Este material apresenta, a seguir, um texto sobre a importância de propor a leitura da obra de autora(e)s negra(o)s na escola. Depois, há uma sequência didática com orientações para o trabalho com o livro Leite do Peito, de Geni Guimarães. Para acessá-la, clique nos botões acima.
Ao longo do material, você encontrará algumas palavras, expressões, termos ou trechos marcados em laranja. Nesses casos, basta clicar para ver o seu significado ou um comentário sobre a atividade.
Lara Rocha
Por que trabalhar literatura afro-brasileira1 na escola?
Quando buscamos relembrar as aulas em que personagens negra(o)s apareceram ao longo de nossa vida escolar, frequentemente pensamos na escravidão ou em contos folclóricos. Hoje, enquanto professora(e)s, refletimos: será que estudantes negra(o)s se sentiam representada(o)s por aquelas figuras? Como será crescer vendo imagens que se parecem com você apenas em capítulos sobre o sofrimento e a exploração? Que referências estudantes brancos terão sobre a(o)s colegas? Como construirão suas relações a partir desses exemplos?
Na tentativa de reverter esse quadro, o por décadas criou estratégias e pressionou o Estado, de modo que, em 2003, foi sancionada a Lei 10.639, que altera a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação ao incluir obrigatoriamente o ensino das histórias e culturas africanas e afro-brasileiras nos currículos escolares do ensino fundamental e médio. Desse modo, os cursos superiores, principalmente os de formação de professores, deveriam também adequar-se para contemplar os aspectos citados na lei.
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Movimento Negro
"Movimento Negro (ou MN) é o nome genérico dado ao conjunto dos diversos movimentos sociais afro-brasileiros, particularmente aqueles surgidos a partir da redemocratização pós-Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro e São Paulo." Fonte: https://www.geledes.org.br/movimento-negro
Essa legislação atende reivindicações históricas de movimentos sociais por uma pedagogia comprometida com a luta antirracista. Em decorrência, em 2004, o Conselho Nacional de Educação estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, em que Literatura, assim como História do Brasil e Educação Artística, consta como componente curricular que deve, em especial, contemplar sistematicamente as diretrizes orientadas pela lei.
Assim, nos vimos obrigada(o)s a pensar: por que é tão importante falarmos desse assunto? Se não tivemos aulas sobre este tema na universidade, como poderemos ensiná-lo? E mais, como dar conta de trabalhar temas tão polêmicos e que podem ter repercussões inesperadas?
Com tantos desafios, muitas vezes nos sentimos paralisada(o)s e evitamos incluir a Literatura Afro-brasileira em nossos planejamentos. Para então reforçar a importância desse trabalho, vamos começar nossa conversa retomando alguns aspectos da história da literatura brasileira.
Um breve olhar sobre o lugar de negra(o)s na literatura brasileira
Em primeiro lugar, é notável que as participações da população negra no cânone se dão majoritariamente enquanto tema; raramente negras e negros são enunciadores de suas histórias. Tal característica, por si só, já soa insatisfatória, mas torna-se ainda mais grave quando relembramos a composição da população brasileira: Em 2019, segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), negra(o)s (preta(o)s e parda(o)s) eram maioria, representando 56,2% da população; os brasileira(o)s que se declaravam branca(o)s eram 42,8%.
Sabendo disso, por que conhecemos tão pouca(o)s autora(e)s negra(o)s?
Buscando hipóteses que justificassem tamanha ausência, o professor e pesquisador Eduardo de Assis Duarte (2008) destaca os séculos de escravidão e discriminação sustentada, mesmo após a abolição, por meio de políticas de extermínio e de negação de direitos básicos, como saúde e educação, como principais fatores para a construção de um imaginário de superioridade e dominação, impondo limites à cultura e identidade da população negra, e impossibilitando que contassem suas próprias histórias.
Consequentemente, a maior parte das obras literárias são construídas a partir de um ponto de vista branco e acabam evidenciando um olhar carregado de estereótipos, que não contemplam a complexidade de sujeitos negros.
Em pesquisa acerca da produção literária do Brasil e dos modelos sociais que a constroem, Regina Dalcastagnè (2005) elaborou uma espécie de perfil do escritor brasileiro: homem branco, heterrossexual, de classe média e do sudeste.
Sobre as personagens, 93,9% são brancas, em sua maioria, homens (62,1%) e heterossexuais (81%). Aos 7,9% de personagens negros, estão relegados papeis como bandidos ou contraventores (20,4%), empregados(as) domésticos(as) (12,2%) ou escravizados (9,2%). Destes, apenas 5,8% são protagonistas e 2,7% narradores.
O infográfico a seguir, publicado por Niege Borges no site Ponto Eletrônico, organiza os dados recolhidos durante esta pesquisa:
Você pode conferir o infográfico completo aqui.
Outros conhecidos estudos2 sobre a presença do negro na literatura brasileira tendem a confirmar esses dados, apontando personagens inexpressivas, com participações breves e pouco marcantes ou carregadas de elementos que reafirmam estigmas raciais. Podemos perceber tais características em clássicos como O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, em que a icônica Bertoleza é tratada de modo submisso e animalesco, enquanto Rita Baiana sustenta os estereótipos da mulata3 sedutora. Ou A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, em que a personagem atravessa afrontas e brutalidades dos senhores por meio do branqueamento. Desse modo, representações eurocêntricas e estereotipadas, existentes desde o século XVI, são evidenciadas e perpetuam-se enquanto referências históricas, estabelecendo hegemonicamente a perspectiva branca e violentando, até hoje, as raízes da negritude.
Assim, a produção literária hegemônica de autoria branca – que acaba por adentrar nossas bibliotecas e salas de aula – ainda que inclua personagens negros em suas obras, por muitas vezes reproduzir tipos e argumentos racistas e esvaziados de subjetividade, contribuiu para o apagamento do sujeito negro.
Por outro lado, embora historiografias da literatura brasileira ignorem, outras vozes existiram. Autoras e autores negros não se deixaram calar e aproveitaram-se de brechas, ainda que a estrutura racista desfavorecesse suas produções. É assim que identificamos, ainda no século XIX, nomes como Domingos Caldas Barbosa (1738-1800), Maria Firmina dos Reis (1822-1927), Luís Gama (1830-1882), Machado de Assis (1839-1908) Cruz e Souza (1861-1898), que sobreviveram ao esquecimento e à invisibilização.
No início do século XX, ganham destaque Lima Barreto (1881-1922), Antonieta de Barros (1901-1952) e Solano Trindade (1908-1974) que, apesar de limites impostos, difundem produções enredadas por aspectos raciais e sociais, e abrem portas para autora(e)s da segunda metade do século. Fortalecem-se aí produções literárias de autoria negra que assumem seu pertencimento étnico e criam uma literatura comprometida com as questões raciais, a exemplo de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), Abdias do Nascimento (1914-2011) e de autores dos Cadernos Negros4, como Oswaldo de Camargo (1936), Conceição Evaristo (1946), Geni Guimarães (1947), Cuti (1951), Miriam Alves (1952), Esmeralda Ribeiro (1958) e Márcio Barbosa (1959). Temos ainda nomes fundamentais como Cidinha da Silva (1967), Ana Maria Gonçalves (1970), Cristiane Sobral (1974) e Lívia Natália (1979).
A nova geração de escritora(e)s negra(o)s brasileira(o)s desponta nos século XXI tendo, principalmente, a internet, saraus e slams como grandes aliados para a divulgação de suas obras. É assim que passamos a conhecer figuras brilhantes como Nina Rizzi (1983), Jennyffer Nascimento (1984), Mel Duarte (1988), Luz Ribeiro (1988), Jarid Arraes (1991), entre tantas outras.
O papel da escola
Em 2003, com a promulgação da lei 10.639, institucionaliza-se então a presença da literatura afro-brasileira nas salas de aulas, visando o trabalho com produções que tenham uma abordagem mais sensível às múltiplas existências. A escola, consequentemente, tem um papel indispensável. Os recursos didático-pedagógicos, tanto por questões políticos-sociais, quanto pela qualidade do material, devem ter uma abordagem crítica e que inclua diferentes perspectivas. Esse caminho é fundamental para a construção de um currículo apropriado, amplo, que evite os perigos das histórias únicas5.
Se até pouco tempo a instituição escolar tem sido um espaço difusor de representações negativas sobre negras e negros (GOMES, 2005), é fundamental que assuma o compromisso de valorizar os grupos historicamente discriminados para o conjunto da comunidade escolar e que crie condições para que todas as pessoas reconheçam a si e ao outro como detentores de experiências positivas (CARREIRA e SOUZA, 2013, p. 40).
Do ponto de vista da formação do leitor literário na escola, o trabalho em sala de aula com produções afro-brasileiras comprometidas com práticas antirracistas possibilitam também o reconhecimento pelas alunas e alunos de figuras negras positivadas.
Dentre as muitas possibilidades, essa prática incentiva também a discussão sobre questões raciais, o rompimento do silenciamento histórico, além de possibilitar a maior circulação de autores pouco conhecidos no mercado editorial.
Vale ressaltar que estas obras podem – e devem! – ser trabalhadas das séries iniciais aos anos finais da Educação Básica e ainda adentrar os espaços universitários. Os textos contemplam desde a valorização de aspectos físicos, como os cabelos crespos, até elementos das religiões de matriz afro-brasileiras, além de retomar e criar novas narrativas em que leitores de diferentes idades podem se enxergar e experienciar aventuras, romances, mistérios e o respeito à diversidade. É extremamente significativo endossar que a construção da autoestima positiva não é viável individualmente, mas resultado das relações e referências. Enxergar o outro como sujeito, nesse caso, é também enxergar-se como sujeito.
Assim, o trabalho com essa temática em sala de aula é, acima de tudo, uma ação de cidadania, fortemente entrelaçada aos debates antirracistas contemporâneos, oriundos de ações que visam desconstruir os efeitos da estrutura opressora sobre a população negra, possibilitando uma positivação na esfera das relações raciais e da própria constituição da identidade da população negra.
BIBLIOGRAFIA
CARREIRA, D.; SOUZA, A. L. S. (Org.). Indicadores da Qualidade na Educação: Relações Raciais na Escola / Ação Educativa, Unicef, SEPPIR, MEC. São Paulo: Ação Educativa, 2013, 1ª edição
DALCASTAGNÈ, R. A personagem do romance brasileiro contemporâneo: 1990-2004. In.: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n° 26, Brasília, jul.-dez. 2005, p. 13-71.
DUARTE, E. A. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. In: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. Nº 31. 2008.
GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In: BRASIL. Educação Anti-racista: caminhos abertos pela Lei federal nº 10.639/03. Brasília, MEC, Secretaria de educação continuada e alfabetização e diversidade, 2005. P. 39 - 62.
1 Apesar da existência de outros conceitos que contemplem essa temática, aqui optamos por adotar “afro-brasileira” por se tratar do que é utilizado na legislação.
2 BASTIDE,1973; BERND, 1987; BROOKSHAW, 1983; CAMARGO, 1987; CUTI, 2010; DAMASCENO, 1988; DUARTE, 2013; FONSECA, 2002; PROENÇA FILHO, 2004; SAYERS, 1958.
3 Entendemos que o termo mulata não é apropriado e já caiu em desuso. Utilizamos aqui apenas por ser o que foi empregado por Aluísio de Azevedo. Para entender mais sobre esta questão, recomendamos a leitura do artigo “Não me chame de mulata: uma reflexão sobre a tradução em literatura afrodescendente no Brasil no par de línguas espanhol-português” (http://www.scielo.br/pdf/tla/v57n1/0103-1813-tla-57-01-0071.pdf) e do poema homônimo de Jarid Arraes (https://www.geledes.org.br/nao-chame-de-mulata/).
4 Criada em 1978, e publicada anualmente e ininterruptamente desde então, a série Cadernos Negros tornou-se um marco, ao publicar contos e poemas de autoras e autores negros, tornando-se um dos principais veículos de divulgação da escrita afro-brasileira.
5 ADICHIE, Chimamanda. O Perigo da História Única. Vídeo da palestra da escritora nigeriana no evento Tecnology, Entertainment and Design (TEDGlobal 2009).
Sobre a autora
Lara Rocha é professora de Língua Portuguesa e Literatura da rede municipal de São Paulo. Mestranda em Letras – Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, pela Universidade de São Paulo (USP).
Contato: lararocha.9.2@gmail.com
Leite do Peito, livro de contos de Geni Guimarães
Introdução, proposta e objetivos
Autora e obra
Geni Guimarães nasceu em 1947, em São Manuel, pequeno município do interior paulista. Ainda na infância, vai viver em Barra Bonita, município vizinho. A autora, que afirma ter herdado da mãe sua veia poética, passa a publicar textos nos jornais da cidade ainda no colégio. Seu primeiro lançamento foi o livro de poemas Terceiro Filho, em 1979. É nos anos 80 que se aproxima do Quilombhoje, grupo que edita os Cadernos Negros1, publicando contos e poemas. Em 1988, publica Leite do Peito, sua obra mais conhecida, adaptada no ano seguinte, 1989, para o que veio a ser o livro A cor da ternura, vencedor dos prêmios Jabuti e Adolfo Aisen. Geni também atuou muitos anos como professora.
Em 2019, a autora foi uma das convidadas da 6a edição da Olimpíada de Língua Portuguesa e compartilhou suas lembranças e experiências. Confira abaixo:
Em 2020, a escritora foi homenageada pela Balada Literária. Para conhecer mais sobre a sua história, vale assistir o documentário “Geni Guimarães”, lançado durante o evento:
Aqui trabalharemos, então, com a obra Leite do Peito, que reúne contos autobiográficos e vão da infância à vida adulta, trazendo em cada palavra força e sensibilidade. Ao longo de toda a obra, questões de raça e classe são colocadas a partir do ponto de vista da narradora, nos levando refletir sobre o impacto do racismo, desde a infância, na formação de identidade de sujeitos negros.
Já no início, é possível perceber a profunda relação com a mãe, que trançava os cabelos da menina enquanto ela mamava e, quando questionada sobre o amor que tinha por Geni, estendia os braços. “Era o tanto certo do amor que precisava, porque eu nunca podia imaginar um amor além da extensão dos seus braços”, conta-nos a narradora.
Os contos que seguem carregam o mesmo olhar espirituoso e terno, ainda que experienciando episódios tão dolorosos, a exemplo das vivências escolares.
Em certa passagem, acompanhamos o 13 de maio e o encaminhamento dado pela professora à data. Geni, a partir das histórias contadas por Vó Rosária, uma amiga da família, havia escrito um poema para Princesa Isabel e mostrado para a professora, que lhe prometera que seria lido diante de todos na festinha em homenagem à princesa. Chegado o grande dia, a professora fala sobre o período da da escravidão e da abolição a partir de uma perspectiva salvacionista, em que a Princesa Isabel seria a única responsável e a população negra ignorante e pouco envolvida com o processo. Diferente das histórias que ouvira em casa, sua ancestralidade já não inspirava orgulho: “Quando dei por mim, a classe inteira me olhava com pena ou sarcasmo. Eu era a única pessoa dali representando uma raça digna de compaixão, desprezo. Quis sumir, evaporar, não pude”.
Enfim, contrariando as estatísticas e vencendo preconceitos, Geni Guimarães torna-se professora. Uma “professora preta”, que, no primeiro dia de aula, tem que enfrentar o olhar preconceituoso de uma aluna, que não estava acostumada a ver mulheres negras naquela posição e, consequentemente, não se sente à vontade para estar na sala de Geni. Entretanto, com muita destreza, a narradora contorna a situação e aproxima a estudante, rompendo mais uma vez com as barreiras do racismo.
A proposta
Esta sequência didática, concebida a partir da interlocução entre a leitura literária e a Educação para as Relações Étnico-raciais, propõe um trabalho com a obra Leite do Peito a partir de aulas expositivas dialogadas, mediações de leitura, uso de recursos audiovisuais e rodas de conversa, e tem como principal instrumento pedagógico a elaboração de um diário de leitura.
Embora a proposta aqui aborde especificamente essa obra, é possível adaptá-la para outras produções literárias afro-brasileiras, ou até mesmo incorporar as referências bibliográficas ou oficinas para outras disciplinas. Por exemplo, é possível realizar apenas a oficina de bonecas Abayomis, sem necessidade de vinculá-la à leitura de uma obra.
Também é possível adaptar os encontros, escolher os que julgar mais interessantes ou viáveis, incluir (ou excluir) temas, textos. Cabe a cada docente refletir sobre as necessidades, disponibilidades e objetivos do grupo, então sintam-se livres para adequar as ideias da maneira que desejarem.
Objetivos gerais:
- Estimular a leitura crítica do texto literário.
- Refletir e dialogar com os textos lidos.
- Refletir sobre as condições de produção do texto literário.
- Estimular a leitura literária e a fruição estética.
- Conhecer a se apropriar do gênero diário de leitura, levando em consideração estrutura e linguagem.
- Articular o texto produzido ao texto literário lido e às discussões realizadas em sala.
Objetivos específicos:
- Leitura compartilhada da obra Leite do Peito.
- Colaborar para a formação de leitores reflexivos.
- Incentivar a formação de leitores literários.
- Estimular um olhar crítico para questões raciais, de gênero e de classe social no Brasil.
- Produção do diário de leitura.
- Produção artística a partir da leitura da obra.
E a BNCC?
Vale lembrar que nossos objetivos estão contemplados pelas dimensões da BNCC, compreendidas pelos eixos leitura e produção de textos, como podemos observar a seguir (clique para ler):
LEITURA
- Relacionar o texto com suas condições de produção, seu contexto sócio-histórico de circulação e com os projetos de dizer: leitor e leitura previstos, objetivos, pontos de vista e perspectivas em jogo, papel social do autor, época, gênero do discurso e esfera/campo em questão etc.
- Fazer apreciações e valorações estéticas, éticas, políticas e ideológicas, dentre outras, envolvidas na leitura crítica de textos verbais e de outras produções culturais.
- Identificar implícitos e os efeitos de sentido decorrentes de determinados usos expressivos da linguagem, da pontuação e de outras notações, da escolha de determinadas palavras ou expressões e identificar efeitos de ironia ou humor
- Selecionar procedimentos de leitura adequados a diferentes objetivos e interesses, levando em conta características do gênero e suporte do texto, de forma a poder proceder a uma leitura autônoma em relação a temas familiares.
- Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura, textos de divulgação científica e/ou textos jornalísticos que circulam em várias mídias.
- Mostrar-se ou tornar-se receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativa, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.
Para saber mais:
Pergunte à Olímpia - Enquete: o primeiro lugar do eixo leitura
PRODUÇÃO DE TEXTOS
- Refletir sobre diferentes contextos e situações sociais em que se produzem textos e sobre as diferenças em termos formais, estilísticos e linguísticos que esses contextos determinam [...].
- Analisar as condições de produção do texto no que diz respeito ao lugar social assumido e à imagem que se pretende passar a respeito de si mesmo; ao leitor pretendido; ao veículo ou à mídia em que o texto ou produção cultural vai circular; ao contexto imediato e ao contexto sócio-histórico mais geral; ao gênero do discurso/campo de atividade em questão etc.
- Analisar aspectos sociodiscursivos, temáticos, composicionais e estilísticos dos gêneros propostos para a produção de textos, estabelecendo relações entre eles.
- Estabelecer relações de intertextualidade para explicitar, sustentar e qualificar posicionamentos, construir e referendar explicações e relatos, fazendo usos de citações e paráfrases, devidamente marcadas e para produzir paródias e estilizações.
- Estabelecer relações entre as partes do texto, levando em conta a construção composicional e o estilo do gênero, evitando repetições e usando adequadamente elementos coesivos que contribuam para a coerência, a continuidade do texto e sua progressão temática.
- Usar recursos linguísticos e multissemióticos de forma articulada e adequada, tendo em vista o contexto de produção do texto, a construção composicional e o estilo do gênero e os efeitos de sentido pretendidos.
- Utilizar, ao produzir textos, os conhecimentos dos aspectos notacionais – ortografia padrão, pontuação adequada, mecanismos de concordância nominal e verbal, regência verbal etc., sempre que o contexto exigir o uso da norma-padrão.
Para saber mais:
O diário de leitura
O diário de leitura é um instrumento pedagógico que contribui para a formação de leitores reflexivos e autônomos, por ser uma forma de construir as ideias e a si mesmo a partir da de registros autorais.
As anotações contemplar diversos aspectos: dúvidas, dificuldades, tentativas de compreensão dos fatos, relações intertextuais e reflexões acerca do processo de leitura, incluindo, inclusive, a voz do narrador. O registro deve se dar como uma espécie de diálogo, em que a(o) estudante pergunte, responda e escute, tendo o texto como interlocutor, e é justamente as infinitas possibilidades de sistematizar as percepções que faz do diário de letur uma ferramenta tão interessante.
Por se tratar de um diário e de um processo autônomo de elaboração, é fundamental explicitar que não existe uma resposta única esperada. As orientações devem visar o aprofundamento e qualidade da abordagem, referências e indagações, não o certo ou errado. Ah, não esqueça: é fundamental que a data dos registros conste no diário!
Vale ressaltar que o diário de leitura não é um diário íntimo, mas um espaço para considerações acerca da obra. Assim, a ideia não é que esse espaço seja destinado a desabafos pessoais, mas a reflexões que, ainda que extrapolem o texto, sejam pertinentes à leitura da obra.
O trabalho pedagógico com o diário de leitura não necessariamente envolve a leitura dos registros pela(o) docente, podem ser anotações que só a(o) estudante terá acesso. Ou, pode funcionar até como instrumento de avaliação, fazendo-se necessário o compartilhamento dos escritos. Tudo vai depender do objetivo e do combinado feito com a turma. Não esqueçam de salientar, caso optem por ler os diários da(o)s estudantes, como se dará o processo. Também não é necessário que a produção do diário fique restrita à sala de aula. É importante que haja momentos para o registro na escola, mas é possível estender essa atividade para casa, além de poder ser utilizado também como ferramenta para aprendizagem de outros conteúdos e disciplinas2.
Para que a(o)s estudantes se interessem, pode ser atrativa a decoração do diário com desenhos, ilustrações ou recortes. Lembrem-se que a ideia é incentivar a conexão entre estudantes e o diário, então quanto mais se identificarem, inclusive esteticamente, melhor!
Para saber mais:
- O Wikihow tem um passo a passo sobre como manter um diário de leitura pessoal. Embora não seja a mesma proposta do nosso, pode contribuir para visualizarmos melhor a ideia: Manter um diário de leituras
- Foi publicada na Gazeta do Povo uma proposta de uso dos diários de leitura para melhor aprofundamento e compreensão das obras de vestibular; vale dar uma olhada: Elaboração de um diário de leituras
1 Criada em 1978, e publicada anualmente e ininterruptamente desde então, a série Cadernos Negros tornou-se um marco, ao publicar contos e poemas de autoras e autores negros, tornando-se um dos principais veículos de divulgação da escrita afro-brasileira.
2 MACHADO, Ana Rachel. O diário de leituras: a Introdução de um Novo Instrumento na Escola. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Leite do Peito, livro de contos de Geni Guimarães
Sequência didática
Duração
11 encontros - 2 horas/aula para cada encontro.
Observação: Sabemos que não é possível padronizar o tempo de duração das atividades, pois cada proposta pode levar mais ou menos tempo a depender da faixa etária, dos recursos disponíveis e da dinâmica do grupo. Assim, apresentamos aqui uma previsão, mas que deve ser adaptada à cada realidade.
Estratégias:
- Leitura da obra Leite do Peito.
- Rodas de conversa.
- Diário de leitura.
- Oficina de criação de bonecas Abayomi.
Recursos da aula:
- Recursos audiovisuais (projetor e caixa de som).
- Cópias do livro Leite do Peito.
- Cadernos para o diário de leitura.
- Tecidos para confeccionar as bonecas Abayomis.
- Material de artes para confeccionar a capa dos diários de leitura, as ilustrações e colagens.
Clique nos itens abaixo para visualizar as atividades de cada um dos encontros:
I. Introdução ao gênero Diário de leitura + confecção
Objetivos:
- Identificar as principais características do gênero a ser trabalhado.
- Confeccionar o diário de leitura.
Pressupostos:
- Caso seja decidido que cada estudante trará o caderno de casa, é importante já ter solicitado previamente, para que neste dia toda(o)s estejam com o material em mãos. Ou, se for viável, providenciar com a escola o material.
- Levar revistas, tesouras, tinta, canetas hidrográficas, lápis de cor e cola para confeccionar a capa do diário de leitura.
Atividades:
- Apresentar o gênero “Diário de leitura” e como se dará sua elaboração ao longo dos encontros. Aqui, é importante levantar conhecimentos prévios da turma acerca do gênero, elencar diários conhecidos para então definir características do diário de leitura. Retomar aí os aspectos já apresentados acima, como a diferenciação do diário de leitura e do diário pessoal e os assuntos que devem ser registrados.
- É possível encontrar algumas referências sobre o gênero no artigo de Anna Rachel Machado, “Diário de leitura: que discurso é esse?”.
- Propor a confecção da capa do diário de leitura a partir de recortes de revista ou ilustrações realizadas pela(o)s estudantes. O objetivo é que a(o) estudante se identifique e se interesse pelo trabalho.
II. Apresentação da proposta
Objetivos:
- Conhecer a obra e a autora.
- Conversar sobre o título “Leite do Peito” e levantar hipóteses, coletivamente, sobre o tema da obra.
- Elaborar o primeiro registro no diário de leitura.
Pressupostos:
- É importante já ter em mãos a cópia do livro que será utilizada. É possível adquirir exemplares no site da editora.
Atividades:
- No primeiro momento, a ideia é apresentar para os estudantes a autora Geni Guimarães. É possível aqui trazer alguns dados biográficos e imagens.
- Exibir o vídeo em que a autora conversa com o jornal Brasil de Fato.
- Conversar sobre os estudantes acerca das impressões que tiveram ao conhecer um pouco sobre a autora: O que lhes chamou atenção? O que acharam do relato dela? Sobre o que será que ela escreve?
- Já com o diário de leitura em mãos, apresentar a obra e levantar hipóteses a partir do título. Se possível, deixar que folheiem o livro, e pedir que observem os textos verbais e não-verbais presentes na capa, orelha, contracapa, índice.
- Pedir que a(o)s estudantes registrem no diário de leitura todas as impressões que conseguiram levantar acerca da obra: que tipo de texto espera encontrar? Sobre o que você acha que o texto trata? Que informações é possível extrair a partir da capa?
III. Conto: “Primeiras Lembranças”
Ação pré-leitura: Primeiras lembranças da turma.
Ação pós-leitura: Roda de conversa sobre as impressões da obra + Diário de leitura.
Objetivos:
- Leitura do primeiro capítulo “Primeiras Lembranças”.
- Registro das primeiras impressões no diário de leitura.
Pressupostos:
- É importante que a(o) docente já tenha lido e elencado as questões que gostaria de fazer ao longo da leitura.
Atividades:
- Elencar oralmente, junto com a(o)s estudantes, as primeiras lembranças que possuem da vida.
- Iniciar a leitura do capítulo. Ao longo da leitura, levantar questionamentos acerca do capítulo. Seguem aqui algumas sugestões:
- “Mãe, se chover água de Deus, será que sai minha tinta?” (p.16)
Qual o significado do questionamento feito pela menina Geni?
Como será que ela costumava se sentir para desejar mudar a cor de sua pele? - Por que a mãe passa a impedir que Geni mame, dizendo, inclusive, que seu leite estava podre?
- Por que Geni acha que sua mãe vai morrer?
- Como Geni se sentiu quando pediram que ficasse no quarto enquanto ela ouvia a mãe chorando?
- Por que a menina promete que chamará o futuro irmão de Jesus e doce-de-leite?
- Como Geni se sentiu ao ver o irmão?
- Por que, depois de conhecê-lo se viu descompromissada de chamá-lo de Jesus?
- O que podemos inferir sobre a imagem de Jesus que é difundida?
- Como essa imagem impacta o imaginário das crianças, a exemplo de Geni?
- Após a conclusão da leitura, levantar as percepções sobre o que foi lido. Vale também elencar algumas características da narrativa, como tempo, espaço e foco narrativo.
- Pedir que a(o)s estudantes registrem as impressões em seus diários de leitura. Pode ser interessante sugerir que, ao longo da leitura, já estejam com os diários em mão e façam anotações de trechos ou comentários que acharem pertinentes.
IV. Conto: “Fim dos meus natais de macarronada”
Ação pré-leitura: Exibição de vídeo sobre memórias do natal.
Ação pós-leitura: Roda de conversa sobre as impressões da obra + Diário de leitura.
Objetivos:
- Leitura do segundo capítulo, "Fim dos meus natais de macarronada".
- Refletir sobre os significados e memórias do natal e compreender que podem variar muito para cada sujeito.
Pressupostos:
- Dispor de aparelho de áudio e vídeo para exibição do vídeo.
Atividades:
- Para iniciar a aula, sugerimos exibir um vídeo extraído do programa Encontro com Fátima Bernardes, em que algumas pessoas relatam suas principais lembranças do natal. A ideia é que o vídeo desperte o olhar da(o)s estudantes para as diferentes relações com a data e instigar que comentem sobre suas memórias também.
- Iniciar a leitura do capítulo. Ao longo da leitura, levantar questionamentos acerca do capítulo. Seguem aqui algumas sugestões:
- Quais eram as tradições de natal da família de Geni?
- Qual era relação das crianças com a comida naquela época?
- Qual era a expectativa e Geni ao saber que os brinquedos seriam distribuídos?
- Como era a postura, a princípio, do homem e da mulher que chegaram para distribuir os presentes?
- Como foi a relação da mulher com Cema, irmã de Geni?
- O que a motivou a agir dessa maneira?
- Como Geni se sentiu durante a entrega dos presentes para ela e seus irmãos? E depois?
- Como esse ocorrido afetou as memórias do natal de Geni e sua relação com a data?
Pedir que a(o)s estudantes registrem as impressões em seus diários de leitura. Pode ser interessante sugerir que, ao longo da leitura, já estejam com os diários em mão e façam anotações de trechos ou comentários que acharem pertinentes.
V. Conto: “Tempos Escolares”
Ação pré-leitura: Registro escrito da primeira lembrança escolar.
Ação pós-leitura: Roda de conversa sobre as impressões da obra + Diário de leitura.
Objetivos:
- Leitura do capítulo "Tempos Escolares".
- Refletir sobre o lugar da escola na disseminação do racismo.
- Refletir sobre aspectos da vestimenta e higiene que diferenciam brancos e negros.
Pressupostos:
- É muito importante que, antes desse encontro, a(o) docente reflita e busque se aprofundar em debates sobre racismo na escola, a fim de mediar um debate bem embasado. Para isso, indicamos a leitura do texto Combatendo o racismo na escola: abordagens possíveis, do Centro de Referências em Educação Integral; e do artigo O racismo que se perpetua entre os muros das escolas do Brasil, publicado no Geledés.
- É interessante, para aprofundar o debate proposto a partir da leitura acerca dos critérios exacerbados de higiene que cobram de Geni, refletir sobre a perpetuação de valores como esse ao longo da história e como aparecem no dia a dia da população negra ainda hoje. No artigo História da educação da população negra: o estado da arte sobre educação e relações étnico-raciais (2003-2014), Marcelo Carvalho levanta questões fundamentais para pensarmos o papel da escola nesse processo. O artigo O insulto racial: as ofensas verbais registradas em queixas de discriminação, de Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, também pode contribuir para o debate ao trazer alguns dos adjetivos frequentemente atribuídos à população negra, apontando a alta recorrência de comentários acerca da deficiência de limpeza e higiene a fim de desmoralizar os sujeitos negros.
- No intuito de aproximar o debate da(o)s estudantes e apresentar indícios de que ainda hoje a população negra é deslegitimada por suas vestimentas e constantemente associada à sujeira, sugerimos apresentar a publicada no ano passado quando questionaram pessoas negras sobre o que fariam se o racismo acabasse hoje. A grande quantidade de comentários envolvendo “ir ao shopping de chinelo” ou “usar boné” revela como, ainda hoje, existem diferentes exigências com relação às vestimentas entre brancos e negros. Outra opção é comentar sobre a experiência realizada por Pedro Fequiere para o BuzzFeed, o autor realizou as mesmas atividades por duas semanas, mas vestido de maneira diferente para observar a diferença de tratamentos que receberia. Vale conferir.
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Thread
"Se formos simplesmente traduzir a palavra, thread é um substantivo que significa linha, fio, filamento, fibra ou um pedaço de fio. Esse significado já dá indícios do que a palavra significa nas redes sociais. Ela se refere àquelas publicações em sequência, que em geral tratam de um mesmo assunto."
Fonte:
O que é thread
Atividades:
- Pedir que a(o)s estudantes registrem no diário de leitura as lembranças marcantes da escola, enfatizando as sensações, ou seja, como costumam se sentir no espaço escolar, com colegas, professora(e)s e funcionários.
- Iniciar a leitura do capítulo. Ao longo da leitura, levantar questionamentos acerca do capítulo. Seguem aqui algumas sugestões:
- Como era a relação da mãe de Geni com a arrumação e higiene da menina? Por quê?
- O que a mãe responde quando Geni fala de Janete, uma colega que não vai tão arrumada?
- Qual é a relação da cor da pele das crianças com as cobranças de hábitos de higiene?
- Vocês acham justo que haja uma diferenciação nesse sentido?
- Será que atualmente ainda existem situações como essa, em que se cobra das pessoas negras que estejam mais arrumadas?
- Quem era Vó Rosária e qual a importância dela para a aprendizagem das crianças?
- Sobre o que costumavam ser as histórias contadas por ela?
- Por que Geni pergunta se a Princesa Isabel era santa?
- Por que a personagem ganhou tanta importância para Geni?
- “Não briga com o Flávio no caminho que depois o pai dele conta pro Mariano. A corda rebenta do lado mais fraco e seu pai não gosta de ser chamado à atenção.” (p.53)
O que podemos imaginar sobre Flávio e seu pai a partir da afirmação da mãe de Geni? - Por que será que Geni ficou tão insegura sobre beijar a professora?
- O que eram, provavelmente, os pauzinhos e as cobrinhas que a professora mandou a turma copiar no caderno?
- Para Geni, fazia sentido desenhar pauzinhos tortos e cobras sem cabeça?
- O que a menina estava imaginando enquanto a professora passava a lição?
- “Deus me livre. Nunca teria coragem de interrompê-la. Nunca teria coragem de interrompê-la. Além do mais, ela também devia saber. Era professora."
- O que esse comentário revela sobre o modo como Geni enxergava a professora?
- Por que ela não conseguiu fazer a atividade?
- Qual foi a reação da professora quando viu que a menina não havia copiado as cobrinhas e pauzinhos? E a de Geni?
- Depois de Geni beijar a professora, a menina, por acaso, olha pra trás. O que ela vê?
- Por que a professora limpa o beijo da menina?
- O que ela observa sobre a aparência da professora?
- Qual o impacto dessa cena para Geni?
- Relacionando os tópicos já levantados sobre os hábitos de higiene exigidos de Geni - mas não de Janete - contextualizar e apresentar a thread e/ou a experiência de Pedro Fequiere. . Sugestões:
- Vocês imaginavam que as pessoas vivenciassem experiências como essa?
- Vocês conhecem alguém que já obteve tratamentos diferenciados por não estarem tão arrumados?
- Vocês costumam se preocupar com a roupa que vão usar ao sair de casa, levando em consideração, principalmente, diferentes abordagens a depender do tipo de roupa que estarão usando?
- Vocês acham que todas as pessoas passam por isso?
- Por que vocês acham que existe uma diferenciação?
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Experiências dos estudantes
É difícil inferir as respostas que estudantes darão para esses questionamentos, já que a depender da região, da classe social, do gênero e da idade, poderão interpretar e contestar de maneiras muito diversas. Para muitos estudantes de brancos de classe baixa, esse também pode ser um fator relevantes; ou para meninas, que também pensam sobre as roupas porque estão sujeitas a violências. De todo modo, é um debate interessante e que deve ter suas respostas contextualizadas.
Pedir que a(o)s estudantes registrem as impressões em seus diários de leitura. Pode ser interessante sugerir que, ao longo da leitura, já estejam com os diários em mão e façam anotações de trechos ou comentários que acharem pertinentes.
VI. Registro/ ilustração: quem são os personagens históricos memoráveis?
Objetivos:
- Elencar personagens históricos marcantes e analisar suas características.
- Debater sobre o lugar da escola na difusão de histórias únicas.
Pressupostos:
- Ao propor a atividade, é fundamental que a(o) docente perceba as deficiências que a lembrança exclusiva de personagens brancos revela. É possível que haja exceções e que estudantes retratem personagens negras, e isso deve ser comentado, mas é muito recorrente que personagens como Tiradentes, Dom Pedro, Princesa Isabel, Anita Garibaldi ou Pedro Álvares Cabral ocupem maior espaço em nossa memória. Sabemos que isso não ocorre ao acaso e não devemos nos sentir pessoalmente culpadas por isso, mas é fundamental refletir sobre o porquê e, principalmente, como podemos reverter esse quadro e possibilitar aos nossos estudantes referências amplas. Vale ressaltar também que não queremos com isso excluir da história personagens como os anteriormente citados, apenas reforçamos a importância de se conhecer diferentes experiências e pontos de vista.
- Outro ponto a ser abordado é como frequentemente personagens negras são retratadas como brancas, a exemplo de Machado de Assis no marcante comercial da Caixa Econômica, ou como muitas vezes sequer imaginamos que certas pessoas não seriam brancas, como Teodoro Sampaio, André Rebouças ou Alexandre Dumas.
- Para refletir sobre esse tema, sugerimos o vídeo O perigo de uma história única, da escritora Chimamanda Ngozi Adichie, a ser exibido também para a(o)s estudantes.
- Sugerimos também a leitura da obra Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis, de Jarid Arraes. O livro apresenta histórias de personagens frequentemente esquecidas, mas que tiverem atuações incríveis. Vale conferir e trabalhar na escola.
- Nesse dia, é importante dispor de materiais de arte, como lápis de cor, tintas e canetas hidrográficas para realizar a ilustração.
Atividades:
- Pedir que estudantes registrem uma personagem histórica presente em sua memória. Pedir que busquem lembrar das pessoas que costumam aparecer nos livros de história ou literatura, em séries e telenovelas. Orientar que não há a necessidade de ser um retrato fidedigno, preciso, é possível que construam da maneira que lhes vier à mente.
- Uma vez finalizada a ilustração, pedir que comentem quem desenharam e porque aquele personagem foi marcante. Buscar analisar e debater, ao final, a recorrência - ou não - de características comuns entre os desenhos, como nacionalidade, tipo físico e gênero.
- Exibir o vídeo O perigo de uma história única, da escritora Chimamanda Ngozi Adichie e conversar com a turma sobre as impressões. Que histórias únicas estamos reproduzindo e como podemos romper com essa lógica?
VII. Conto: “Metamorfose”
Ação pós-leitura: Roda de conversa: de que maneira a escola constrói essas imagens? + Diário de leitura
Objetivos:
- Leitura do capítulo "Metamorfose".
- Refletir sobre o movimento abolicionista no Brasil e a participação da população negra no processo.
- Refletir sobre o impacto da escola e das abordagens em aula na saúde mental de estudantes.
Pressupostos:
- Para mediar o debate acerca da atuação da população negra pelo fim da escravidão, sugerimos a matéria A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão no Brasil, publicada em 2018 pela BBC Brasil. O texto é simples e muito completo, trazendo fotos, gráficos e notícias de jornais da época. O material pode, inclusive, ser trabalhado com a(o)s estudantes na sala de informática.
- Uma das sugestões para instigar o debate com a(o)s estudantes é a música Dona Isabel, do Mestre Toni Vargas. A letra desconstrói a visão idealizada e errônea ao trazer a Princesa Isabel como interlocutora e questioná-la sobre sua atuação no processo abolicionista. Ao abordar a canção, é interessante retomar também o lugar da capoeira como movimento de resistência à escravidão.
Atividades:
- Iniciar a leitura do capítulo. Ao longo da leitura, levantar questionamentos acerca do capítulo. Seguem aqui algumas sugestões:
- Por que a menina fica tão insegura de mostrar o poema `professora? O que lhe faz ter coragem de mostrá-lo?
- Como a professora agiu depois de Geni entregá-la o poema?
- O que essa reação causa na menina?
- Como Geni se sente com o comentário do diretor?
- O que Geni observou ao levantar sua mão?
- Por que será que a professora, mesmo sabendo que a menina havia escrito um poema, não a escolheu?
- Como Geni se sentiu nos dias antes da leitura do poema?
- O que Geni imaginou que poderia lhe acontecer caso mentisse que estava doente para não ir para a escola e ler o poema?
- No dia 13 de maio, a professora começou a contar histórias da época da escravidão, como eram essas histórias?
- Qual era o tratamento dado pela professora às pessoas negras escravizadas?
- Qual era a diferença entre as histórias contadas pela professora e por Vó Rosária?
- Por que será que o relato da avó enxergava a população negra como corajosa e combativa?
- Como o ponto de vista da professora fez com que Geni se sentisse?
- Como as colegas de Geni reagiram?
- Por que é tão problemático que, ao contar a história da população negra, se inspire apenas pena de seus descendentes?
- Na hora da leitura, Geni não conseguiu declamar seu poema. Como a professora reagiu?
- Vocês acham que a postura da professora foi adequada? Por quê?
- Como Geni se sentiu na volta para casa?
- Por que vocês imaginam que ela não contou para a mãe o que ocorreu?
- Qual era o objetivo de Geni ao esfregar na perna o pó de tijolo?
- Qual o significado que podemos atribuir a uma ação tão violenta como essa?
- “Dentro de uma semana, na perna só uns riscos denunciavam a violência contra mim, de mim para mim mesma. Só ficaram as chagas da alma esperando.”
Como podemos interpretar essa passagem? - Como vocês se sentem ao final dessa leitura?
- Apresentar para a(o)s estudantes a canção Dona Isabel, do Mestre Toni Vargas, e conversar sobre os temas levantados na música. Sugestões:
- Que efeitos o compositor constrói ao iniciar a música com artigos do Código Penal?
- De que maneira o diálogo com a princesa Isabel desconstrói a história disseminada pela professora de Geni?
- Vocês acreditam que se a professora de Geni tivesse apresentado a música para a turma, a menina teria se sentido da mesma maneira? Por quê?
- Pedir que a(o)s estudantes registrem as impressões em seus diários de leitura. Pode ser interessante sugerir que, ao longo da leitura, já estejam com os diários em mão e façam anotações de trechos ou comentários que acharem pertinentes.
VIII. Oficina de Abayomis
Objetivos:
- Refletir, a partir da confecção de bonecas Abayomis, sobre a resistência do povo negro à escravidão.
Pressupostos:
- Para a realização da oficina de bonecas Abayomi, pode ser interessante trazer uma convidada. Em muitas cidades, existem artesãs que se dedicam a esse trabalho e pode ser um momento interessante para aproximar a escola dessas atividades.
- Caso não seja possível, é completamente viável que a(o) própria(o) docente medie a atividade, por se tratar de procedimentos artísticos relativamente simples. Para compreender a história e o processo de confecção da boneca, sugerimos os seguintes vídeos: História da boneca Abayomi, com Noeli Souza; Construindo a boneca Abayomi, do canal CultÁfrica.
- Caso o trabalho seja desenvolvido com turmas de Educação Infantil ou Ensino Fundamental I, sugerimos o vídeo Um encontro precioso, do Quintal da Cultura.
- Além disso, recomendamos a leitura do texto Bonecas Abayomi: símbolo de resistência, tradição e poder feminino, publicado por Kauê Vieira no portal Afreaka.
- Como trilha sonora para inspirar a oficina, sugerimos a música Abayomi (É Preta), de Marina Iris, Marcelle Motta, Maria Menezes, NIna Rosa & Simone Costa.
- Para a realização da oficina, é necessário dispor dos materiais artísticos para a confecção da boneca: tecidos pretos, tecidos coloridos e tesoura.
Atividades:
- Antes de começar a oficina, é interessante apresentar para a turma a origem do nome Abayomi e explicar que existentes diferentes versões para seu significado e história.
- Comentar com a(o)s estudantes que a simplicidade dos processos não é coincidência: uma vez que a confecção ocorria nos porões dos navio negreiros, era impossível que dispusessem de muitos materiais, daí a possibilidade de fazer a boneca apenas com os tecidos e amarrações.
- Estimular que, independente do gênero, participem do processo. Pode haver resistência por parte de alguns, mas essa é uma proposta pedagógica como tantas outras e o objetivo vai além da confecção.
IX. Capítulo: “Alicerce”
Ação pré-leitura: Inferências acerca do título.
Ação pós-leitura: Roda de conversa sobre as impressões das obras + Diário de leitura.
Objetivos:
- Leitura do capítulo "Alicerce".
- Refletir sobre que características são associadas a Deus no texto.
Pressupostos:
- Uma das passagens no conto que mais chamam atenção é o questionamento que Geni faz ao pai sobre a cor de Deus. Embora o tema seja polêmico e possibilite algumas tensões, é interessante investigar o que se tem falado sobre isso recentemente, a fim de embasar melhor discussões que por ventura surjam na aula. Vale ressaltar que a orientação não é, necessariamente, desenvolver esse debate com a(o)s estudantes, por saber que nem toda(o)s se sentem confortáveis para isso. Assim, a sugestões são, principalmente, para a(o)s docentes, podendo, se for o caso, ser compartilhadas com a turma.
- Sugerimos então a matéria Ponto de vista: por que é importante saber que Jesus não era branco, publicada pela BBC, que aborda aspectos científicos, históricos e geográficos sobre a origem étnica de Jesus; o artigo E Se Deus For NEGRO, de Walter Nunes; e o vídeo Jesus é negro, do Pastor Henrique Vieira.
Atividades:
- Iniciar a leitura do capítulo. Ao longo da leitura, levantar questionamentos acerca do capítulo. Seguem aqui algumas sugestões:
- A partir do título, Alicerce, o que podemos inferir sobre o capítulo?
- Por que a imagem e a história de Pelé são tão inspiradoras para o pai de Geni?
- “Pai, o que mulher pode estudar? / Pode ser costureira, professora… - deu um risinho forçado e quis encerrar o assunto. - Deixemos de sonho. / Vou ser professora. - falei num sopro.”
- O que essa afirmação revela sobre a época? Você acredita que, se fosse atualmente, a resposta ainda seria a mesma?
- Qual era a importância do estudo para a família de Geni?
- O que você imagina que o pai de Geni sentiu quando a filha afirmou que seria professora?
- “[...] vocês de cor são feitos de ferro.” O que o administrador provavelmente quis dizer com essa afirmação?
- Por que o pai de Geni ficou tão incomodado com a colocação do administrador?
- O que vocês teriam respondido?
- “Ele pode até ser branco. Mas, mais orgulhoso do que eu não pode ser nunca. Uma filha professora ele não vai ter.”
Como vocês imaginam que Geni se sentiu ao ouvir essa afirmação? - Por que o pai de Geni considera uma blasfêmia imaginar que Deus seja preto?
- “É que se ele fosse preto, quando ele morresse, o senhor podia ficar no lugar dele. O senhor é tão bom.”
O que motivou Geni a falar isso para o pai? - Que concepção de Deus podemos imaginar que tem a menina? Quais características fazem parte desse Deus?
- O que essa colocação de Geni revela sobre a relação dos dois?
- Como o pai de Geni reagiu ao comentário da filha?
- Depois de ler o conto, as hipóteses acerca do título se confirmaram?
- O que o título nos revela sobre a relação de Geni com o pai?
- Qual a importância de ter o pai como alicerce para a trajetória de Geni?
- Existe alguém na vida de vocês que pode ser considerado como um alicerce?
- Pedir que a(o)s estudantes registrem as impressões em seus diários de leitura. Pode ser interessante sugerir que, ao longo da leitura, já estejam com os diários em mão e façam anotações de trechos ou comentários que acharem pertinentes.
X. Capítulo: “Força Flutuante”
Ação pós-leitura: Roda de conversa sobre as impressões da obra + Diário de leitura.
Objetivos:
- Leitura do capítulo "Força Flutuante".
Pressupostos:
- Tendo como ponto de partida a experiência de racismo vivida por Geni em seu primeiro dia como professora, propomos aqui um debate acerca deste tema. A proposta envolve a análise e a comparação de quatro notícias recentes em que professoras foram discriminadas no ambiente escolar.
- A fim de embasar as discussões, indicamos a leitura dos seguintes textos: Histórias de Professores de Línguas e Experiências com Racismo: uma reflexão para a formação de professores, publicado pela Profª. Drª. Aparecida de Jesus Ferreira no Geledés; a reportagem feita pela Folha de São Paulo, Professora vítima de racismo revive agressões da infância: 'Fui chamada de macaca'; e o artigo Trajetórias socioespaciais de professoras negras, de Lorena Souza e Alecsandro Ratts.
- Sugerimos também as dissertações Professoras negras: construindo identidades e práticas de enfrentamento do racismo no espaço escolar, de Claudilene Maria da Silva, e Professores negros, experiências de discriminação, de racismo e pedagogias anti-racistas, de Lúcia Helena de Assis Machado.
Atividades:
- Iniciar a leitura do capítulo. Ao longo da leitura, levantar questionamentos acerca do capítulo. Seguem aqui algumas sugestões:
- Por que vocês imaginam que a diretora e as mães lançaram sobre Geni “olhares duvidosos”?
- Quais seriam, provavelmente, as intenções veladas das mães ao observarem Geni e porque a professora sente que gostariam de ver seu certificado?
- “Eu tenho medo de professora preta.” Como vocês imaginam que Geni se sentiu ao ouvir essa afirmação? E como vocês se sentiriam?
- O que essa afirmação revela sobre a criança? E sobre sua família?
- “Não faz mal. Eu coloco ela na classe da outra professora de primeira.”
Por que vocês imaginam que a diretora reagiu dessa maneira? - Como vocês imaginam que Geni se sentiu com a reação da diretora? Será que ela se sentiu apoiada, amparada?
- “Por favor. Deixe que nós nos possamos conhecer.”
Como é a postura de Geni frente à colocação da diretora e a postura da criança? - “Vi, então que era muito pouco tempo para provar a tão nova gente minha igualdade, competência.”
Que desafios Geni teve que enfrentar nessa situação? - É comum que, além do desafio de construir o conhecimento com os estudantes, a(o)s professora(e)s tenham, antes de tudo, que se provar igualmente capazes e provida(o)s dos mesmo direitos? Será que hoje em dia ainda é assim também?
- “Gostaria que você entrasse na classe depois. Assim você senta na minha cadeira e toma conta da minha bolsa, enquanto eu trabalho.”
O que vocês imaginam que estava por trás da estratégia adotada por Geni? - Como a criança reagiu à proposta?
- Como foi a reação de Geni o ver o desenho da criança?
- Vocês se lembram de alguma experiência vivida por Geni anteriormente que se parece com essa cena? (Episódio das cobrinhas sem cabeça)
- Como a professora de Geni reagiu ao ver seu desenho?
- Por que vocês acreditam que ela agiu de um modo diferente?
- Como a menina se comportou ao final da aula?
- O que o desfecho da história revela sobre a estratégia de Geni?
- Como vocês se sentiram ao ouvir esse conto?
- A partir da análise de , comparar as experiências vivenciadas por Geni e pelas professoras da contemporaneidade.
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Notícias recentes
Professora da UFRB denuncia racismo de aluno que recusou receber prova em sala de aula.
Diretora de escola sugere usar ‘chicote do bom’ contra professora negra./
Professora sofre racismo em escola estadual de São Paulo.
Professor é vítima de ofensas racistas: “seu lugar não é na sala de aula”.
- Pedir que a(o)s estudantes registrem as impressões em seus diários de leitura. Pode ser interessante sugerir que, ao longo da leitura, já estejam com os diários em mão e façam anotações de trechos ou comentários que acharem pertinentes.
XI. Confecção da colagem
Objetivos:
- Sistematizar conhecimentos e reflexões elaboradas ao longo do bloco.
- Elaborar a partir do trabalho artístico pontos de identificação da(o)s estudantes com a obra.
Pressupostos:
- Para a realização dessa atividade é interessante orientar a(o)s estudantes a buscar referências na obra que desejem ilustrar. Caso seja possível dispor alguns exemplares da obra, deve-se pedir que incluam na produção um trecho que tenha lhes chamado atenção.
- Para a colagem, é importante ressaltar que a colagem deve funcionar como um quebra-cabeça, em que diferentes figuras se juntam para formar a composição geral. Assim, a ideia não é colar várias pequenas imagens separadas, mas criar uma cena, construir uma ideia, a partir dos vários recortes.
- Como sugestão, propomos o texto Pequena oficina de colagem: o básico e a publicação do Wikihow, Fazendo uma colagem de papel.
- Nesse encontro, é necessário dispor de materiais artísticos como tesoura, cola, canetas hidrográficas e revistas para ser recortadas.
Atividades:
- Pedir que a(o)s estudantes busquem retomar oralmente os momentos da obra que lhes marcou.
- Se for possível, pedir que localizem a passagem no livro e anotem.
- Orientar sobre o objetivo da colagem: a ideia é sistematizar, refletir, a partir dos recortes as sensações e reflexões construídas a partir da narrativa.
- É interessante aproveitar esse momento mais descontraído para conversar com a(o)s estudantes sobre o processo de leitura da obra, o que acharam do diário de leitura e das reflexões que surgiram ao longo dos encontros.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL/MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília-DF: MEC, 2004.
CARNEIRO, Sueli. Epistemicídio. Geledés. 2014. Disponível em: https://www.geledes.org.br/epistemicidio. Acesso em 08 nov. 2018.
CASTRO, Hebe M. Mattos de. Laços de família e direitos no final da escravidão. In: ALENCASTRO, Luis. Felipe. História da Vida Privada No Brasil.Vol. 2. São Paulo: Cia das Letras, 1997.
CUTI, Luiz Silva. Literatura Negro-brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2010.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016
DUARTE, Eduardo de Assis; FONSECA, Maria Nazareth Soares. (Org.) Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 4, História, teoria, polêmica.
GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
34 thoughts on “Literatura afro-brasileira”
Quero fazer curso
Trabalho Literatura Afro_Brasileirs nas escolas desde os anos 80.
Creio nessa revitalização literária e persevero nisso!
Gostei demais do artigo. Parabéns!
Me interessou muito esse trabalho, gostaria de ajuda para introduzir isso na minha prática escolar. Como consigo as obras em PDF para trabalhar nesse período de pandemia, e porque não depois que tudo isso passar!
O livro de Geni Guimarães “Leite do peito” é muito proveitoso, tenho trabalhado com a leitura de capítulos em minhas aulas, tem três anos e meus alunos (geralmente de 6° ano) amam ouví-las, as aulas ficam mais produtivas, porque aguardam ansiosos pela leitura, feita ao final das aulas. Confesso que são histórias que nos levam a refletir sobre vários temas.
sabemos que diante do fatos e toda historia da construção dessa nação não pode ficar para traz pois somos uma só sociedade formada e constituída por todos tantos partos brancos e negros somos um só povo e os nossos direitos e deveres diante da sociedade fazemos e cumprimos, quando nos respeitamos e amamos iguais vivemos e formamos uma sociedade mais justa todo cidadão é igual diante de Deus e diante da lei tudo que é de direito devemos fazer para devolver com justiça a identidade e o que foi negado a este povo todo o tempo de sua tragetoria.
Parabéns
Conhecer a literatura afro-brasileira é essencial para nós conhecermos melhor.
Como foi bom deparar-me com esta próxima e clara explicação sobre a cultura afro-brasileira. E o quando ainda tenho que aprender para poder ensinar melhor meus alunos. Muito grata!
História deliciosa, de grande força e atitude…Amei!
Amei os depoimentos, não tem como negar que o ensino da cultura, bem como da literatura Afro-brasileira precisam ser trabalhados nas escolas de todo o país. Sem sombra de dúvidas que o conhecer nossas origens e ir além da escravização, se faz necessário a cada momento.
Achei a matéria muito interessante. Mas não localizo aqui a metodologia que foi utilizada no aludido resultado da pontual pesquisa.
Excelente iniciativa
Quero muito desenvolver um trabalhão sobra a literatura afro-brasileira com meu alunos. Por favor Me encaminhe essa sequência!
Gostei das leituras e vídeos. Aos 43 anos passei por uma experiência incrivel. Em uma aula do mestrado no segundo semestre 2020, um colegs ao relatar um pouco da nossa história do recôncavo baiano para o professor que é de SC, percebi que de fato não conheço a verdadeira história. E estou muito focada em indicações de leituras para aprofundar este conhecimento. Direcionado a ancestralidade. Penso em começar a escrever um artigo sobre minha experiência. Só neste dia descobri que sou Banto. Sou mãe, mulher, negra, supervisora pedagógica, sigo o protestantismo mas sou Banto, na minha tragetória histórica, por questões culturais, politicas, econômicas e religiosa posso ter negado involuntariamente algumas peculiaredades do nosso povo, mas não nego minha ancestralidade. Tenho muitas experiências vividas em vários ambitos da sociedade, mas aqui está apenas um breve comentário. Com muitos pontos de indagações.
Que história interessante, Vanécia!
Esse resgate de nossa identidade é muito importante para reescrevermos o futuro, não acha?
Cabe a nós educadores promovermos o diálogo sobre a temática do racismo institucional em nossa sociedade. Devemos nos inquietar com naturalização de questões que não são naturais. A cultura afro-brasileira necessita de ser valorizada e até mesmo conhecida.
Sejamos nós educadores faróis, através da lei 10639, que foi o marco inicial para os debates e intervenções.
Militemos por uma cultura antirracista a partir dos corredores e salas de aula de nossas escolas até as grandes avenidas da sociedade e do mundo.
Muito bom o texto!!!!
Excelente discussão, uma vez que estamos passando por momentos complicados e uma leitura desta nos enche de entusiasmo para seguir em frente, como nos disse Freire: “Num país como o Brasil, manter a esperança viva é, em si, um ato revolucionário”.
Assertiva essa proposta de ação pedagógica. Necessário se faz lançar tal discussão nas escolas, desde os anos iniciais até ao final do ensino médio a fim de intensificar a ação democrática, o valor ao próximo, o respeito à raça: HUMANA.
Excelentes Reflexões acerca dos maiores formadores do nosso Brasil.Boas colocações.
Excelente projeto e de suma importância para contribuir com.professores que buscam conhecer e apoiar uma Educação Antiracista e trabalhar a identidade e a referência da criança negra nao fortalecimento de sua auto
Autoestima e tô.per com padrões introjetafos de RACISMO. SERIA INTERESSANTE QUE A PROPOSTS SVANCASSE PARA AS AREAS DAS ARTES, HISTÓRIA E CIÊNCIAS. 👊🏿🙋🏾♀️👏🏽
Temos a consciência da beleza e da diversidade da cultura afro. No Cmei onde trabalho trabalhamos com literatura infantil mostrando a beleza da África e de seus povos, com sua música, seus costumes… Ainda não é o ideal, mas já é um começo.
Que legal !! Parabéns necessário lugar de fala …
Excelente publicação com referências essenciais para quem quer trabalhar com a temática. Gratidão!
Excelente publicação!!
Muito bom
Amei o conteúdo. Abrilhantou o meu planejamento para a celebração do Dia da Consciência Negra. A nossa diva “Geni” não poderia ficar de fora.Parabéns aos idealizadores.
Que bom, Mércia, fico feliz com seu comentário!
Realmente esse contexto busca uma interaçào que facilita interagir em sala de aula com nosso alunado.
Resolvi iniciar a proposta agora em abril… até novembro teremos um bom acervo de autores negros conhecidos.
Que legal, Norma! Compartilhe com a gente o resultado depois!
A literatura afro-brasileira é o nosso berço. Avante. Pode dar mais detalhes sobre o curso?
Parabéns pela proposta!! Estudar e apreciar essas obras nos faz a repensar. A literatura, como sempre, sábia e essencial para os estudantes e leitores.