Um artigo tem…

Sobre a oficina

Nesta oficina, vamos trabalhar com o texto “Tá com dó do refugiado? Leva pra casa…”. A questão polêmica a que o texto se refere é parte de um debate mais amplo, sobre os direitos dos migrantes e, em especial, dos refugiados. Se quisermos formular essa questão em formato de pergunta, a exemplo do que fazem alguns jornais, teremos algo como: “Devemos exigir que o Estado desenvolva políticas públicas que garantam os direitos de migrantes e refugiados?”.

Já pelo título escolhido, o jornalista Leonardo Sakamoto entra no debate “citando” uma fala bastante ouvida em lugares do País em que refugiados e migrantes — bolivianos, haitianos e sírios, principalmente — estão mais presentes.

As atividades propostas procuram levar os alunos a perceberem que um artigo de opinião tende a reproduzir, no corpo de seu próprio texto, o debate no qual se insere. Nesse sentido, costuma referir-se e/ou citar diversas “vozes”, frequentemente na forma de falas, informações e/ou posições representativas de diferentes protagonistas do debate, e que o argumentador aponta como aliados, adversários, ou, ainda, como parte do auditório. No primeiro caso, a voz de um aliado tem a função de apoiar a tese defendida. Já a voz de um adversário, representa um contra-argumento possível (como referido nas Oficinas 7 e 8) e vem mencionado pelo articulista para ser refutado. O auditório aparece, muitas vezes, nas referências ao leitor, ao cidadão, à comunidade, ao País, à Humanidade etc. De maneira geral, o auditório representa, no debate, o conjunto dos interlocutores que o argumentador quer convencer, ou, ainda, a opinião pública, conforme explicado na Oficina 2.

Para saber mais

As vozes de um texto

O termo “voz” não se refere apenas ao discurso, oral ou escrito, de indivíduos e instituições. Números, estatísticas, dados quantitativos ou qualitativos de diferentes ciências também são considerados vozes, na medida em que são assumidos socialmente por especialistas e/ou instituições que funcionam como protagonistas de um discurso. Num texto argumentativo, as vozes assumem funções específicas, e tendem a se organizar como num debate.

Atividades

  1. Prepare os alunos para a leitura do artigo “Tá com dó do refugiado? Leva pra casa…”. É importante que você lhes ofereça algumas “pistas” do texto que irão ler, para que tenham melhor condição de fazer a análise.
  2. Inicie dizendo que a finalidade dessa leitura é descobrir as diferentes “vozes” presentes no texto. Explique-lhes o que são as “vozes” que deverão identificar.
  3. Faça perguntas sobre o título do artigo. Leve os alunos a perceberem que, por aparecer entre aspas, o título já se reporta a uma voz que não é a do articulista. Pergunte se já ouviram ou leram, em algum lugar, frases semelhantes. Em caso positivo, explore um pouco o contexto em que esse tipo de frase ocorreu, assim como as pessoas envolvidas. Pergunte, também, se, pelo título, dá para se ter uma ideia não só do assunto que será tratado mas ainda das posições que o autor defenderá a respeito.
  4. Chame a atenção para o veículo do artigo: Blog do Sakamoto. Pergunte se eles têm alguma informação a respeito, e estimule-os a pesquisar, argumentando sobre a relevância de conhecermos características de um veículo – como sua história e/ou a imagem pública a que um blog e/ou seus autores estão associados – para aprofundar a leitura dos textos que ele difunde.
  5. Faça perguntas sobre o gênero. Como vocês já estão trabalhando com artigo de opinião, é provável que os alunos antecipem que o texto trará uma questão polêmica e argumentos diversos. Com base no que discutiram sobre o título, pergunte qual pode ser a questão polêmica, e se é possível formular boas hipóteses a respeito da tese do artigo. Essa exploração preliminar poderá ser cotejada, ao final, com os resultados da análise que, com base nas orientações aqui fornecidas, vocês farão coletivamente.
  6. Chame a atenção dos alunos para os créditos relativos ao autor, ao final do artigo. Discuta com eles se essas informações são ou não relevantes para o leitor. Pergunte quais delas pareceram mais importantes, e por quê.
  7. Anuncie que o novo artigo é diferente dos demais, na forma como conduz sua argumentação. Peça que procurem “descobrir”, durante a leitura, que diferença seria esta.
  8. Depois dessa preparação para a leitura, divida a classe em grupos e projete o artigo. Se quiser, leia-o em voz alta para os alunos.