A oriental de Natal – aluno semifinalista

Emily beatriz Vieira Assis
Colégio Militar Tiradentes
São Luís / MA

Lá estava ela… praticamente se debruçando sobre a janela, prestava atenção em tudo: quem ia, quem vinha; quem chegava ou partia. Era um verdadeiro farol, um farol humano debruçado na tal janela.

Cabelos pretos feito carvão e escorridos como macarrão, olhos negros e brilhantes como duas jabuticabas, só que tinha um detalhe: em questão de tamanho, eram reduzidos. Pele branca como uma folha de papel que ainda não recebeu nem sequer um rabisco; uma feição singela e delicada… Uma verdadeira gueixa!

Ao seu contrário, a rua estava agitada, tumultuada… pessoas passavam apressadas, geralmente nem se olhavam, mas nesse dia o auge estava todo lá, na moça da janela. As mulheres? Elas a olhavam e ficavam quase a “se morder” de inveja:

— Ela só quer chamar a atenção!
— Não é tão bonita quanto dizem!

Homens? Esses ficavam de “queixo caído”; andavam naturalmente, mas seus olhos só enxergavam uma coisa: a tal moça da janela! Sem falar das crianças que puxavam a barra da saia de suas mães e falavam:

— Ela parece uma princesa oriental!
— Quero ser igual a ela quando crescer!

Quando percebeu toda aquela fama e tumulto que, de alguma forma, causara, saiu da janela deixando pra traz uma lacuna. Começaram a comentar:

— A luz do farol se apagara!

Voltaram ao seu dia normal, a monotonia começava a dar as caras… Mas também: o que queria uma oriental na janela?

Só sei que uma coisa não sai das nossas mentes, e acho que também da dela também não vai sair: em terra de gente bronzeada, com cabelo enrolado, uma gueixa na janela é, no mínimo, super inusitado!