Viver para contar

Atividades

  1. Leia para a classe um fragmento do livro Nas ruas do Brás, de Drauzio Varella. Avise que a leitura será de um texto de memórias.
  2. Antes apresente o autor, dê algumas informações sobre ele utilizando o quadro “Sobre Drauzio Varella”.

    Sobre Drauzio Varella

    Drauzio Varella é um médico e escritor brasileiro, neto de um imigrante espanhol. Ele é bastante conhecido pelo seu trabalho, no rádio e na televisão, para esclarecer a população sobre prevenção à AIDS, ao câncer, combate ao tabagismo, primeiros socorros, atendimento à população carcerária e outras áreas da saúde humana. Dentre os vários livros que publicou, destinou um deles ao público infantil, para contar episódios de sua infância nas ruas do Brás, um bairro paulista, assim como para relembrar as memórias de familiares mais velhos. Conheça mais sobre Drauzio Varella: acesse o site oficial do escritor.

  3. Para saber mais

    Em busca de sentido

    Para ler um texto, não basta identificar letras, sílabas e palavras; é preciso buscar o sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante.

    Quando lemos algo, temos sempre um objetivo: buscar informação, ampliar conhecimento, meditar, entreter-nos. O objetivo da leitura é que vai mobilizar as estratégias que o leitor utilizará. Sendo assim, ler um artigo de jornal é diferente de ler um romance, uma história em quadrinhos ou um poema.

    Ler textos traz desafios para os e as estudantes. Para vencê-los é fundamental a mediação de um professor, que deve ajudá-los a compreender, gradativamente, diferentes gêneros textuais por meio da leitura individual e autônoma. Algumas estratégias podem facilitar essa conquista: uma delas é o professor ler de forma cativante, emocionada, enfática; outra, ouvir com a turma as leituras que fazem parte deste Caderno Docente.

    Contudo, ouvir textos lidos em voz alta não pode substituir a leitura dos alunos, pois são jeitos diferentes de conhecer um mesmo texto. Além disso, é papel da escola desenvolver habilidades de leitura.

    Memórias literárias – Trecho de Nas ruas do Brás

    O pai do meu pai era pastor de ovelhas numa aldeia bem pequena, nas montanhas da Galícia, ao norte da Espanha. Antes de o dia clarear, ele abria o estábulo e saía com as ovelhas para o campo. Junto, seu amigo inseparável: um cachorrinho ensinado.

    Numa noite de neve na aldeia, depois que os irmãos menores dormiram, meu avô sentou ao lado da mãe na luz quente do fogão a lenha:

    – Mãe, eu quero ir para o Brasil, quero ser um homem de respeito, trabalhar e mandar dinheiro para a senhora criar os irmãos.

    Ela fez o que pôde para convencê-lo a ficar. Pediu que esperasse um pouco mais, era ainda um menino, mas ele estava determinado:

    – Não vou pastorear ovelhas até morrer, como fez o pai.

    Mais tarde, como em outras noites de frio, a mãe foi pôr uma garrafa de água quente entre as cobertas para esquentar a cama dele:

    – Doze anos, meu filho, quase um homem. Você tem razão, a Espanha pouco pode nos dar. Vá para o Brasil, terra nova, cheia de oportunidades. E trabalhe duro, siga o exemplo do seu pai.

    Meu avô viu os olhos de sua mãe brilharem como líquido. Desde a morte do marido, era a primeira vez que chorava diante de um filho.

    Drauzio VARELLA. Nas ruas do Brás. São Paulo: Companhia das letrinhas, 2000, p. 5.

    Coleção Memória e História.

    3. Conte à turma que o Brás é um bairro da cidade de São Paulo e abrigou muitos imigrantes espanhóis, italianos etc. que vieram tentar a vida no Brasil. Foi nesse bairro bem popular que nosso autor cresceu e viveu as aventuras que registrou nesse livro destinado às crianças. Entre suas próprias lembranças, ele conta também as histórias de juventude de seu avô.

    4. Informe-os(as) que nesse trecho do livro, ele reconstitui a conversa do avô com a mãe, quando tinha 12 anos, no momento em que ele decide deixar seu país e vir para o Brasil.

    5. Após a leitura do texto, organize uma rodada de opiniões e comentários. As questões sugeridas abaixo podem orientar a conversa, mas não devem ser transformadas em um questionário.

  • O que imaginaram e sentiram enquanto ouviam o texto?
  • Alguma parte chamou mais a atenção? Qual? Por quê?
  • O que o autor conta nesse trecho: um fato que viveu, uma situação, suas lembranças pessoais ou as de outra pessoa?

6. Releia o texto para os alunos e alunas, e peça-lhes que desenhem, no computador ou no papel, uma cena que tenha lhes chamado a atenção. Se optar pela realização da atividade no computador, você pode utilizar não somente programas como o Paint, disponível em computador com sistema operacional Windows, mas também ferramentas on-line de criação e compartilhamento de desenhos, como o Sketchpad.

7. Lembre à turma que esse livro foi publicado quando Drauzio tinha 57 anos e que nesse trecho ele conta uma história que deve ter ouvido do avô (ou de seu pai) quando era criança. Continue a conversa perguntando se o autor escreveu exatamente o que ouviu naquela época. Comente as diferenças entre registrar exatamente o que se ouviu e a lembrança da história que se escutou.