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“É um negócio que aquece o coração”

24 de outubro de 2019

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“Eu moro na segunda maior cidade de Roraima, fronteira com a Venezuela, e eu nunca tive a oportunidade de ir ao museu. O primeiro museu que eu visitei foi a Pinacoteca, e isso é muito emocionante!”, diz a aluna Larissa Barreto de Souza, natural de Rorainópolis, em Roraima.

Ao entrar no museu, o som de uma pequena orquestra que tocava no local a emocionou. “Eu não aguentei, aquele som melancólico do violino, comecei a chorar… É um negócio que aquece o coração”. Para ela, estar em contato com a arte é muito emocionante: “quando eu crescer e tiver uma família, quero que ela tenha a oportunidade de conhecer espaços como esse. Quero mostrar tudo o que vi.”

A visita também trouxe reflexões importantes para a aluna da E. E. Padre Eugênio Possamai. “Se eu escolhesse uma pintura para ser referência para meu texto, escolheria o de uma mulher negra que parece limpar o chão. Ela aparenta ser pobre e estar lutando para sobreviver. Pensei em falar da vida do pobre, de pessoas que estão em condição bem ruim. Isso me deu inspiração”, concluiu a menina que venceu as barreiras geográficas e sociais para desbravar a arte.

 

A roça no museu

“Agora eu estou me sentindo em casa no museu!” Na Pinacoteca, as obras de Almeida Junior emocionaram a professora Gleice Alves, de Ferro, Minas Gerais. Com lágrimas nos olhos, ela diz que não esperava se reconhecer tanto nas pinturas de um grande museu paulista: “pensava que seriam só obras contemporâneas, abstratas, mas isso aqui é a vida da gente. Olha a casa da roça com homem tocando viola na janela…”.

Gleice conta que vive no distrito de Cubas, na zona rural de seu município, e que viu nas telas sua história e a de sua família. “Meus pais e avós viveram sempre com muita dificuldade, o trabalho era muito árduo. Para mim também não foi fácil, quando eu e minhas irmãs estudamos era preciso rodar 50 quilômetros em estrada de terra para chegar à escola, saímos de manhã e só voltávamos à noite. Às vezes, chovia e por causa da lama não conseguíamos voltar de ônibus, tínhamos que descer e vir a pé. Chegávamos só à noite em casa, com fome.”

Hoje, o distrito de Cubas tem uma escola, onde ela é professora. “Depois de tudo isso, chegar em São Paulo… E hoje estou aqui graças a nossa aluna Áurea Andrade Lage Alves!”

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