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sua prática / sala de professoras

Para melhor ler e escrever!

Portal Escrevendo o futuro

01 de agosto de 2023

Para melhor ler e escrever!

Para melhor ler e escrever!

Meu nome é Notheburga Luiza Oliveira Alves, moro na cidade de São Pedro (SP) e trabalho com alunos do 6º ao 8º ano.

O primeiro problema que encontro é que meus alunos não entendem o que leem, então sentem dificuldade em interpretar para poder produzir um texto. Procuro fazer da seguinte maneira: dou um texto e peço que escrevam o que entenderam, parágrafo por parágrafo, achando que assim os ajudo a compreender e interpretar melhor. Mesmo assim eles têm dificuldades na escrita.

Com a turma de 6º ano, estou trabalhando contos, o que não é tão difícil. Já no 7º ano estou trabalhando relato, e quando peço para fazerem um relato de experiência, digo para que se lembrem de histórias já conhecidas, seja de casa, passeios, viagens, ou mesmo aqui da escola, mas eles se recusam porque dizem não se recordar de nada. Na turma de 8º ano estou desenvolvendo um trabalho com romance, e eles devem dar continuidade à história relatada no livro, construindo um novo final. Alguns não escrevem nada, outros pouco mais que um parágrafo e outros fogem da proposta e escrevem o que entendem sobre o que é um romance, mesmo depois de minha explicação.

Agora pergunto: como posso ajudá-los a melhorar? Já sugeri expormos nossos textos no mural da sala para que a turma da tarde leia, mas nem isso os incentiva. Quais práticas ou exercícios eu poderia trabalhar para que possam criar com mais desenvoltura?

Aguardo seu retorno o mais breve possível.

Cara professora Notheburga,

Percebo que você tem um grande desafio pela frente, no trabalho com turmas de diferentes anos, que apresentam dificuldades vinculadas às práticas de leitura, compreensão e produção escrita. Agradeço por sua mensagem detalhada, pois assim poderei falar um pouquinho de cada situação, a fim de oferecer sugestões bem aderentes à realidade vivida por você!

Vou traçar um percurso pelo que entendo ser uma base comum, ou seja, informações que poderão ser utilizadas em todas as suas turmas, considerando variados gêneros do discurso. Afinal, quando pensamos nas práticas de leitura e escrita, independente do gênero em destaque, temos de ter em mente que trabalhamos para compor um repertório de conhecimentos que favoreça um caminhar mais reflexivo e significativo, por parte de nossos alunos, não é mesmo? Nessa direção, concordo quando você afirma que “só podemos escrever o que sabemos”! Entendo que ao lado dessa prática já realizada por você, de leitura de vários exemplares de um determinado gênero, considerando vivências dentro e fora da escola, para favorecer a compreensão e produção escrita, talvez tenhamos de também considerar os modos de participação dos alunos nessas situações e o quanto, de fato, eles conseguem internalizar conhecimentos. 

Explico melhor: a simples presença de materiais escritos que contenham o gênero e de leituras realizadas em diferentes contextos podem não ser suficientes para o efetivo exercício reflexivo do aluno, visando a práticas de produção. Isso porque o trabalho com a leitura precisa promover encontros, ou seja, precisa favorecer o rememorar de situações nas quais o gênero já tenha sido lido, ouvido, assistido, ao lado de uma ação, que deve ser vivida na escola, direcionada ao trabalho com as estratégias de leitura vinculadas a esse gênero. Assim, por exemplo, se estamos falando de contos no 6o ano, precisamos partir do conhecimento prévio dos alunos (fazendo uma roda de conversa para ativação dos saberes da turma sobre o gênero, a situação de produção, os objetivos, que já é uma estratégia de leitura) para fazermos a articulação com momentos de trabalho, em que os alunos possam utilizar outras estratégias, tais como: a antecipação e checagem de hipóteses, a intertextualidade, o trabalho com as diferentes linguagens, as inferências local e global, a comparação de informações. Isso significa que o repertório prévio de conhecimentos poderá ser “colocado em ação” de forma mais efetiva se planejarmos atividades atreladas a formas de investigar e analisar diferentes aspectos do texto lido. É aqui que o papel do professor, como parceiro discursivo privilegiado, pode fazer toda a diferença; concorda?

Ao lado disso tudo, também precisamos apostar na reflexão envolvida na alimentação temática, que promove um passeio por diferentes textos do mesmo gênero, selecionados em função de diversos assuntos, e textos de outros gêneros, possibilitando uma ampliação dos modos de ver e compreender o gênero e as principais questões a ele vinculadas. Novamente um exemplo: ao tomarmos o gênero do 7o ano, relato de experiência vivida, poderemos levar para a sala de aula uma variedade de outros gêneros que tenham como objetivo convidar os alunos a apreciar o movimento de “contar sobre o que se viveu”, como entrevistas, depoimentos ou até mesmo trechos de diários pessoal e de viagem. Esse exercício favorecerá a aproximação com modos de se “relatar” algo vivido, permitindo que os alunos possam relacionar informações e compreender a necessidade de recordar para escrever, sabendo como utilizar cenas do cotidiano para produzir relatos de experiência!

Antes de sugerir algumas dicas que contribuirão para a continuidade de nossa conversa, gostaria de ressaltar mais uma questão. Quando falamos sobre o fundamental trabalho voltado à interpretação de textos, com vistas à produção escrita, precisamos também lembrar que interpretar um texto significa colocar em jogo, pelo menos, duas versões. Dito de outro modo, ao ler, ”conversamos” com o texto, as ilustrações, as personagens, os cenários, as paisagens e os acontecimentos de um romance, por exemplo, como no caso do 8o ano, e vamos construindo uma rede de sentidos que, o tempo todo, dialoga com o que sabemos sobre o gênero, com outros gêneros que retratam o mesmo assunto, filmes, vídeos da internet, programas de TV e rádio... Enfim, os sentidos construídos estão, ao mesmo tempo, dentro e fora do texto, compondo as versões do leitor e do autor que, combinadas, corroboram o exercício pleno da interpretação. E é exatamente a partir do trabalho com esse “encontro de vozes” que a produção terá seu lugar privilegiado, como um dos efeitos do investimento do professor no trabalho com as formas do dizer.

Então, professora, precisamos apostar diariamente na formação de nossos alunos como leitores reflexivos e críticos, cientes de que o caminho é longo e que a produção escrita, aquela de encher os olhos de qualquer educador, é fruto de um constante movimento de idas e vindas, em busca de modos de dizer cada vez mais significativos e, sobretudo, autorais.

Por fim, seguem as dicas já anunciadas: 

Para todos os gêneros:

Para os gêneros atualmente trabalhados em sua sala de aula:

Continue apostando na possibilidade de publicação dos textos dos alunos, pois certamente essa prática promoverá consistentes reflexões, ainda que demandem um tempo maior de investimento no trabalho aqui proposto, certo? Sucesso nesse caminho!

Obrigada pelo envio de sua pergunta, um abraço e até já,


Olímpia

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