Volta às aulas: a importância do planejamento docente
gestos didáticos, planejamento docente, planejamento de aula, sequência didática
Navegar é preciso
“Por mares nunca dantes navegados”... Essa frase traduz exatamente meu percurso na 4ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Digo isso porque há algum tempo estive na coordenação da escola e, mesmo acompanhando o Programa, ainda não sabia o que era vivenciá-lo em uma sala de aula. Nossa! Eu não imaginava que fosse uma experiência tão... tão... desafiadora, surpreendente, intensa.
Assim, logo que iniciou o ano letivo, uma colega de área que já havia participado de edições anteriores nos lembrou que era ano de concurso e assim decidimos entrar nessa embarcação, levantar âncoras, içar velas e iniciar a viagem. Até aí tudo bem. Eu sabia que a viagem exigiria muita dedicação, mas não imaginava que pensando em ensinar eu seria a aluna que mais aprenderia.
Por não trabalhar a algum tempo com 9º ano, senti que o desafio seria ainda maior por muitas razões, mas principalmente porque para envolver os adolescentes eu precisaria usar uma boa metodologia. No início eu não estava usando o material da Olimpíada. Assim, navegávamos sem rumo, remando contra a maré. Eu ainda estava com medo de enfrentar o desconhecido, pois sabia que nem sempre o dia estaria ensolarado e as velas ajustadas. Encontraria ventos, tempestades, então seria mais fácil deixar como estava. No entanto, após uma formação realizada na escola sobre a Olimpíada de Língua Portuguesa, onde o material foi apresentado, o mar dentro de mim se acalmou e eu atraquei minhas aulas nas sequências didáticas da coleção. O Caderno do Professor seria nosso mapa rumo ao tesouro.
Achei que navegaria a todo vapor! Mas, quando iniciei, as turmas jogaram mais que um balde d'água, despejaram uma onda gigante no meu entusiasmo. Senti-me atacada por piratas. Muitos torceram o nariz, disseram que não gostavam e que não conseguiriam produzir textos para concorrer no concurso. Era preciso desencalhar! Estava convencida de que queria trabalhar, restava agora contagiar os alunos. Então contei a história de que a escola já tinha sido finalista em duas edições anteriores, que o prêmio seria um reconhecimento do trabalho do aluno e do professor, que os ganhadores viajariam para uma capital brasileira... Pronto! A empolgação tomou conta. De todos? Claro que não! Estava lidando com adolescentes. Humor oscilante; uns com tudo, outros com um pouco menos. Mas enfim, capturei o grupo! Com os suprimentos de viagem em mãos, apresentei a proposta de trabalho, o blog Cronicanto dos semifinalistas de 2012, que tem, inclusive, uma cronista finalista da escola e vídeos de edições anteriores. Assim, foram identificando o que é uma crônica e quais as situações de comunicação em que ela costuma ser produzida.
Seguindo o rumo do vento, passamos para a leitura de diversas crônicas: lemos textos de autores renomados e de alunos semifinalistas. Identificávamos o assunto, o tom, a linguagem, o enredo, os personagens, o título, as emoções provocadas... A partir das leituras e análises, eu ia me convencendo de que escreveriam bons textos. Elencamos vários temas pertinentes à cidade que dariam uma boa crônica e cada um escolheu sobre o que iria escrever. Que enrascada! A primeira escrita não saiu tão boa como esperava. Mas, eu estava convencida de que não podia morrer na praia. Era preciso mover o leme, seguir adiante sem perder a direção. E assim fiz.
Analisamos os textos. Os alunos tiveram a oportunidade, às vezes individual, às vezes em grupos, de rever os textos, avaliar se atendiam os critérios de escrita de uma boa crônica. A cada aula, quando achava que estava ensinando, notava que aprendia mais, pois muitas vezes as interpretações, as análises dos alunos iam além do esperado e me surpreendiam. O olhar de cada um se manifestava. Vi que meus alunos já identificavam as particularidades da crônica e começavam a captar as coisas de maneira singular.
Uma oficina que rendeu muito foi a "Da notícia à crônica", pois além dos textos indicados na coletânea, buscamos outros que ampliaram o repertório e o entendimento. Assim, remando... remando... íamos escrevendo. Porém, o que mais encantou e motivou os alunos foi sair pela cidade, e de "Olhos Atentos ao dia-a-dia", vivemos grandes aventuras. Visitamos plantações, que ficam a seis quadras da escola e andamos pela rua tirando fotos; nessa atividade pude ver que os tripulantes já venciam os obstáculos que surgiram lá no começo. Eles já estavam entendendo que a crônica pode estar aqui, ali, em qualquer lugar, basta apurar o olhar e soltar a imaginação.
Chegou a hora de tomar um novo trecho da rota: a produção individual. Para isso, os alunos escolheram dentre as fotos tiradas uma que julgavam que daria um bom texto. E lá fomos nós, desbravando novos mares. No entanto, tive mais uma decepção. Nem todos conseguiram... Continuei remando, pois as intempéries não podiam me fazer sair da rota.
E como o trabalho de professor exige dedicação infinita, como o mar, não me abati e segui com a revisão e aprimoramento das produções. Tirei cópias dos textos para que os alunos ajudassem uns aos outros, assim tiveram a oportunidade de aprender juntos. Voltando-se para o próprio texto com as recomendações dos colegas e as minhas orientações, cada um fez a revisão de sua crônica, aperfeiçoando até chegar à versão final.
E assim... com o encerramento do trabalho e a classificação de uma crônica para a semifinal podemos gritar "terra à vista!", atracar nossa embarcação e comemorar a conquista desse tesouro. Me considero descobridor de sete mares e na próxima edição vou navegar para uma nova e extraordinária aventura.
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