Lendo mulheres: a literatura de autoria feminina nas salas de aula
formação leitora, ensino de literatura, literatura de autoria feminina, literaturas e identidades
O curso on-line "Sequência didática: aprendendo por meio de resenhas" propõe aos professores e professoras que escrevam uma resenha sobre um produto cultural. Veja abaixo o texto do professor Pedro Daniel dos Santos Souza, de Salvador (BA), sobre as videocartas do Projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete.
Desenvolvido no contexto da pandemia de Covid-19, o Projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete traz à cena as inquietações e as formas de (re)existência de quatro “mulheres guerreiras”, vozes que se entrelaçam numa “perspectiva afetiva, etnofilosófica e crítica perante o processo atual de isolamento social e ao universo que as permeia”. Contando com o apoio do Museu do Índio, esse projeto integra o Programa IMS Convida, uma ação do Instituto Moreira Salles (IMS) para fomentar e incentivar a criação artística durante o período de quarentena.
Três mulheres indígenas – Michele Kaiowá (cineasta), Graciela Guarani (cineasta e produtora cultural), e Patrícia Pará Yxapy (professora e cineasta) – e uma não indígena – Sophia Pinheiro (artista visual, professora e pesquisadora) – compartilham seus cotidianos, angústias e aprendizagens, olhares sobre o passado, o presente e o futuro, por meio da troca de videocartas. O gênero emerge nesse cenário de aproximações marcadas pelo mundo digital e cria espaços para seu uso didático em contraste com outros gêneros como a carta e o bilhete.
As 16 videocartas, que foram divididas em quatro blocos (com média de 50 minutos de duração cada) e disponibilizadas no site do IMS, foram trocadas ao longo de dois meses e resultaram na obra-processo Nhemongueta Kunhã Mbaraete. Elas testemunham o confronto entre visões de mundo diferentes (indígena versus não indígena), embora, no contexto da pandemia, ambas vítimas das atitudes predatórias do homem em relação ao planeta Terra. Mesmo vivendo em estados brasileiros distintos, respectivamente, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Goiás, as videocartas fazem desabrochar uma relação de amizade nesta “escrita de si” também como forma de (re)existência. Estas mulheres nos convidam a refletir sobre nossa condição humana, nossas relações familiares, nossa casa...
Os cantos indígenas e as narrativas em língua indígena, além de proporcionarem beleza às videocartas, colocam também em evidência a diversidade linguística que caracteriza nosso país, pondo em xeque os discursos sobre a hegemonia monolíngue do Brasil, questão que pode ser muito bem explorada em sala de aula, a partir da reflexão sobre o contato linguístico entre o português e as línguas indígenas, o processo histórico de silenciamento de “vozes”, mas não a sua extinção.
As representações das cenas cotidianas, a simplicidade dos relatos da vida “vivida”, as trocas de saberes e aprendizagens com os “mais velhos” são um convite à poeticidade e ao pensamento etnofilosófico do Nhemongueta Kunhã Mbaraete. Por meio destas “conversas entre mulheres guerreiras”, vamos estabelecendo conexões e avaliando nossas relações, num mundo que se encontra em relativa desaceleração!
Projeto Nhemongueta Kunhã Mbaraete. Disponível em
https://ims.com.br/convida/michele-kaiowa-graciela-guarani-patricia-ferreira-para-yxapy-sophia-pinheiro/
Lendo mulheres: a literatura de autoria feminina nas salas de aula
formação leitora, ensino de literatura, literatura de autoria feminina, literaturas e identidades
Poemas de Luiz Gama
texto literário, Luiz Gama, poema, poesia
Campanha: atualize seus dados de raça/cor no cadastro do Portal
Na Ponta do Lápis: revista chega ao número 40 com edição especial sobre culturas indígenas
educação para as relações étnico-raciais, formação docente, literatura indígena, revista NPL, línguas indígenas
Ninguém comentou ainda, seja o primeiro!
Ver mais comentáriosOlá, visitante. Para fazer comentários e respondê-los você precisa estar autenticado.