Volta às aulas: a importância do planejamento docente
gestos didáticos, planejamento de aula, sequência didática, planejamento docente
Olá, Olímpia!
Sou Ana Maria, de São Bernardo/SP. Meus alunos estão treinando para escrever as memórias literárias, porém elas ficam muito parecidas com um relato. De fato, existe um pouco de relato nesse gênero, não? Como posso melhorar esses textos e realmente transformá-los em memórias literárias?
Obrigada.
Cara Ana Maria,
Graças à sua pergunta, poderemos falar sobre um dos principais aspectos atrelados ao ensino desse “gênero olímpico”. Agradeço muito por essa oportunidade!
Como você bem salientou, comumente os textos iniciais de nossos alunos apresentam muitas características de um relato, com ausências importantes se pensarmos em exemplares do gênero memórias literárias, especialmente a articulação entre acontecimentos reais e ficcionais. Mas vamos refletir juntas sobre por que isso acontece, antes de eu traçar um caminho a seguir?
Conforme as informações apresentadas no Caderno "Se bem me lembro…", produzido pela Olimpíada, o texto de memórias literárias nasce de uma entrevista, ou seja, nossos alunos são orientados a buscar uma pessoa idosa do bairro, da escola ou mesmo de outros cantos da cidade que possa reviver, pelo relato oral, lembranças relativas às histórias pessoais e do lugar onde vive.
Geralmente, as perguntas envolvem possibilidades de se retratar o ontem e o hoje, como um passeio pelo tempo, de modo que o entrevistado possa resgatar paisagens, cenários, acontecimentos, sensações e emoções vividas em sua trajetória e que resgatam também a história do lugar, dando um colorido singular ao local ou locais onde tudo ocorreu.
Mesmo fazendo dessa forma, com o cuidadoso registro das informações, as primeiras produções podem realmente parecer relatos, pois a turma tende a registrar por escrito todos os fatos relatados oralmente, compondo um texto em que as experiências vividas pelo entrevistado estejam em destaque. Então, temos o impasse: ficamos próximos de um relato escrito significativo e denso de vivências, às vezes já tomados pelos estudantes como se fossem suas (com as necessárias marcas da primeira pessoa), porém ainda distantes de um texto de memórias literárias. O que fazer?
Vamos olhar de perto para essas produções? Entendo que (reafirmando as palavras de Elizabeth Marcuschi, no texto "Como escrever as memórias do outro, revelando toda sua singularidade?") na maioria dos casos, as dificuldades apresentadas nos textos estejam voltadas a três aspectos: 1) uma apresentação muito vasta de dados, tornando o texto um grande apanhado de lembranças pessoais, muitas vezes desde a infância do entrevistado até os dias atuais, sem o devido cuidado com a produção escrita em primeira pessoa; 2) Uma presença densa de fatos sem a articulação com o lugar onde se viveu e vive o sujeito, ou seja, sem o foco no passado da localidade (e, portanto, longe da temática proposta pela Olimpíada); e 3) uma escolha/seleção de dados, em função de um foco significativo, mas sem o ”toque literário” característico do gênero, isto é, sem o entrelaçamento realidade/ficção e o uso da linguagem literária.
Bem, diante de cenários como esses, penso que um caminho para promover a ”transformação”, como você ressaltou, seja retomar os exemplos presentes no Caderno do Professor, relendo-os com os alunos, a fim de evidenciar quais as diferenças entre os textos ali apresentados e os inicialmente escritos pela turma. Esse olhar bem ajustado deverá provocar o levantamento de hipóteses próximas às que apresentei anteriormente, despertando-os e até gerando certo desconforto; isso poderá levá-los a novos e mais consistentes encontros com o gênero.
De todo modo, serão as vivências dos alunos nas diferentes oficinas propostas pela Olimpíada que deverão ”alimentar” esse efeito analítico, ou seja, um olhar mais criterioso para o texto e os modos de produzir o gênero em questão.
Seguindo esse caminho, sugiro que você convide toda a turma para um passeio ao porão da casa de dona Edite, a fim de ajudá-la a recuperar suas memórias. Eis uma oportunidade incrível! Uma atividade lúdica, muito interessante e amplamente reveladora, apresentada por meio do jogo "Casarão bravo", presente no Caderno Virtual "Se bem me lembro…". Ele é composto por três etapas que certamente virão ao encontro de grandes descobertas por parte de seus alunos, pois foram pensadas para o trabalho de leitura e compreensão, uso da linguagem literária e progressão textual.
Então, para terminar, deixo o convite (com doses generosas de entusiasmo) para que você confira as novidades do Caderno Virtual "Se bem me lembro…" e acesse textos, áudios, vídeos e o jogo ”Casarão bravo”.
Mais uma vez, obrigada pelo envio da sua pergunta e muito sucesso!
Um abraço e até já,
Olímpia
Volta às aulas: a importância do planejamento docente
gestos didáticos, planejamento de aula, sequência didática, planejamento docente
Poemas de Luiz Gama
poesia, poema, Luiz Gama, texto literário
Campanha: atualize seus dados de raça/cor no cadastro do Portal
Na Ponta do Lápis: revista chega ao número 40 com edição especial sobre culturas indígenas
literatura indígena, educação para as relações étnico-raciais, revista NPL, línguas indígenas, formação docente
Ninguém comentou ainda, seja o primeiro!
Ver mais comentáriosOlá, visitante. Para fazer comentários e respondê-los você precisa estar autenticado.