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sua aula / projetos de escrita

Nossas vivências e as escrevivências de Conceição Evaristo

Elaine Valério de Azevedo, Marilane Gondim Leite e Karla Rossana Rodrigues de Souza. Editora: Jordana Lima de Moura Thadei.

28 de julho de 2023

Público-Alvo

Ensino Fundamental Anos Finais

Duração

2 a 4 semanas para cada obra

Alinhamento à BNCC

4 Competências
6 Habilidades

Público-Alvo

Ensino Fundamental Anos Finais

Duração

2 a 4 semanas para cada obra

Alinhamento à BNCC

4 Competências
6 Habilidades

Objetivos Gerais


  1. Conhecer a autora mineira e a temática de sua obra.
  2. Refletir sobre as questões abordadas nos textos da autora e compará-las às realidades da comunidade de estudantes.
  3. Relacionar as obras lidas às experiências de leitura dos/as estudantes e a outros textos, em diferentes gêneros, em linguagens diversas e que circulam em diferentes mídias.
  4. Compartilhar as leituras subjetivas de cada obra em situações de interação oral.
  5. Planejar e elaborar produto multissemiótico que retrate a percepção de cada obra pelos(as) estudantes.
BNCC

Competências Específicas de Língua Portuguesa:

  • Competência específica nº3 Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.

  • Competência específica nº7 Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negociação de sentidos, valores e ideologias.

  • Competência específica nº9 Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.

  • Competência específica nº10 Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais.

Práticas de linguagem / Objetos do conhecimento:

  • Leitura



Objetos de Conhecimento:

  1. Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção;

  2. Apreciação e réplica;

  3. Adesão às práticas de leitura;

  4. Relação entre textos;

  5. Estratégias de leitura.

 

Habilidades (clique ou passe o cursor do mouse sobre os códigos das habilidades para ler suas descrições):

EF69LP44 Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção. EF69LP46 Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs. EF69LP49 Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor. EF89LP32 Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de mecanismos de intertextualidade (referências, alusões, retomadas) entre os textos literários, entre esses textos literários e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), quanto aos temas, personagens, estilos, autores etc, e entre o texto original e paródias, paráfrases, pastiches, trailer honesto, vídeos-minuto, vidding, dentre outros. EF89LP33 Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, contos contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas, crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

  • Oralidade


Objetos de Conhecimento:

  1. Estratégias de produção: planejamento e produção de apresentações orais.

Habilidade (clique ou passe o cursor do mouse sobre o código da habilidade para ler sua descrição): 

EF69LP38 Organizar os dados e informações pesquisados em painéis ou slides de apresentação, levando em conta o contexto de produção, o tempo disponível, as características do gênero apresentação oral, a multissemiose, as mídias e tecnologias que serão utilizadas, ensaiar a apresentação, considerando também elementos paralinguísticos e cinésicos e proceder à exposição oral de resultados de estudos e pesquisas, no tempo determinado, a partir do planejamento e da definição de diferentes formas de uso da fala – memorizada, com apoio da leitura ou fala espontânea.

“Ensino” de literatura ou formação da(o) leitora(or) literária(o)?


A leitura literária realizada na escola tem várias faces. Algumas reproduzidas há anos e mais focadas no “ensino” de literatura são questionáveis quanto à formação da(o) leitora(or) literária(o). Outras promovem novos olhares sobre o texto literário, possibilitando leituras muito particulares com as quais as(os) estudantes se envolvem e com as quais relacionam vivências pessoais e gêneros textuais outros, que não apenas os literários.

Antes de tudo, é importante identificarmos as especificidades de “ensinar” literatura, que envolve uma(um) professora(or) conhecedora(or) do certo e do errado sobre literatura, e de formar leitora(or) literária(o), que envolve uma(um) mediadora(or) de leitura, que pode ser a(o) professora(or), mas também as(os) próprias(os) estudantes. Construir sentidos para as leituras literárias em colaboração com o coletivo de estudantes é um desafio à abordagem da literatura na sala de aula, mas pode ser um elo entre as leituras que as(os) estudantes já realizam, os suportes destas leituras (inclusive digitais) e a literatura proposta pela escola.

Foi apostando na ideia de formar leitoras(es) literárias(os) que o projeto coletivo foi elaborado. Para isso, ele procurou relacionar a literatura a outros textos e linguagens próximas ao universo das(os) estudantes do 9º ano, visando a enriquecer a compreensão das obras com vivências subjetivas e contemporâneas. As autoras identificaram pontos comuns entre as temáticas das obras selecionadas e o perfil da comunidade escolar, composta majoritariamente por trabalhadoras(es) e filhas(os) de trabalhadoras(es) pretas(os) e pardas(os), que vivem em condições de vulnerabilidade social. Isso foi determinante para a escolha da autora estudada e das obras selecionadas, que permeiam o universo feminino, a discriminação racial, de gênero e de classe.

Assim, trazendo uma temática próxima da realidade local, o projeto buscou despertar a atenção das(os) estudantes para as obras da autora mineira Conceição Evaristo, envolvendo-as(os) em práticas letradas que incluem as Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC), cada vez mais presentes no universo de jovens e adolescentes. As obras escolhidas para o projeto foram Olhos D’Água (2014), Becos da Memória (2006) e Ponciá Vicêncio (2003).

Introdução


 Vi só lágrimas e lágrimas.

 Entretanto, ela sorria feliz.

 Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos

 sobre a face.

 E só então compreendi.

 Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas.

 Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto.

 A cor dos olhos de minha mãe era cor de OLHOS D’ÁGUA.

 Águas de Mamãe Oxum!

 Rios calmos, mas profundos e enganosos para quem contempla a vida apenas pela

 superfície.

 Sim, águas de Mamãe Oxum .

 (Trecho do conto “Olhos d'água”, 2014)

O projeto foi elaborado para o curso “Caminhos da Escrita”, primeiro semestre de 2021. As professoras Elaine, Karla e Marilane realizaram um passeio pela teoria acerca das práticas de letramento e de multiletramentos, de gêneros do discurso e de multimodalidade, que constituiu a base para análise de algumas práticas docentes. Após analisarem relatos de práticas de outras professoras e discutirem em fórum, apresentaram suas ideias para um projeto individual, que foi construído gradativamente, enquanto recebiam a colaboração de colegas. Os projetos foram comentados pela mediadora, que valorizou as potencialidades evidentes e recomendou que incorporassem práticas multiletradas à proposta, indo além do letramento da letra1, conforme discutido no curso.

Em etapa seguinte, as professoras Elaine e Marilane, que já apresentavam projetos que se alinhavam ao de Karla, ora pela temática, ora pela prática letrada envolvida, se encantaram pela ideia de introduzir Conceição Evaristo e de dar voz às vivências literárias de suas(seus) alunas(os). Assim, Elaine e Marilane juntaram-se a ela, trazendo, cada uma as potencialidades de seus projetos, para uma proposta, agora, do trio e com o desafio de ir além do que já faziam em sala de aula com o texto literário. Na colaboração entre elas, outras práticas e linguagens do universo digital foram incorporadas ao projeto.

As etapas do projeto e as práticas letradas envolvidas


O projeto teve como ponto de partida sua apresentação às(aos) estudantes e explicitação do percurso, desde as leituras até o seminário sobre as obras lidas e a produção de um book trailer.

Book trailers, como o nome indica, são inspirados nos trailers de cinema, que mostram algumas cenas de um filme, visando atrair a(o) espectadora(or).Incorporados pela literatura, são vídeos curtos que contam um pouco da história de um livro, ativando o interesse da(o) leitora(or), sem, contudo, revelar a narrativa ou as características das(os) personagens. Afinal, nos livros, a ideia é que a(o) leitora(or) imagine as(os) personagens.

Desse modo, um book trailer apresenta pontas soltas de uma narrativa, para que a(o) leitora(or) as amarre com a leitura da obra. A linguagem é mais visual e animada e as(os) produtoras(es) podem inserir uma trilha sonora de fundo que se relacione com a trama.

A etapa seguinte constituiu-se de apresentação da autora e do início da leitura de uma das obras e análise do seu contexto de produção. A leitura de cada livro não seguiu uma regra. Nos três livros2, partiu-se da leitura da professora, acompanhada pelas(os) estudantes, alternada com momentos de leitura autônoma da turma até determinada parte do livro, para discussão ou realização de atividade relacionada.

Os momentos de leitura foram planejados previamente. Assim, os contos puderam ser lidos um a cada dia determinado para leitura, seguidos de discussão, enquanto o romance foi lido em etapas previamente planejadas, com o cuidado de se interromper a leitura da professora ou de agendar a leitura autônoma de cada estudante até um ponto que suscitasse a relação com aspectos locais ou a intertextualidade com filme, música, poema, série televisiva, obra plástica, entrevistas etc. A partir daí, foram realizadas tertúlias literárias3, discutindo o que o texto sugere, e socializando diferentes leituras das obras selecionadas.

Para conhecer o conceito de tertúlia literária clique aqui.

A prática da tertúlia, neste projeto, faz sentido por propiciar que leitoras(es) com diferentes vivências pessoais e experiências literárias dialoguem sobre cada obra, construindo coletivamente seus significados e ampliando suas possibilidades interpretativas. Também propicia o exercício da escuta, da expressão oral e o desenvolvimento do pensamento crítico.

Vale ressaltar que essa etapa expande a leitura para além da literatura, ao estabelecer a intertextualidade com outras obras artísticas e gêneros textuais de outros campos de conhecimento, dialogando com o universo estudantil. A prática valorizou as vivências de leituras das(os) estudantes para relacioná-las à leitura proposta pela escola. É por meio desse diálogo com vivências contemporâneas que as(os) estudantes podem responder a uma pergunta implícita ao projeto: o que cada obra lida tem a me dizer? É por esse caminho que o projeto acredita se aproximar da formação da(o) leitora(or) literária(o).

Na etapa seguinte às leituras (que também pode ser feita após a leitura de cada obra específica) as(os) estudantes, juntamente com a professora levantaram temáticas para análise da verossimilhança presente nos textos literários, o que constituiu materialidade para as apresentações orais, em um seminário sobre as três obras da autora.

Para a realização do seminário, as(os) estudantes foram incentivadas(os) a apresentar textos em outras linguagens (vídeos, músicas, desenhos etc.) que expressassem as temáticas analisadas e apresentadas pelos grupos, como uma forma de mediação de leitura. Mediar a leitura é despertar no outro o desejo de ler. Ao trazer outros textos, linguagens e mídias que dialogam com os contos e romances lidos, as(os) estudantes compartilham outros olhares e ideias sobre um mesmo texto, convidando as(os) demais leitoras(es) a olhar o texto sob a sua ótica.

O compartilhamento de ideias e a diversidade de leituras apresentadas no seminário ampliaram os olhares das(os) estudantes para as três obras e também contribuíram para aumentar o repertório de linguagens e de intertextos para a produção de book trailers sobre um dos livros lidos, à escolha de cada grupo.

De acordo com as professoras idealizadoras do projeto, a apresentação oral já tem seu lugar garantido nas práticas letradas escolares. O seminário é uma dessas práticas orais escolares. Tomá-lo como uma etapa do projeto (e não mais como produto final) e dar sequência a ele para a elaboração de um novo produto que se beneficia da multissemiose presente nas apresentações orais é dar um passo à frente no diálogo entre a literatura e os multiletramentos, tão presentes na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) de Língua Portuguesa.

A escolha do gênero book trailer se deu por algumas razões: a linguagem multissemiótica que utiliza; a circulação em meios digitais, com os quais as(os) estudantes estão bastante familiarizadas(os); a possibilidade de promover o trabalho de leitura e de escrita de forma interativa e colaborativa entre as(os) estudantes e o envolvimento de várias práticas letradas que, por sua vez, envolvem gêneros textuais diversos, que auxiliam na produção do gênero central (escrita colaborativa, elaboração de sinopse, pesquisa de imagens relacionadas à narrativa, análise e seleção de canções para fundo musical, elaboração do roteiro do vídeo, elaboração do story board, edição do vídeo, etc.).

De acordo com Rojo e Barbosa (2015), hoje em dia, os sujeitos não apenas consomem produtos disponíveis na internet. Eles interagem com o conteúdo existente na rede, comentando e compartilhando e, também, os publicam. É a chamada web 2.0. Nas palavras de Rojo (2013), a(o) internauta atual é um “lautor”, pois ela/ele é leitor/consumidor, mas também é autor/produtor desses conteúdos. Associando a tecnologia e a literatura, a criação de trailers de livros se alinha a esse perfil de lautor, dando voz às leituras subjetivas das(os) estudantes e mobilizando conhecimentos sobre gêneros textuais de diversos campos de atuação.

Assim, o projeto parte de gêneros já trabalhados pela escola e que circulam predominantemente em meios impressos, mas envolve práticas letradas que convocam outros gêneros multissemióticos e de circulação digital, numa demonstração clara da possibilidade de diálogo entre o letramento da letra4 e os multiletramentos, entre multiletramentos e a leitura literária. Ou seja, práticas letradas digitais e, geralmente, distantes das atividades escolares podem ser incorporadas aos projetos, sem que se substituam as práticas já consolidadas pela escola.

Vale salientar, ainda, que cada gênero textual envolvido no projeto e pouco conhecido pelas(os) estudantes pode constituir uma Sequência Didática específica, na qual é estudado dentro de um contexto de uso e não apenas por determinação curricular.

As culturas que perpassam o projeto


Uma das características da Pedagogia de Projetos é o trabalho contextualizado e relacionado a questões de interesse das(os) estudantes, envolvendo a cultura local e a valorização da identidade da comunidade escolar. O projeto contempla essa característica, ao trazer obras literárias que abordam temáticas próximas à realidade da turma, como as questões sociais, raciais e de gênero, mencionadas anteriormente, e ao incluir as suas vivências de leituras em outras linguagens e em outros gêneros, para dialogar com as leituras realizadas, fazendo delas ferramentas de apoio à compreensão das obras. Nessa perspectiva, a cultura local e as culturas juvenis, especialmente a cultura digital, ganham lugar no projeto e atuam em prol da formação do(a) leitora(or) literária(o).

Ao estabelecer o diálogo entre a literatura e as tecnologias digitais, com a proposta de produção do book trailer, as culturas juvenis são, novamente, contempladas no projeto. A produção também dá mais protagonismo as(aos) estudantes que, por meio do vídeo, vão apresentar os seus olhares sobre as obras de Conceição Evaristo, ressignificando as práticas escolares de leitura literária.

O trabalho em grupo e colaborativo também constitui um aspecto cultural dos modos como as(os) jovens lidam com desafios tecnológicos, para os quais os conhecimentos individuais se somam e se transformam na busca de soluções. Muitas vezes a colaboração vem mesmo de grupos de redes sociais ou de tutoriais disponíveis no mundo virtual, numa demonstração de que o mundo digital é, dentre outras características, colaborativo.

Por fim, o fato de o book trailer circular digitalmente exige sua publicação em canais digitais ou redes sociais, confirmando a cultura da web 2.0, em que as(os) internautas não apenas consomem, mas também produzem conteúdos para a internet.

Um olhar para os conhecimentos construídos no projeto: a avaliação


Avaliar é compreender o processo pelo qual a(o) estudante constrói conhecimentos. É conhecer os desafios com que se depara e os recursos que mobiliza para superá-los. Também é o processo pelo qual educadoras(es) refletem sobre sua prática pedagógica, avaliando sua efetividade e os obstáculos a serem superados.

A avaliação dos trabalhos e das ações envolvidas neste projeto consideraram o aspecto formativo e processual da avaliação da aprendizagem, com destaque para o caráter ativo das atividades propostas, permitindo à(ao) professora(or) analisar o desempenho das(os) estudantes na participação e execução de cada etapa. Assim, não apenas a produção final foi avaliada, mas todo o processo, com base nos objetivos traçados para o projeto, na participação e envolvimento das(os) alunas(os) nas leituras e no desenvolvimento das atividades relacionadas à leitura.

Como projeto que tinha diferentes objetivos voltados para a formação da(o) leitora(or) literária(o), as atividades propostas constituíram objeto de avaliação quanto à sua contribuição para os objetivos delineados, assim como às metodologias utilizadas e sua contribuição para o engajamento das(dos) estudantes.

A avaliação no processo possibilita a tomada de novos rumos ainda no caminhar, de modo a alcançar os objetivos. Assim, além da análise da qualidade interacional e da compreensão leitora a cada etapa do projeto, também os pequenos produtos, passos para se atingir um produto final maior, foram avaliados, no sentido de se identificar desafios e oferecer recursos imediatos.

A preparação e realização do seminário, por exemplo, contou com habilidades relacionadas e previstas na BNCC, que serviram como referências para avaliação da pesquisa e organização das informações para uma apresentação oral, além, é claro, do conteúdo do seminário. Aspectos relacionados à oralidade e à apresentação oral também integraram os critérios de avaliação do projeto, fornecendo elementos para a análise do trabalho com o eixo de ensino. Entretanto, um aspecto não considerado no projeto e que pode ser incluído em outras edições foi a avaliação da(o) própria(o) estudante quanto à contribuição do seminário para sua formação - seja como participante de seminários, seja como leitora(o) literária(o).

O planejamento e elaboração do book trailer, os gêneros auxiliares e a atuação das(os) estudantes na tarefa constituíram objeto de avaliação, que possibilitaram intervenções durante o processo, fazendo da avaliação um importante recurso na promoção da aprendizagem.

Quanto ao produto book trailer, um olhar discursivo sobre as cenas selecionadas, as linguagens usadas e o que o trailer diz à(ao) espectadora(or) pode ser o caminho para uma avaliação que não se prenda a questões exclusivamente gramaticais e/ou técnicas, mas que valorize a interlocução com a(o) leitora(or)/espectadora(or).

Por fim, destacamos a importância do fortalecimento da cultura da revisão textual, por meio de um roteiro de revisão, que inclua características do gênero textual específico, diferentes aspectos envolvidos no texto, como a intenção comunicativa, a adequação da linguagem e dos registros usados, os recursos linguísticos e multimodais, a correção ortográfica, a clareza, etc. Escrever é sempre reescrever e o ir e vir do texto entre estudantes e professora(or), característico do processo de produção de textos verbais escritos, é, também, um processo natural de textos constituídos de diferentes linguagens, como os vídeos de book trailers.

  1. Letramentos que privilegiam os textos verbais e, geralmente, impressos
  2. Olhos D’Água (2014), Becos da Memória (2006) e Ponciá Vicêncio (2003).
  3. Na teoria, o termo "tertúlia" está relacionado à leitura de clássicos, mas também tem sido usado para leituras contemporâneas. O termo pode ser entendido como leitura dialogada.
  4. Letramentos que privilegiam os textos verbais e, geralmente, impressos.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

 EVARISTO, C. Olhos d’água. Rio de Janeiro. Pallas, 2016.

 EVARISTO, C. Becos da Memória. Belo Horizonte: Mazza, 2006.

 EVARISTO, C. Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

 ROJO, R.; BARBOSA, J. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola Editorial, 2015. P.150.

 ROJO, R. Gêneros discursivos do Círculo de Bakhtin e multiletramentos. In.; ROJO, R. (Org). Escol@ conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola Editorail, 2013, pp. 13-36.

Sobre as autoras

Sobre as autoras

Elaine Valério de Azevedo é licenciada plena em Letras (UFPA). Especialista em Língua Portuguesa e Análise Literária (UEPA). Mestre em Estudos Literários (UFPA). É professora de Língua Portuguesa e suas Literaturas no Sistema Educacional Interativo (SEDUC-PA).

Marilane Gondim Leite é licenciada em Letras Português-Francês (UFC) e especialista em Informática Educativa (UEVA). Professora de Língua Portuguesa da EEEP Darcy Ribeiro com experiência em oficina de produção textual.

Karla Rossana Rodrigues de Souza é licenciada em Letras (UFPE) e em Pedagogia (UFPE), especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa (FAFIRE) e Neuropsicopedagogia (ALPHA). É mestre em Letras (PROFLETRAS - UFPE) e atualmente é professora da rede estadual de Pernambuco e da rede municipal de Jaboatão dos Guararapes - PE.

Sobre a editora do projeto de escrita

Sobre a editora do projeto de escrita

Jordana Lima de Moura Thadei é mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (PUC-SP), e mediadora do curso "Caminhos da escrita"

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