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sua prática / sala de professoras

"Nóis pode participá?"

Profª Adriana Teixeira

01 de agosto de 2023

"Nóis pode participá?"

"Nóis pode participá?"

Olá, Olímpia!

Meu nome é Adriana Teixeira, sou professora do 5º ano na Escola Estadual de Capelinha. Tenho um grande problema na sala de aula na hora de produzir um poema: aqui todos falam muito o "coloquial" (NÓIS FOI, LÁ EM RIBA...).

Seria correto utilizar essas falas coloquiais na produção final do texto do gênero poema, para participar das Olimpíadas?

Adriana Teixeira - Capelinha, MG

Cara professora Adriana,


Para o linguista e professor da Universidade Federal do Paraná, Carlos Faraco, é preciso “ter uma atitude positiva, olhar e sentir a variedade linguística como algo positivo”.

Você não imagina a minha alegria ao ler a sua pergunta! Há tempos alimentava a vontade de falar um pouquinho com meus leitores sobre a tão frequente e polêmica diversidade linguística!

Bem longe de querer esgotar o assunto, gostaria de tocar em dois pontos, que julgo essenciais e totalmente articulados: o olhar do professor para as variedades linguísticas e as consequentes práticas de ensino e a relação entre aluno e autoria.

Para pensarmos sobre esses pontos, chamarei a voz do professor Carlos Alberto Faraco, um grande estudioso do assunto. Ele tem defendido a ideia de que precisamos “ter uma atitude positiva, olhar e sentir a variedade linguística como algo positivo”. Isso significa que nós, professores, temos sempre de considerar, em todos os momentos da produção de textos (dentro e fora da situação de concursos, como o da Olimpíada), que a expressão dos alunos é reveladora de sua história, dos modos de dizer de seu grupo social.

Então, quando um aluno escreve um poema utilizando “nóis foi”, um dos exemplos de sua pergunta, ele se mostra como sujeito-autor. Em outras palavras, ele permite que o leitor tenha acesso às marcas que o constituem e o singularizam como sujeito.

Talvez você esteja se perguntando: mas isso vale para qualquer gênero, em qualquer situação de comunicação? Será que devo simplesmente aceitar o modo como o aluno fala e escreve, e não fazer nada?

Veja, a proposta é discutir com os alunos sobre cada gênero estudado, de modo a evidenciar os diferentes níveis de subjetividade próprios de cada um deles. Para facilitar, eis um exemplo: no caso do poema, há total liberdade para os diferentes modos de escrever; aliás, essa é uma grande “aposta” do gênero, ou seja, pelo modo como as informações são escritas, temos pistas importantes para a compreensão do contexto e do texto. Pensando no tema da Olimpíada, “O lugar onde vivo”, há o claro convite para que o aluno possa mostrar-se pela palavra escrita, apresentando no texto formas de dizer que ajudam o leitor a conhecer um pedacinho da cultura, da vida e do modo de expressão do lugar onde vive o aluno-autor.

Vale ainda destacar a ideia de que a expressão culta é sempre um ponto de chegada, o qual todos têm direito a alcançar, sendo esse também foco do nosso trabalho. Porém, para que isso ocorra, como bem lembra Faraco, a escola precisa levar o aluno a refletir sobre modos de falar e escrever, por meio de diferentes gêneros, para que, ao longo da escolaridade, ele possa se apropriar de formas mais cultas de expressão.

Para terminar esse texto, favorecendo a continuidade da reflexão, sugiro uma entrevista e uma palestra do professor Carlos Alberto Faraco:

Entrevista do professor Carlos Alberto Faraco para a revista Na Ponta do Lápis.

Palestra do professor Carlos Alberto Faraco no seminário de 2012, "Português do Brasil: a construção da norma culta e as práticas de ensino".

Obrigada pelo envio da sua pergunta e muito sucesso!

Um abraço e até já,

Olímpia

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