Volta às aulas: a importância do planejamento docente
planejamento docente, planejamento de aula, sequência didática, gestos didáticos
Como trabalhar com a Olimpíada em turmas do 5º ano, com alunos ainda não alfabetizados?
Maria José – Ribeira do Pombal, BA
Cara professora Maria José,
Tenho a impressão de que sua pergunta representa a voz de muitos professores espalhados pelo nosso Brasil e, por isso, agradeço pela oportunidade de amplo diálogo!
Bem, pensando no poema, gênero do 5º ano da Olimpíada, entendo que o Caderno Virtual “Poetas da escola” possa contribuir, de modo significativo, para a reflexão de todos os alunos, inclusive os que ainda estão construindo conhecimentos sobre o sistema de escrita. Mas como isso acontece?
Desde o início, precisamos apostar na ideia de queos alunos aprendem uns com os outros e que, portanto, a formação de pequenos grupos, duplas e trios pode favorecer a leitura, discussão e produção escrita de textos. Assim, ao compor o grupo com alunos que apresentam diferentes níveis de conhecimento, todos poderão se beneficiar.
Eis dois exemplos para facilitar nossa conversa: no momento da leitura de poemas para posterior reflexão sobre as características do gênero, o professor poderá distribuir tarefas, de modo que o aluno que ainda não sabe ler acompanhará a leitura do colega, ficando responsável por falar para a turma o que o grupo discutiu. Já em uma oportunidade de produção escrita individual, esse aluno fará o texto, registrando do modo como sabe escrever naquele momento, a fim de que o professor possa trabalhar com a reescrita, em função da leitura do aluno, assim como, em outras ocasiões, assumir o papel de escriba, para que as ideias do estudante possam ser registradas e lidas para toda a turma.
É fundamental que o aluno perceba que há um leitor interessado e empenhado em ler o texto que ele produziu, de forma a evidenciar que a maneira como as palavras são escritas faz parte de como o leitor poderá ou não entender o texto. Assim, ao participar de cada oficina, a reflexão sobre o “que dizer” alia-se ao “como dizer”, e o aluno vai ampliando sua condição de escrever as palavras e produzir textos característicos do gênero.
Pensando especificamente em caminhos para a reflexão sobre o sistema de escrita, sugiro que você comece o trabalho com a leitura de uma estrofe de um poema já conhecido, daqueles que apresentam rimas completas (coincidências entre letras e sons), a fim de que o aluno, em processo de alfabetização, observe a escrita de algumas palavras nas quais há coincidências sonoras e gráficas no final de diferentes versos, e seja levado a voltar ao texto para buscar as relações entre modos de falar e jeitos de escrever (trabalhando, assim, com a consciência fonológica). Siga para o restante do texto e para outros textos. Na sequência, sugira que ele brinque com as palavras que rimam, trocando-as por outras que promovam a construção de novos sentidos, mas que preservem a relação de identidade entre sons e letras. Monte e desmonte poemas, buscando sempre a relação entre palavra e sentido. Explore a riqueza e diversidade das rimas, dos assuntos e dos modos de fazer poesia. Confira outras dicas em um vídeo sobre poemas, da série “Escrevendo na sala de aula”, com especial destaque às cenas em que a professora Regina Clara apresenta estratégias para o trabalho com alunos ainda não alfabetizados, como: a localização de palavras (por volta do tempo de 18 minutos do vídeo) e a criação oral de um texto, com transcrição, revisão e leitura, envolvendo a ajuda de toda a turma e da professora (por volta de 23 minutos).
Obrigada pelo envio da sua pergunta e muito sucesso!
Um abraço e até já,
Olímpia
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