Uma viagem imaginária

Atividades

  1. Proponha aos alunos uma viagem imaginária em que você será o guia e eles serão convidados a olhar sem pressa para os lugares visitados sobre os quais você vai falar agora.
  2. Peça-lhes que se sentem o mais confortavelmente possível, fechem os olhos e pensem nesses lugares. Vá mencionando os locais, incentivando a turma a resgatar os detalhes, as cores, os formatos, a visão de conjunto, e a dizer quais impressões, sensações e sentimentos esses locais despertam.
  3. No final da viagem, oriente os alunos a escrever no caderno palavras ou frases sobre o que viram e observaram. Também podem comentar as próprias impressões.
  4. Em seguida, relembre-os do trabalho que realizaram na Oficina 5 quando produziram uma lista de “coisinhas à toa” que os deixam felizes e, a partir dela, um poema em grupo. Diga-lhes que o mesmo procedimento pode ser usado para retratar a cidade. Apresente então à turma outros dois poemas cuja leitura e análise retomam diferentes aspectos trabalhados na Oficina 5. Projete “Cidadezinha qualquer”, de Carlos Drummond de Andrade, em classe, por meio de Datashow e ouça a leitura com a turma.
  5. Cidadezinha qualquer

    Casas entre bananeiras
    mulheres entre laranjeiras
    pomar amor cantar.
    Um homem vai devagar.
    Um cachorro vai devagar.
    Um burro vai devagar.
    Devagar… as janelas olham.
    Eta vida besta, meu Deus.

    ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia.
    São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 49.

  6. Converse com os alunos sobre como Drummond também compõe o seu poema a partir de “coisinhas à toa” que observa na cidade. Leve-os a notar, entretanto, como o verso final, pelo seu teor inesperado, produz no leitor um efeito poético, de humor ou mesmo de crítica. Este é o melhor momento de lembrar aos alunos que os poemas com os quais vão participar da Olimpíada não precisam necessariamente falar de “coisas grandiosas” da cidade, como se fosse preciso “fazer propaganda” do lugar em que vivem, focalizar apenas suas qualidades e vantagens, mas pode muito bem retratar suas pequenezas – que também podem ser tratadas poeticamente – ou falar de suas mazelas e defeitos, misérias e acanhamentos. É o que ocorre também, de certa forma, no poema de Mário Quintana, “Cidadezinha”, examinado na Oficina 10. E é o que tornou célebres muitos dos poemas de Gregório de Mattos sobre a “cidade da Bahia” (Salvador, nos tempos da Colônia).

    Clique aqui para conhecer um dos poemas deste autor sobre a cidade da Bahia.

  7. Como este é um ponto importante a ser enfatizado para a produção do texto final que vai concorrer na Olimpíada, forneça outro exemplo de poema que retrata a cidade por meio de seus pequenos males. E aproveite também para mostrar, mais uma vez, como funciona a intertextualidade no fazer poético, focalizada na Oficina 5. Projete para a classe o poema “Cidadezinha”, de Edson Gabriel Garcia, por meio de Datashow e ouça a leitura com a turma:
  8. Cidadezinha

    Um ônibus lotado
    um taxista estressado
    um celular clonado
    Um um sinal fechado
    uma rua alagada.
    Aqui não há roubo de galinhas
    aqui não há conversa de varanda
    porque varandas não há;
    aqui não há promessas de novenas
    porque novenas não há.
    Não há.
    Então…tá.
    “Eta vida besta, meu Deus!”

    Fonte: http://www.escritoredsongabriel.com.br/poemas.html

  9. Leve os alunos a notar como, pela repetição do verso de Drummond, ao final e entre aspas, o autor estabelece a intertextualidade e dialoga com Drummond, lembrando que, quando se observam as “coisinhas à toa” de uma cidade grande, a vida também pode ser “besta”.
  10. Proponha então que os alunos agreguem ao material que escreveram no caderno uma lista de “coisinhas à toa” do dia a dia local, que podem tanto focalizar as belezas e vantagens da cidade como seus problemas e males. Oriente-os a já pensar nas rimas, ritmo e sentidos.
  11. Mostre aos alunos como é possível tratar de formas muito diferentes tanto a visão positiva como a negativa, recorrendo, por exemplo, à paródia e à ironia.
  12. Agora monte com eles um painel com desenhos, pinturas, recortes e fotos para representar o lugar onde vivem.
  13. O painel deve ser feito em conjunto e isso requer planejamento, como dividir tarefas e funções e providenciar os materiais necessários. A proposta é construir uma espécie de retrato abrangente e panorâmico da cidade, dando espaço a propostas que mostrem o modo como ela é vista por cada um dos alunos.
  14. Agora os alunos vão escolher palavras, expressões, frases e ideias que registraram no caderno e transpô-las para pedaços de papel que serão colados no painel.
  15. Você também pode fazer um mural virtual por meio da ferramenta Padlet, ou criar um blog da turma para reunir esse panorama poético da cidade. No Portal Escrevendo o Futuro, você encontra dicas para abrir e gerir um blog.
  16. No final, todos vão observar atentamente o resultado e conversar sobre o painel.
  • Todas as propostas foram incorporadas?
  • Esquecemos alguma?
  • O que mais podemos falar a respeito do lugar em que vivemos?
  • Vamos acrescentar mais elementos?