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A diversidade como projeto

A diversidade como projeto

texto - Camila Prado; ilustração - Valentina Fraiz

01 de novembro de 2022

Sonhar um sonho tão bonito

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"Vida que segue”. Quem não ouviu ou mesmo se pegou falando o já clássico bordão? Clichês à parte, a frase tem lá seu fundo de verdade: é como um mantra para nos dizer que a vida continua depois de tempos de perda se desafios. Atravessamos a fase mais difícil da pandemia de covid-19, com educadoras(es) impelidas(os) à reinvenção. Não à toa, o foco do Programa Escrevendo o Futuro nesse período foi exatamente apoiar o trabalho docente, dando luz à escrita dos relatos de prática, além de oferecer cursos on-line, materiais e ações pedagógicas. É com esse espírito que chegamos a esta edição da revista Na Ponta do Lápis, toda repaginada em cores e formas que visam trazer a ideia de diversidade – valor fundamental para se pensar o fazer docente e a formação de estudantes que escrevam e leiam de forma crítica.

Assim, tanto o projeto gráfico, desenvolvido pelo Estúdio Voador (@estudiovoador), como as ilustrações, criadas por Valentina Fraiz (@estudioanemona), estão em sincronia com os textos, as referências e as colaborações desta edição, toda permeada por questões étnico-raciais. “Queríamos que a revista mostrasse cores diversas, vibrantes, que trouxesse a energia das pessoas que estão na edição, o trabalho delas, as lutas, as pautas. Tudo isso é muito vivo. Buscamos mais espaços na revista, para que seja mais leve, e a pessoa possa ler não só textos, mas as páginas como um todo.”, conta Ana Paula Campos, do Estúdio Voador.

“Desenvolver um trabalho de arte em cima de toda uma publicação é muito estimulante porque dá a oportunidade de você criar uma narrativa paralela e ao mesmo tempo entrelaçada com todo o conteúdo”, complementa Valentina Fraiz, ilustradora convidada para esta edição. “Também tenho desenvolvido um trabalho com as questões de racismo e antirracismo, o que me traz uma familiaridade com a revista. No processo criativo, usei lápis de cor digital, mas uso como o lápis analógico, não tem truque. Vou desenhando, mudo de cor, passo por cima, vou misturando. Achei isso legal justamente porque a revista se chama Na Ponta do Lápis.

Edição 39
Para abrir esta edição com chave de ouro, a “Entrevista” (p. 6) traz nosso prêmio Jabuti de Literatura em 2021. Também professor de língua portuguesa da rede pública, Jeferson Tenório nos conta de seu gosto desde pequeno pela escrita e do caminho até se apaixonar pela leitura. Fala sobre seu engajamento como educador para inserir autoras(es) negras(os) em sala de aula, sobre a relação entre as cotas e a demanda acadêmica por novas bibliografias e sobre seu processo criativo como escritor.

Na seção “Especial” (p. 14), a professora doutora Iracema Santos do Nascimento nos chama a observar assombras da indisciplina, da evasão e da violência que voltaram à escola presencial. E como esses sintomas se relacionam diretamente com o racismo estrutural, e com a pobreza e a falta de acesso ao básico que lhe são inerentes. Continuamos com “desafios que vão muito além do aprendizado de conteúdos curriculares específicos”, constata Iracema.

Ás questões apresentadas por Iracema, surgem respostas em sala de aula que nos fazem esperançar, como é ocaso do relato (com direito a passo a passo!) da educadora Talita Zanatta, em “De Olho na Prática” (p. 22). Com a volta do ensino presencial, ela criou com sua turma do 7º ano do Fundamental II o ‘Sétimocast’, podcast que tanto valorizou experiências vividas por estudantes como trabalhou uma multiplicidade de linguagens, fazendo com que o conteúdo previsto fizesse sentido para a turma.

Quando se pensa em valorizar experiências, é para onde nos embala o poema História para ninar Cassul-Buanga, na “Página Literária” (p. 28). Em versos, o compositor e escritor Nei Lopes narra o sofrimento do povo negro na diáspora e conforta o menino Cassul-Buanga com uma certeza: um futuro bom, e que já está escrito por Zâmbi.

A seção “Óculos de Leitura” (p. 30) nos convida a um mergulho pelos versos de Nei Lopes através das lentes da poeta e editora Maria Nilda de Carvalho Mota (Dinha), pós-doutora em Literatura e Sociedade. Dinha nos conduz à leitura das camadas históricas e formais do texto, cruzando-as com o Poema do futuro cidadão, do moçambicano José Craveirinha. Ela relaciona os textos ao conceito de sonho diurno, de Ernst Bloch, ou sonho que se sonha acordado, porque ambos acenam para uma convicta esperança.

A derradeira seção, “Lente de aumento” (p. 35), traz a educadora social Bel Santos Mayer refletindo sobre a presença e a ausência de obras de autoria negra nas escolas e em outros espaços. Ao fazer um contraponto com os baixos índices de leitura no país, Bel apresenta a pesquisa “O Brasil Que Lê: Bibliotecas comunitárias e resistência cultural na formação de leitores”.

É preciso despertar para enxergaras boas notícias. Há muito movimento em curso: há um Brasil que lê, que realiza revisões bibliográficas, defende cotas, monta bibliotecas comunitárias, reflete sobre racismo estrutural, faz podcasts, slams e saraus. Emprestando a poética de Nei Lopes, tudo isso nos “nina”, dando força e coragem para sonharmos acordadas(os) por uma nova educação.

Muito boa leitura!

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