Verbos no passado

O autor ou a autora de memórias literárias usa os verbos para marcar um tempo do passado. Esta oficina trata dos tempos verbais essenciais no gênero memórias: pretérito perfeito e pretérito imperfeito.

Atividades

Para saber mais

Verbos

Ataliba Castilho, em Nova gramática do português brasileiro, considera como verbo a palavra (1) que introduz participantes no texto, via processo de apresentação, por exemplo; (2) que os qualifica devidamente, via processo de predicação; (3) que concorre para a constituição dos gêneros discursivos, via alternância de tempos e modos.

  1. Mostre o texto, por meio do projetor, destacando o trecho.
  2. Cheguei a Nova Granada de manhãzinha, quase escuro, quase claro, a noite indo embora sem pressa e o dia, menos apressado ainda, dando as caras. Passei a alça da mochila pelo ombro, e comecei a caminhar em direção da casa de meus pais, localizada no centro da cidade, para uma visita de carinho e saudade.

    Edson Gabriel Garcia. Nas ondas do rádio. Cenpec, 2004.

  3. Instigue a turma com perguntas:
    • É possível identificar o tempo em que os fatos se deram?
    • Há expressões que marcam o momento exato em que as ações ocorreram?
    • Pelos verbos usados, é possível saber se a ação ocorre no presente ou no passado?
  4. Avise então que você vai lançar um desafio. Projete outro trecho de memórias, desta vez de Ilka Brunhilde Laurito:
  5. Naquela grande casa de pedra em que vovô Vincenzo e vovó Catarina moravam […] havia uma escadinha misteriosa que subia de uma das grandes salas e que parava numa porta sempre trancada.

    Ilka Brunhilde Laurito. As almas do Amém, in: A menina que fez a América. São Paulo: FTD, 2002.

  6. Novamente provoque a turma com perguntas:
    • Em que tempo ocorreram os fatos relatados?
    • Também no passado?
  7. Peça aos alunos que comparem os dois textos e observe se percebem que, no primeiro trecho, predomina o pretérito perfeito e, no segundo, o pretérito imperfeito.
  8. Explique-lhes a diferença entre os tempos verbais do passado. O pretérito perfeito indica uma ação pontual, completamente terminada no passado, como: cheguei, passei, comecei. Ele é adequado para relatar as ações “fechadas”, terminadas no início da visita do autor à sua cidade natal. E o pretérito imperfeito indica ação habitual no tempo passado, fato cotidiano que se repete muitas vezes. Ele é adequado quando a autora descreve “a vida sempre igual de todos os dias”.
  9. Peça aos alunos que leiam o último parágrafo de As almas do Amém:
  10. E foi assim que acabei descobrindo que, quando vovô Vincenzo acabava o terço e erguia as mãos para o teto, talvez estivesse pedindo às almas do AMÉM que velassem pela fartura dos campos da Calábria e que nunca deixassem faltar o pão e o vinho sobre as mesas a fim de que nenhum calabrês, nunca mais, precisasse emigrar para terras alheias.

    Ilka Brunhilde Laurito. As almas do Amém. In: A menina que fez a América. São Paulo: FTD, 2002.

  11. Chame a atenção da turma para a utilização da forma verbal das palavras destacadas no trecho acima. Pergunte se sabem que tempo verbal é esse. Caso não saibam, informe que o verbo está sendo empregado no pretérito, mas do modo subjuntivo, e não do indicativo. Pergunte, então, por que a autora utiliza o modo subjuntivo, e não o indicativo.
  12. Veja se percebem que não há tom de certeza, mas de possibilidade de aquilo acontecer. Talvez o avô estivesse pedindo que os campos continuassem fartos, talvez pedisse outras coisas.

Para saber mais

Indicativo ou subjuntivo

Sempre que o autor quer marcar o grau de certeza de que um fato realmente ocorreu, está previsto ou prestes a ocorrer, utiliza o modo indicativo, que retrata situações consideradas reais por parte de quem fala.

Quando ele quer narrar uma ação hipotética, utiliza o modo subjuntivo, que retrata situações consideradas possíveis.