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Formações regionais de professores contornam desafios técnicos e ampliam possibilidades de aprendizagem

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Na segunda reportagem desta série, acompanhamos as dificuldades e as soluções encontradas por quatro estados para realizar as formações remotas

 

As formações regionais de professores do Programa Escrevendo o Futuro estão sendo realizadas de forma remota este ano. Dificuldades de conexão e de uso da tecnologia são algumas das dificuldades enfrentadas em diferentes regiões do Brasil. Por outro lado, a redução dos custos de transporte permitiu a ampliação de vagas para professores que vivem em áreas de difícil acesso. Nesta reportagem, a segunda de uma série sobre as formações que acontecem pelo Brasil, conversamos com quatro estados que estão desenvolvendo suas formações, que são compostas por aulas virtuais, lives, autoformação nos Percursos Formativos e elaboração de planos de aula. Entre desafios e aprendizados, encontramos soluções criativas, como a live-convite para mobilizar os professores sobre a formação ou a participação de especialistas de todo o país nas conferências, que não dependem mais de limites geográficos.

Piauí: conferências trazem especialistas convidados

No Piauí, a formação remota proporcionou atividades com convidados de diferentes regiões do Brasil. As webconferências realizadas no estado contaram com a participação de Patrícia Calheta, coordenadora de mediadores dos cursos on-line do Programa Escrevendo o Futuro, que falou sobre como realizar as oficinas neste momento de trabalho remoto. Outro encontro trouxe uma mesa redonda sobre o ensino de literatura a partir dos poemas dos alunos piauienses finalistas na última edição da Olimpíada. “Convidamos dois especialistas para comentar e analisar esses poemas”, explica Shirlei Marly Alves, docente da Universidade Estadual do Piauí. 

Além de três webconferências, a docente criou um mini curso virtual que orienta os alunos a fazer uma imersão pelos diversos materiais presentes no portal: itinerários formativos, cadernos do professor, relatos de prática etc. “A partir disso, os professores podem elaborar seus planos de aula e já pensar no planejamento do trabalho que virão a realizar no próximo ano para a 7ª edição da Olimpíada”, conta. 

No estado, metade das vagas foi oferecida para os professores da rede municipal e a outra metade para a estadual. Atualmente 46 docentes participam da formação. “A princípio, eram 50 professores, mas alguns tiveram dificuldades, principalmente em função de estarem trabalhando remotamente, ou por problemas de saúde e alguns por questões relacionadas à conectividade”, diz Shirlei. Além dos critérios de participação na Olimpíada, o Piauí teve uma preocupação com a representatividade regional, contemplando professores de diversos municípios do estado: das regiões norte, centro, sul, centro norte e centro sul. 

 

Espírito Santo: análise das produções textuais do estado

Os textos dos finalistas da última edição da Olimpíada de Língua Portuguesa, principalmente dos alunos do estado, também serviram de material para a formação no Espírito Santo. “Fiz uma videoaula para cada um dos gêneros do programa e analisei um texto por aula, observando como as características de gênero apareciam naquela produção e como o tema foi trabalhado”, explica Andréa Antolini Grijó, docente da Universidade Federal do Espírito Santo. Para ela, usar exemplos reais de finalistas do estado estimula o professor ao mostrar que é possível fazer um bom trabalho com as condições existentes na região.

Já a videoaula sobre Documentário contou com a participação de um convidado especial: o presidente da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD) da sessão capixaba falou sobre o gênero e apresentou uma mostra de seu trabalho. “Documentário é um gênero que temos mais distância, como professores de língua portuguesa, por isso essa parceria é tão legal”, aponta a docente.

O programa de formação do estado ainda conta com uma aula introdutória sobre o que é o trabalho com o gênero e uma apresentação dos materiais do portal Escrevendo o Futuro. “Procurei fazer vídeos curtos, de 15 a 20 minutos, para não ficar cansativo e otimizar o tempo do professor. Além das aulas, cada tema desenvolvido tem uma série de materiais para o professor estudar”, conta Andréa. Os encontros ao vivo com os professores ocorrerão em duas turmas, pela manhã e pela tarde, para se encaixar aos diferentes horários dos profissionais. 

No estado, o curso abriu 40 vagas, mas só 32 professores deram continuidade à formação. “Entendemos que esse número tem a ver com o esgotamento dos profissionais do estado, que precisaram se adaptar às pressas para o modelo de ensino remoto com a chegada da pandemia.” 

Acre: ampliação da formação no interior e desafios da tecnologia

A redução dos custos com deslocamentos dos professores é um ponto positivo do formato on-line no Acre. “As formações presenciais aconteciam na capital, por ser a região de mais fácil acesso, mas o transporte ainda era difícil para professores de muitos municípios, alguns mais distantes só conseguiam chegar de avião em Rio Branco”, explica Maria Izauníria Nunes da Silva, assessora técnico-pedagógica da União ao Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) no estado. Por outro lado, as dificuldades de conexão em muitas áreas ainda são um desafio: “às vezes uma cidade inteira fica três dias sem internet por conta de uma chuva, por exemplo”.

Maria Izauníria conta que muitos professores ainda estão aprendendo a lidar com as ferramentas tecnológicas: “temos um grupo de WhatsApp e às vezes precisamos enviar prints com o passo a passo das ações, de como postar seu trabalho ou ver a devolutiva do docente. O trabalho é grande, mas temos ajustado as dificuldades e têm funcionado”.

Outra preocupação é com relação às mudanças após as eleições deste ano. A assessora conta que é comum haver muita troca de profissionais das secretarias de educação e muitas vezes os professores que deveriam multiplicar o trabalho na rede saem do cargo com a mudança de gestão. “Os professores ainda têm muita dificuldade para trabalhar com gênero, a formação inicial deles não traz essa questão e essas constantes mudanças fazem com que esse seja um desafio constante para a formação continuada. A vantagem é que, como são municípios pequenos, temos mais facilidade para falar com o prefeito e o secretário sobre a organização das formações”, diz Maria Izauníria. Ela conta que em 2019 esse problema aconteceu na rede estadual: muitos professores formados em 2018 haviam saído e a equipe organizou, por conta própria e sem repasses financeiros, uma formação extra sobre o trabalho com a Olimpíada de Língua Portuguesa para o concurso daquele ano.

No estado, 68 professores estão cursando a formação. Devido às dificuldades com o acesso à internet e ao uso das ferramentas, os planos de aula estão sendo feitos em grupo. A assessora ainda conta que, neste momento, todas as aulas do Acre estão acontecendo remotamente, inclusive na zona rural, com teleaulas, programas de rádio e atividades impressas para ajudar os alunos sem acesso à internet: “estamos nos reinventando”.

 

Amapá: mobilização e trocas virtuais

O Amapá aproveitou o formato on-line da formação deste ano para ampliar as vagas. Mais de cem pessoas se inscreveram para assistir ao curso, que acontece na plataforma desenvolvida pelo governo do estado. “Se apenas metade concluir, já cumpriremos nossa meta de alcançar 40 professores”, avalia Aline Liliane Mendes Salvador, representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Ela conta que professores de outras áreas, como matemática e química, também se interessaram pela formação e, como era possível oferecer mais vagas on-line, puderam se inscrever no curso. “Eles percebem que seus alunos têm dificuldade para interpretar os textos dos enunciados e problemas propostos”, explica. 

Para mobilizar os professores, a secretaria estadual organizou uma live para convidar todos a participarem do curso. “Apresentamos a formação, os conteúdos previstos e a forma de inscrição. Tivemos uma boa participação ao vivo, e muitas pessoas ainda acessaram posteriormente a live, que ficou disponível na página”, conta Jair Nascimento Borges, da Secretaria Estadual de Educação. Para ele, apesar das dificuldades, este também tem sido um ano de muito aprendizado para os professores e formadores. “Estamos acostumados a usar o celular, mas não a falar para uma tela sabendo que há muitas pessoas nos ouvindo do outro lado, dá um certo nervosismo. Começamos a ter outras preocupações, com o cenário que aparece atrás da câmera, por exemplo. Para os professores também é um desafio, muitos não têm computador e fazem tudo no celular, mas vejo que há avanços”, avalia.

Segundo Aline, o curso tem sido um incentivo para os professores num momento de muitas dificuldades. “Eles estão mais sensibilizados, sentindo falta de ter contato mais próximo com os colegas, das trocas, e contam que a formação vem cumprindo esse papel de interação e de trazer mais ânimo para o trabalho.” Ela ainda conta que o caderno virtual de Documentário, do portal, serviu de base para que o estado organizasse o curso Outros olhares – com uso de Smartphones. “Não tivemos um encontro específico sobre Documentário na formação, mas elaboramos este curso com base nos materiais do programa”, ressalta.

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