Roda de leitura

Agora é a hora de compartilhar as produções! Uma roda de leitura é uma boa possibilidade: cada um lê seu poema e ouve poemas de colegas. Não esqueça de puxar as palmas depois de cada leitura!

A melhor forma de divulgar as atividades que giram em torno da questão do som é pela oralidade. Uma roda de leitura em aula pode ser um ponto de partida interessante. Estimule os e as alunas a prepararem a performance e, após as apresentações, discuta sobre o que sentiram e como interpretam os poemas que escutaram.

Uma variação possível é fazer uma roda de leitura anônima, pedindo que os e as alunas passem seus poemas a limpo sem assiná-los. Em seguida, as folhas devem ser dobradas duas vezes e colocadas numa sacola (ou numa urna). Com a turma já organizada em círculo, você passa com a sacola, e cada pessoa tira um poema ao acaso, lendo-o em seguida. Essa dinâmica tem a vantagem de tirar o peso da leitura em voz alta associada à autoria, sobretudo para as pessoas mais tímidas, além de dar uma dimensão de produção coletiva.

Caso haja condições adequadas, é possível sugerir a gravação, em áudio ou vídeo, das leituras, para que a turma possa ver e ouvir suas performances. Se decidirem ampliar o público, podem continuar praticando, aperfeiçoar suas performances e preparar um sarau para convidados.

Para produzir mais…

O objetivo desta etapa é continuar produzindo e explorando a sonoridade na poesia. Selecione a tarefa que achar mais adequada para os sua classe, considerando os interesses e a maturidade da turma. As tarefas a partir de Brasil com P e P de Pepeu podem também ser um projeto a ser apresentado em algum evento da escola. Como na atividade de produção anterior, se possível, faça uma gravação em vídeo para que possam ver suas próprias performances e talvez compartilhá-las em mídias sociais da comunidade escolar.

Atividades

Inspirando-se nos vídeos “Brasil com P” e “P de Pepeu”, para produzir mais um poema.

  1. Para começar, sugira a cada aluno e aluna que pensem num título como o de Gog (............ com ....., sendo o primeiro item um substantivo e o segundo uma letra. Por exemplo: Recife com C); ou escolha o modelo do Pepeu e crie seu próprio título (...... de ……….., sendo o primeiro item uma letra e o segundo um substantivo. Por exemplo: M de Maranhão) e compartilhe com o grupo.
  2. Oriente-os e oriente-as a produzirem um poema a partir do título que criaram ou a partir de um título sugerido por um colega.
  3. Para finalizar, proponha que leiam em voz alta e estimule a turma compartilharem suas impressões sobre as poemas recém-criados.

Um final para Olívia

  1. Leia o poema O violão e o vilão, de Cecília Meireles. Na leitura do poema, retome os elementos trabalhados: os sons que se repetem, a relação entre as palavras e os sons, como as palavras e a sonoridade contribuem para o sentido do poema. Depois de explorar o poema e conversar sobre ele, desafie os alunos e alunas a pensarem sobre uma continuidade para a história e apresente os versos inventados (ou outros) para incentivá-los a brincar com a continuidade e com a sonoridade do poema. Sugira que imaginem como seria uma possível continuação para a história de Olívia e, em duplas, peça para que escrevam mais uma estrofe para o poema a partir de um dos versos inventados:
  2. Na voz do vilão,

    no violão Olívia vive

     

    Na volta do vilão à vila,

    Olívia vocifera:

     

    Na volta, revela o vilão:

     

    Com o vento, vem o vilão à vila

O passarinho do sapé

  1. Leia o poema O passarinho do sapé, de Cecília Meireles. A leitura tem como objetivo explorar a dimensão da imagem relacionada à forma e ao som da letra. Converse de forma descontraída com a turma sobre as palavras piu, papo, pé, incentivando-a a compartilhar suas interpretações. Incentive a que explorem, a partir das contribuições, a imagem do P e do passarinho, o som do Piu, das palavras papo e pé. Na pergunta D, ajude a turma a explorar onomatopeias, dê exemplos, proponha consulta a dicionários e, se for necessário, forneça algumas combinações, tais como:
  2. B – barriga – bebê – buá

    B – batuque – bateria – balanço

    CH – chuva – chuvisco – chuá

    T –teto – toc-toc – tum-tum

    S – sapo – solto – saltar

    Z – ziguezague – zonzo – zanzar

    Z – zumzum – zumbido – zurro

  3. Chame a atenção para a forma diferente com que, nesse poema, a letra P aparece. Peça para que leiam o poema e conversem com colegas:
    1. O que as palavras piu, papo e têm em comum?
    2. Que imagens essas palavras combinadas constroem no poema?
    3. Vocês concordam que "O P tem papo / o P tem pé"? O que você acha?
    4. Se vocês pensarem em outras letras, o que elas têm? Façam uma lista de palavras e sons relacionados a algumas letras.
    5. Agora escrevam um poema como o que leram e depois compartilhem com o grupo.

Glossário

Aliteração: repetição da mesma consoante ao longo do poema.

Analogia: aproximação de coisas e/ou realidades distintas com o objetivo de realçar as semelhanças entre elas, seja pela sua forma, pela sua função ou por outra característica. Quando comparamos, por exemplo, um jogo de futebol a uma batalha, estamos aproximando-os por aquilo que se parecem: num jogo de futebol, há jogadores que formam um time, coordenados por um treinador, em busca da vitória; numa batalha, há soldados que formam um exército, coordenados por um general, também em busca da vitória. Assim, um jogo de futebol pode ser análogo a uma batalha porque as funções exercidas pelos seus integrantes (jogadores-soldados, time-exército, treinador-general) são parecidas, embora não sejam iguais no todo.

Assonância: repetição da mesma vogal ao longo do poema.

Estrofe: é a voz que fala no poema, algo equivalente ao narrador de um romance ou conto. Tradicionalmente, essa voz se expressa na primeira pessoa do singular (daí o surgimento do termo), mas nada impede que aconteça de outra forma (você certamente lembra de algum poema que não está na primeira pessoa do singular). É sempre importante lembrar que o eu-lírico (a voz do poema) não corresponde ao poeta (o autor ou autora, o indivíduo de carne e osso que escreveu o poema): nada impede, por exemplo, que um poeta que é homem, adulto e brasileiro escreva um poema na voz de uma mulher (eu-lírico feminino) e vice-versa, ou de uma criança (eu-lírico infantil), ou de uma pessoa uruguaia ou sul-africana (eu-lírico estrangeiro).

Figuras de linguagem: são todos aqueles recursos linguísticos, sejam eles sonoros, sintáticos ou semânticos, que geram efeitos de sentido no texto, exigindo do leitor ou leitora algum tipo de interpretação. Também chamadas de figuras de estilo ou figuras de retórica, as figuras de linguagem, em muitos casos, operam justamente a passagem do sentido literal para o sentido figurado (a metáfora, por exemplo) das palavras. Em outros casos, elas podem ajudar a reforçar o sentido expresso pelo texto, ou a dar a entender o seu contrário, ou a chamar a atenção sobre o aspecto material das palavras empregadas. As figuras de linguagem foram classificadas e organizadas em listas exaustivas (comparação, metáfora, metonímia, aliteração, paronomásia, antítese, paradoxo, ironia, etc.), mas o que mais importa para nós, enquanto leitores e professoras, não é saber essa lista de cor, e sim ser capazes de percebê-las nos textos que lemos e trabalhamos./p>

Onomatopeia: figura de linguagem na qual a pronúncia das letras ou da palavra sugere o som do que é nomeado.

Paranomásia: figura de linguagem caracterizada pelo uso de palavras com grafia e sonoridade semelhantes, porém com sentidos distintos (parônimos).

Poesia X poema: esse parzinho de termos, você já deve ter reparado, se presta a muitos usos diferentes. Algumas vezes aparecem como sinônimos (ler um poema = ler uma poesia), outras, não. Nesses casos, o termo poesia é entendido de uma forma mais ampla, ou como o gênero literário que agrupa todas as formas possíveis (poemas) de se manifestar, ou como o fenômeno que nos faz perceber algo (uma paisagem, uma cena, um objeto, uma pessoa) de forma especial, interessante, ou seja, de forma poética. Se pensarmos de acordo com essa última definição, poderíamos dizer que um poema contém poesia, mas, ao mesmo tempo, que a poesia pode estar contida em outras coisas (uma paisagem, uma cena, um objeto, uma pessoa) para além dos poemas, isto é, dependendo da nossa maneira de olhar para elas (lembra quando, em Garota de Ipanema, o eu-lírico diz que “o seu balançado é mais que um poema”? Ele está dizendo não só que vê poesia naquele jeito de andar, mas que tem mais poesia que num poema!).

Essa discussão pode se tornar bem longa, e não vem ao caso querer encerrá-la de forma categórica (e muito menos querer ficar problematizando isso com os nossos alunos e alunas!). Afinal, se já faz bastante tempo que essa confusão existe, quem somos nós para querermos acabar com ela, não é mesmo? Ou, pensando de outro ângulo, talvez essa confusão acabe dizendo sobre a própria natureza da poesia, ou do poema, ou de ambos.

Podcast: é um “programa de rádio” feito para ser disponibilizado na internet. Para criar um, são necessários um computador, um microfone e muita criatividade. Fazer um projeto envolvendo a criação de um (ou mais de um!) podcast com a turma garante o envolvimento geral, cada qual exercendo uma ou mais funções diferentes (apresentação, edição, locução, etc.).

Rima: repetição de sons iguais ou parecidos nos finais de duas ou mais palavras. Normalmente, a rima ocorre no final dos versos, mas pode envolver palavras no meio deles (são as chamadas rimas internas).

Refrão (ou estribilho): são versos ou conjuntos de versos que se repetem ao final de cada estrofe, muito comuns nas canções.

Sentido literal: é o sentido comum, dicionarizado, de uma palavra, também chamado de sentido denotativo.

Sentido figurado: é o sentido de uma palavra quando usada fora de seu contexto comum, literal, gerando sempre alguma necessidade de interpretação, a partir do contexto em que está inserida, também chamado de sentido conotativo. O sentido figurado aparece com frequência na poesia, mas não podemos esquecer que fazemos isso também em situações cotidianas (quando dizemos, por exemplo, que estamos “morrendo” de medo, como forma de realçar a intensidade do medo que estamos sentindo)