Cara Elisângela,

Tenho certeza de que sua pergunta representa a voz de muitos professores de Ensino Médio que trabalham com artigos de opinião. Afinal, o ensino de tipos de argumento e a correta e bem ajustada relação com elementos articuladores compõem parte essencial desse texto e respondem por boa parcela das dúvidas apresentadas no processo de ensino-aprendizagem desse gênero.

Bem, como sabe, precisamos iniciar esse trabalho, que requer refinado planejamento, pesquisa e acompanhamento, com a avaliação dos saberes dos alunos sobre artigos de opinião, ao lado da realização de leituras, com variados textos do gênero, a fim de favorecer a aproximação/atualização de características, objetivos e temáticas. Nesse caminho, o estudo de notícias também é muito bem-vindo, pois serve como “alimento” de pesquisa e observação do que acontece de significativo (relevância social) na comunidade ou mesmo no município onde está a escola e onde vivem os estudantes.

Acredito muito nesse olhar para as polêmicas da cidade, pois será essencial para a exploração de diversos textos, os quais ajudarão os alunos a investigar diferentes pontos de vista sobre uma mesma questão para, assim, poderem assumir seu particular posicionamento diante de uma polêmica. Aliás, essa é uma marca importante do gênero: anunciar não apenas a “sua voz” e as vozes favoráveis à posição do aluno-autor, mas também as divergentes, as que evidenciam o ”outro lado da moeda”, os contra-argumentos.

No Caderno Virtual “Pontos de Vista”, você encontrará interessantes sugestões de atividades, em forma de oficinas, com a exploração e estudo de notícias, charges e artigos de opinião, visando à localização e articulação de informações necessárias à elaboração do gênero em destaque. Lembre-se: invista no trabalho inicial de análise de cada argumento de forma coletiva e em pequenos grupos, a fim de favorecer a apropriação de conhecimentos por parte de cada aluno. Além disso, procure na sua escola pelo jogo da Olimpíada, voltado exatamente à construção de argumentos, o QP Brasil (Questões Polêmicas do Brasil) e não deixe de utilizá-lo com sua turma! Assista ao vídeo de apresentação desse jogo para conferir objetivos e contribuições.

Vale ainda lembrar que, muitas vezes, os textos desse gênero apresentam poucos argumentos (geralmente, de um ou dois tipos) ou mesmo concentram a atenção em denunciar um problema, sem a preocupação em analisá-lo, com vistas a evidenciar, por diferentes argumentos, a tomada de posição por parte de quem produziu o texto. Essas e outras dificuldades são apresentadas em “Retratos da Amostra: os dois lados da moeda” (que está na publicação “O que nos dizem os textos dos alunos?”), da linguista Ana Luiza Marcondes Garcia, que realizou um estudo dos textos enviados à Olimpíada em 2010. A autora aponta problemas e possíveis caminhos para o trabalho com o gênero artigo de opinião em sala de aula; eis uma valiosa leitura!

Falando agora sobre os conectivos, essas preciosas palavras que muito auxiliam o leitor a entender as relações entre as informações, também chamados de elementos articuladores, tenho duas dicas: a primeira é a oficina 10 do Caderno Virtual, com propostas de análise textual e quadros, voltados para situações de uso desses elementos e exemplos de expressões a serem eleitas a depender do foco pretendido pelo autor; e a segunda dica, o Jogo Virtual Grêmio, que convida os participantes a ”treinar a mira” e analisar enunciados, a fim de completá-los com trechos correspondentes e articuladores, feitos sob medida para a certeira relação de sentido.

Conto com sua leitura atenta dos conteúdos e propostas presentes nos materiais da Olimpíada, assim como com o envolvimento de sua turma nas oficinas e jogos. Estou certa de que esse investimento gerará excelentes resultados, não apenas para práticas de produção de textos, mas para o exercício da cidadania!

Obrigada pelo envio da sua pergunta e muito sucesso!

Um abraço e até já,

Olímpia