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Aluno ”copista” e a necessidade de (re)significar o conhecimento

Portal Escrevendo o futuro

01 de agosto de 2023

Aluno ”copista” e a necessidade de (re)significar o conhecimento

Aluno ”copista” e a necessidade de (re)significar o conhecimento

Olímpia,

Trabalho numa escola municipal com alunos do 6º ao 9º ano e tenho muitas dificuldades com alunos copistas (não leem e nem escrevem). Não consigo realizar um trabalho que contemple as necessidades desses alunos...

 

No final de 2014, eles só foram reprovados comigo. Me senti a carrasca, no entanto, eles não corresponderam a nenhum estímulo que provoquei para demonstrarem aprendizados!

 

Tenho também um surdo/mudo na sala do 6º ano, também copista - não tenho apoio e o aluno, como forma de fuga, falta muito e é disperso. Essa situação me deixa apavorada. Não merecem ajuda?

Valdete Nunes Xavier

Professora Valdete,

Certamente, todos os alunos merecem ajuda, acolhimento e nosso olhar atento, visando encontrar formas mais significativas de promover o aprendizado para todos, tal qual você tanto defende! Nessa direção, penso que o desafio seja denso e intenso, demanda muito trabalho, mas temos de enfrentá-lo, de preferência, com a discussão colaborativa entre seus pares mais próximos e a busca por espaços como esta seção, que conta com a leitura de professores de todo o país. Bem, mas vamos em frente?

Acredito que o trabalho com “alunos copistas” requer um planejamento cuidadoso, no sentido de pensarmos em etapas que possam contemplar desde a investigação de conhecimentos prévios até propostas de avaliação dos escritos dos alunos. Isso porque precisamos atuar de modo a aproximar os alunos do conhecimento, com vistas à (re)significação das relações que têm com as práticas de leitura e escrita.

Para tanto, se tomarmos o percurso sugerido em nosso Programa para o trabalho com gêneros do discurso, por meio de sequências didáticas (SD’s), estaremos diante de uma oportunidade significativa de organizar atividades que propiciem um efetivo aprendizado. A fim de deixar a conversa mais clara, tomarei como exemplos três momentos do caminho previsto na SD:

  1. a discussão sobre os saberes dos alunos acerca do gênero e da situação de produção;
  2. a proposta da produção escrita inicial;
  3. o trabalho com a alimentação temática.

Pensando no item 1, entendo ser fundamental que você realize uma investigação que dê conta de mapear o que os alunos já sabem. Como estão no Fundamental II, acredito que possam recorrer à estratégia de “copiar” para favorecer a produção escrita desprovida de possíveis dificuldades ortográficas ou mesmo de apresentação e organização claras das informações, não é mesmo? Por meio de uma roda de conversa, será possível descobrir o que dizem os alunos sobre situações de escuta, leitura ou até escrita de textos do gênero em destaque. Ainda nessa questão, vale apostar em discutir com eles sobre os elementos da situação de produção (quais os papéis desempenhados por quem lê e escreve o gênero? Com qual objetivo ele é produzido? Onde costuma circular - jornais, revistas, TV, rádio, internet?). Por último, aproveite essa roda para que eles também contem situações que viveram (dentro e fora da escola) e que tragam informações importantes sobre como a leitura e a escrita fazem parte da vida cotidiana e, em que medida, o gênero em estudo já integrou a rotina deles. Afinal, eles estão na escola e estão inseridos em um universo letrado há bastante tempo, não é verdade?

Agora, sobre o item 2, a proposta de uma produção escrita logo no início do trabalho justifica-se especialmente pelo fato de que você poderá observar de que formas os alunos tentam apresentar por escrito um texto do gênero, quais os maiores pontos de dificuldades, de que ordem elas são e quais destaques e ênfases serão necessárias para potencializar o aprendizado. Se são ”copistas”, como ocorre a relação entre o que sabem escrever e o que precisam recorrer a um texto já produzido, a fim de apenas reproduzirem palavras, frases ou trechos maiores?

A partir da investigação realizada no item 1 e da análise vinculada ao item 2, você terá clareza em relação às demandas de trabalho e poderá organizar as oficinas da SD, em função de cada necessidade diagnosticada.

É nesse percurso reflexivo que a proposta de trabalho com a alimentação temática, item 3, ganha particular sentido, já que precisamos apostar em propostas de leitura (com os alunos, feita por você, feita pelos alunos) que ampliem o repertório de conhecimento sobre o gênero, as formas de ler e escrever, as características, os assuntos que mais aparecem, entre outros aspectos. Também é aqui que convidamos os alunos para um passeio por sites, blogs, fóruns, vídeos de programas de TV, rádio digital e o que mais estiver relacionado com os assuntos do gênero em foco. Assim, no momento de reescrever o texto, pensando no final da SD, eles terão “o quê” e poderão ter mais chances de saberem “por que” e “como escrever”, não é mesmo?

Como você deve ter notado, essa é uma proposta para todos os alunos que, certamente, promoverá um olhar e acompanhamento mais efetivos por parte dos que você considera como “copistas”. Vale a pena investir!

Para terminar, na tentativa de promover outras conversas, seguem algumas dicas de leitura:

Conte sempre com a minha ajuda (e de nossos leitores) nessa caminhada!

Obrigada pelo envio da pergunta, um abraço e até já,

Olímpia

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