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Como trabalhar os gêneros com poucos recursos (e poucos textos)

Olímpia

01 de agosto de 2023

Como trabalhar os gêneros com poucos recursos (e poucos textos)

Como trabalhar os gêneros com poucos recursos (e poucos textos)


Tenho grande dificuldade em trabalhar com meus alunos a questão da leitura de gêneros textuais. Gostaria que encaminhasse alguns textos, até mesmo algumas referências metodológicas, com as quais posso transformar as minhas aulas. Relato que a minha região é muito pobre e há falta de recursos informativos. Deixo claro que a maioria dos alunos são carentes e da zona rural, onde a própria família não é alfabetizada.

Aguardo uma resposta.

Atenciosamente,

Gildasio

Caro professor Gildasio,

Que alegria iniciar nossa seção “Pergunte à Olímpia” com o seu texto e a possibilidade de conversarmos sobre o trabalho de leitura.

Pelo que você comentou, sua escola não é diferente de muitas que já conheci, e sua realidade ”fala comigo bem de perto”, como se eu pudesse ouvir novamente as falas de professores que vivem situações parecidas...

Bem, sobre sua questão, entendo que temos de pensar em, pelo menos, doispontos-chave: 1. o compromisso da escola com a formação de leitores e 2. o que significa leitura e aprender/ensinar a ler.

Em relação ao primeiro ponto-chave, precisamos relembrar o papel fundamental da escola, enquanto espaço privilegiado de conhecimento, letramento e (in)formação, muitas vezes exclusivo para a reflexão sobre a leitura e a escrita. Falando sobre letramento, vamos esclarecer essa noção?

Segundo Magda Soares (2001, p.39), uma das principais especialistas brasileiras no assunto, o letramento é o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais. Como sabemos, é apenas na escola que muitos alunos têm a oportunidade de vivenciar situações de uso da leitura e da escrita, aprendendo a selecionar o gênero de acordo com cada situação, não é mesmo? Pois bem; ao assumirmos o compromisso com esse trabalho, precisamos conhecer o perfil de letramento de nossos alunos (o que sabem sobre as práticas de leitura e escrita), a fim de elegermos situações que possam ampliar o repertório de conhecimento de cada um deles, pensando nos textos que circulam socialmente, dentro e fora da escola.

Destacando a leitura, poderemos planejar momentos em nossa rotina diária,com base em diferentes gêneros e objetivos. Assim, contribuiremos para a apresentação de uma variedade de textos, os quais farão parte do conhecimento de cada aluno como leitor e poderão ser escolhidos e utilizados de acordo com o interesse e a necessidade de cada sujeito, ao longo da vida. Afinal, lemos na escola para a vida, certo?

Pensando nisso, chegamos ao segundo ponto-chave de nossa conversa: o que significa leitura e aprender/ensinar a ler. Em diferentes publicações, inclusive no documento Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa (Brasil, 1997), encontramos a noção de leitura ligada a uma atividade social de construção de sentidos. Assim, a formação do aluno como leitor envolve um longo processo, guiado pelo ensino de diferentes capacidades de leitura para que ele, de fato, possa atribuir sentido aos textos.

Dessa forma, entendo que o foco do seu trabalho seja o ensino dessas capacidades de leitura, a começar pelas básicas (de decodificação). Para deixar mais clara essa questão, sugiro a leitura de um texto, chamado Letramento e capacidades de leitura para a cidadania, da autora Roxane Rojo, disponível na internet pelo endereço eletrônico http://deleste2.edunet.sp.gov.br/htpc2012/pc1_letramento.pdf. Nele, a autora defende a ideia de que a formação do leitor está vinculada a diferentes capacidades, a depender do gênero a ser lido, sendo elas: capacidades de decodificação, de compreensão e de interpretação/interação, que são utilizadas em diferentes momentos (antes, durante e depois de ler).

Como você vê, Gildasio, ensinar a ler é uma tarefa e tanto! Um compromisso de todos os professores, de todas as disciplinas, em todos os segmentos, desde a Educação Infantil, quando os pequenos já apresentam muitos comportamentos relacionados à leitura, sem, no entanto, serem capazes de decifrar o que os sinais, que se confundem com desenhos, significam, como bem apontado no texto Algumas reflexões sobre a formação de leitores, da autora Maria Zélia Versiani Machado, publicado na Revista da Olimpíada, Na Ponta do Lápis, no. 22, de agosto de 2013.

Então, para ajudarmos nesse longo percurso, precisamos aproveitar o acervo de livros da escola e o acesso a textos virtuais (mesmo que restritos), as histórias orais da comunidade da zona rural que podem: ajudar a contar a história do lugar e da vida dos moradores; levar os alunos ao mundo da fantasia, magia e suspense; ensinar receitas culinárias e instruções voltadas a atividades de trabalho... Enfim, textos orais que podem ser registrados por escrito e, assim, serem lidos para estudo e preservação dos saberes da comunidade.

Obrigada pelo envio de sua pergunta, um abraço e até já,

Olímpia

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