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sua prática / sala de professoras

Quando romancear promove encontros

Portal Escrevendo o Futuro

01 de agosto de 2023

Quando romancear promove encontros

Quando romancear promove encontros

Oi Olímpia!

Sou professora da rede estadual do RJ e trabalho com turmas de 9º ano do ensino regular. Também sou apaixonada pelas palavras e AMO ensinar português, mas me vejo às voltas para despertar nos meus alunos o interesse pela leitura e pelo estudo do romance – gênero que compõe o conteúdo do 3º e 4º bimestres do Currículo Mínimo da rede.

Sabemos que o romance é um gênero longo, que exige uma leitura mais apurada. O problema é que tenho turmas grandes, uma delas com 38 alunos... Além disso, a biblioteca da escola tem muitos títulos, mas não em quantidade, o que às vezes dificulta a exploração de um texto-base... É uma realidade bem difícil!

Você teria alguma proposta com esse foco, que já tenha experimentado e que possa sugerir para um trabalho mais significativo e interessante com esse público?

Destaco que a maioria dos meus alunos é da zona rural do município de Teresópolis. Muitos não têm acesso à internet em casa e a maioria não tem o hábitode ler obras literárias fora das "obrigações" da escola.

Já realizei várias atividades bem-sucedidas, mas tenho pensado em algo arrebatador, que torne a experiência deles única com o texto literário... Será que é utopia? (rs)

Um abç e obrigada pelo contato!

Eveline

Cara Eveline,

Sua pergunta caiu como uma luva nessa volta das férias!

Sei que muitos professores ainda estão aproveitando o período de descanso, mas também sei que, em breve, tudo começará outra vez…

E foi pensando justamente no recomeço – de vocês e meu – que imaginei ser mais inspirador reiniciarmos nossa seção “Pergunte à Olímpia” falando sobre romance, um gênero que, como você bem sinalizou, convoca desafios importantes para a vida de nossos jovens leitores.

Afinal, nossa paixão pelas palavras tem lugar garantido nos romances que, ao mesmo tempo, convidam e envolvem o leitor no universo de vozes, olhares, fatos e relações…E como é bom ler um romance nas férias, não é mesmo? Uma deliciosa viagem para a total fuga da rotina escolar…

Mas, voltando aos nossos alunos, como despertar e cultivar esse passeio singular pelas palavras, fazendo-os apreciar o gosto bom da leitura?

Bem, Eveline, como você pediu que eu pensasse em práticas já vivenciadas por mim, revirei o baú e me lembrei de uma proposta bem interessante que favoreceu a aproximação de meus alunos com a leitura. Não sei se essa experiência poderia ser chamada de arrebatadora e única, como você solicitou, mas certamente motivou-os a querer e gostar de ler.

Foi um trabalho realizado em três etapas: na época, escolhi um livro, que até já comentei brevemente em uma resposta no ano passado, chamado Como um Romance, de Daniel Pennac (editora Rocco, 1993). Em linhas gerais, para contextualizar um pouquinho a obra para você, o autor procura problematizar as relações de jovens com a leitura, marcadas principalmente por desencontros e desinteresse, a fim de mostrar formas de promover relações mais estreitas, produtivas e afetivas desses sujeitos com o livro.

Sugiro, em uma primeira etapa, que você leia esse livro sozinha, assim como eu fiz, fora da sala de aula, a fim de ”conversar” com o autor e eleger fragmentos que falem bem de perto com seus alunos (certamente, terão vários!).

Na sequência, como uma segunda etapa, eu levava o livro para a escola e começava a ler um ou dois desses trechos por aula, após anunciar: ”está aberta a discussão sobre leitura”. Vale observar as reações dos alunos (eles tendem a se identificar com os escritos) e provocar uma reflexão que os faça investigar o porquê dessa identificação e o que isso revela sobre a trajetória de cada um como leitor. Sugiro que você faça isso por algumas aulas, pois o interesse e envolvimento, pelo menos em minhas vivências, eram intensos!

Para finalizar esse trabalho que, na realidade, é uma janela, um passo inicial para a leitura de um romance, eu levava meus alunos à biblioteca da escola e solicitava que, em grupos, escolhessem um dos romances ali presentes. Então, voltava à sala para duas ações: breves justificativas de cada grupo para a indicação da obra e uma votação, em função da lista de candidatos, para elegermos qual seria o exemplar lido em sala.

Finalmente, estipulávamos qual o momento da aula para a nossa roda de leitura, quando iríamos começar (pois, é claro, eu precisava ler antes, caso não conhecesse a obra) e, no dia e horário marcados, eu começava a ler o livro escolhido por e para eles.

Com o tempo, esse momento da roda foi ficando cada vez mais (ex)intenso, assim como a participação e o interesse deles em ler e querer saber mais sobre a história.

Pronto! Eis uma ideia simples, mas que sempre rendeu bastante! Bem, antes de terminar, gostaria de deixar algumas provocações: você reparou que o livro que indiquei chama-se Como um Romance? Porque será que tem esse nome e qual a relação entre essa obra e o gênero romance?

Bem, deixarei essas respostas para você e seus alunos! Divirtam-se!

Obrigada pelo envio da pergunta, um abraço e até já,

Olímpia

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