Repertório de argumentos

Atividades

Indique ainda que apesar das semelhanças, o grafite é mais bem aceito por parte da sociedade do que a pichação, que tende a ser entendida, na maior parte das vezes, como vandalismo. Ainda assim, grafite pode ser visto como uma forma de arte e, como tal, deve transgredir limites e questionar as regras impostas? Ou, apesar do colorido que confere à imensidão cinza, por vezes, viola a propriedade privada, não agrada ao gosto de todos e, uma vez que se distribui de forma desordenada por muros, pontes e outros suportes, não deve ser tolerado?

Os seguintes textos de apoio devem basear a discussão:

  1. “A arte é sobre o que não sabemos e por isso deve poder ser transgressora, indefinida, incompreendida, subjetiva. Sociedade que não tem isso é uma sociedade pobre, sem alma e sem potencial criativo. Incompreendido hoje pode ser o gênio de amanhã. Uma sociedade sem transgressores é uma sociedade burra.” (Nexo Jornal, 16 de setembro de 2017).

  2. “(…) Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.” (Lei de crimes ambientais, Lei nº 9.605/98)

  3. Também conhecidos como "Arcos do Jânio", os Arcos da Rua Jandaia foram pichados na madrugada de sábado, 5, na Bela Vista, no centro expandido da cidade de São Paulo. Parte da ação foi registrada por equipamentos do programa City Câmeras da Prefeitura. O procedimento durou ao menos 30 minutos.
    Nas imagens, um homem aparece preso a uma corda (como se estivesse praticando rapel) enquanto escreve as iniciais "BTH" com tinta branca, contornadas por tintas preta e azul. O sistema mostra, ainda, que havia uma viatura da Guarda Civil Metropolitana (GCM) estacionada próxima ao local no momento da ação - que começou às 3h37.
    A Prefeitura informou, em nota, que a limpeza do local está sendo feita. "Uma equipe do Departamento do Patrimônio Histórico acompanha o trabalho para, assim, preservar as características originais deste bem histórico", declarou.
    (O Estado de S. Paulo, 7 de maio de 2017).

  4. O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou neste sábado, 14, que vai retirar todos os grafites na área conhecida como "Arcos do Jânio" e também limitar as obras expostas na Avenida 23 de Maio, na zona sul da capital paulista, onde participou da terceira ação do Cidade Linda, programa de zeladoria da gestão. Desta vez, o prefeito deixou a vassoura de lado e se vestiu de operador de motocompressor.
    Doria trocou o uniforme verde de gari, usado nos dois atos anteriores, pelo laranja. Com o motocompressor, óculos de proteção, máscara e avental, apagou pichações de uma mureta da 23 de Maio. "Pintei com enorme prazer três vezes mais a área que estava prevista para pintar exatamente para dar a demonstração de apoio à cidade e repúdio aos pichadores", disse. Ao fim, o sapato Osklen ficou todo salpicado de tinta.
    Apesar de reconhecer "grafiteiros e muralistas" como artistas, o prefeito afirmou que vai limitar as obras espalhadas pela 23 de Maio. "Os grafites serão mantidos em oito espaços já definidos previamente pela Secretaria de Cultura. Os demais, que já estão envelhecidos ou infelizmente foram mutilados por pichadores, serão pintados." (O Estado de S. Paulo,

  5. Vocês vivem numa queda de braço com a prefeitura, que costuma apagar grafites de vocês dos muros da cidade.
    Cara, nem temos muito o que falar sobre isso. Chegamos a ir lá falar com eles na gestão do Kassab, mas continuaram apagando nossas coisas. Nosso recado já foi dado. Vamos continuar fazendo. Não vamos deixar de falar o que queremos falar. Isso é certo. Só não entendo como eles podem se preocupar com grafite com tantos outros problemas por aí. Eles vão lá e passam a tinta cinza, paga pela própria população. (Entrevista da dupla osgemeos para a Revista Trip, 15/7/2013).

  6. Desde o início do mês, um tema tem dominado as conversas nos bares e os debates na imprensa de Nova York: a passagem do artista de rua britânico Banksy pela cidade.
    (...)

    Famoso por manter sua identidade em segredo e pelo humor crítico, Banksy iniciou em 1º de outubro o projeto “Better Out Than In”, uma residência de um mês em Nova York.
    A cada dia, uma nova obra aparece em algum canto da cidade, atraindo imediatamente pequenas multidões de fãs munidos de câmeras e celulares e provocando reações apaixonadas.
    (...)

    O trabalho mais recente (até a conclusão desta matéria), revelado na segunda-feira em um muro no sul do Bronx, traz a figura de um menino escrevendo com uma lata de spray a frase “Ghetto 4 Life” (“gueto para toda a vida”), enquanto um mordomo segura uma bandeja com mais latas.
    A frase gerou debate entre os moradores do bairro – o mais pobre de Nova York e famoso por seus grafites – e foi recebida com estranheza por alguns.
    Segundo a imprensa, os proprietários do local já estavam em busca de ajuda para proteger a obra de depredações e evitar o destino de outros trabalhos de Banksy na cidade.
    No domingo, a figura de um menino segurando um martelo desenhada em uma parede do Upper West Side sofreu uma tentativa de depredação poucas horas depois de descoberta. O ataque foi impedido por pessoas que passavam pelo local.
    No Brooklyn, uma porta de ferro foi colocada em frente à parede com um grafite de Banksy, que havia sido depredado e, posteriormente, restaurado por moradores na semana passada. Apesar de admitirem que o proprietário talvez esteja bem intencionado, nova-iorquinos e turistas que foram até o local reagiram com indignação por não conseguir ver a obra.
    (...)

    Nessas três semanas em Nova York, Banksy conquistou admiradores e inimigos.
    Na quinta-feira passada, o jornal New York Post anunciou em sua manchete que a polícia de Nova York estava à caça do artista.
    Nos dias seguintes, integrantes do Departamento de Polícia negaram a informação, mas o prefeito Michael Bloomberg criticou o trabalho do artista e disse que “o grafite desfigura propriedades e é um sinal de decadência e perda de controle”.
    “Não é minha definição de arte”, afirmou o prefeito. “Ou talvez seja arte, mas não deveria ser permitido. E acho que é exatamente isso que a lei diz.”
    As reações negativas não vêm apenas das autoridades, mas também de grafiteiros locais. Além dos que reagem com violência, depredando as obras do britânico, e dos que tentam se fazer passar por Banksy, há os que preferem recorrer ao humor.
    O TrustoCorp, grupo anônimo de arte de guerrilha, colocou cartazes pela cidade ironizando o fato de, apesar da postura de artista rebelde, Banksy ser multimilionário. (BBC, 22 de outubro de 2013).

  7. Imagens com licença Wikimedia Commons podem ilustrar a coletânea:

    Procure realizar a leitura da coletânea orientando-se pela tabela com os tipos de argumentos que vimos anteriormente. Neste texto, é possível identificar quais tipos? Além disso, eles contribuem para sustentar qual tese? Grafite é uma forma de arte ou é vandalismo e violação do patrimônio público?

    Você pode dividir a lousa em duas partes e pedir aos alunos que, com base na coletânea, enumerem seus argumentos de modo a se posicionar sobre a questão.