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Do interior de Rondônia para o mundo

Jéssica Nozaki

07 de agosto de 2023

Leonardo no debate da Oficina de Artigo de Opinião 2016

Conversar com Leonardo Silva Brito é surpreender-se com sua gentileza, desenvoltura e senso de responsabilidade. Com apenas 17 anos, o estudante de Presidente Médici (RO), apaixonado por cinema, café e Coldplay, coleciona feitos notórios: teve participações de destaque em Olimpíadas de Astronomia e de Física; foi medalhista nacional e internacional no concurso de cartas da União Postal Universal; assumiu a coordenação local de uma rede voluntária que articula a troca de cartas entre alunos de todo o mundo; representou seu estado no Programa Jovem Senador; entre outros êxitos importantes, incluindo a classificação como finalista na 5º edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro - categoria Artigo de Opinião.

Agora, Leonardo celebra sua conquista mais recente: a aprovação nas universidades de Stanford, Columbia, Tufts e Harvard, nos Estados Unidos. O estudante, que diz sempre ter sido “movido por um desejo insaciável de compreender o mundo”, se valeu das habilidades de leitura e escrita, e do envolvimento da coordenação pedagógica da escola estadual Carlos Drummond de Andrade, dos professores e da família, para se engajar nesses projetos e alcançar resultados tão admiráveis.

 

■ Qual é a sua história com a escrita?

A escrita está presente em minha vida desde a infância. O poder de transmitir informações, ideias e sentimentos de uma maneira pessoal e ao mesmo tempo universal sempre me cativou. Meus pais me incentivavam a ler e escrever, o que se materializou nas leituras que minha mãe fazia para meu irmão e para mim na hora de dormir; nos livros que ela comprava para nós; e até nos bilhetes que éramos estimulados a escrever, seja para anotar um recado ou para fazer a lista de supermercado. Essas atividades despertaram o desejo de escrever minhas narrativas.

Além do apoio familiar, recebi muito incentivo do corpo docente da minha escola. A imersão em um ambiente estimulante combinada com minha paixão me permitiu evoluir no processo de leitura e escrita, atividades que se tornaram parte do meu cotidiano.

 

■ Atualmente, você coordena um projeto voluntário chamado Letters for Learning, que incentiva a escrita de cartas. Como funciona esse projeto?

O Letters for Learning é um projeto sem fins lucrativos que busca ensinar a língua inglesa por meio da troca de cartas entre alunos de diferentes países, valorizando o intercâmbio cultural. Tomei conhecimento do Letters em 2015, ano em que conheci o fundador Gabriel Saruhashi, e me ofereci para auxiliar na expansão da rede. Hoje impactamos mais de 80 crianças, mobilizando dezenas de voluntários em polos no Brasil, nos Estados Unidos, na Índia e em Gana, já tendo sido agraciados com prêmios de empreendedorismo social, como o Harvard Village to Raise a Child.

 

■ Como se deu a participação de sua escola na Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro? O que você leva dessa experiência?

Minha professora de língua portuguesa, Alessandra Cegobia, realizou diversas oficinas e organizou debates sobre temas polêmicos de forma a nos preparar para a escrita do artigo de opinião. Sou muito grato pelo engajamento de toda a equipe escolar para proporcionar uma experiência em que pudéssemos não só produzir textos, mas também aprimorar nossa capacidade argumentativa.

Esse trabalho resultou em minha classificação como semifinalista e na participação no Encontro Regional da Olimpíada, momento extremamente marcante em minha vida. As oficinas dessa etapa despertaram em meu coração o desejo de continuar a escrever independentemente da profissão que eu siga.

Os debates foram, a meu ver, a parte mais instigante de todo o Encontro. Vivenciar a sinergia e a vontade de mudança de inúmeros jovens, vindos dos mais diversos cantos do país, foi de arrepiar. Os temas abordados geraram profundas reflexões e acirradas discussões, nos tirando da zona de conforto e estimulando o pensamento crítico e o respeito com as opiniões do próximo, qualidades indispensáveis ao cidadão de uma nação democrática.

Posso dizer que a Olimpíada aprimorou meus conhecimentos e meu estilo de escrita, me levou a conhecer pessoas incríveis, permitiu que eu aumentasse meu acervo de livros e me fez acreditar que é possível alcançarmos uma educação pública de qualidade, com jovens engajados e professores motivados. Amei tudo isso – e o que a memória ama fica eterno!

 

■ E quanto ao tema “O lugar onde vivo”? Como foi pensar a respeito disso?

Esse tema permite que nós, estudantes, desenvolvamos um olhar atento sobre o local onde vivemos, suas origens, histórias, evoluções e problemas. Tudo isso nos impele a pensar em mudanças sociais em escala local, a valorizar, a querer transformar esse lugar. Penso que o tema é um chamado para a juventude, convocando-a para ser o primeiro foco de mudança em nível regional e a valorizar as características únicas de cada microcosmo.

 

■ Na cerimônia de premiação da 5ª edição da Olimpíada, você discursou em nome de todos os alunos participantes. Como foi esse momento e por que, em sua fala, você se referiu à Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro como a Olimpíada mais humana de que já participou?

Foi uma honra ser o porta-voz de tantos estudantes. Ao discursar, pensei nos alunos que desejavam estar ali, nas pessoas envolvidas e na minha comunidade. Minha intenção foi a de tornar aquele momento memorável para todos, pois assim foi a Olimpíada para mim. Quando falei sobre ser um programa humano quis deixar claro que, para além da competição, havia ali um espírito de solidariedade, de companheirismo, de coletividade e de colaboração. O Programa Escrevendo o Futuro transforma vidas, transforma pessoas e comunidades, e nos faz acreditar que todos podem evoluir em seus conhecimentos.

 

■ Você acabou de ser admitido para a graduação, com bolsa integral, nas renomadas universidades estadunidenses de Stanford, Columbia, Tufts e Harvard. Quais são seus planos agora? A que atribui essa conquista?

Recebi a notícia da aprovação, juntamente com meus pais, com muita alegria e gratidão, mas ainda não fiz a escolha pela instituição. Estou recebendo ligações, e-mails, e entrando em contato com ex-alunos para que eu possa tomar essa decisão.

Durante o processo de admissão, além das provas padronizadas, entrevistas, análise de currículo e de cartas de recomendação, precisei escrever diversos textos contando minha história, objetivos e sonhos. Portanto, a escrita tem papel fundamental nessa conquista.

 

■ Você se define como fascinado pela língua e por matemática aplicada. Acredita que esses interesses sejam contraditórios?

As ciências exatas são uma linguagem e, assim, exigem a escrita para criar ordem e clareza. Embora as pessoas acreditem que sejam interesses antagônicos, vejo que uma coisa não poderia existir sem a outra. Na verdade, eu gosto de estudar sobre tudo, seja filosofia clássica, ciência política ou física moderna, e a escrita me ajuda a transitar por essas diferentes áreas.

 

■ Temos visto estudantes secundaristas participando e liderando movimentos sociais, discutindo as principais pautas da atualidade. Como você vê isso? Você participa de algum movimento social ou político?

Vejo com muitos bons olhos, pois é importante que os jovens se façam presentes nas frentes de transformação do mundo. Acompanho as movimentações estudantis e conheço diversas jovens lideranças. Recentemente, eu e meus colegas do Projeto Parlamento Jovem Brasileiro, nos articulamos para reinserir o estado de Rondônia no programa, excluído sem justificativa da lista de participantes.

 

■ Como é seu processo de escrita? Quais são os desafios na hora de produzir um bom texto?

Primeiramente pesquiso sobre o tema que vou escrever, buscando informações confiáveis em diferentes fontes. Em seguida faço um planejamento do texto, levando em consideração o gênero, a finalidade e o interlocutor. Redijo o primeiro rascunho, como se fosse uma tempestade de ideias. Depois, leio o que escrevi e faço alterações até chegar ao resultado desejado. O computador ajuda muito nesse processo, pois não é mais necessário “ficar passando a limpo”, mas acredito que um texto nunca fica totalmente pronto: sempre que releio penso em mudar algo. Antes eu achava que a palavra que definia a produção de texto era ‘inspiração’; depois do trabalho desenvolvido em minha escola, eu penso que a melhor definição é ‘trabalho’.

 

Assista ao discurso de Leonardo na cerimônia de premiação da 5ª edição da Olimpíada:

Clique aqui para ler o artigo de opinião escrito por Leonardo.

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