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sua prática / sala de professoras

Mais uma prosa sobre projetos

Portal Escrevendo o futuro

01 de agosto de 2023

Mais uma prosa sobre projetos

Mais uma prosa sobre projetos

Querida professora,

Sou de Quixeramobim (CE) e leciono português na Escola Estadual Cel. Humberto Bezerra. Encontro-me aflita com a falta de interesse dos nossos alunos pela leitura e escrita. A nossa escola já trabalha com projetos variados. Em pesquisa feita no multimeios, eles não se interessam por leituras “clássicas”, por isso, a escola criou projetos na compra de livros que viessem ao encontro dos gostos de leitura dos alunos. Queria aproveitar a ideia desses livros e trabalhar projetos direcionados a isso. Poderia me dar dicas para eu desenvolver algo nesse sentido?

Evaneilha Silva Saldanha Holanda

Cara professora Evaneilha,

No contato com a sua pergunta, comecei a pensar no constante interesse dos professores pela discussão sobre o trabalho com a leitura e escrita, muitas vezes com grande ênfase à questão das práticas de leitura como uma recorrente dificuldade, seja no planejamento das ações docentes, seja na (frágil) relação dos alunos com essa prática.

Como você e os demais “leitores-autores” dessa seção já devem ter notado, venho escrevendo variados textos mais voltados a estratégias, dinâmicas e sugestões para favorecer a ampliação de conhecimentos dos alunos como sujeitos leitores. Embora já esteja bastante clara a ideia de que as práticas de linguagem devam ser sempre “tratadas” de maneira integrada nas propostas em sala de aula, entendo a necessidade de falar, em alguns momentos, mais da leitura e, em outros, mais da escrita, como forma de “dar luz” a alguns aspectos específicos envolvidos na construção de conhecimentos, por parte de nossos alunos, sobre o ler e o escrever.  

Pensando nisso, gostaria de firmar um “combinado”: minha resposta deverá ser lida no plural, ou seja, pelo diálogo estabelecido com todos os textos dessa seção que têm o trabalho com a leitura em projetos e sequências didáticas como foco, a fim de que eu possa “prosear”, dessa vez, sobre práticas mais atreladas à produção escrita. Assim, (re)lendo o conjunto de respostas mais vinculadas à leitura e procurando estabelecer pontes de significação com esse texto, acredito que poderemos chegar a uma conversa bem afinada e ajustada aos seus interesses e necessidades!

Bem, então, tomando a produção escrita como centro de negociação de ideias, penso ser essencial chamar a atenção para a relação entre as obras escolhidas pelos estudantes e o trabalho com práticas de (re)escrita.

Como você tem um cenário que me parece bastante favorável ao trabalho, contando com livros vinculados intimamente aos interesses dos estudantes, acredito que o primeiro passo para o “desenho” de seu projeto seja promover o agrupamento de obras que possam se articular de alguma forma; seja pelo gênero comum (ou “gêneros irmãos”, que apresentam similares formas de organização das informações, com um mesmo tipo de texto predominante, mesma esfera de circulação, por exemplo), seja por um tema (que promova o encontro de diferentes assuntos tratados nas obras). Isso significa dizer que você deverá ler e conhecer bem esses livros, certo? Desse modo, como um dos efeitos dessa leitura prévia estará o planejamento do projeto e das conversas com cada turma, de forma que os alunos possam dizer o que motivou a escolha/preferência pela obra (ou mesmo pelo gênero, caso não tenham indicado títulos) e quais relações conseguem, no início, estabelecer com autores, vídeos, livros, peças de teatro, filmes, entrevistas, entre tantos outros gêneros que poderão ser “convocados” para a reflexão.

A ideia de poder contar com esse agrupamento “bem certeiro” e falas iniciais é fascinante, pois certamente todo o grupo terá “o que dizer”, e isso será valioso para todo o processo, em diferentes momentos: desde a leitura de sinopses e rodas de discussão sobre possíveis caminhos reflexivos pensados pelos autores, passando pela solicitação de uma produção inicial, seguida da exploração e análise de diferentes obras, em função da leitura desses primeiros escritos dos alunos, chegando a propostas de reescrita e discussão de formas de publicação das produções finais, destacando variadas mídias e públicos.

Nesse percurso, valerá muito a pena seguir primorosas sugestões de Joaquim Dolz quando, neste ano, no Seminário Internacional Escrevendo o Futuro, ressaltou a necessidade de se praticar a escrita em projetos, lembrando sempre que escrever é reescrever e, nessa medida, todos os nossos escritos são intermediários e convocam movimentos, passos distintos, como a produção de textos (também apresentada em nossos Cadernos Virtuais) e a discussão sobre “avanços e obstáculos”, elegendo alguns obstáculos para o trabalho com toda a turma. Ainda, segundo o pesquisador, o trabalho com a reescrita não deve buscar a pureza, mas as regularidades do texto.

Assim, se suas ações, no decorrer do projeto, favorecerem esse olhar analítico para as produções, elegendo pontos de destaque, diálogos constantes com os alunos sobre os escritos próprios/de cada um e alheios/de outros alunos da turma (com propostas que combinam a autoavaliação e a avaliação coletiva), com vistas à apropriação das regularidades do gênero, estaremos diante de um cenário promissor para a aprendizagem, não é mesmo?

Bem, agora, deixarei você (e nossos leitores) na companhia de outras vozes, que poderão compor essa conversa de modo bem significativo:

Obrigada pelo envio de sua pergunta, um abraço e até já,

Olímpia

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