Algumas negociações

A produção coletiva precisa ocorrer de forma organizada, evitando a dispersão, tão comum nesse tipo de trabalho. O texto coletivo exige negociação entre você e a turma. Nela, deve haver espaço para troca entre alunos e alunas mais e menos experientes e oportunidade para o crescimento de todos. O seu papel consiste em coordenar o trabalho, além de ajudar na construção do texto, fazendo perguntas e dando orientações.

Atividades

  1. Explique ao grupo que a escrita coletiva é uma etapa importante para a preparação dos textos. Diga-lhes que essa é uma atividade que exige tempo e será desenvolvida em duas ou mais aulas.
  2. Relembre com eles e elas cada uma das oficinas. Ajude-os(as) a fazer um rápido resumo de tudo o que aprenderam sobre memórias literárias. Anote os pontos principais e compartilhe-os com a sala.
  3. Agora, escolha uma das entrevistas realizadas na Oficina 12. Retome com a turma as anotações feitas ou ouça com eles e elas a gravação, se houver. Em seguida, faça as atividades de retextualização, seguindo a orientação da Oficina 13.
  4. Hora de escrever o primeiro parágrafo. Lembre ao grupo que elas e eles deverão tomar o lugar do(a) entrevistado(a) para escrever o texto de memórias literárias; será escrito em primeira pessoa, como se o próprio entrevistado estivesse contando a história. Veja se todos entenderam que vão fazer de conta que são o(a) entrevistado(a) narrando as memórias dele ou dela.
  5. Embora nem sempre um texto de memórias literárias comece assim, podemos dizer que no primeiro parágrafo da produção é importante que o entrevistado ou entrevistada se apresente. Lembre à turma que essa informação será muito importante para que o(a) leitor(a) possa acompanhar a narrativa. Afinal, diferentemente dos autores ou autoras já conhecidos por muitos leitores e leitoras, as personagens escolhidas pelos e pelas estudantes precisam ser apresentadas aos(às) futuros leitores(as).
  6. Ajude a turma a escrever o primeiro parágrafo e vá anotando na lousa, em um editor de textos ou em um PowerPoint projetado por meio de projetor. Leia o trecho em voz alta para ver se todos concordam. Inclua as alterações sugeridas.
  7. O texto deve manter aquele tom agradável de conversa, mas é necessário observar que agora se trata de uma produção literária cuja linguagem necessitará de ajustes.
  8. Ressalte-lhes que é muito provável que nas entrevistas a linguagem utilizada pelos entrevistados e entrevistadas seja bastante informal e características dessa oralidade podem estar presentes nos depoimentos – por exemplo, o uso de gírias e de expressões como “e daí”, “e depois”, “né” etc. – para garantir o encadeamento da fala, mas não devem ser excessivamente adotadas no texto. Da mesma forma, é necessário atenção à repetição de palavras e ideias que não contribuem para o estilo do texto. Evidentemente, isso não ocorre em outras formas de discurso oral que exigem mais formalidade, como em uma conferência. Mas é muito provável que isso tenha sucedido nas entrevistas feitas com os moradores e as moradoras.
  9. Além da apresentação, é interessante começar com a lembrança mais marcante do entrevistado, a que mais chamou a atenção da turma. Converse com a classe como deve ser o parágrafo, depois escreva na lousa ou em um PowerPoint projetado.
  10. Continue organizando a escrita dos parágrafos seguintes. Diga-lhes que os fatos rememorados não seguem obrigatoriamente a ordem cronológica, ou seja, nem sempre são contados na ordem em que ocorreram. O fio condutor deve ser o tema escolhido, por exemplo, as lembranças do(a) entrevistado(a) sobre o lugar onde vive. As referências a esse lugar, ao longo do texto, ajudam a manter a unidade.
  11. Faça perguntas à turma para ajudar a colocar as ideias no texto. Lembre que o tempo verbal mais comum nesse gênero é o passado: o pretérito perfeito é usado para fatos que se sucederam uma vez e não se repetiram, e o pretérito imperfeito, para fatos que se repetem muitas vezes ou que não haviam terminado no tempo em que são narrados. Podem também empregar o pretérito do subjuntivo para fatos que ensejam uma possibilidade de ocorrência, mas sobre os quais não há certeza.
  12. É importante que no texto haja menção a objetos e lugares antigos, comparando-os com o que existe hoje. Chame a atenção também para o uso da pontuação, elemento importante na organização da narrativa e na garantia da expressão das emoções. Ressalte que sentimentos, impressões e sensações não podem faltar e devem ser revelados ao longo do texto.
  13. Depois de escrito, o texto precisa de um título. Ajude-os(as) a pensar em algo sugestivo. O título deve dar pistas do que será contado no texto.
  14. Tudo pronto, releia o texto com as alunas e alunos. Pergunte-lhes se ele proporciona uma leitura agradável, se estão satisfeitos com a escrita, se é possível melhorá-lo.
  15. Para o aprimoramento do texto, você pode usar o “Roteiro para revisão”, da Oficina 16.

Atenção!

No final do texto, os alunos e as alunas devem incluir informações sobre o(a) entrevistado(a): nome completo, idade, profissão, cidade onde mora e o motivo que os levou à escolha desse entrevistado.