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Motivação: os dois lados da moeda

Portal Escrevendo o futuro

02 de agosto de 2023

Motivação: os dois lados da moeda

Motivação: os dois lados da moeda

Olá, Olímpia,

Sou Elizandra, professora de Santa Catarina. Depois de muito tempo fora, voltei novamente a ser professora de Português e tenho muitas dificuldades, principalmente com minhas turmas que conversam muito. Outra grande dificuldade, e que é a minha maior preocupação, é uma turma de 1° ano do Ensino Médio, onde eles são completamente desmotivados, não só em ler e escrever, mas em todas as disciplinas. Como pode me ajudar?

Obrigada!

Elizandra Ferão

Professora Olímpia,

Meu nome é Carmen, sou professora de Língua Portuguesa de uma escola aqui do Vale do Aço, em Minas Gerais. Leciono para alunos do 1º ano do Ensino Médio, com idades de 14 e 16 anos. Quando se fala em ler, a reação de muitos deles costuma ser de repúdio e descaso, os alunos associam os livros a tarefas repetitivas e maçantes. Eles são carentes, são de uma situação de vulnerabilidade social muito grande. Eles têm sérios problemas no aprendizado da leitura. Como motivar esses alunos? Como facilitar a leitura? Quais os passos que permitem chegar à compreensão e interpretação de textos? Quais os tipos de informação o aluno precisa utilizar para compreender, e como atua a memória durante a leitura?

Att,

Carmen Medeiros    

Caras professoras Elizandra e Carmen,

As mensagens de vocês, certamente, representam o que tenho escutado nos encontros de formação com educadores de Ensino Médio, espalhados pelo Brasil: a preocupação com a ausência de motivação dos alunos para aprender. Se, por um lado, essa questão é recorrente, por outro, penso não ser tão comum a efetiva discussão sobre os aspectos que cercam o processo de ensino-aprendizagem e que respondem pela possibilidade de o estudante apreender (ou não) os conhecimentos ensinados na escola.

Há vários pontos a serem considerados, mas procurarei enfatizar a relação estabelecida entre o aluno, o conteúdo a ser ensinado e o professor. Explico melhor: ao tomarmos a ausência de motivação como um dos elementos que pode justificar as dificuldades dos estudantes do 1º ano do Ensino Médio (com os quais vocês duas trabalham), é imprescindível refletirmos sobre a natureza social do processo de aprendizagem, visto como resultado tanto do envolvimento dos alunos em relação às propostas, quanto das formas pelos quais o conhecimento é construído, na sala de aula, pela mediação do professor.

Em outras palavras, quando pensamos na necessidade de mobilizar nossos alunos para a aprendizagem, precisamos ter clareza de que está em jogo uma relação contínua entre a curiosidade, atenção, interesse, persistência e concentração próprias de cada sujeito e as formas pelas quais o conteúdo é apresentado, discutido e problematizado, considerando diferentes caminhos e modos de apropriação do conhecimento.

Entendo que a motivação não pode ser pensada simplesmente por um “lado da moeda”, ou seja, pela falta de “investimento reflexivo” por parte do aluno, mas deve contemplar a articulação com o que e como o professor investe na aprendizagem do estudante. Assim, de um lado, temos o aluno e os modos de participação de cada um diante do ensino de um gênero discursivo, por exemplo; de outro, evidencia-se a figura do professor, que deve planejar seu fazer, de modo consistente, a partir de um diagnóstico da turma, com vistas a dar lugar e voz a essas distintas formas de se aprender, pensando em recursos, estratégias e dinâmicas que promovam o vínculo entre sujeitos e o conhecimento atrelado a esse gênero que se almeja ensinar.

Pensando dessa forma, quando planejamos o trabalho de leitura (foco maior de preocupação da profª. Carmen), com o objetivo de favorecer “a compreensão e interpretação de textos”, necessariamente deve entrar em cena a consideração pelos multiletramentos, rompendo o limite da leitura do impresso e de formas de dizer de prestígio, para promovermos o efetivo aprendizado pela valorização da cultura local, o que, certamente, mobilizará e motivará os alunos!

Agora, finalizo nossa prosa, deixando-as na companhia de textos mais aprofundados sobre motivação, acompanhados por “indicações olímpicas”, que poderão iluminar percursos e modos de fazer:

  1. Revista Educação Temática Digital (UNICAMP), volume 10, 2009. Número Especial: “Motivação”. Entre outras possibilidades, sugiro dois artigos:

    - “Valoração da leitura por professores do Ensino Médio: considerações para a motivação para leitura de estudantes”;

    - “Motivação para aprender em alunos do Ensino Médio”.

  2. Revista Akrópolis (UNIPAR): artigo “Influência da motivação no processo ensino-aprendizagem”.
  3. Episódio da seção “Pérolas da Imaculada”: “Leitor e Literatura: encorajar esse encontro” (vídeo, fórum e bate-papo virtual).
  4. Textos da seção “Pergunte à Olímpia”:

    - Pela efetiva leitura de clássicos no Ensino Médio;

    - Pela efetiva interpretação de textos.

  5. Relato de Prática (para inspirar outros percursos):

    - “Pelos caminhos do aprendizado”, profª. Vanicléia de Oliveira Sousa Rebelo;

    - “O exílio onde eu vivo”, profº. Otávio Henrique Rodrigues Meloni.

  6. Curso virtual “Leitura vai, escrita vem: práticas em sala de aula” (com turmas abertas ao longo do ano).
  7. Curso virtual: “Caminhos da escrita” (ênfase à construção de um projeto, pensado a partir da perspectiva dos multiletramentos. Turmas abertas durante todo o ano).
  8. Vídeo para o trabalho com multiletramentos: canção “Passarinhos” (Emicida e Vanessa da Mata).

Muito obrigada pelo envio das perguntas!

Sucesso, um abraço e até já,

Olímpia

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