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Final da Olimpíada de Língua Portuguesa: experiência que vale ouro

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Texto: Marina Almeida

Fotos: Bianca Pimenta/Camila Kinker/Lívia Wu (Itaú Social)

Uma grande celebração marcou a cerimônia final da 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa. Reunidos na Sala São Paulo – localizada no centro da cidade de São Paulo (SP) e considerada uma das mais importantes salas de concertos do mundo –, alunos, professores e convidados participaram da premiação, em que foram entregues as medalhas de ouro para os vencedores de cada categoria (veja os nomes dos ganhadores). O evento também contou com apresentações de Lenine e Liniker, além da participação da grande homenageada desta edição, a escritora Conceição Evaristo.

Os textos da escritora foram utilizados em escolas de todo o Brasil para mobilizar e inspirar os alunos a pensar no tema proposto para as redações: “O lugar onde vivo”. Na cerimônia, após a leitura de seu poema “De mãe”, um vídeo apresentou relatos dos professores finalistas sobre como trabalharam com os textos de Conceição Evaristo em sala de aula, o reconhecimento e a identificação dos estudantes e deles próprios com seus escritos. 

Ao subir ao palco, a escritora falou sobre a alegria de participar de um evento voltado para a educação, carreira à qual se dedicou por muitos anos, tendo se aposentado como professora da rede pública do Rio de Janeiro. “Hoje, ver meu texto chegar à escola pública, às classes populares, ser representativo de grupos sociais, homens, mulheres e crianças, negros ou não, mas que experimentam formas de subalternização... é tudo que eu queria. Para mim a literatura só faz sentido se convocar as pessoas. Eu me sinto muito grata à vida de poder, aos 73 anos, ter esse retorno, essa homenagem”, diz. A autora, que participou da Comissão Julgadora Nacional dos textos, ainda lembrou que as escolas públicas têm muitos alunos com grande potência para as artes e que é preciso oferecer oportunidades a eles, como a que Olimpíada proporciona.

 

Ouro

A entrega das medalhas de ouro foi um momento de muita emoção. Entre sorrisos e abraços, a alegria pelo reconhecimento do trabalho e dos aprendizados de cada etapa tomou conta de todos. Os textos premiados foram selecionados entre os mais de 171 mil inscritos em 2019. Na final, receberam a medalha de ouro as quatro melhores produções de cada categoria: Poema, Memórias Literárias, Crônica, Documentário e Artigo de Opinião. E, para ajudar na entrega das medalhas, foram convidados alguns participantes de outras edições da Olimpíada. 

Para lembrar a Etapa Semifinal, um vídeo produzido pelo Canal Futura trouxe alguns dos momentos mais marcantes dos saraus, passeios, palestras, discussões e, sobretudo, das trocas de culturas e saberes diversos. Fechando a noite, Liniker e Lenine cantaram juntos, convidando o público para uma grande festa. Ao final do evento, todos receberam um livro com a publicação dos textos de todos os 172 alunos selecionados para a final nas cinco categorias (clique aqui para acessar).

 

Museu da Língua Portuguesa

Durante o dia, antes da cerimônia de premiação, alunos e professores também participaram de atividades culturais em São Paulo. Pela manhã, os professores fizeram uma visita ao espaço do Museu da Língua Portuguesa, que ainda está em reforma após um incêndio ter destruído boa parte do espaço em 2015. No passeio, eles conheceram mais sobre a arquitetura e a história do prédio na estação da Luz e tiveram uma prévia de como será a exposição permanente do museu, previsto para reinaugurar em 2020 com acervo renovado. 

À tarde, foi a vez dos alunos conhecerem o espaço do Museu e pensarem sobre a língua e as influências de diversas culturas no modo como falamos e escrevemos. Divididos em pequenos grupos, eles foram convidados a pensar em diferentes aspectos da linguagem: os modos de se expressar em cada região do país, como os grafismos podem conter histórias e narrativas de um povo ou local, os aprendizados e trocas criados por meio do contato com imigrantes, a teatralidade da linguagem de sinais... Ao final, a despedida se transformou num mini sarau com apresentações dos monitores: uma poesia em Libras (Língua Brasileira de Sinais) com tradução simultânea, uma canção boliviana e declamação de poesias. 

 

Vivência e escrita

Após a visita ao espaço do Museu, os professores tiveram uma surpresa: participaram de uma palestra exclusiva com a escritora Conceição Evaristo. Ela abordou a importância de a escola reconhecer os saberes da cultura do aluno e, a partir disso, apresentá-lo a outras formas de linguagem e literatura. “O ensino da língua não pode ser o que castra as pessoas. Muitas vezes, o aluno chega à escola com uma competência linguística, com uma capacidade de verbalização e de oratura (pensando como literatura oral) muito grande e ele perde isso. E além dessa perda, muitas vezes ele não adquire a competência daquilo que a escola obrigatoriamente teria de oferecer.” E conclui: “a escola deve ser lugar de emancipação da linguagem, não de dominação da linguagem. Um lugar de aprendizagem, não de esquecimento daquilo que o aluno traz, sem espaço para ele apresentar essa experiência, seu conhecimento”.

Conceição ainda falou sobre como o professor pode olhar para a pobreza também como um lugar epistêmico. “A partir da precariedade a gente pode criar muitas coisas, podemos ser homens, mulheres e crianças extremamente criativos. O lugar da pobreza pode nos oferecer sabedoria e tática de sobrevivência. E os jovens em situação de pobreza têm suas competências criativas nesse exercício de sobrepujar e construir possibilidades de vida no cotidiano, e isso também é interessante para pensar na experiência de nossos alunos”. Mas ela faz uma ressalva importante: “isso só tem validade se essa linha de pobreza consegue ser rompida. Ela só tem significado quando é vencida e tomo muito cuidado em não fazer apologia da pobreza, porque ela continua sendo um lugar de não vida... da morte mesmo, e não é dessa pobreza que estamos falando”. 

Por fim, a autora compartilhou reflexões sobre como a vivência pode ajudar no reconhecimento de si e do outro: “a criação e a observação nos convocam a nos olharmos como sujeitos e como coletividade, é um processo educativo. Que essa Olimpíada consiga, cada vez mais, aprofundar esse processo de escrevivência, de escrever a partir de um lugar. E que mais escolas possam ser incluídas”. Ela também avalia a importância do processo. “Penso que, mesmo quem não chegou até aqui, já lucrou pela participação no exercício da escrita, da leitura e da cidadania ao perceberem a grandeza e as dificuldades dos seus próprios lugares. Isso ajuda a nos formar como cidadãos e cidadãs responsáveis por nossa própria vida em termos pessoais e, mais do que isso, coletivos. A escola, para mim, ainda é um espaço em que se ensina e se aprende a viver em coletividade”. 

 

Assista na íntegra a cerimônia de premiação final no player abaixo, clicando em "watch again", ou no Facebook do Canal Futura (clique aqui para acessar).

 

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