A produção final

Atividades

  1. Retome com os alunos o percurso feito até agora. Nas oficinas anteriores, eles escolheram uma questão polêmica que afeta a comunidade onde vivem. Fizeram entrevistas, pesquisas em jornais e revistas, colheram dados para melhor embasar a posição deles.
  2. Cada aluno vai produzir agora um texto individual, com base na questão polêmica escolhida anteriormente ou numa nova questão que esteja em evidência na comunidade.
  3. Antes de começarem, lembre aos alunos que, como articulistas, eles devem:
    • partir de uma questão polêmica local e situar o leitor em relação a ela;
    • tomar posição em relação à questão polêmica e defender o ponto de vista dele como sendo o melhor; assim, será preciso apresentar argumentos ora de autoridade, ora por exemplificação, ora baseados em princípios, comparações, evidências ou em relações de causa e consequência;
    • incluir opiniões de adversários, contestando-as ou desvalorizando-as com os argumentos deles (é preciso tomar cuidado para que não seja feita uma desvalorização preconceituosa, até porque isso não pode ser considerado um bom argumento);
    • concluir o texto reforçando a posição tomada;
    • usar elementos articuladores como os que anunciam a posição do articulista (“do nosso ponto de vista”, “penso que”, “pessoalmente”, “acho que”); marcam as diferentes vozes presentes no artigo (“como dizem os economistas…”, “segundo alguns empresários…”, “muitas pessoas dizem que…”, “há pessoas que negam…”, “algumas pessoas afirmam…”, “para muitos é importante… para outros…”); introduzem argumentos (“porque”, “pois”, “mas”); anunciam a conclusão (“então”, “consequentemente”, “por isso”, “assim”).
  4. Recolha as produções dos alunos para indicar as alterações que devem ser feitas para aprimorar o texto.

Para saber mais

O desafio de corrigir textos

O professor precisa se integrar na situação de produção como coautor, e não como mero observador. É interagindo realmente com o aluno que ele pode mudar as coisas no ensino da escrita. E isso não se consegue sem um envolvimento maior com o aluno-produtor, sem um compromisso pessoal com o próprio trabalho, sem uma pequena dose de afetividade. (...)

O reverso dessa situação já nos é conhecido: um distanciamento, muitas vezes enorme, entre os interactantes, por conta de se supervalorizar o como se diz, prescindindo-se de quem diz, para quem se diz, o que se diz, para que se diz, e em que situação se diz.

Na condição de meros professores observadores, praticamente anulamos o sujeito aluno, que não se integra no processo se não como aprendiz, objeto de nossa investigação, porque, na verdade, anulamos as suas próprias possibilidades de linguagem.

Por essa razão, isto é, justamente por envolver a linguagem, a prática metodológica de mediação do professor e, em especial, a de correção de redações, não pode se dar senão nos contextos social, interacional e intersubjetivo, onde a linguagem é possível.

Procedimentos de correção que queiram ultrapassar de longe métodos usuais e já cristalizados de intervenção não podem se restringir ao trabalho de apenas tingir todo o texto de vermelho, com solicitações que podem ser respondidas apenas com alterações de refacção meramente localizadas, carregando a ideia de que escrever é estruturar frases e juntá-las de maneira adequada ou correta; de que ser autor é reproduzir formas.

Eliana Donaio Ruiz. Como corrigir redações na escola. Editora Contexto, 2015, p. 180.