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Formações de professores: diversidade de ações em tempos de ensino remoto

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Na quinta reportagem da série sobre as formações deste ano, acompanhe as ações

desenvolvidas em Sergipe, São Paulo, Tocantins, Rio Grande do Sul e Alagoas

O alinhamento do Programa Escrevendo o Futuro à BNCC e aos currículos estaduais, a motivação para a escrita em diferentes gêneros textuais e a adaptação de atividades escolares para o ensino remoto foram alguns dos temas abordados nas formações regionais de professores do Programa. Na quinta reportagem desta série, conhecemos os caminhos e as ações desenvolvidas em cinco estados com realidades muito distintas. 

Sergipe: artistas regionais falam da motivação para criar

Em Sergipe, a maioria dos professores que participa da formação já conhecia o Programa Escrevendo o Futuro e o docente Antônio Félix de Souza Neto, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), optou por fazer algumas alterações no curso. Além de apresentar os recursos da plataforma e sua abordagem teórica, ele trouxe convidados para falar sobre os gêneros e a motivação para escrever. “Contamos com a participação de um professor da Undime, que desenvolveu uma pesquisa recentemente sobre como motivar os alunos a produzir textos de cada gênero literário”, explica. 

Além disso, as aulas trouxeram depoimentos de contadores de história, autores de documentários e poetas populares renomados na região para ilustrar a proposta. “Buscamos pessoas que produzem os gêneros da Olimpíada, ou algo semelhante a eles. Os artistas falaram sobre sua produção artística e responderam questões como: o que os motiva a fazer seu trabalho? Qual seu estalo inicial para uma obra? Quando começaram e por quê? O que fez com que isso fosse uma prática em sua vida fora da escola?”, conta Antônio. Outro convidado abordou como os gêneros do concurso se alinham à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

No estado, que optou pelo cenário formativo de curta duração, as três aulas foram transmitidas ao vivo, de forma síncrona. “Dessa forma, a interação é maior e podemos responder a todas as dúvidas que surgirem”, conta o docente. Ele explica que as aulas foram transmitidas de um ambiente de formação da Secretaria Estadual de Educação, o que garantiu a estabilidade da internet e o acesso a melhores recursos e equipamentos. Para Antônio, como a formação remota reduz os deslocamentos, permite ampliar o número de participantes. Por outro lado, ainda é um desafio, considerando a falta de equipamentos adequados desses professores, como microfones, câmeras e computadores. 

As aulas, com três horas de duração – e um intervalo que contou com apresentações culturais –, foram divididas entre os gêneros: poesia e memória no primeiro dia, crônica e artigo de opinião no segundo, e documentário no terceiro dia. “Reservamos mais tempo para a aula sobre documentário, porque os professores ainda têm medo de usar os recursos tecnológicos e dificuldade em saber os conceitos por trás desse gênero.” 

Além dos professores de língua portuguesa, participaram da formação as equipes gestoras, os secretários municipais de Educação e os participantes do Programa Residência Pedagógica da UFSE. “O uso das sequências didáticas nesse programa já é um reflexo da influência da Olimpíada. Trazê-los para o curso vai se refletir em sua formação acadêmica”, acredita Antônio. 

 

São Paulo: proposta da Olimpíada alinhada à BNCC e ao currículo estadual

Em São Paulo, a formação foi voltada para os Professores Coordenadores dos Núcleos Pedagógicos (PCNPs) da área de língua portuguesa das 91 Diretorias de Ensino do estado e para os técnicos dos núcleos pedagógicos dos municípios. “Temos um número muito grande de professores nas redes e a melhor forma de chegar até eles é pela formação dos técnicos das secretarias, que têm contato direto com os professores e são multiplicadores. A formação tem um alcance muito maior desta forma”, conta Mara Lúcia David, representante do Consed.

Ela conta que a equipe já tinha experiência com a formação remota, pois as formações no estado sempre seguiram um modelo híbrido – com aula presencial e videoconferência. “A maior mudança, para nós, foi com relação à interação maior trazida pelas ferramentas que utilizamos hoje, o que representa um ganho importante”, diz. Além disso, como as aulas e o encontro ficaram gravados, ela conta que enviou o link do curso para outros formadores, além dos representantes de cada diretoria que estavam inscritos.

O estado optou pelo cenário formativo mais curto, abordando, entre outros temas, o alinhamento da proposta da Olimpíada à BNCC e ao novo currículo estadual de São Paulo. Mara Lúcia conta que, devido à alta rotatividade, é sempre necessário retomar alguns temas: “há PCNPs que estão há dez anos na secretaria e conhecem bem o programa e outros que entraram há pouco tempo e só ouviram falar na Olimpíada, a diversidade é muito grande.” Ela diz que os participantes também estão ansiosos com as dificuldades que o ensino remoto pode trazer para a realização das oficinas com os alunos. “Incentivamos que eles conhecessem os materiais independentemente do concurso, que não esperem a abertura da Olimpíada para se inscrever no portal, acessar os textos e realizar os cursos.”

A formação ainda teve a participação de um coordenador que também é professor e teve seu relato premiado na última edição da Olimpíada: “ele contou que realizou a oficina com sua turma e acabou sendo premiado. Foi importante para mostrar a importância dos materiais na formação. Quem não conhecia o programa, foi apresentado e ainda pode ouvir o depoimento de um vencedor”, avalia Mara Lúcia.

Tocantins: reinvenção em meio a grandes desafios

O Tocantins também optou pelo cenário formativo mais curto, devido às incertezas trazidas pelo contexto de isolamento social. FrancineteCosta Soares Barroso, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO), conta que foi a primeira vez que participou, como formadora, de um curso a distância. “Neste ano atípico de 2020, a pandemia da Covid-19, ironicamente, ensinou o ser humano a readaptar-se. Em meio a tantas perdas, houve o ganho da reinvenção”, diz a docente. Para ela, a desvantagem desse modelo fica por conta da interação e do distanciamento: “estar juntos fisicamente é, indubitavelmente, um grande aprendizado. Entretanto, a aprendizagem oportunizada em ambiente virtual é real e de grande valia”, pondera. 

No estado, a formação contou com mais de 100 docentes inscritos, superando o número de vagas. “Devido a problemas de conexão, possivelmente, aproximadamente, 90 professores tiveram participação efetiva”, diz Francinete. Para mobilizar os professores para a formação, o curso foi divulgado nas escolas municipais e estaduais, de áreas rurais e urbanas do Tocantins. 

Em cinco encontros síncronos, divididos entre videoaulas e webconferências, a formação apresentou o programa Escrevendo o Futuro, abordou os gêneros contemplados na Olimpíada e sua relação com a BNCC. A docente buscou trabalhar com materiais do portal, sobretudo os cadernos do professor, a revista Na Ponta do Lápis e o ambiente Especial Avaliação de Textos. Francinete conta ainda que indicou a visitação ao site como complemento para o que não houve tempo de ser aprofundado na formação. 

Ao final de todos os encontros, havia um momento reservado para a interação, o “Com a palavra, o(a) professor(a)”. Ela conta que foi um espaço para trocas, discussão de dúvidas e também para os professores expressarem suas preocupações com o ensino no atual contexto. “A dificuldade de acesso a ambientes digitais pelos estudantes é pauta de grande inquietação, porque tem acentuado ainda mais as desigualdades no Brasil. Nesse sentido, professores e professoras reconhecem as dificuldades, mas se dizem desafiados a aumentar a participação efetiva dos estudantes tocantinenses na Olimpíada”, diz Francinete, lembrando que o estado teve uma importante presença em outras edições do concurso.

 

Rio Grande do Sul: troca de experiências sobre ensino remoto

No Rio Grande do Sul, a opção pelo cenário formativo de média duração buscou trazer algum aprofundamento à formação sem, por outro lado, ser excessivamente trabalhoso para os professores neste momento. “Ainda assim, os professores estão muito atarefados e, muitas vezes, escreviam para negociar a realização de atividades, falar de prazos...”, conta a docente Luciene Juliano Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Tivemos um grupo extremamente engajado, mas não muito numeroso.”

Para Luciene, a formação on-line teve a grande vantagem de possibilitar a participação de professores que não conseguiriam ir até a capital, Porto Alegre, para a formação presencial. Mas traz também dificuldades. “Vejo como desvantagem o fato de que muitos se evadem e, numa formação presencial, o envolvimento integral no momento permite que se atinja, de alguma forma, todos aqueles que se dispõem a vir. Creio que a formação deve se dar, portanto, nas duas modalidades, sempre que possível”, defende.

Ela conta que, para selecionar os participantes, houve apenas uma exigência: “o único critério de seleção foi que os professores estivessem envolvidos com educação linguística, fosse como professor de língua portuguesa nos anos finais e médio, fosse nos anos iniciais, fosse em atividades técnicas em coordenadorias e secretarias, na coordenação de formações e programas desta área”. No total, o estado teve 70 inscritos, embora o número de concluintes deva ser um pouco menor.

O curso durou oito semanas e contou com sete aulas síncronas e uma aula assíncrona, disponível no Portal Escrevendo o Futuro. “Tivemos uma aula para apresentar o curso e outras quatro abordando um tema específico: escrita, leitura, leitura literária e a importância de diversificar as atividades dos alunos para uma aula de qualidade”, explica Luciene. Outras duas aulas foram dedicadas às dúvidas dos professores: “eles trouxeram muitas questões sobre os Percursos Formativos do portal, que eles estavam cursando naquele período”. Além disso, Luciene conta que os professores relatam, de modo geral, dificuldades em manter a participação de seus alunos em atividades remotas. “Mas a maioria deles participou para compartilhar experiências positivas que tiveram, inspirados na discussão que eu relatava nas aulas.”

Alagoas: Planos de Aula para o ensino remoto

Em Alagoas, a opção pelo cenário formativo de média duração se deu ainda antes da necessidade de isolamento social. Com a pandemia, o curso, que seria no formato híbrido, foi adaptado para ocorrer de forma totalmente remota. “A diferença é que a formação foi estendida para dois meses de duração. E, como os professores estavam em sala de aula virtual, as reflexões e discussões se centralizaram no desafio do ensino on-line”, conta Adna de Almeida Lopes, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

A docente defende que o modelo de ensino baseado na transmissão de informações, com conteúdos deslocados de seus usos efetivos, não se sustenta no ensino remoto, que requer um projeto dinâmico e colaborativo. “A instituição escolar foi (está sendo) obrigada a desenvolver essas novas práticas, com as diferentes linguagens e instrumentos tecnológicos. Práticas que se firmarão (embora com atraso) e que decretarão o fim da tradicional e superada transmissão de informações”, diz Adna. Ela ainda ressalta o esforço empreendido pelos professores para alcançar esse ‘tempo perdido’, usar os recursos tecnológicos e adaptá-los às necessidades dos alunos. 

No estado, a formação contou com 62 professores e coordenadores pedagógicos das secretarias municipais e das Gerências estaduais de Educação. Os participantes atuarão como multiplicadores do trabalho em suas redes e escolas. 

Além de três videoaulas gravadas, a formação contou com uma live de abertura e dois encontros síncronos para discussão e dúvidas. Adna explica que as atividades e debates giraram em torno de três temas: letramentos e multimodalidade; reescrita textual e intervenção didática; e percursos formativos (orientações para exploração e práticas). “O primeiro tema, que fala das multimodalidades, foi o que provocou maior envolvimento, uma vez que tomou a dimensão do contexto do ensino remoto vivenciado por todos”, aponta.

Os Planos de Aula elaborados pelos professores ao final dos Percursos formativos também refletem esse momento. “Nos planos enviados, emergiram as práticas que estavam sendo vivenciadas, com todas as suas dificuldades e resultados exitosos: uma professora de escola de periferia trabalhou com Slam, incluindo como uma das atividades oficina on-line ministrada por uma slammer de outro estado. Outra professora usou aplicativos para a construção de HQ (História em Quadrinhos) pelos alunos do ensino médio, outra promoveu a produção textual em podcast etc.”

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