e ativista feminista bell hooksretoma a “Trilogia do amor” e lança o segundo livro, Salvação: pessoas negras e o amor, que dá continuidade às reflexões do primeiro volume, ressaltando a importância de uma prática política fundamentada na ética amorosa como forma de destruir o racismo e o patriarcado. Salvação convoca a amar a negritude, a dignificar as mães solo, a acolher a homossexualidade e a saudar uma militância norteada por respeito e cuidado permanentes, e que rejeite qualquer tipo de dominação. É um livro dirigido a todo mundo que deseja o fim das opressões. Afinal, entender como a supremacia branca acarreta sofrimento em múltiplos aspectos da vida negra é de interesse coletivo. Como destaca a autora, “mesmo quando não podemos mudar a exploração e a dominação em curso, o amor dá significado à vida. Cumprindo a tarefa do amor, garantimos nosso triunfo sobre as forças do mal e da destruição”.

Fechando a trilogia, Comunhão: a busca das mulheres pelo amor enfatiza a busca das mulheres por vivenciar relações amorosas. Pautando temas como o amor na meia-idade, a dificuldade de amor-próprio das mulheres num contexto misógino e patriarcal, a importância dos amores não românticos, a busca por homens amorosos em meio à socialização masculina que valoriza a violência e despreza o desenvolvimento emocional, o amor entre mulheres e a lesbianidade, a autora generosamente compartilha sua jornada em busca do amor. Comunhão dá voz a muitas batalhas emocionais vivenciadas hoje por mulheres de todas as idades e propõe, com esperança, um feminismo que, além de combater as visões negativas e patriarcais do amor, seja capaz de substituí-las por uma alternativa positiva, para que homens e mulheres possam construir o amor duradouro, longe da dominação.

 

A terra dá, a terra quer, de Antônio Bispo dos Santos. Editora Ubu/ Coedição Piseagrama, 2023.

Contracolonização é o conceito-chave desta obra literária de Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo, que contrapõe de forma desconcertante o modo de vida quilombola ao da sociedade colonialista. Com uma linguagem própria, de palavras “germinantes”, o autor oferece um olhar urgente e provocador sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com os demais viventes e com a terra. A partir da Caatinga brasileira, mais especificamente do Quilombo Saco Curtume, no Piauí, Bispo denuncia a cosmofobia – o medo do cosmos que funda o mundo urbano eurocristão monoteísta –  e empreende uma guerra das denominações, enfraquecendo as palavras dos colonizadores. Desafiando o debate decolonial, compreendido por ele como a depressão do colonialismo, propõe a contracolonização, um modo de vida ainda não nomeado e que precede a própria colonização.

 

Dona Ivone Lara e o sonho de sambar e encantar, de Jacques Fux. Companhia das Letras, 2024

Nesta biografia ilustrada (e bem-humorada!) da eterna dama do samba brasileiro, dona Ivone Lara, a música popular brasileira é celebrada tanto pelas lindas canções como pelas histórias inspiradoras de grandes artistas. Escrito por Jacques Fux  e com ilustrações de Flávia Borges, o livro biográfico conta a incrível trajetória de dona Ivone Lara, que se inicia com um contato musical desde a infância, passa pela carreira de mais de trinta anos na área da saúde e culmina com o reconhecimento na música como cantora e compositora. Quebrando barreiras e superando preconceitos, dona Ivone Lara foi a primeira mulher a  assinar a composição de um samba-enredo. Com texto e ilustrações leves e divertidas, a vida, a arte e os  sonhos da sambista vão envolver os leitores, que certamente se encantarão pela mulher forte, inteligente e determinada que marcou a história artística de nosso país com sua voz brilhante,  inconfundível e inesquecível.

 

Oração para desaparecer, de Socorro Acioli. Companhia das Letras, 2023.

Primeiro romance de Socorro Acioli após A cabeça do santo, Oração para desaparecer conta a história de uma mulher que, sem lembrança nenhuma de seu passado, precisa reconstruir a vida em um lugar completamente desconhecido, apenas com a língua portuguesa como porto seguro. Oração para desaparecer é uma das histórias possíveis sobre o amor e seu poder de dissolver as barreiras do imponderável.

 

Um rio um pássaro, de Ailton Krenak. Editora Dantes, 2023.

Este livro filosófico de Ailton Krenak, Um rio um pássaro, traz dois textos do líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta, escritor brasileiro da etnia indígena krenak e Imortal da Academia Brasileira de Letras. O primeiro texto, com o mesmo título do livro, data dos anos 1990, quando Ailton viajou por diversas terras indígenas na companhia do fotógrafo japonês Hiromi Nagakura. São reflexões sobre a vida e memórias sobre a  formação do movimento indígena no Brasil. Até então, os registros dessas suas falas  haviam sido publicados somente no Japão. Uma cachoeira é o título do segundo texto, também inédito. Nesse texto, de 2023, Krenak aprofunda o tema do abismo cognitivo causado pela separação da cultura e da natureza, além de discorrer sobre a neutralidade como subterfúgio aético diante do colapso ambiental.

 

Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem, de Maryse Condé. Editora Rosa dos Tempos, 2019.

Livro premiado de Maryse Condé, uma das mais importantes escritoras negras da atualidade, vencedora do New Academy Prize 2018 (Prêmio Nobel Alternativo). Tituba, mulher negra, nascida em Barbados, no século XVII, renasce, três séculos depois. Aqui, essa personagem fascinante é retirada do silêncio a que a historiografia lhe destinou. Filha de uma mulher negra escravizada, viveu cedo o terror de ver a mãe assassinada por se defender do estupro de um homem branco e de saber que o pai se matou por causa do mesmo homem branco. A história de Tituba é a história das mulheres da diáspora e do povo negro. É também a história de todas as pessoas que seguem a própria verdade, em vez de professar a fé do colonizador. É a história dos e das dissidentes e dos seres de alma livre.

 

Louças de família, de Eliane Marques. Editora Autêntica Contemporânea, 2023.

O que resta depois da morte de alguém? E se esse alguém for uma mulher negra? Forjando-se no terreno avermelhado pelo sangue das vacas, na fronteira entre Brasil e Uruguai, onde num armário de louças se confundem tiranos e subalternizados, negros e brancos, esta história começa com a morte de tia Eluma, empregada doméstica na cidade com nome de Ana. Quem responde por essa morte? Quem pagará o velório dessa mulher que se cria no batuque e morre na Igreja Universal do Reino de Deus? O que a narradora herda da tia e o que abandona? Tendo a vida (e a morte) de tia Eluma como ponto de partida, a narradora puxa o fio que se estende à sua primeira ancestral conhecida da linha materna, passando por outras parentes suas que, para chegarem até aqui, limparam os pés nas pedras dos arroios lavando a roupa suja dos brancos. Entre os pontos altos deste Louças de família está a própria linguagem, que amalgama português, espanhol, iorubá e uma dicção literária surpreendente.

 

Obras literárias para trabalhar com o Ensino Fundamental (e material de apoio)

Em parceria com a editora Todavia, o Cenpec produziu materiais didáticos sobre obras literárias aprovadas no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), destinadas as/aos estudantes e professoras/es dos anos finais do ensino fundamental. O PNLD Literário 2024: boas histórias para a sala de aula conta com material didático de dois livros literários. A primeira obra, Pequena enciclopédia de seres comuns, é dedicada ao gênero verbete poético, voltado para os 6º e 7º anos do ensino fundamental, e aborda temas como: o mundo natural e social, natureza, consciência socioambiental, relações humanas e fazer literário. Já o segundo livro da coletânea, Doramar ou a odisseia: histórias, abrange os temas: desigualdade social, racial e de gênero, resistência, diálogos com a história e a filosofia, migração nacional e internacional, sociedade, política e cidadania, e encontros com a diferença. Dedicado ao gênero contos, o material é voltado para os 8º e 9º anos do ensino fundamental.

 

PARA VER

"Ocupação" do Itaú Cultural

Criado pelo Itaú Cultural, em 2009, o projeto Ocupação tem como objetivo fomentar o diálogo da nova geração de artistas com os criadores que a influenciaram. Uma exposição física somada à imersão on-line, proporcionada por conteúdos disponibilizados em um portal com material digital, amplia a difusão de um importante recorte da produção cultural brasileira e estreita esse diálogo. Destacamos aqui uma das personalidades já homenageadas: Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro, uma das intelectuais negras mais atuantes e referenciais em atividade no país.

https://ocupacao.icnetworks.org/ocupacao/sueli-carneiro/

 

Tours virtuais do IMS

O Instituto Moreira Salles (IMS) disponibiliza, em seu portal, tours virtuais de suas exposições, nos quais o público pode visitar exposições atuais e passadas de onde estiver, e explorar o material de diversas maneiras, usando o computador ou o celular, com opção para óculos de realidade virtual. Destacamos o tour virtual pela exposição “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros”, a mostra mais visitada do IMS em 2021, lançado na data em que a escritora completaria 108 anos.

https://ims.com.br/tour-virtual-exposicao-carolina-maria-de-jesus-ims-paulista/

 

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