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Formação remota oferece apoio sobre ensino em tempos de pandemia

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Formações do Programa Escrevendo o Futuro acontecem de forma remota em diferentes estados

 

O Programa Escrevendo o Futuro envolve uma série de ações voltadas para a formação docente e a melhoria da aprendizagem da leitura e escrita. Em 2020, as iniciativas regionais para professores ganharam novos formatos, de maneira a consolidar mudanças nas práticas educativas. Porém, a chegada da pandemia de coronavírus ao país exigiu readequações, e as formações, que seriam presenciais ou híbridas (presencial e a distância), precisaram ser adaptadas ao formato totalmente remoto.

“A pandemia escancarou as desigualdades sociais. Mostrou a urgência de repensarmos o processo de ensino e aprendizagem, nos desafiou a buscar caminhos que preservem o direito de aprender, a permanência na escola de crianças e jovens, e a batalhar pelo acesso à internet dos(as) estudantes”, diz Maria Aparecida Laginestra, coordenadora do Programa Escrevendo o Futuro. Ela explica que as pautas das formações foram organizadas nos estados pelos trios da Rede de Ancoragem (formada por um docente de Universidade Federal ou Estadual, um representante da Undime e um do Consed), que também puderam definir o cenário formativo – de curto, médio e longo prazo – mais apropriado para professores e professoras.

Para Maria Aparecida, a transposição para os encontros a distância trouxe ganhos, como a maior abrangência geográfica para o oferecimento da formação, novas práticas virtuais de aprendizagem e a ampliação do letramento digital dos professores, que podem incorporar as ferramentas e recursos digitais à sua prática. Por outro lado, também há perdas significativas: “deixamos de contar com a interação presencial de professores e professoras entre si, com o diálogo mais próximo do(a) docente formador(a); há uma ausência de troca de experiências, reflexões, trabalhos em grupos e também das conversas informais que suavizam a densidade do trabalho pedagógico”, aponta.

Conversamos com representantes de três estados, um de cada cenário formativo, sobre como as atividades de formação remota estão sendo realizadas: desafios e possibilidades do formato on-line, adaptação dos professores e materiais didáticos que funcionem para o ensino remoto e possam ser levados para seus alunos são algumas das questões apontadas. 

 

Pernambuco: caminhos para a autoformação

Pernambuco já concluiu sua formação. Entre os cerca de 50 professores, vindos de diversas regiões do estado, havia novatos e veteranos de participação na Olimpíada de Língua Portuguesa, selecionados de acordo com seu interesse em serem multiplicadores das propostas em suas escolas. 

José Herbertt Neves Florencio, docente da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), conta que o formato foi escolhido por conta do perfil dos professores. “Eles são muito participativos, mas também muito atarefados – e seu trabalho aumentou ainda mais com a pandemia. Preferimos realizar formações mais pontuais e indicar caminhos para eles continuarem sua autoformação”, explica. 

O docente participa já há alguns anos das formações regionais e compara o formato on-line com o presencial, de outras edições: “os professores se dispersam mais rapidamente no on-line e nem todos nos dão uma devolutiva sobre as atividades. Ficamos sem ter certeza se leram todos os textos, se viram as aulas...” 

Para José Herbertt, a vantagem do presencial é ter esse retorno imediato dos professores, mais tempo para a troca e para a leitura, além de poder direcionar as atividades de acordo com as experiências compartilhadas no momento. Ele conta que a devolutiva sobre as atividades aconteceu na live, que fechou a formação e foi organizada com base nas dúvidas dos participantes. “Fiz um roteiro para abordar diversos temas: após uma breve fala, abria para perguntas relativas àquele tópico – de questões técnicas sobre a organização das comissões municipais da Olimpíada até o trabalho com gêneros literários e a realização de atividades remotas na pandemia. A participação foi muito boa e todos interagiram por vídeo ou pelo chat”. 

No estado, o tema das formações é definido pela equipe da Rede de Ancoragem. “Eles trazem informações sobre o que os professores estão sentindo mais necessidade de trabalhar”, explica. “Este ano abordamos os gêneros Memórias Literárias, Crônica, Artigo de Opinião e Documentário a partir de textos da revista, do site e de alunos finalistas. Em outra edição, já falamos sobre os relatos de prática, porque os professores indicaram essa dificuldade. Trabalhamos com o relato de uma professora que participou da formação e pode falar também sobre a construção de seu relato.”

 

Pará: expansão geográfica da formação

No Pará, o formato on-line permitiu a expansão da formação a professores de diversas regiões do estado. Os participantes vêm de municípios diversos, inclusive alguns de difícil acesso: Abaetetuba, Paragominas, Vitória do Xingu, Belém, Concordia do Pará, Ananindeua, Soure, Tomé açu, Bragança, Barcarena...

Missilene Silva Barreto, representante do Consed no estado, explica que as vagas foram divididas entre dois grupos: 50% delas para professores que já participam da Olimpíada de Língua Portuguesa, mesmo que nunca tenham sido selecionados para a final ou semifinal. Para a outra metade das vagas, a inscrição foi aberta a todos os professores de língua portuguesa dentro do público-alvo do concurso. “As vagas foram preenchidas em menos de 3 horas. Segundo esses professores, quando perguntados, o que mais ouvimos foi que seus interesses recaíam na questão do ensino da leitura e da escrita”, diz.

O letramento digital dos professores paraenses já vinha se mostrando um dos grandes desafios para esse tipo de formação remota. “No início do curso realizamos uma busca ativa por meio de contato telefônico e via WhatsApp, para que pudéssemos garantir o acesso ao curso de todos os inscritos, pois, em experiências anteriores de formações ofertadas pela Secretaria Estadual de Educação (Cefor – Seduc/PA), observamos um índice significativo de desistências, principalmente pela falta de letramento/alfabetização digital”, explica Missilene. Ela ainda ressalta que a dificuldade também aparece neste momento de pandemia e atividades remotas com os estudantes. O empenho trouxe resultados e das 60 vagas iniciais, apenas 5 professores abandonaram o curso. 

As limitações da interação em grupo e o tempo menor dos encontros, que são de uma hora no formato digital, são outras desvantagens citadas pela formadora Márcia Cristina Greco Ohuschi, docente da Universidade Federal do Pará (UFPA). Como benefícios do modelo on-line, além do alcance para muitos municípios do estado, ela destaca a possibilidade de os professores ouvirem e interagirem com palestrantes renomados. Além de três webaulas, foram realizadas três lives abertas com a participação de especialistas: uma entrevista com Joaquim Dolz (Universidade de Genebra, Suíça) sobre as novas modalidades de sequência didática, uma palestra com Luiz Percival Leme Britto (Universidade Federal do Oeste do Pará) sobre a Olimpíada como programa de formação docente, e uma palestra de Renilson José Menegassi (Universidade Estadual de Maringá) sobre revisão e reescrita de textos.

Neste momento, os professores estão cursando os percursos formativos e, posteriormente, elaborarão seus planos de aula. Márcia conta que a adaptação do curso para o formato on-line manteve os objetivos e os principais conteúdos do que fora pensado para acontecer de forma presencial e o retorno tem sido bom. “Além disso, conseguimos realizar uma atividade interativa, em que os professores foram divididos em grupos para leitura e análise de artigos da revista Na Ponta do Lápis, com socialização em um dos encontros (WebAulas)”, diz. 

 

Rio Grande do Norte: metodologias ativas no ensino remoto

No Rio Grande do Norte, foram ampliadas as possibilidades de formação e de encontro. “Os professores geralmente acham os encontros muito rápidos. Com mais tempo, podemos sistematizar a formação para atender as necessidades deles”, explica Ivoneide Santos Marques, docente do Instituto Federal e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Com a pandemia e a necessidade do curso ser on-line, ela conta que fez reformulações buscando trazer respostas rápidas às novas demandas. 

Ivoneide reservou o primeiro encontro para ouvir os professores e, assim, poder oferecer uma formação que contribuísse com esse momento. “Eles estavam atordoados, ansiosos, com muitas dificuldades em relação à tecnologia para o ensino remoto, com medo de não dar conta, com dificuldade para fazer seu material didático...” Ela diz que a aceitação foi tão boa que a turma, prevista para ter 40 vagas, conta hoje com mais de 160 professores participantes – e muitos deles já iniciaram também o curso Caminhos da Escrita, do portal. Ela ainda destaca a parceria entre a Secretaria Estadual de Educação, as secretarias municipais, a Undime, a UFRN e o CENPEC para o trabalho e o oferecimento de vagas para professores de todo o estado.

Os encontros previstos para acontecerem presencialmente foram organizados em aulas on-line e atividades para os professores. “É importante aprender a fazer fazendo, aprender a escrever e a ensinar a escrever escrevendo”, diz, ressaltando o papel das metodologias ativas. No último encontro, por exemplo, eles trabalharam a escrita como prática social e, entre as atividades propostas, os professores deveriam postar em redes sociais ou blogs seus textos e comentários sobre questões da atualidade. Outro exercício pedia que eles fizessem a transposição de uma aula para o formato de videoaula.

“Viver a prática da formação dá segurança. Esse caminho também amplia o letramento e o empoderamento do professor”, acredita. Ivoneide conta que ainda há muita dependência do livro didático e que a formação traz também materiais que podem ser usados numa aula a distância.

Ela lembra que temia reclamações sobre sobrecarga ao realizar a formação neste momento, mas que não foi o que aconteceu: “os professores estão muito satisfeitos, se mostram disponíveis e ávidos para aprender a fazer melhor”. E ressalta a importância da formação continuada: “também tenho lacunas com o uso de tecnologias, mas tenho conseguido avançar junto com eles. Todos estamos em constante formação, nunca estamos prontos. Sinto que tive um salto na qualidade do meu trabalho como professora de letramento.”

A docente ainda fala sobre a importância do curso neste momento: “é difícil produzir atividades em tempo mínimo. Nem todas as escolas voltaram a ter aulas e muitos professores lecionam para o 9º ano ou 3º ano do ensino médio e estão preocupados em preparar seus alunos para o Enem e para os exames de seleção dos Institutos Federais. Essa formação cumpre uma função social maior que a de preparação para a Olimpíada de Língua Portuguesa.”

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