Como dizer

Atividades

  1. Em textos de memórias literárias, ao descrever um objeto, uma personagem, um sentimento, os autores utilizam a linguagem para criar imagens, provocar sensações, ressaltar determinados detalhes ou características. A articulação desses recursos proporciona ao leitor ou à leitora uma experiência estética particular. Apresente à turma as seguintes frases:
    • Havia uma pedra no meio do rio.
    • Este menino ainda pode ser salvo.
  2. Comente com a classe que essas informações podem aparecer de um jeito diferente, mais literário, mais poético. Peça-lhes que leiam novamente os textos e procurem identificar nos trechos os fatos descritos nas frases apresentadas. São eles:
    • “E uma pedra que aflorava no meio do rio”
    • “Mas este cá ainda pode ser salvo”.
  3. Explique-lhes que existem alguns recursos, algumas formas de dizer que tornam singulares os fatos escolhidos pelos autores. Apresente aos estudantes e às estudantes os quadros “Manoel de Barros – O Lavador de Pedra” e “João Ubaldo Ribeiro – Memória de livros”, e peça-lhes que localizem nos textos lidos as frases correspondentes, ou seja, a forma como o autor narrou esses fatos.
  4. Depois que os grupos completarem o exercício, leve os alunos e as alunas a perceber os efeitos de sentido criados pelos aspectos linguísticos particulares dos textos. Informe-os(as) de que para fazer isso, os autores recorrem a diferentes recursos: utilizam figuras de linguagem, empregam expressões características de determinada região, podem também fazer uso de expressões típicas da oralidade informal. Nesse caso, o uso dessas expressões é intencional e adequado para o contexto.

Para saber mais

Uso de alguns recursos linguísticos em O Lavador de Pedra

a) “Meu avô ganhou o desnome de Lavador de Pedra.”

Trata-se de um neologismo ou criação de palavra nova. O autor utilizou-se do prefixo des, que tem o sentido de negação, para criar um outro nome, ou seja, desnome seria o não nome, o outro nome, diverso do de batismo.

b) “Dali ele via os meninos rodando arcos de barril ao modo que bicicleta. Via os meninos em cavalo-de-pau correndo ao modo que montados em ema. Via os meninos que jogavam bola de meia ao modo que de couro. E corriam velozes pelo arruado ao modo que tivessem comido canela de cachorro.”

Aqui é tratada a comparação, que estabelece uma relação de semelhança entre elementos, por meio de termos comparativos, entre os quais: como, qual, feito, que nem, parece. Os escritores costumam utilizar comparações, estabelecendo relações de sentido ora previsíveis, ora inesperadas, entre as palavras.

Você também pode assistir ao vídeo do Canal Futura com a turma sobre as figuras de linguagem.

Dica: Professora, professor, o vídeo do Canal Futura tem a duração de 12 minutos, caso não seja possível assistir por completo, uma sugestão é escolher os trechos que podem ser mais interessantes para a sua turma.

Para saber mais

Uso de alguns recursos linguísticos em “Memória de livros”

a) “[…] e não vou deixar que tuas maluquices o infelicitem.”

Nessa fala da avó, em que ela usa a segunda pessoa do singular para se dirigir ao filho, substitui-se o filho (tu) por uma caracterização que o representa (“tuas maluquices”). A figura é a metonímia, o uso de um pormenor de uma pessoa no lugar da própria pessoa.

b) “[…] tirava um bolo de dinheiro do bolso e nos mandava comprar umas coisitas de ler.”

Essa passagem sugere que havia tanto dinheiro no bolso do avô que aquele monte de notas formava um bolo. Essa afirmação exagerada é chamada de hipérbole.

c) “Passar bem, senhor doutor.”

A fala da avó, ao despedir-se do filho depois de ter uma discussão com ele, sugere que ela lhe deseja o contrário do que está dizendo: em vez de passar bem, passar mal. O modo como chama o filho, de senhor doutor, é muito formal e também indica que ela está ironizando o fato de ele se achar muito sabido. Esse recurso, pelo qual se diz o contrário do que pensamos, é chamado de ironia.