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Nova edição da revista Na Ponta do Lápis reúne olhares diversos sobre a 7ª Olimpíada de Língua Portuguesa

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Está no ar a nova edição da revista Na Ponta do Lápis. Reunindo as vozes de diversos participantes da 7ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa, a publicação cria um mosaico de diferentes olhares sobre o concurso, a elaboração dos Relatos de prática e os Encontros de Semifinalistas, que ocorreram de forma remota. Na revista, que pode ser acessada aqui, encontraremos trechos dos 20 Relatos de prática premiados, depoimentos de estudantes participantes nos vários gêneros, além de relatos de formadores dos Encontros de Semifinalistas, de uma avaliadora, uma professora, entre outros. A edição traz ainda trechos da palestra do professor João Wanderley Geraldi, que reflete sobre as diferenças entre relato e relatório. A escritora homenageada em 2021, Geni Guimarães, também está presente com o poema “Arquiteta”.

“Acreditamos que a 7ª edição da Olimpíada foi muito transformadora, tanto para a equipe que a organizou quanto para professores(as) e estudantes. A revista é uma forma de registrar como tudo aconteceu. Em 2021, pela primeira vez o foco do concurso eram os Relatos de prática docente. Queríamos trazer a voz desses(as) professores(as), com seus aprendizados e desafios, que aconteceram em meio à pandemia, com atividades remotas ou híbridas”, diz Giselle Vitor da Rocha, técnica do Programa Escrevendo o Futuro e uma das editoras da publicação.

Camila Prado, que também editou a publicação, conta que a estrutura da revista busca refletir o novo formato que a Olimpíada adotou em 2021: os textos dos(as) participantes estão em primeira pessoa e refletem suas vivências a partir dos diferentes lugares de onde atuaram. “Foi uma construção coletiva, em que os(as) colaboradores(as) buscavam identificar o que foi mais marcante e merecia ser relatado nesse número limitado de páginas.”

Giselle ainda lembra que o próprio concurso precisou lidar com os desafios trazidos pela pandemia, como a necessidade de realizar todas as atividades remotamente. “Estamos falando de uma situação específica da Olimpíada, mas que dialoga com um contexto maior das dificuldades vividas pelos(as) professores(as) da educação pública e os caminhos encontrados por eles(as). Nossa aposta é que mergulhar na 7ª edição possa trazer reflexões, ideias e luzes sobre o que aconteceu em todo o Brasil.”

Para Jakeline Pereira Nunes, que atuou como formadora em uma turma de estudantes semifinalistas do gênero Crônica e assina um dos textos da revista, o virtual exige um esforço maior para se conectar com o outro: “cada dia de encontro realizado significava vencer a barreira da distância, nos comunicando por chat escrito, verificando interesses por meio de enquetes e incentivando à perseverança na escrita.” Mas ela ressalta que o formato também pode aumentar a sensação de intimidade, já que todos(as) estavam em seus ambientes familiares. “A atividade de fotografar a janela e criar uma legenda para essa captura de imagem é um exemplo de como podemos nos projetar para o lugar de cada um e vislumbrar como diferentes Brasis podem influenciar escritores em formação”, avalia.

Relatos de prática e de experiência

Além do Relato de prática, que levou Rosiane Paes da Silva à semifinal no gênero Documentário, a professora do Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) 441 Mané Garrincha, em Pau Grande, Magé (RJ), também escreveu um relato sobre sua participação nos Encontros remotos para esta edição da revista. Ela acredita que foram dois momentos importantes para sua vida profissional e que a ajudaram a refletir sobre suas práticas. “No primeiro relato, o foco era o trabalho desenvolvido, já o texto para a revista traz mais as marcas da professora, do amadurecer da profissional que foi se descobrindo nesse percurso”, explica. “Eu não sabia que queria trabalhar com cinema e documentário, hoje sou professora de tecnologia de inovação na escola, coordenadora e tenho um laboratório audiovisual. A experiência suscitou outras práticas que eu não conhecia.”

Margarete Schlatter e Pedro de Moraes Garcez, que desenvolveram a concepção e os materiais orientadores do novo formato da Olimpíada de Língua Portuguesa, também acreditam no papel formador do Relato de prática, como apontado por Rosiane. Para eles, essa escrita permite ao(à) docente refletir sobre seu trabalho, avaliar os caminhos percorridos e as possibilidades de ensino. Mas reconhecem que não é um processo simples, pois os(as) professores(as) já têm de lidar, no seu cotidiano, com diversas questões que vão além do ensino e de questões pedagógicas. “Por outro lado, o Relato de prática valoriza o que o professor faz e permite que ele amplie seus vínculos, crie uma comunidade profissional e tenha novos interlocutores”, diz Margarete.

Para ambos, por meio do Relato de prática, os(as) participantes perceberam que passam pelas mesmas dificuldades, apesar dos contextos diferentes de cada um(a). “Na atividade de formação de professores de que participei, no Encontro de Semifinalistas, isso ficou ainda mais claro: os docentes estavam trabalhando muito, sofrendo para realizar as atividades em meio à pandemia, tentando fazer a diferença, apesar dos desafios... Por meio da troca com seus pares, eles puderam se reconhecer nos outros professores e se sentir menos sozinhos”, conta Pedro.

Margarete também acredita que a circulação dos Relatos de prática produzidos para a Olimpíada tende a consolidar o gênero, que ainda é novo para muitos(as) professores(as). “Em alguns textos vemos um trabalho de reescrita, de elaboração a partir de trocas e conversas, outros ainda estão criando esse percurso”, diz ela, que também acompanhou o trabalho das Comissões Julgadoras. Para Pedro – que assina com Margarete um dos relatos da revista –, redigir o próprio relato sobre sua experiência com a última edição da Olimpíada foi ainda um exercício de coerência, já que propuseram a redação do relato aos(as) professores(as).

Construindo saberes

Maria Coelho Araripe de P. Gomes, professora e doutoranda no Programa de Estudos Comparados em Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo (USP), fez uma leitura crítica dos textos vencedores da 7ª edição. Na revista, ela conta como se reconheceu também na experiência desses(as) docentes. “Os relatos trazem as individualidades de cada um e as especificidades das várias partes do Brasil, mas em conjunto constroem também uma grande narrativa dos professores das escolas públicas brasileiras tentando seguir em frente, apesar das dificuldades estruturais que enfrentam e do contexto pandêmico que se somou a isso”.

Maria ainda destaca a responsabilidade social desses(as) professores(as) em seu ofício: “é a percepção de que, mesmo diante desse cenário, é preciso fazer algo”, diz. “Percebi isso em todos os relatos, assim como a construção de vínculos, o que tem a ver com a ideia de prática amorosa apontada por bell hooks e que trago para o artigo da revista.”

Para ela, o gênero Relato de prática é importante também por convocar o(a) professor(a) a se reconhecer como sujeito e como escritor(a), dimensões de seu trabalho que, muitas vezes, acabam esquecidas no cotidiano. “Muitas vezes, nós professores somos vistos como alguém que só vai transferir o conhecimento, mas o professor é um investigador de sua própria prática. Essa escrita pode ser um exercício de construção de conhecimento e de percepção de si”, acredita.

A curiosidade epistemológica, de que fala Paulo Freire, também estava presente nos relatos: “é a curiosidade pelo saber que vem do professor e vai contagiar o aluno. É o aprender a fazer e aprender a fazer o outro fazer”, explica Maria, citando o caso de Documentário, gênero ainda desconhecido de muitos(as) docentes, que foram estudar para apresentá-lo aos(às) estudantes.

 


 

Clique aqui e acesse a 38ª edição da revista Na Ponta do Lápis.

Confira aqui as demais edições da revista Na Ponta do Lápis.

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