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Em busca da criatividade na produção escrita

Portal Escrevendo o Futuro

04 de agosto de 2023

Em busca da criatividade na produção escrita

Em busca da criatividade na produção escrita

Professora Olímpia conversa sobre o trabalho de produção escrita atrelado à criatividade.

Oi, sou o professor André e trabalho com turmas do último ano do EF. Gostaria de saber como eu poderia inspirar meus alunos à escrita criativa, como contos, por exemplo! A escola ensina tanto a interpretação, as regras gramaticais, mas não incentiva muitas vezes nossos alunos a se verem como possíveis futuros escritores. Uma ajuda para a criatividade!

Um abraço,

André Martins


Caro professor André,

Sua pergunta convoca uma discussão fundamental: a urgência de investirmos em um trabalho de produção escrita atrelado à criatividade.

Concordo com a ideia de que as propostas vinculadas à “interpretação e regras gramaticais”, como você ressalta, dominam, por vezes, as práticas do professor, restando pouco “espaço e tempo para que se invista no potencial criativo dos alunos”. Se analisarmos cenários nos quais o gênero discursivo não é tomado como unidade de ensino, por exemplo, verificaremos uma forte tendência à segmentação no estudo e análise das práticas de linguagem, o que pode contribuir para uma produção escrita desprovida de “passeios literários” mais amplos ou mesmo de recursos linguístico-discursivos mais aderentes ao gênero, como nos contos, citados por você.

Parece-me indispensável pensarmos juntos sobre a criatividade, começando pelos sentidos atribuídos a ela na escola. Dentre algumas possibilidades, ficarei com duas, que permitirão um contraste interessante para nossa reflexão.

Um primeiro sentido, cotidianamente atribuído ao termo criatividade, relaciona-se ao ato de criar algo inédito, “fabuloso”, fruto da invenção do autor de um texto, em um “momento mágico”, de pura inspiração; “um dom para poucos”. Já em um segundo sentido, a criatividade está vinculada a um processo de construção de conhecimentos, visando à ressignificação; um novo arranjo de “já ditos”, ou seja, uma construção que demanda do autor uma nova forma de relacionar informações, leituras e textos já explorados, produzindo efeitos de sentido singulares.

Entendo que, ao levar para a sala de aula a noção de criatividade, tal qual prevista no primeiro sentido, o professor terá dificuldades para encontrar textos criativos, pois se trata de algo raro, que escapa à ação docente, sendo foco apenas de constatação. Fazendo o contraponto, se a criatividade for entendida como uma apropriação de algo já dito, somado ao exercício de uma composição “autoral”, que promova uma ressignificação, com formas próprias de apresentar e/ou “manejar a língua”, o professor terá a condição de apreciação de textos criativos na escola.

Estou tentando enfatizar o fato de que a criatividade exige a condição de colocar em cena todo o conhecimento já construído pelo sujeito, quer em relação ao tema, quer ao assunto, quer aos recursos textuais, discursivos e linguísticos aderentes a um determinado gênero. Coloca-se em evidência a possibilidade de o sujeito ativar conhecimentos já internalizados, empregando recursos que mobilizam o leitor, que o envolvam na “teia de sentidos” construída por cada autor. E tudo isso depende da larga atuação docente!

Bem, ainda que se entenda a noção de criatividade distante de um “dom”, resta-nos refletir sobre como o professor pode trabalhar em sala de aula, visando à produção de textos criativos. Nessa direção, entendo que há alguns elementos-chave. Entre eles, quero destacar:

  • alimentação temática = é lugar comum a afirmação de que “não se pode dizer, sem que se saiba o que e como dizer”, não é verdade? Para que nossos alunos possam estabelecer relações interdiscursivas e intertextuais, compondo dizeres criativos, precisamos investir, com todo fôlego e vigor, no trabalho com diferentes atividades (para além da “cultura do impresso para ser lido”) que possam promover a construção de um repertório favorável à produção;

  • o ensino articulado de práticas de linguagem = comumente, as práticas de leitura são vistas como responsáveis pela presença de um texto criativo. Penso que a leitura é uma das práticas que compõem o nosso trabalho, mas não a única! Assim, ao elegermos um gênero para o ensino, precisamos investir em práticas de leitura, atreladas às de escrita, oralidade e análise linguística, de modo que os alunos possam compreender o quê, para quê, para quem e como escrever. Para tanto, pode-se lançar mão do passo a passo previsto em uma sequência didática, tal qual proposta na Olimpíada;

  • o investimento nas marcas de autoria = como uma nova situação de produção se coloca em evidência, o autor poderá utilizar de todo seu conhecimento para provocar novos efeitos de sentido, tornando seu texto um exemplar único, repleto de modos peculiares de olhar para diversas questões, sejam elas cotidianas, factuais, sejam ligadas ao universo ficcional.

É chegada a hora de terminar nossa conversa... Bem sei que não esgotei o assunto, mas deixarei você e os leitores em ótima “companhia”, certa de que ela poderá inspirar “práticas criativas”:

1. Portal Escrevendo o Futuro

2. Plataforma do Letramento – trabalho com gêneros discursivos

3. MEC

4. Textos sobre autoria e criatividade


Estou à disposição para continuarmos essa prosa, combinado?

Bj carinhoso, obrigada e até já,

Olímpia

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