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biblioteca / educação e cultura

Contra o isolamento, pão e poesia

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Rede de bibliotecas comunitárias e Ibeac organizam doações de alimentos e livros, entre outras ações para ajudar comunidades vulneráveis durante o isolamento social

 

Com o isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus, a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) organizou uma série de ações para apoiar as comunidades onde atua. “É importante que esse isolamento, necessário, não signifique mais abandono para quem já é deixado de lado pelas políticas públicas e vive nas bordas da cidade e no campo”, explica Bel Santos Mayer, que integra a RNBC e é coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (Ibeac). Divulgação de poesia pelas redes sociais, doações de livros e alimentos para famílias em situação vulnerável e a criação de um podcast para levar informação e aproximar virtualmente as pessoas são alguns dos projetos desenvolvidos neste momento.

“O livro pode ser uma grande companhia para quem conseguiu ser captado pela leitura. Pode ser, ao mesmo tempo, um momento de silêncio e intimidade, que quem mora numa casa pequena de periferia às vezes não tem. Mas como fazer a literatura chegar a essas pessoas com as bibliotecas fechadas?”, se perguntavam Bel e outros coordenadores e mediadores de leitura. A partir dessas reflexões, a rede criou as Barquinhas Literárias – para atravessar o mau tempo: poesias ou trechos de livros gravados em áudio para serem distribuídos nos grupos e nas redes sociais da RNBC.

“Todo dia trazemos um vídeo de literatura, que pode chegar também em quem não é letrado. Às vezes é uma forma de abrir os olhos de quem ouve, outras vezes é para desaguar os olhos e chorarmos juntos, outras ainda para trazer um pouco de esperança”, conta. Ela explica que a iniciativa cresceu e as pessoas começaram a pedir para participar e enviar suas gravações também.

Leitura que conecta

Em Parelheiros, na periferia de São Paulo (SP), onde Bel atua com o Ibeac, um programa de podcast foi criado para conectar os moradores neste momento de isolamento, usando a literatura como fio para costurar diversas conversas. Bel conta que eles pensaram o trabalho a partir de três ‘P’s: Pão, Proteção e Poesia.

Os episódios trazem mediações de leitura e indicações de livros, mas também a experiência de agricultores orgânicos da região, de uma cozinheira que compartilha sua receita de moqueca, oficinas de brincadeiras, orientações sobre os cuidados de prevenção ao Covid, entre outros temas. O podcast tem dois novos episódios por semana e pode ser ouvido no Spotify. Ele também é encaminhado, no formato de áudio, para cerca de mil famílias, de forma a facilitar o acesso para quem tem apenas um pequeno pacote de dados no celular.

Outras ações na região incluíram um carro de som que circulou levando informações sobre a doença e a reunião de costureiras do bairro para fazer máscaras de proteção, segundo as orientações da saúde. Até o momento, elas contabilizam mais de 7 mil máscaras feitas.

Alimentos

Durante a realização dessas ações, ainda no início da quarentena, eles perceberam que as questões econômicas também pesariam muito durante o isolamento. “Muitos já não tinham o que comer, vimos famílias com crianças pequenas que só tinham chá na despensa”, lembra Bel. Para ajudá-los, uma grande campanha de doações foi organizada pelo Ibeac.

“Temos uma casa, onde estamos arrecadando mantimentos, mas também incentivamos muito a doação em dinheiro, porque assim a pessoa pode comprar no comércio local, fazendo o dinheiro circular na região, e pode escolher mais verduras, legumes e produtos orgânicos. Às vezes receber apenas alimentos não perecíveis empobrece a alimentação da criança”, diz. Para isso, as famílias podem fazer suas compras por meio de um cartão de vale alimentação, escolhendo os itens que mais necessitam. O projeto também incluiu uma conversa com os comerciantes locais para que não aumentassem os preços, reduzindo o poder de compra dessas doações.

A RNBC entrou para a campanha e ampliou-a para outras comunidades onde a rede de bibliotecas atua – são 119 bibliotecas distribuídas nas regiões periféricas de 22 municípios de várias regiões do país.

Informações para contribuir com a campanha, divulgá-la ou conhecer mais sobre as ações estão na página: https://rnbc.org.br/.

Fome de palavras

Junto com as cestas básicas, todos os meses as famílias beneficiadas também recebem um livro. Por meio da Rede Leitura e Escrita de Qualidade para Todos (LEQT), que reúne grupos e instituições voltados para o tema em todo o país, a campanha da RNBC conseguiu doações de livros infantis novos da Fundação SM e do projeto Leia para uma Criança, do Itaú Social. As famílias ainda recebem uma carta que aborda a importância de ler junto com as crianças e sobre como esse pode ser um momento de troca e afeto entre pais e filhos. Bel ressalta a importância da ação, já que neste momento é melhor evitar a doação de livros usados, que podem ser agentes de contaminação.

“Precisamos aprender com este momento. A crise evidencia problemas que não podemos mais silenciar. Como nós, que trabalhamos a leitura como transformação, podemos nos conectar mais fortemente à luta pela segurança alimentar e pela comida saudável?”, questiona Bel.

Em Parelheiros, outras ações incluem a organização de atividades e materiais para as famílias sobre como ajudar seus filhos durante o período de isolamento. Nas reuniões on-line, as coordenadoras e mediadoras compartilham como estão organizando o tempo para o estudo dos filhos, incluindo questões como a busca por um espaço tranquilo na casa para que o aluno possa se concentrar. “Mesmo quem não tem educação formal pode ajudar o filho a estudar”, lembra Bel. “Falamos muito sobre a família participar da aprendizagem, agora não tem como fugir: a escola entrou na casa de cada aluno”.

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