Poemas de Luiz Gama
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Professora quer saber: como despertar o prazer pela leitura com a invasão avassaladora das redes sociais?
O texto desta semana retrata uma questão polêmica bastante pertinente, foco de discussões em muitas escolas, envolvendo professores, gestores, estudantes; enfim, toda a comunidade escolar.
Vamos conferir?
Prezada Olímpia,
Meu nome é Cristiane Freire. Sou de Macaé (RJ) e leciono em turmas de Ensino Médio em colégio estadual. São jovens de várias idades, em média de 16 a 25 anos.
Como despertar o prazer pela leitura com a invasão avassaladora das redes sociais?
Aguardo retorno.
Grata, Cristiane
Como puderam apreciar, estamos diante da “antiga” reflexão sobre o prazer pela leitura e da “recente” questão das redes sociais. Nesse cenário, bem sabemos que uma (ou, talvez, a maior) polêmica gira em torno da preferência dos estudantes pelos conteúdos e assuntos das redes sociais, em detrimento aos conteúdos e assuntos tratados na escola. Mas, afinal, o que pode revelar essa “invasão avassaladora”? Confira abaixo!
Prazer pela leitura
Quando falamos em “prazer pela leitura”, é preciso sempre lembrar que a leitura serve a distintos objetivos, dentre eles, gerar prazer, vontade (insaciável) de apreciar mais e cada vez melhor os mais heterogêneos produtos culturais disponíveis; deixar-se envolver pelo universo literário e, com/por meio (d)ele, melhor compreender cada um e o todo; nós mesmos e o mundo. Mas o fato é que, na escola, essa prática de linguagem está também vinculada ao desenvolvimento de diversas outras habilidades, atreladas ao estudo de diferentes gêneros do discurso, sendo que, especialmente na esfera/campo de atuação artístico-literário, essa leitura de fruição, aliada a experiências estéticas, ganha maior ênfase. Com tudo isso, quero ressaltar o fato de que muitas de nossas propostas não estão guiadas pelo prazer, pelo deleite, mas são igualmente importantes, pois promoverão o aprendizado de habilidades de leitura essenciais para a vida dentro e fora da escola. Assim, o prazer pela leitura precisa ser encarado como uma das apostas do trabalho do professor e não a única aposta (dica: assista à entrevista com a professora Vima Lia de Rossi Martin, da USP). Além disso, é preciso considerar que as redes sociais, guardadas as características de cada gênero e suporte de circulação, têm promovido amplo acesso a pessoas, textos e assuntos (incluindo autores e gêneros do universo artístico/literário), antes limitado pela própria desigualdade de “acesso físico” à informação, não é mesmo? Então, será que não vale a pena aliarmos o trabalho de desenvolvimento de habilidades de leitura, incluindo a ideia do “prazer pela leitura”, às potencialidades das redes sociais virtuais? Leia os próximos itens para saber mais!
Textos escritos e multimodais
Professora Cristiane, é inegável que seus estudantes do EM estão lendo muito e, talvez, até mais do que liam antes da web! Sei que você e nossos leitores logo dirão “podem até estar lendo mais, mas só o que interessa e de modo rápido e superficial”. Pode ser que isso seja verdade, mas, então, o que podemos fazer? Entendo que precisamos aproximar nossas aulas das reflexões sobre gêneros “que interessam aos jovens”, explorando o exercício de apreciação estética, ética e crítica, de modo a rompermos o limite não apenas do trabalho com o impresso/escrito – comumente dominante em nossa escola – para alcançarmos os gêneros multimodais, que convocam um passeio por diferentes linguagens, todas elas constitutivas do exercício de construção e atribuição de sentidos aos textos lidos, mas também rompermos os limites do trabalho atrelado apenas a gêneros culturalmente valorizados pela escola, dando “vez e voz” a gêneros valorizados pelos estudantes, próprios de culturas locais.
Encontro colaborativo
Se a internet e o Facebook chamam mais a atenção do que a leitura e a análise de crônicas previamente selecionadas pelo professor, por exemplo, por que não permitir que os jovens acessem o Portal da Crônica Brasileira, selecionem a preferida em cada grupo, em função dos diferentes assuntos lá apresentados, a fim de discutirem, pelo Facebook, contrastes entre textos do mesmo assunto ou, ainda, entre textos do mesmo autor, envolvendo diferentes assuntos? Assim, na sala de aula, o professor com os alunos poderão reunir as vozes da discussão virtual, com o aprofundamento das análises em função da investigação de pontos coincidentes e divergentes, convocando, assim, novos movimentos de apreciação, capazes de gerar sistematizações mais consistentes e densas. Trata-se, portanto, de um convite à convivência: do impresso/escrito com o digital/multimodal; da sala de aula com as redes sociais; dos saberes do professor, imigrante digital, com os saberes dos alunos, nativos digitais.
Há muito o que dizer sobre esse assunto... Então, vamos juntos esticar essa prosa?
Como sempre, ficarei à espera dos comentários de todos!
Bj, obrigada pelo envio da pergunta e até já,
Olímpia
Poemas de Luiz Gama
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