O que é uma questão polêmica

Para saber mais

Sobre a questão polêmica

Uma questão polêmica gera confronto entre diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema. Capaz de motivar a escrita de um artigo de opinião, ela envolve, necessariamente, um assunto de interesse público, ou seja, uma demanda em que ao menos uma determinada comunidade esteja envolvida, e diferentes soluções ou respostas, cada uma das quais reunindo posições favoráveis e contrárias. Assim, trata-se de estabelecer – sempre por meio do debate – qual delas deverá ser assumida pela comunidade afetada.

Atividades

  1. Proponha à turma que encontrem ou formulem duas questões polêmicas gerais que os(as) mobilizem e mereçam ser discutidas por sua relevância social. Para isso, faça um levantamento, com a participação de toda a turma, de assuntos polêmicos que estão circulando no rádio, na TV ou na imprensa.
  2. Como já foi explicado, questões polêmicas envolvem confronto entre diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema. Por exemplo:
    • A política de ações afirmativas tem colaborado para diminuir as desigualdades sociais relacionadas às minorias étnicas?
    • A redução da maioridade penal contribuiria para reduzir a violência no país?
    • Há formas certas e erradas de falar o português?
    • As casas noturnas devem cobrar entradas diferentes para homens e mulheres?
    • Na Amazônia, deve-se priorizar o desenvolvimento econômico ou a preservação da floresta?
    • O Brasil deve taxar as grandes fortunas?
    • Flexibilizar o porte e a posse de armas contribui para diminuir a criminalidade?
    • A demarcação de terras indígenas é importante para a preservação do meio ambiente?
  3. Para melhor compreensão do que é uma questão polêmica e dos debates que ela pode provocar, discuta brevemente com a turma algumas das provocações aqui apresentadas. Depois, você pode ler para a turma a definição de questão polêmica que apresentamos assim, de modo que o conceito seja mais bem consolidado.
  4. Em seguida, identifique com o grupo questões polêmicas próprias da sua comunidade que recentemente tenham provocado discussões. Por fazer parte dessa comunidade, o aluno e a aluna terão maior familiaridade com o debate e, certamente, mais conhecimento de causa do que está em jogo, podendo desenvolver argumentos próprios. Além disso, ao refletir sobre questões relativas à realidade dele ou dela, exercitarão uma discussão que será de grande utilidade na preparação do artigo que escreverá para participar da Olimpíada, cujo tema é “O lugar onde vivo”.
  5. Uma vez garantido o interesse do(a) aluno(a), dê preferência, sempre que possível, a questões que estejam relacionadas às polêmicas mais amplas. O meio ambiente, por exemplo, é um tema que pode envolver tanto questões locais (vantagens e desvantagens da canalização de um córrego, construção de moradias em área de mananciais, destinação do lixo da comunidade etc.) quanto nacionais e internacionais (aquecimento global, diminuição das reservas de água potável, desmatamento, entre outras). O mesmo se verifica com temas como a violência cotidiana, o conflito de gerações etc. Dessa maneira, você poderá ampliar o universo de referência do(a) aluno(a) sem, no entanto, deixá-lo(a) desprovido(a) das coordenadas básicas que possam orientá-lo quanto à sua realidade imediata.
  6. Se as questões apontadas não despertarem o interesse dos(as) alunos(as), proponha-lhes que escrevam sobre o tema “Polêmica na escola” ou, sobre assuntos controversos que estejam vivendo na escola, como:
    • O ENEM é um exame democrático, como forma de acesso à universidade?
    • Deveria ser permitido o namoro no pátio da escola?
    • Deve-se proibir o uso de celular em sala de aula?
    • O(a) aluno(a) deve participar das decisões relativas ao que será ensinado em cada semestre?
    • As escolas deveriam especializar-se num único ciclo de ensino-aprendizagem (anos iniciais do Ensino Fundamental; anos finais do Ensino Fundamental; Ensino Médio)?
    • A Reforma do Ensino Médio fará com que os alunos tenham mais interesse pela escola?
    • A escola deve estabelecer regras em relação às roupas que se pode usar na instituição?
  7. Essas perguntas aquecem o debate e facilitam a escrita, pois os alunos e alunas têm o que dizer sobre elas. Não se esqueça, no entanto, de fazê-los(as) pensar sobre a relação entre essas questões e os debates mais amplos, como a construção da cidadania, a civilidade, o bem comum etc. Afinal, a escola, assim como o lugar em que cada um vive, não está isolada do resto do mundo.
  8. Ao examinar as questões com a turma, chame a atenção dela para a importância de uma estratégia argumentativa adequada na condução de um debate. Para isso, explore as diferentes formas de propor uma discussão, considerando determinada questão polêmica.

Jogo Q.P. Brasil

Se a sua escola possui o Q.P. Brasil: Questões Polêmicas do Brasil – o jogo da argumentação, você poderá usá-lo na escolha do tema para a produção de um artigo de opinião. O jogo também está disponível em versão para impressão, no Portal Escrevendo o Futuro. Que tal providenciar uma cópia e montar o tabuleiro com seu grupo? Procure conhecer as questões polêmicas das cartas coloridas e as das cartas de cor laranja.

No Manual do Professor, que faz parte do jogo, você encontrará atividades complementares às oficinas deste Caderno. Como exercício, faça a atividade 1, que está na página 7. O Manual está disponível também no Portal Escrevendo o Futuro.

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Estratégia argumentativa e questão polêmica

Podemos definir estratégia argumentativa como o conjunto de procedimentos e recursos verbais utilizados pelo(a) argumentador(a) para convencer tanto seus adversários quanto o auditório envolvido. Como em qualquer outra área de atividade humana, uma boa estratégia é fundamental para garantir resultado favorável. No caso da argumentação, isso envolve desde a escolha das palavras mais apropriadas à linguagem e ao “tom certo” até os tipos de argumento construídos e a organização geral da argumentação.

Um passo importante para definir uma boa estratégia argumentativa é a definição de “por onde” se vai entrar no debate, já que toda questão polêmica envolve aspectos muito diversos. Discutir se há formas certas e erradas de falar o português, por exemplo, envolve fatores diversos. O que dizem os pesquisadores (linguistas, gramáticos, filólogos etc.) a esse respeito? O que pensam os diferentes “profissionais da linguagem” (escritores, jornalistas, professores, editores etc.)? Que aspectos culturais e sociais estão associados a essa questão? Cada um desses fatores permite ao argumentador uma entrada diferente no debate, reservando-lhe tanto um “lugar” a ocupar quanto um estilo particular de argumentação a desenvolver.

Assim, ao decidir “por onde entrar”, o(a) argumentador(a) “se situa” no debate, definindo, as estratégias a serem utilizadas. Para quem escolhe o caminho do Direito, por exemplo, recorrer à autoridade de um jurista pode ser de grande valia; para aquele que envereda pelo campo das ciências experimentais, no entanto, o recurso ao conhecimento de um especialista será de pouca ou nenhuma valia se o argumentador não dispuser de dados e experimentos confiáveis para demonstrar sua tese. Outro exemplo: carregar no apelo emocional (ou moral) pode ser uma estratégia decisiva num debate eleitoral; mas dificilmente será apropriado numa discussão sobre saúde pública. E assim por diante.