Volta às aulas: a importância do planejamento docente
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Você já pensou que a Bienal, maior exposição de arte da América Latina, pode fazer parte das suas propostas em sala de aula? Assunto não falta. Em sua 32ª edição, e sob o tema Incerteza Viva, a exposição explora muitas questões contemporâneas que nos cercam de incertezas, como aquecimento global, impactos ambientais, desigualdade social, perda de diversidade biológica e cultural, instabilidade econômica e política, migração mundial, etc. São 81 artistas e coletivos de 33 países, e pela primeira vez a maioria mulheres.
Embora a palavra “incerteza” sugira uma relação direta com a ideia de crise, o conjunto da exposição foi concebido de forma mais ampla, atrelando incerteza também a novas possibilidades e perspectivas. Se alguns artistas sublinham em suas obras a adversidade – como Carolina Caycedo, que pesquisa comunidades afetadas por barragens e aborda o episódio da lama tóxica em Mariana –, outros já espreitam novas formas de pensar e viver. Como é o caso da Oficina de imaginação política, espaço coordenado pelo artista Amilkar Packer, com o objetivo de promover debates críticos e intervenções durante a exposição. As obras desta Bienal refletem um interesse de frisar o papel da arte como ferramenta importante de conscientização e transformação social. “A arte está fundada na imaginação, e somente através da imaginação seremos capazes de conceber outras narrativas para nosso passado e novos caminhos para o futuro”, pondera Jochen Volz, curador da Bienal.
Concebida como um jardim, em que plantas de diferentes formas e dimensões são igualmente importantes para compor um todo, a exposição apresenta suave transição entre as obras, integrando os espaços entre si e conectando o interior do pavilhão ao parque do Ibirapuera. Essa delicadeza e organicidade ilustram a intenção da curadoria em explorar outras expressões que não as preponderantes vozes masculinas, brancas e ocidentais. “É o jardim como modelo de mundo. E a permeabilidade começa no fato desta Bienal não ter catracas. A arte deve ser acessível a todos. Quando a pessoa chega e tem uma barreira, sente que aquele lugar não é para ela.”, explica Bruno Oliveira, mediador de visitantes.
Embora o acesso do grande público à arte contemporânea seja uma das razões de ser da Bienal, nem sempre é fácil compreender uma obra e a intenção do artista. Muitas vezes, a obra não se apresenta da forma clássica, que nos conduz por um caminho mais conhecido, da experiência visual. “E ainda assim, o entendimento não é algo previsível apenas pelo fato de o suporte ser algo reconhecível, como uma pintura”, problematiza Thiago Gil, da área de Pesquisa e Conteúdo da Fundação Bienal. “Um trabalho de arte é mais que um objeto, mais que uma mercadoria. Ele representa uma visão do mundo, independentemente dos suportes colocados em ação. A 32ª Bienal de São Paulo apresenta artistas que alargaram os limites e as nossas definições costumeiras de arte, que inventaram medidas e técnicas alternativas para descrever o incerto e o fictício”, declara o curador.
Nesse sentido, o papel do grupo Educativo da Bienal é fundamental, pois oferece informações e formações para aproximar o público do trabalho dos artistas. Como explica Gabriela Leirias, articuladora da equipe de Difusão da Bienal, “a arte é um campo do conhecimento, assim como história e geografia. Os trabalhos exigem muito do público porque têm conceito, teoria, construção poética por trás. É claro que qualquer pessoa pode fruir de uma obra, mas se houver repertório ela pode absorver mais.”
Até por isso, a Bienal tem uma ação continuada, que não se circunscreve ao local nem ao período da exposição, e conta com a publicação Incerteza Viva - Processos Artísticos e Pedagógicos disponível para download [veja abaixo Bienal: modos de usar]. A ideia deste material educativo é aproximar a prática pedagógica dos processos dos artistas. Ou seja, ele não serve apenas para subsidiar leituras e interpretação de textos e imagens, mas como um caldeirão de ideias para educadores e aprendizes experimentarem novos métodos, processos criativos e formas de raciocínio. O professor, assim como o artista, também está no lugar de investigar contextos e de ser problematizador diante das mais variadas incertezas contemporâneas. “Educação e arte sempre estiveram ligadas a incertezas. Ambas são espaços de experimentação”, comenta Regiane Ishii, do programa educativo da Bienal.
O material educativo é composto por cadernos, quatro deles trazem os eixos estruturantes que nortearam toda a pesquisa da curadoria (Incerteza e narrativa, Incerteza e cosmologia, Incerteza e ecologia e Incerteza e educação), cada um com o pensamento de um autor convidado refletindo sobre incerteza, além do processo criativo de doze artistas da Bienal. O último caderno traz relatos inspiradores, de educadores que propuseram atividades a partir de obras expostas na Bienal.
Há muitas maneiras de se trabalhar com o material. No caderno Incerteza e Narrativa, por exemplo, a afirmação do escritor Mia Couto de que “a construção de uma narrativa implica estar disponível. E para se estar completamente disponível há que deixar de saber, há que deixar de estar ocupado por certezas” pode ser um dos milhares de pontos de partida para reflexão e trabalho com os alunos sobre o ato de escrever. Diante de tanta incerteza, uma coisa é mais que certa: a 32ª Bienal oferece material de sobra para investigarmos crises e possibilidades.
Um evento colossal
* A Bienal acontece nos 25 mil m2 do pavilhão que leva o nome de seu idealizador, Ciccillo Matarazzo.
* É um dos três principais acontecimentos artísticos do mundo,ao lado da Bienal de Veneza (na Itália) e da Documenta de Kassel (na Alemanha).
* Desde sua estreia, em 1951, até a edição anterior, a Bienal já teve a participação de 14 mil artistas, de 160 países, que apresentaram 67 mil obras vistas por cerca de 8 milhões de visitantes.
Bienal – modos de usar
No pavilhão – a exposição acontece de 10/09 a 12/12/16 no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo
Itinerância – algumas obras serão exibidas em unidades do SESC Brasil afora após o término da Bienal. Acompanhe a agenda
Material educativo da 32a Bienal – baixe a publicação Incerteza Viva - Processos Artísticos e Pedagógicos
Material educativo das bienais anteriores
Campo sonoro (mais de 40 faixas complementares à mostra, com depoimentos, músicas e poemas criados em colaboração com os artistas)
Informações sobre todos os artistas e obras da 32ª Bienal
Canal da Fundação Bienal no youtube
Ações da Difusão (grupo que faz laboratório para educadores):
instituições interessadas em levar as ações de difusão para seus públicos, entrar em contato via difusao@bienal.org.br
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