Outras descrições

Atividades

  1. Apresente à classe outros exemplos de descrições presentes em textos de memórias literárias e peça-lhes que observem os recursos utilizados pelos autores.
  2. […] não pode deixar de ser feita uma menção aos pais de meu pai, meus avós João e Amália. João era português, leitor anticlerical de Guerra Junqueiro e não levava o filho muito a sério intelectualmente, porque os livros que meu pai escrevia eram finos e não ficavam em pé sozinhos. […] “Estas tripinhas que não se sustentam em pé não são livros, são uns folhetos.” Já minha avó tinha mais respeito pela produção de meu pai, mas achava que, de tanto estudar altas ciências, ele havia ficado um pouco abobalhado, não entendia nada da vida.

    João Ubaldo Ribeiro. Memória de livros, pp. 109-110.

    Para saber mais sobre o autor, assista ao vídeo produzido pelo Sesc.


    O quintal de nossa casa era grande, mas não tinha galinheiro, como quase toda casa de Belo Horizonte naquele tempo. Tinha era uma porção de árvores: um pé de manga sapatinho, outro de manga coração-de-boi, um pé de gabiroba, um de goiaba branca, outro de goiaba vermelha, um pé de abacate e até um pé de fruta-de-conde. […] De um lado, o barracão com o quarto da Alzira cozinheira e um quartinho de despejo. Do outro lado, uma caixa de madeira grande como um canteiro, cheia de areia que papai botou lá para nós brincarmos. […]

    Fernando Sabino, O menino no espelho.

    O livro de Sabino foi transformado em filme. Assista ao trailer aqui.

  3. Pergunte se é possível observar semelhanças e diferenças entre as descrições realizadas pelos três autores - Tatiana Belinky, João Ubaldo Ribeiro e Fernando Sabino. Durante a conversa, diga-lhes que João Ubaldo descreve de fato o avô, embora faça menção à avó, mostrando a opinião deles sobre seu filho, pai do narrador-personagem; Fernando Sabino descreve o quintal da casa em que vivia; e Tatiana Belinky relata uma situação.
  4. Chame a atenção para o fato de que a descrição pode ser utilizada em diferentes momentos do texto, e não apenas no início. Além disso, é importante que percebam como, dependendo do objetivo e do estilo do autor ou da autora, a descrição terá características diferentes. Em todos os casos, as descrições são fundamentais para que o leitor e a leitora possa construir imagens da época, dos lugares, das pessoas e de como os fatos foram vivenciados.

Para saber mais

Descrição

Para fazer uma boa descrição é importante reparar no objeto descrito, como se o olhássemos pela primeira vez, e ter clareza de quem é o leitor ao qual nos dirigimos, o que ele precisa saber a respeito dos fatos, dos lugares, das personagens e dos costumes abordados no texto. Considerando esses aspectos, e dependendo do efeito que pretendemos provocar no leitor, será necessário enfatizar determinadas cenas, características de lugares ou personagens, sensações, impressões e informações captadas pelos cheiros, sabores, cores, texturas, sons.

A descrição pode ser utilizada como recurso para seduzir o leitor e aproximá-lo da experiência relatada pelo autor do texto.