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biblioteca / indicações: ler, ver e ouvir

“Escritas” de si, formas de (re)existir

Pedro Daniel dos Santos Souza

07 de agosto de 2023

O curso on-line "Sequência didática: aprendendo por meio de resenhas" propõe aos professores e professoras que escrevam uma resenha sobre um produto cultural. Veja abaixo o texto do professor Pedro Daniel dos Santos Souza, de Salvador (BA), sobre as videocartas do Projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete.

Desenvolvido no contexto da pandemia de Covid-19, o Projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete traz à cena as inquietações e as formas de  (re)existência de quatro “mulheres guerreiras”, vozes que se entrelaçam numa  “perspectiva afetiva, etnofilosófica e crítica perante o processo atual de isolamento  social e ao universo que as permeia”. Contando com o apoio do Museu do Índio, esse  projeto integra o Programa IMS Convida, uma ação do Instituto Moreira Salles (IMS) para fomentar e incentivar a criação artística durante o período de quarentena. 

Três mulheres indígenas – Michele Kaiowá (cineasta), Graciela Guarani  (cineasta e produtora cultural), e Patrícia Pará Yxapy (professora e cineasta) – e uma  não indígena – Sophia Pinheiro (artista visual, professora e pesquisadora) – compartilham seus cotidianos, angústias e aprendizagens, olhares sobre o passado,  o presente e o futuro, por meio da troca de videocartas. O gênero emerge nesse  cenário de aproximações marcadas pelo mundo digital e cria espaços para seu uso  didático em contraste com outros gêneros como a carta e o bilhete. 

As 16 videocartas, que foram divididas em quatro blocos (com média de 50 minutos de duração cada) e disponibilizadas no site do IMS, foram trocadas ao longo de dois meses e resultaram na obra-processo Nhemongueta Kunhã Mbaraete. Elas testemunham o confronto entre visões de mundo diferentes (indígena versus não indígena), embora, no contexto da pandemia, ambas vítimas das atitudes predatórias do homem em relação ao planeta Terra. Mesmo vivendo em estados brasileiros distintos, respectivamente, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Goiás, as videocartas fazem desabrochar uma relação de amizade nesta “escrita de si” também como  forma de (re)existência. Estas mulheres nos convidam a refletir sobre nossa condição  humana, nossas relações familiares, nossa casa... 

Os cantos indígenas e as narrativas em língua indígena, além de proporcionarem beleza às videocartas, colocam também em evidência a diversidade  linguística que caracteriza nosso país, pondo em xeque os discursos sobre a  hegemonia monolíngue do Brasil, questão que pode ser muito bem explorada em sala  de aula, a partir da reflexão sobre o contato linguístico entre o português e as línguas  indígenas, o processo histórico de silenciamento de “vozes”, mas não a sua extinção.

As representações das cenas cotidianas, a simplicidade dos relatos da vida  “vivida”, as trocas de saberes e aprendizagens com os “mais velhos” são um convite  à poeticidade e ao pensamento etnofilosófico do Nhemongueta Kunhã Mbaraete.  Por meio destas “conversas entre mulheres guerreiras”, vamos estabelecendo  conexões e avaliando nossas relações, num mundo que se encontra em relativa  desaceleração! 

Projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete. Disponível em
https://ims.com.br/convida/michele-kaiowa-graciela-guarani-patricia-ferreira-para-yxapy-sophia-pinheiro/

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