Lendo mulheres: a literatura de autoria feminina nas salas de aula
literatura de autoria feminina, formação leitora, literaturas e identidades, ensino de literatura
Olá, Olímpia,
Sou Elizandra, professora de Santa Catarina. Depois de muito tempo fora, voltei novamente a ser professora de Português e tenho muitas dificuldades, principalmente com minhas turmas que conversam muito. Outra grande dificuldade, e que é a minha maior preocupação, é uma turma de 1° ano do Ensino Médio, onde eles são completamente desmotivados, não só em ler e escrever, mas em todas as disciplinas. Como pode me ajudar?
Obrigada!
Elizandra Ferão
Professora Olímpia,
Meu nome é Carmen, sou professora de Língua Portuguesa de uma escola aqui do Vale do Aço, em Minas Gerais. Leciono para alunos do 1º ano do Ensino Médio, com idades de 14 e 16 anos. Quando se fala em ler, a reação de muitos deles costuma ser de repúdio e descaso, os alunos associam os livros a tarefas repetitivas e maçantes. Eles são carentes, são de uma situação de vulnerabilidade social muito grande. Eles têm sérios problemas no aprendizado da leitura. Como motivar esses alunos? Como facilitar a leitura? Quais os passos que permitem chegar à compreensão e interpretação de textos? Quais os tipos de informação o aluno precisa utilizar para compreender, e como atua a memória durante a leitura?
Att,
Carmen Medeiros
Caras professoras Elizandra e Carmen,
As mensagens de vocês, certamente, representam o que tenho escutado nos encontros de formação com educadores de Ensino Médio, espalhados pelo Brasil: a preocupação com a ausência de motivação dos alunos para aprender. Se, por um lado, essa questão é recorrente, por outro, penso não ser tão comum a efetiva discussão sobre os aspectos que cercam o processo de ensino-aprendizagem e que respondem pela possibilidade de o estudante apreender (ou não) os conhecimentos ensinados na escola.
Há vários pontos a serem considerados, mas procurarei enfatizar a relação estabelecida entre o aluno, o conteúdo a ser ensinado e o professor. Explico melhor: ao tomarmos a ausência de motivação como um dos elementos que pode justificar as dificuldades dos estudantes do 1º ano do Ensino Médio (com os quais vocês duas trabalham), é imprescindível refletirmos sobre a natureza social do processo de aprendizagem, visto como resultado tanto do envolvimento dos alunos em relação às propostas, quanto das formas pelos quais o conhecimento é construído, na sala de aula, pela mediação do professor.
Em outras palavras, quando pensamos na necessidade de mobilizar nossos alunos para a aprendizagem, precisamos ter clareza de que está em jogo uma relação contínua entre a curiosidade, atenção, interesse, persistência e concentração próprias de cada sujeito e as formas pelas quais o conteúdo é apresentado, discutido e problematizado, considerando diferentes caminhos e modos de apropriação do conhecimento.
Entendo que a motivação não pode ser pensada simplesmente por um “lado da moeda”, ou seja, pela falta de “investimento reflexivo” por parte do aluno, mas deve contemplar a articulação com o que e como o professor investe na aprendizagem do estudante. Assim, de um lado, temos o aluno e os modos de participação de cada um diante do ensino de um gênero discursivo, por exemplo; de outro, evidencia-se a figura do professor, que deve planejar seu fazer, de modo consistente, a partir de um diagnóstico da turma, com vistas a dar lugar e voz a essas distintas formas de se aprender, pensando em recursos, estratégias e dinâmicas que promovam o vínculo entre sujeitos e o conhecimento atrelado a esse gênero que se almeja ensinar.
Pensando dessa forma, quando planejamos o trabalho de leitura (foco maior de preocupação da profª. Carmen), com o objetivo de favorecer “a compreensão e interpretação de textos”, necessariamente deve entrar em cena a consideração pelos multiletramentos, rompendo o limite da leitura do impresso e de formas de dizer de prestígio, para promovermos o efetivo aprendizado pela valorização da cultura local, o que, certamente, mobilizará e motivará os alunos!
Agora, finalizo nossa prosa, deixando-as na companhia de textos mais aprofundados sobre motivação, acompanhados por “indicações olímpicas”, que poderão iluminar percursos e modos de fazer:
- “Pelos caminhos do aprendizado”, profª. Vanicléia de Oliveira Sousa Rebelo;
- “O exílio onde eu vivo”, profº. Otávio Henrique Rodrigues Meloni.
Muito obrigada pelo envio das perguntas!
Sucesso, um abraço e até já,
Olímpia
Lendo mulheres: a literatura de autoria feminina nas salas de aula
literatura de autoria feminina, formação leitora, literaturas e identidades, ensino de literatura
Poemas de Luiz Gama
poema, poesia, texto literário, Luiz Gama
Campanha: atualize seus dados de raça/cor no cadastro do Portal
Na Ponta do Lápis: revista chega ao número 40 com edição especial sobre culturas indígenas
formação docente, línguas indígenas, educação para as relações étnico-raciais, revista NPL, literatura indígena
Ninguém comentou ainda, seja o primeiro!
Ver mais comentáriosOlá, visitante. Para fazer comentários e respondê-los você precisa estar autenticado.